19 minutos restantes...
Vendo tudo isso, eu percebo que só... Fugi. O tempo todo eu estava fugindo.
O tempo todo eu acreditei que não conseguiria enfrentar o que quer que aquilo fosse e só fugi. Me pergunto se foi a decisão mais sábia. Quero dizer, eu sou relativamente forte. Será que eu não conseguiria me defender?
Ah, não, isso não faz sentido. Eu não sabia nada sobre a situação, até onde sabia aquelas coisas eram perigosas e a atitude mais racional foi realmente fugir. Outros conseguiriam resolver esse problema. Se é que alguém na Terra vai saber sobre isso. Primux está a anos-luz do ponto onde eu estou, que já é um ponto bem distante da Terra em si. Eles estão prevendo um retorno daqui uns 20 ou 30 anos. Só estão esperando alguma mensagem daqui um ano.
Ninguém vem me buscar.
A Space Union está basicamente na minha frente, mas eles não devem ter me visto porque estão começando a virar. Se não me virem em menos de 10 minutos, não vai dar tempo de me resgatar e eu vou morrer. Não posso arriscar fazer alguma coisa ou a força de reação pode me jogar para mais longe. Isso é um saco.
Depois que eu finalmente cheguei ao hangar das naves de viagens curtas, estava uma confusão.
Muitos queriam sair, mas as naves não dariam para todos.
Para piorar, uns bichos pequenos como carrapatos gigantes ficaram pulando nos fios, corroendo os cabos e desligando algumas das naves.
Quando eu pensava que não dava pra piorar, esses monstros começaram a pular em cima das pessoas e a soltar feixes de energia. Sério. As pessoas gritavam, sendo queimadas, e tentavam correr, mas eu tentei ao máximo ficar atrás delas e cheguei até a última nave ilesa vivo.
Três pessoas já estavam lá dentro e eu basicamente invadi a nave no mesmo instante em que eles fechavam a porta de vez. Todos estavam de traje, como eu. Talvez fossem outros engenheiros ou só sortudos o suficiente para conseguir achar roupa espacial. Eu não ligava. Estava respirando fundo de alívio. Eu finalmente tinha conseguido chegar à saída, agora era só... Sair.
Eu devia ter percebido que estava fácil demais.
Quando ligaram o motor de nossa pequena nave e saímos pelos portões, eu me sentia contente, aliviado por finalmente estar fora de perigo e, ao mesmo tempo, tinha um mal estar estranho, como um mau pressentimento. Realmente foi fácil demais.
Observei meus companheiros de fuga. Estavam calados e não pareciam muito aliviados também. Falavam de planos sobre o que fazer quando tocassem o solo de novo. Sabiam que essa cápsula não alcançaria a Terra, mas talvez conseguíssemos encontrar a Space Union. Aí voltaríamos para casa. A Nasa ou a SpaceX iam ter que lidar com esse problema de algum jeito.
Eu olhei pela pequena janela da cápsula, vendo Primux se reduzindo pouco a pouco. Tudo estava indo bem. Eu não tinha recebido nenhum arranhão e mal podia acreditar que tinha passado por monstros alienígenas. Parecia um sonho de tão irreal. Em 2025, houve relatos populares de pessoas que brilhavam, de homens com rabos de cobra e de crianças que flutuavam, mas, depois de um tempo, pararam de falar sobre.
Eu encarei as paredes metálicas da cápsula, me perguntando se aquela substância escura resistiria ao frio vácuo do espaço. Eu esperava que não ou a minha fuga sortuda teria valido de nada.
Bem, acho que posso ter descoberto a resposta.
Quando já estávamos começando a ver a Terra, a nave apresentou problemas. Uma estranha interferência fez a parte elétrica parar de funcionar e tudo começou a ligar e desligar ao mesmo tempo. A cápsula tremeu. No vidro frontal, uma sombra começou a se formar. Vi, com pavor, a substância escura cobrir o vidro, tampando a nossa visão.
Todos recuamos, ficando em um silêncio tenso enquanto nos perguntávamos o que aconteceria em seguida.
Então o vidro começou a rachar.
Antes que eu pudesse descobrir como o troço estava fazendo isso, já era tarde demais. A parte da frente da cápsula se partiu e o ar expandiu com a súbita falta de pressão, destruindo toda a estrutura e nos deixando à deriva no espaço.
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