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CAPÍTULO II

- Hã... Desculpe interromper - Mila começou a dizer, olhando pela fresta da janela, limpando o sangue dos braços -, mas há pessoas se acumulando do lado de fora, olhando para cá. Devem ter escutado o barulho. Temos que sair daqui.

- Ela tem razão. E tem mais deles na cidade - contou Joe, apontando com o cano da arma para os corpos no chão.

- Não posso sair na rua assim - falou Melina. - Eu pareço Carrie, a estranha.

- Vou estacionar o carro nos fundos - comunicou Mila, deixando seu arco e sua aljava dentro do restaurante, saindo para a civilização como se nada tivesse acontecido.

Melina assentiu e caminhou até a cozinha do restaurante, em silêncio. Ligou a torneira da pia e pôs seus cabelos debaixo do fluxo de água, deixando que o líquido vermelho escorresse pelo ralo. Seu cérebro operava no modo automático, uma parte dela ainda não havia assimilado quem estava ao seu lado. A outra parte, tinha medo de olhá-lo e acabar por descobrir que era tudo uma ilusão.

O toque suave em seu ombro a fez olhar para trás, direto para seus olhos castanhos.

Os dedos dele deslizaram gentilmente pelo ombro lesionado, espalhando o sangue onde a ferida já havia cicatrizado. Sua pele reagiu ao contato, arrepiando-se como resposta.

- Melina - sussurrou seu nome, como se ele fosse platina líquida ou uma joia tão preciosa ao ponto de ninguém se atrever a tocar.

- Onde esteve? - indagou, baixinho, com a voz carregada de uma fragilidade repentina.

- Por perto - respondeu, prontamente, no mesmo tom, como se fosse óbvio -, onde mais eu estaria?

Encararam-se quietamente até que a buzina os chamou. Se não tivesse, provavelmente ficariam ali para sempre. Apenas desfrutando do privilégio de olhar diretamente nos olhos um do outro e assistir a pele de seus peitos denunciarem que um coração batia ali embaixo, descompassado.

Mas a realidade os chamava.

Melina virou novamente para a pia e fechou a torneira. Caminhou até o salão do restaurante, pegou o arco de Mila do chão e voltou para a cozinha. Quando já estava com a mão na maçaneta da porta dos fundos, Joe chamou:

- Vem cá - puxou-a para perto, colando as costas dela em seu peito -, deixa eu colocar esse ombro no lugar.

O estalo de seus ossos se alinhando nem mesmo a fez piscar. Já estava acostumada a ter seus ossos quebrados e reposicionados. Ártemis não lhe dava nenhum descanso.

- Obrigada - falou, sem encará-lo.

Logo apressou-se para dentro do carro, onde Mila já os esperava, pronta para dar partida. Melina ocupou o banco do carona, sabia que estava evitando, propositalmente, conversar com seu "namorado". Estava bem consciente daquilo e o faria até que soubesse o que dizer. "Feliz aniversário"? Sentia-se a maior idiota do mundo. Deveria ter dito algo mais tocante, bonito, profundo.

Se tivesse de ser sincera, teria de admitir que nem mesmo sabia se podia chamá-lo de "namorado". Viu que ele ainda usava sua aliança. Ela também usava a sua. Mas... depois de um ano e três meses sem nenhum contato, já não tinha certeza se tudo estava igual, pelo menos, entre eles. Tinha medo de descobrir que haviam virado estranhos outra vez. Desconhecidos um ao outro pela segunda vez na vida.

- Ártemis está caçando a umas duas horas daqui - Mila rompeu o silêncio constrangedor. - Deveríamos voltar para o lago amanhã, pela manhã, mas...

- Como é óbvio, me acharam - completou Melina. - Ela vai ter que mudar o acampamento para outro lugar.

Os dois outros que estavam no carro a olharam, com a mesma pergunta subentendida: você irá junto?

Quando viu que ela não diria mais nada sobre o assunto, Mila olhou pelo retrovisor do meio, direto para Joe e revelou:

- Melina comprou um presente de aniversário para você.

Deu seu melhor olhar assassino para a outra garota e virou o tronco para trás.

- Eu não... - tentou explicar. - Não é nada! Não comprei nada.

Ele correu os olhos pelas duas e os parou em Melina. - Comprou ou não comprou?

Melina suspirou e voltou a olhar para frente. - A sacola está atrás de você. Tem uns papéis de presente, por cima. Não deu tempo de embrulhar, no caso.

Observou, pelo retrovisor, ele abrir um sorriso quando se deparou com o pacote tamanho gigante de Doritos. Colocou-o ao seu lado com cuidado, como se o produto fosse um bebê a ser protegido. Retirou da sacola uma venda de olhos, para dormir, duas barras de chocolate - Prawer, o mesmo que ele havia comprado para ela, não sabia se ele se lembrava daquilo, mas comprou ao leite, como ele preferia -, uma garrafa de vinho, de sua própria família, e duas taças baratas.

- É porque você só come, bebe e dorme - explicou, dando de ombros, sem graça, olhando para ele pelo espelho do carro.

Como resposta, ele se inclinou e beijou sua bochecha, atrapalhando a motorista.

- Tu é a melhor namorada do mundo - disse antes de voltar a se sentar direito.

Melina sentiu suas bochechas esquentarem. Esticou sua mão esquerda para trás e ele a agarrou, apertando-a de leve. Tinha sua resposta.

Depois de uma hora, quando a garota, Mila, estacionou o carro no meio do nada e disse que teriam de ir a pé a partir dali, Joe não ficou feliz. Mas também não questionou. Andar alguns quilômetros (talvez muitos) não era problema se andaria com Melina.

Ártemis havia o proibido expressamente de se aproximar do acampamento e, principalmente, de Melina, a não ser que fosse uma emergência. Disse algo sobre tirar o foco do treinamento e incomodar as outras caçadoras. Não questionou aquilo também. Já esperava. Não era como se a deusa da lua fosse conhecida por simpatizar com homens.

As primeiras semanas não foram fáceis. Lidar com o luto sozinho e não poder estar com Melina enquanto ela lidava com o dela... Aquilo teria o corroído se não estivesse ocupado tentando resolver certas pendências.

A primeira coisa que fez, ao deixá-la no acampamento, foi voltar à Noruega. Ateou fogo à casa de Mara, a feiticeira, sem pensar duas vezes. Certificou-se de que todos os livros que estavam com Cecília e seu pai também fossem destruídos, exceto o que importava.

O resto de seus dias, passou despistando soldados que iam atrás de Melina. Assassinando aqueles que chegavam perto demais. Sendo obrigado a assisti-la de longe, se contentando em saber que ela estava viva e bem.

E tinha de manter Calisto bem longe da margaritis.

O último boato que ouviu foi de que, como planejado, um agrupamento de homens estava no Cazaquistão em busca da pérola. Bem longe de onde ela realmente estava. E teria de continuar assim.

Depois de pouco mais de uma hora caminhando, finalmente chegaram ao acampamento improvisado da deusa, em uma clareira. Duas garotas se encarregavam de assar três animais na fogueira. Pareciam ser lebres ou coelhos. A alguns metros de distância, outras limpavam sangue de suas flechas. No centro do local, estava Ártemis, esperando por eles. Era como se tudo estivesse acontecendo outra vez.

- Eu não tive escolha. - Melina foi a primeira a falar.

- Eu sei. Fez o que tinha que fazer e eu não te culpo por isso. - Ela sondou os três com os olhos e os fixou em Melina. - Mas... e agora? - levantou uma sobrancelha. - O que fará?

Melina suspirou e pensou por alguns segundos antes de dizer:

- Se a senhora me dá licença, agora eu vou tomar banho - reverenciou-a brevemente e saiu.

Mila chamou Joe e os dois saíram da presença da deusa, que não disse nada. Guardaram as sacolas em uma das barracas. Quando saiu, viu Melina sair de outra, com uma muda de roupas na mão. Ela sinalizou com a cabeça para que ele a seguisse e assim ele fez.

Andaram até uma cachoeira que ficava a alguns metros do acampamento. Melina colocou suas roupas secas sob uma pedra e tirou as que usava, ficando completamente nua. Observou calado - admirado - ela entrar na água e começar a se lavar. Esfregou seus braços sem pressa, jogou água em seus ombros, lavou novamente os cabelos. Mergulhou e, quando retornou, perguntou:

- Não vai entrar?

- Hã... - olhou para trás, onde uma adolescente se escondia atrás de uma árvore, olhando-os com curiosidade. Quando viu que ele a via, correu. - Acho melhor não. Não quero assustar ainda mais as coitadas.

Melina gargalhou. - São poucas que saem da floresta e veem a civilização. Você deve ser o primeiro homem que aquela ali viu em séculos.

- Aquela que veio com a gente não me estranhou nem um pouco - comentou enquanto se sentava na pedra, ao lado da muda de roupa.

- Mila está acostumada. Odeia os humanos, mas está acostumada.

- Odeia por quê?

- Ela é uma ninfa. Uma alseíde, para ser específica. Nasceu em Roma, na época do império, mas o bosque dela foi queimado, propositalmente. Ártemis resgatou ela e ela está aqui desde então.

- Coitada. Pelo menos, ela já estava acostumada a viver no meio do mato - deu de ombros. - Não te imagino vivendo como uma delas.

- É estranho, mas você se acostuma.

- Se acostuma... até que ponto?

- Não me tornei uma delas - tranquilizou-o, saindo da água, torcendo os cabelos.

Virou o rosto para o lado, constrangido, enquanto ela se aproximava dele. A garota sentou-se sobre a pedra, trazendo os joelhos para o peito e os abraçando. Olhou para ele e riu do seu rubor. Então, ela olhou em volta, para as árvores e o chão molhado e frio. Ele a observou enquanto isso. Para a forma como o sol de inverno tocava sua pele nua no formato de raios de luz.

Ela suspirou e virou o rosto para ele, muito mais séria do que estava antes.

- Eu vou com você.

- Se sente pronta para...? - Não precisou completar.

- Calisto é minha família, meu sangue. Eu nunca vou estar pronta, não de verdade. Mas eu cansei de fugir e me esconder.

Toda a sua racionalidade queria que Melina passasse o resto de seus dias ali. Dormisse na mesma barraca que Ártemis, lado a lado. Jamais voltasse a pôr os pés na sociedade. Seria tão mais seguro.

No entanto, seu coração a queria com ele. Por isso, sorriu.

- Acho que é melhor fazer suas malas, então.

Quando Melina já estava seca e vestida, voltaram ao acampamento para que ela juntasse suas coisas. Planejava ajudá-la na tarefa, mas Ártemis tinha outros planos para ele. Chamou-o para dentro de sua barraca, queria conversar. Joe tinha alguma ideia de como seria a conversa, porém, isso não o impediu de ficar nervoso. A filha de Zeus conseguia ser intimidadora mesmo na forma de uma garota, com rosto inocente, cachos loiros trançados lateralmente, usando um vestido leve e delicado.

Ela estava sentada sobre uma almofada e havia outra em frente à ela. Indicou para que ele se sentasse e, assim que o fez, ela começou a falar:

- Imagino que o tempo de Melina comigo tenha chegado ao fim.

- Ela está arrumando as coisas para ir embora. - Ela anuiu, vagarosamente.

- Podemos ser honestos um com o outro? - Ele assentiu. - Não sei bem o que vai fazer quando sair daqui e isso me assusta.

- Por que te assustaria?

Ártemis olhou para cima, melancolicamente. O pedaço de plástico na cobertura da barraca permitia que o céu fosse visto de lá de dentro.

- Nossa glória está morta - abaixou os olhos. - Estava certo quanto a isso. Não vejo um sátiro há dois séculos. Quase todas as ninfas do mundo antigo estão mortas. As que restaram, estão adormecidas há tempo demais para serem acordadas. Não há mais monstros a serem caçados.

- Há muito tempo que não há monstros andando sobre a terra.

- Eu sei. Aprendi a viver com isso. Nossa época de ouro não duraria para sempre, deveríamos saber que passaríamos, como os titãs e os deuses antes de nós passaram. - Havia uma tristeza antiga em sua voz. Como se ela estivesse alimentando aquele pensamento há décadas, séculos, e, só então, havia o exposto.

- Alguns ainda existem, até onde eu sei. - Nunca havia se imaginado naquela posição, consolando uma divindade. Entretanto, não queria vê-la triste.

- Como uma lenda, sim. Um nome pronunciado de vez em quando. Amuados, com apenas um pouco restante de poder. Como Selene. - O nome da antiga deusa da lua pesou o ambiente. - Temo que nossa vez esteja chegando. Calisto está cortando os cultos, pouco a pouco.

- Não quer dizer que é o fim do mundo. Pensei que havia aceitado treinar Melina com esse propósito. Salvar o próprio rabo - falou antes de pensar. Para sua sorte, ela riu da expressão. - Não acredita que ela esteja pronta para matar o tio e fazer tudo voltar a ser como era?

- Acredito na primeira parte. Ela não irá descansar enquanto Calisto estiver vivo e reinando. Mas não é isso o que me aflige. O grande problema é que eu não sei se Melina quer nos... preservar.

Não pode deixar de reparar no jogo de palavras. Mesmo ela, tão acostumada a estar entre os humanos, jamais admitira em alto e bom tom que precisava de um ser mortal para salvá-la do esquecimento.

Ele ponderou sobre o que deveria responder.

- Quando sairmos daqui, vamos voltar para a cidade. Limpar a bagunça do restaurante, encobrir nosso rastro, tirar a polícia disso. - Ártemis assentiu. - Depois disso, eu não sei o que, exatamente, ela pretende fazer. Sinto muito. Só consigo me preocupar com isso no momento.

- Teme que Melina não queira voltar à cidade? Queira seguir em frente, marchando direto em direção ao pescoço do tio, sem pensar em mais nada?

- Exato.

A deusa riu.

- Tive de ensinar duras lições à Melina. Uma delas, em particular, foi a mais difícil. Prudência. Mas ela aprendeu.

- É bom ouvir isso. - Foi sincero.

Ártemis acenou lentamente com a cabeça e lhe deu um último conselho:

- Estão de olho em vocês. Todos eles. Não se esqueça disso.

- Os deuses? - franziu as sobrancelhas com deboche e Ártemis sinalizou que seu palpite estava certo. - Vocês querem que eu convença Melina a ficar do lado de vocês, não querem? - Não precisou responder. - Podem me olhar à vontade. Pressão psicológica não vai me fazer forçar Melina a tomar partido em uma guerra que nem existe.

- Você não é um tritão, filho de Dionísio. É um dos nossos, não deles.

- Desde quando começou a existir "nós" e "eles"?

- Sempre foi assim.

- Melina não se importa com nada disso. Ela só quer justiça pela mãe. É a única coisa que importa para ela.

- Torço para estar certo - finalizou seu argumento bem a tempo do assunto entrar na barraca.

Observaram Melina sentar ao lado de Joe, com as pernas cruzadas, abaixar a cabeça diante da divindade e solicitar:

- Peço sua permissão para partir.

- Iria de qualquer jeito - disse Ártemis, divertida -, mas você tem minha permissão.

Melina levantou os olhos para ela e sorriu. Joe a olhava enquanto água começava a se acumular neles. A garota engoliu em seco e limpou os olhos antes de dizer:

- Obrigada. Por tudo.

- Você é uma boa aluna. Foi um prazer treinar você.

- E eu... - fitou Joe, um tanto sem graça - vou continuar namorando, desculpa.

- Desculpa, tia, mas eu gosto de homem - recitou ela e Melina arregalou os olhos. - Eu ouvi aquilo - riu e se ergueu sobre seus pés. - Vamos. As outras garotas vão querer se despedir.

Algumas meninas choraram, outras abraçaram, outras simplesmente cumprimentaram formalmente. Melina parecia não querer demorar muito ali, então, prometeu que as veria outra vez, algum dia. Sabia que ela detestava despedidas, seu histórico com isso não era muito bom.

Aquilo não deveria estar sendo fácil, mas ela se manteve firme, mesmo assim.

E, como homem que era, aguardou a uma distância segura, até que a sereia, a deusa e a ninfa se aproximaram. Melina enxugava algumas lágrimas quando Ártemis comunicou:

- Milania irá acompanhá-los até a cidade. Depois, estarão por conta própria.

Joe se preparava psicologicamente para toda a caminhada que teriam, até onde Mila havia deixado o carro, quando a deusa da lua segurou as mãos da filha do deus do sol para ter seu momento de despedida.

- Sempre soube que estava destinada a grandes coisas. Nunca imaginei que seria, pessoalmente, parte do seu caminho. Mas aprecio muito o tempo que passamos juntas. Não desejo sorte, você não precisa. Desejo força e coragem para fazer o necessário - olhou brevemente para ele. - Desejo isso aos dois.

A consideração que a deusa tinha por sua sobrinha era palpável. Mas Joe sabia que não era somente aquilo. Havia também temor. Medo de depositar a confiança em alguém que poderia ser sua ruína. Mesmo assim, ela finalizou dizendo:

- Confio em você, Melina. Não me decepcione.











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Sátiros: criaturas místicas, parte homem, parte bode. Conhecidos como "faunos" na mitologia romana.

Ninfas: espíritos da natureza, associadas a um local em específico como, uma árvore, uma nascente, um rio, um vale, um campo, etc. Na perspectiva ocidental, são como fadas sem asas. Possuem magia natural.

Alseíde: classe de ninfas associadas aos bosques ou a canaviais.










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