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CAPÍTULO XX

De algum modo, a temperatura ali parecia ainda mais baixa do que no restante da cidade. Os espirros de Abner constituíam a trilha sonora daquela noite. Bochechas avermelhadas e lábios ressecados, meias grossas e botas de couro que pisavam a terra úmida. Estavam a centenas de metros de distância da mansão, não havia iluminação elétrica ali. A própria lua havia decidido se esconder entre as nuvens. A única fonte de luz era a fogueira que estava no centro da quase clareira — era um espaço pequeno demais para ser uma, propriamente dita, mas teria que servir.

Melina olhou para Joe, para o relógio em seu pulso.

— 23h53 — ele anunciou. Fumaça branca saiu de sua boca.

Ao lado da fogueira, Maria Cecília levantou-se, limpando as mãos na parte de trás da calça. — Tudo bem, já tá tudo pronto.

— Então... — Dante começou a perguntar, suspeitoso — é só esperar?

— Meia-noite é pra mim o que o nascer do sol é pra Mel — ela explicou melhor.

— Onde conseguiu isso? — Anastasia perguntou, em tom baixo, sem desviar os olhos das chamas verdes que se erguiam e ardiam e crepitavam sobre a madeira que não se queimava, completamente fascinada.

— Presentinho da nossa amiga Mara — Cecília revelou. — Sempre quis saber qual era o segredo do fogo grego — sibilou, encarando as chamas do modo mais ganancioso possível.

— Vai me matar se eu jogar água nessa coisa só pra testar? — Abner indagou. — Preciso ver com meus próprios olhos.

— Acho bom tu ficar quieto na tua — Joe respondeu por Maria.

— Não vai apagar — Cecília garantiu. — É mais fácil começar um incêndio florestal do que apagar.

— E eu acho melhor você não queimar minha herança — Joe completou.

— Perdão, Joe — pediu Dante —, mas, por mim, pode queimar essa propriedade inteira, contanto que funcione.

— Mas não vai, não é? Queimar a propriedade inteira? — Ana perguntou, subitamente preocupada. — Não é que eu não confie em você, Ceci, mas essa coisa foi proibida em Anamar por um motivo.

— Proibida até ser útil — Melina pontou. — Agora vai ser mais do que útil — calou-se por poucos segundos. — Eu espero... — sussurrou apenas para si mesma.

— 23h57 — Joe alertou a todos.

— Os dois — Maria chamou Dante e Melina —, pra cá.

Posicionaram lado a lado, do outro lado da fogueira, enxergando a figura da feiticeira através das chamas. Ela respirava de modo ritmado, coordenado, concentrando-se. Melina envolveu seu tronco com os próprios braços, sem saber direito o que deveria fazer além de ficar parada ali. Dante não estava muito diferente, com as mãos nos bolsos, balançando o corpo para frente e para trás.

Anastasia roía a unha de seu dedão esquerdo e batia seu pé inquietamente. Joe estava calado, o que era preocupante. O único que parecia relaxado era Abner, que estava escorado contra o tronco de um cedro. Já estava totalmente acostumado às peculiaridades que envolviam estar próximo à Maria Cecília.

— Dois minutos — falou Joe, como se anunciasse que o ano novo logo chegaria.

Nenhum som além deste foi manifestado pelo minuto que se seguiu. Cecília continuava imóvel como antes e ninguém mais se atreveria a mover um músculo.

— Um minuto — Joe tomou a palavra mais uma vez, olhando para Maria, que decidiu que já era hora de movimentar seu corpo.

A garota deitou-se no chão de terra, sem a menor preocupação com os galhos finos, folhas caídas e formigas que haviam ali. Manteve os joelhos juntos e flexionados, de modo que apenas seus pés e sua lombar encostassem no solo. De olhos fechados, abriu os braços, como se recebesse um abraço da noite

— Não precisa dessa cena toda — Abner esclareceu para Dante, que observava tudo intrigado —, ela só é louca

— Eu gosto de estar confortável, Abner — do chão, a garota protestou.

— Trinta segundos — Joe os advertiu.

— Estou pronta — Cecília avisou.

— Por que eu tive que beber aquele trem horrível e você não? — Melina questionou, mas Maria apenas conteve uma gargalhada, sem responder.

— Vinte segundos — Joe alertou, usando o mesmo tom de voz que professora de educação infantil usa para pedir silêncio à sua turma.

— Quem garante que esse relógio não está atrasado ou adiantado? — Dante também foi tomado por uma súbita dúvida.

— Tarde demais pra pensar nisso — Abner respondeu.

— Dez segundos — Joe murmurou, a um único passo de perder completamente aa paciência com o bando de maritacas que havia hospedado em sua casa.

— Acho que também deve ser tarde demais pra perguntar — Ana começou a indagar —, mas a gente deveria ter medo, se afastar ou coisa do tipo?

Ninguém respondeu. Joe não estava mais anunciando o tempo que faltava, não era necessário, todos faziam a contagem regressiva em suas próprias mentes e todos sentiram quando a meia-noite chegou, inclusive as árvores, que balançaram lentamente, como se conversassem umas com as outras, como se estivessem ansiando a chegada de alguém.

Todos os olhos estavam fixados em Cecília, esperando sem saber o que esperavam. Porém, quando ela abriu seus olhos e neles já não havia luz alguma, tudo pareceu perfeitamente encaixado, desenhado, preparado, como um rio que sabe desde sua nascente aonde desaguará.

Seus lábios separaram-se e, em um sussurro para além de suave, ela chamou:

Μητέρα.

Mãe; a ordinária palavra que havia despertado tudo ao seu redor.

Melina sentiu quando a temperatura caiu e sabia o que aquilo significava. O súbito silêncio das árvores era agonizante. Havia esquecido de como se respira. Tudo o que podia fazer era observar a neblina que se formava, densa o bastante para que dificultasse sua visão.

Em um tom de voz mais audível, Cecília prosseguiu falando no que Melina identificou como sendo grego arcaico. Não era muito inteligível, mas aquilo pouco importava. Poderia fazer aquele feitiço na "língua do pê" se ela quisesse, contanto que funcionasse.

Quando o silêncio se tornou rei mais uma vez e a neblina se dissipou, entenderam que havia findado aquela parte.

— Não me sinto diferente — Dante foi o primeiro a se manifestar, olhando para o próprio corpo, enquanto Cecília se punha de pé.

— Eu, sim — murmurou Melina, encarando o céu que se recusava a obedecer-lhe. — Puta merda, acho bom isso prestar.

— Vai prestar — Maria garantiu, com um aceno de cabeça incentivador.

— E agora? — Ana perguntou, correndo os olhos por Melina e Dante.

— Agora? Pra água — foi Joe quem respondeu.

— Vocês vão, eu cubro o primeiro turno — Abner anunciou.

— Achei que o primeiro turno já fosse meu — Cecília protestou.

— Nem a pau que vou te deixar a madrugada inteira sozinha, aqui, no meio do mato — Abner retrucou.

Maria olhou para Melina e revirou os olhos, como quem diz "homens..."

Todos deram uma última checada na fogueira antes de virarem seus pés para seus destinos — a madeira continuava intocada, como estava antes do fogo ser acesso. A lógica era bem simples: Cecília havia atrelado a magia às chamas, enquanto estas continuassem acessas, a magia permaneceria ativa. A semideusa garantiu que o fogo não iria se apagar naturalmente, apenas precisariam ficar de olho para evitar que "forças maiores" o fizessem.

Apesar da garantia de segurança, Melina queria que aquilo estivesse ligado a algo mais estável do que fogo.

"Me dou melhor com fogo", fora o argumento final de Maria Cecília, que havia encerrado aquela discussão dias antes. Agora, já não havia como voltar atrás, o que tinha de ser feito já estava feito, então, apenas encaminharam-se para o carro, deixando Abner e sua namorada na mata.

O trajeto se deu em silêncio, na sua maior parte. As famílias interioranas já estavam adormecidas há muito. No centro, alguns bêbados caindo, jovens despreocupados rindo, cachorros de rua latindo. Dentro do carro, quatro corações palpitando, sem ritmo.

Quando o veículo estacionou, Melina limpou o vidro embaçado do banco do carona, para ver o rio que esperava por ela. Da última vez que estivera ali, estava sob a proteção de um deus milenar, um dos filhos de Cronos. Agora, sob a proteção de uma universitária excêntrica e temperamental. Por bons motivos, estava mais confiante desta vez.

Saiu do carro. Olhou para Dante, que saiu logo em seguida, do banco de trás. Encararam-se por alguns segundos. Passariam os próximos dias juntos, sem mal poder trocar uma única palavra, completamente vulneráveis, e nem mesmo sabia se tinham intimidade para tal. Haviam tido poucos diálogos e quase sempre em grupo. Melina desconfiava que ele a achava louca e um tanto perigosa, de um bom jeito. Não que achasse isso ruim, apenas estava curiosa para ver como se daria tudo aquilo.

Anastasia surgiu da porta, abraçando o irmão, despedindo-se. Joe contornou pela frente do carro e parou ao seu lado. Pegou em sua mão e a apertou de leve.

— Já sabe por onde vai começar a procurar? — ele perguntou. — O mar é um lugar muito grande.

Ela sacudiu a cabeça, negando. — Nem ideia. Ceci disse que era pra eu seguir meu coração.

— Foi assim que você acabou aceitando namorar comigo, então acho que é um bom conselho.

Ela gargalhou. — Você tem um ponto.

— Pronta? — Dante perguntou, olhando para ela.

Virou a cabeça para vê-lo e assentiu. — Claro.

Deu um último abraço e um beijo em Joseph, abraçou Anastasia e sorriu para os dois. Maria havia os proibido de tratar aquilo como uma despedida, sob ameaças de espancamento. Então, caminhou para dentro d'água como se fosse apenas mais um passeio, torcendo para que assim o fosse.

Três dias após, já haviam chegado à costa do Chile.

Melina havia feito uma lista mental de algumas qualidades de Dante: era rápido, era prático, aprendia com facilidade, era eficiente, não tinha muitas frescuras e, acima de tudo isso, era sereno.

Era daquela serenidade que Melina precisava para lhe fazer companhia, já que, após apenas duas horas de busca, já estava prestes a entrar em colapso. Mas Dante era calmo e sua placidez a acalmava. Mostrava que era possível não surtar e arrancar todos os fios de cabelo da cabeça.

O primeiro dia fora estranho, contudo, aprendeu a apreciar o silêncio. Despida de todos os seus dotes, incluindo de sua telepatia, não lhe restava nada para fazer além de nadar — e aquilo se mostrou mais do que ótimo.

É claro, salvo pela preocupação excruciante de nunca encontrar a tal oceânide. Havia feito o que fora aconselhada a fazer, havia seguido seu coração, que a mandou ir para o sul, então para o Pacífico, então para o norte.

Já estava considerando a hipótese de passar o resto de sua longa vida procurando e vagando e vagando e procurando — afinal de contas, haviam coberto uma quantidade mínima de território, restava apenas o restante do planeta terra — quando sentiu. Era aquela mesma presença sutil e inesquecível que havia sentido em sua visão. Soube que não estava louca quando olhou para Dante e viu que ele tinha a mesma expressão que ela em seu rosto.

Precisaram nadar por mais algumas centenas de metros até que a figura da filha do Oceano pudesse ser encontrada em seus campos de visão. Ela retribuiu o olhar com um sorriso curioso e, então, debochado. Ela não parecia nem um pouco intimidada com a presença dos dois, pelo contrário, nadava preguiçosa e presunçosa pela costa.

Melina constatou algo naqueles dois segundos em que seus olhos se encontraram — ela não era exatamente simpática.

A garota desconhecida começou a nadar para ainda mais longe deles.

Dante e Melina entreolharam-se e acenaram com a cabeça, confirmando que estavam prontos para dar início ao plano B mais ético em que haviam conseguido pensar: sequestro.

Aceleraram suas caudas atrás da menina que, ao perceber que estava sendo seguida, acelerou também suas pernas, divertida, não como se estivessem em perigo, antes, como se brincasse de pique. Não tirou o sorriso do rosto nem por um minuto, enquanto olhava para trás e descia e virava e subia e virava.

Melina queria agarrar o pescoço da maldita apenas pela graça que ela fazia.

Tendo como combustível a impaciência, conseguia agarrar os braços da desconhecida, ao mesmo tempo que Dante agarrou suas pernas. Ela não relutou muito em ser raptada, coisa que deixava Melina ainda mais intrigada e irritada.

Seu plano era baseado em suas aulas de geografia, onde havia aprendido sobre as infinitas grutas e cavernas subaquáticas que havia na costa da América do Sul. Com certa dificuldade motora, conseguiram achar um bom lugar.

Melina emergiu com ela para a superfície e a arrastou pelas pedras claras para fora da água. O olhar divertido não havia deixado seu rosto, nem mesmo quando se viu com as costas contra a parede da gruta, encurralada.

— Fica aí dentro — Melina disse para Dante, que ainda estava no mar —, só pra caso ela queira fugir.

— Eu não vou fugir para lugar algum — surpreendendo a todos, a oceânide se pronunciou a favor de seu próprio sequestro. — Essa é a minha maior aventura em séculos! Você deve ser Melina, não é? — perguntou para confirmar. — Ficou famosa aqui embaixo. Devo dizer, os dramas da sua vida são um grande espetáculo. Sabia que tem apostas sobre quem mata quem primeiro? Você ou o atual rei?

— E quem é você? — Melina retrucou com outra pergunta, de pé, de braços cruzados diante dela.

— Pasithoe, muito prazer! — respondeu, piscando para Dante.

— A persuasiva... — o rapaz pensou alto. Quando Melina olhou confusa para ele, ele explicou: — Hesíodo. Ela é citada em Teogonia.

— Sinto-me honrada! — ela riu. — Mas eu vou querer saber o que os dois querem comigo?

— Preciso que me responda uma coisa — Melina deu esta única e simples explicação.

— E por que acha que eu vou saber a resposta? — Pasithoe inquiriu.

— Porque você é velha — o ruivo respondeu, sem papas na língua.

— Não é desse jeito que se conquista uma garota — ela o repreendeu com um sorriso de lado.

— Eu nem gosto de garotas — Dante a cortou, fazendo com que o rosto dela se contraísse me um muxoxo.

Era um alívio para Melina saber que não era a única sem uma gota de paciência para a ninfa ali.

— Eu quero saber como faço pra destruir a margaritis — Melina adiantou o assunto, sem nenhuma vontade de se delongar ali mais do que o necessário.

Pasithoe ficou sem palavras por alguns bons segundos. Então, começou a gargalhar, como se aquela fosse a piada mais engraçada que tinha ouvido em todos os seus milênios vividos. Porém, quando percebeu que os outros dois indivíduos da gruta permaneciam sérios, ela expressou:

— Por Tétis, vocês não estão brincando, não é?

Sacudiram a cabeça lentamente para ela, negando em silêncio.

— Vocês são ainda mais loucos do que eu pensei se acham que eu vou dar essa informação de graça.

— Ah, você vai, sim! — Melina exclamou, irritada.

— E como vai me obrigar? — Pasithoe ergueu uma sobrancelha. — Acha que pode me machucar?

— Não, não acho — Melina concordou com ela. — Mas eu sei que você vai me dar essa informação porque conheço seu tipo. Os motivos pelos quais você mais me responder são bem simples, na verdade: porque gosta de ver o circo pegar fogo, porque não tem nada melhor pra fazer, porque você é uma coisinha ardilosa e futriqueira, porque você é linguaruda e, principalmente, porque essa vai ser a coisa mais interessante de assistir nesse século. Ou eu estou errada? — ergueu também uma de suas sobrancelhas.

A ninfa permaneceu em silêncio por alguns segundos, com um sorriso ladino, lendo cada mínimo detalhe da feição de Melina.

— Ainda não fiz minha aposta, sabia? Suponho que te dar essa informação me dê alguma vantagem.

— Então... — a sereia instigou-a a prosseguir falando.

— Magia. Só pode destruir a pérola com magia — Pasithoe revelou. Havia verdade em seus olhos, mas algo dentro de Melina a dizia que havia mais que não estava sendo dito.

— Seja específica — a filha de Apolo ordenou.

— Poseidon quem fez... Precisaria de uma força igual ou maior para conseguir destruir... — ela divagava com um olhar sacana.

— A não ser?... — o tritão indagou.

— Que seja uma fonte diferente de magia — confidenciou a oceânide.

— De que tipo? — a sereia insistiu.

— Do seu tipo. Mas não é como se você fosse conseguir, não é forte o suficiente para isso.

— E se ela tiver ajuda? — Dante questionou.

— Você é um rostinho bonito, rapaz, mas não é nem de longe apto para ajudar. Estou dizendo que é necessário pessoas mais fortes do que a princesinha aqui.

— Mais fortes do que eu? — franziu o cenho. Sua mente vagou por todas as pessoas que conhecia que eram capazes de lhe derrotar. A lista mal, mal tinha mais de um nome e esse nome não estaria disposto a um trabalho em dupla.

— O que foi? — Pasithoe gargalhou, olhando para a expressão de Melina. — A bonitinha não achou realmente que você e sua família fossem as coisas mais fortes no mar só porque estão no trono daquele país idiota, ou achou? — revirou os olhos. — Vocês de Anamar... sempre foram tão prepotentes. Sempre preferi os que escolheram ficar — deu um último sorriso antes de dizer: — Já têm informações mais do que o suficiente. Vou fazer minha aposta e assistir atentamente. Adeus, Melina — piscou para Dante. — Adeus, delícia.

A ninfa despareceu em fração de segundos, todavia, os dois pouco se importaram. A informação que pesava no ar saiu da boca deles ao mesmo tempo, em uma mistura de espanto e fascínio, sem que seus cérebros assimilassem totalmente aquilo como verdade:

Selvagens.















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