◇5◇ Amelie
Três anos se passaram após o acampamento de verão da guarda real vermelha. Há três anos que eu e Drystan estamos juntos, nunca oficializamos nada ou pousamos um rótulo de namoro, mas para nós não existimos mais ninguém além de um ao outro.
Ter dezoito torna as responsabilidades ainda mais duras, é como se eu estivesse a menos de dois passos de me tornar rainha, o que provavelmente acontecerá após eu completar 21 anos.
Hoje teremos uma visita da comitiva real do reino Azul, entre eles o rei Ken Khaos e o príncipe Ken Arik. Segundo a minha mãe, não tivemos como recusar o pedido de reunião, barra visita, feito pelo rei.
Primeiro que estamos em uma quase guerra com o mesmo há alguns anos. Segundo que não queremos entrar em guerra por um motivo fútil que seria negar a visita, mesmo sendo no dia da apresentação dos juniores à guarda real.
Só de pensar que terei Drystan, literalmente apenas passos de distância de mim todos os dias, meu coração erra algumas batidas.
Fico observando a montagem da pequena tenda para o brunch com a família real Azul na varanda do meu quarto, vestida em um vestido verde água, de manga longa em tule, de saia em chifom, com detalhes em pedraria prata, cabelo meio preso para trás que hora outra querem fugir para a frente do meu rosto.
Mais a frente vejo a guarda real aparentemente se aprontando, para a apresentação dos novos guardas. Minha atenção é tirada de tudo do lado de fora do castelo por leves batidas na porta do meu quarto, como sei que a mesma está aberta, apenas digo para que entrem.
— Vossa alteza, sua mãe está lhe chamando para ir recepcionar a comitiva real do reino Azul. — Verena fala assim que entra.
Após eu assentir, ela espera para que eu saia do quarto para então fechar a porta atrás de nós.
— Quantos são?— Pergunto a Verena.
Há poucos anos que minha relação com ela vem se estreitando, tanto que temos conversas mais longas.
— Além de alguns homens da guarda real Azul, o rei e o príncipe, estão um conselheiro real que parece ter chupado todos os limões do mundo e um acompanhante real. — Verena conta, me fazendo franzir o cenho com a última pessoa.
— Acompanhante real? — A questiono confusa.
— É tipo a versão masculina de dama real, se eu não estiver enganada, ele serve diretamente ao príncipe. — Eu assinto após sua explicação, voltando a prestar atenção no caminho até a frente do castelo de vidro.
— Pensei que fosse chegar depois dos convidados. — Minha mãe ralha comigo assim que ponho ao seu lado.
— Achei que eles haviam se oferecido para vir até aqui? — Retruco ignorando a parte grosseira do que ela diz, tirando uma dúvida que eu ao menos sabia que tinham.
— Não seja tola Amelie. — Ela diz revirando os olhos.
— Eles já estão chegando, será que poderiam fingir pelo menos enquanto estiverem aqui que somos uma família feliz? — Meu pai fala, eu e minha mãe bufamos contrariadas, quase que, ao mesmo tempo.
O rei Khaos parecia mais velho do que eu me lembrava, pensei que o mesmo fosse imortal assim como meus pais. Eu não nasci com tal dádiva dada aos reis e rainhas maiores, assim como provavelmente não tenho uma aliança de alma, que é basicamente a alma gêmea, dádiva também concebida a reis e rainhas maiores.
Muitos chamam de dádivas, mas pode ser considerado uma maldição.
A última vez que vi o príncipe Arik nós tínhamos nove anos, agora ele é quase um homem formado, mais alto que já era de se esperar, mas o mesmo não parece ter mudado em nada sua personalidade, aparentemente muito tímido, tanto que ao menos olha para frente fitando os próprios pés. O que é impossível de se negar é o tamanho da beleza dele, seu rosto bem delineado, olhos puxadinhos no canto com iris azul-claro e pigmentos cor de rosa. Todos os seus detalhes o tornam lindo em aparência, mas será que seu caráter também é bonito?
— É tão bom vê-lo depois de tantos anos, Khaos. — Escuto a minha mãe falar com uma falsa complacência na voz. — E nossa, como o Arik cresceu, não?
— Sim, o meu filho já é um homem. Vejo que a princesa Amelie também se tornou uma bela mulher. — O rei do reino Azul fala, me fitando dos pés à cabeça
Acho que esse fato desses olhares oblíquos do rei Khaos foi algo que nunca me esqueci e que sempre me deixou perturbada, mesmo quando criança.
— E quem são esses? — Meu pai pergunta, apontando para o senhor com cara de poucos amigos e garoto fofo que tem o meu tamanho.
— Esses são o meu conselheiro Kim Seuno e o acompanhante do meu filho Park Haru. — O rei Khaos os apresenta.
O conselheiro faz uma careta ao invés de sorrir, como se nunca tivesse feito tal coisa. Já o garoto parece brilhar com um sorriso singelo em nossa direção.
— Oh! Certo. É um prazer conhecê-los, também estão convidados para brunch. — Os dois assente após o convite da minha mãe, fazendo uma reverência para nós.
Caminhamos para o jardim com os mais velhos conversando, até mesmo o conselheiro, enquanto eu ia mais atrás com o príncipe e seu acompanhante.
— A última vez que te vi éramos tão crianças, não foi? — Tento puxar assunto pelo menos com um deles, o príncipe.
— Si... sim, foi no... — Arik parece engasgar nas próprias palavras.
Sua timidez realmente é maior do que imaginava.
— O príncipe não parava de se perguntar em como você estaria, vossa alteza. — Haru fala pelo príncipe que parecia estar quase infartando em apenas trocar algumas palavras comigo.
— Sério? Eu também estava curiosa para saber como ele cresceu. Lembro que gostei muito dele quando eramos crianças.
— E... eu também achei... achei você incrível. — Arik diz, olhando para os próprios pés, aparentemente tentando esconder o rosto vermelho.
Haru sorriu largo para mim, como se estivesse orgulhoso do príncipe conseguir falar uma frase completa comigo.
Sentamos todos à mesa do brunch enquanto somos servidos com comidas maravilhosas, observo as idas e vindas dos guardas reis do reino Vermelho, pois em minutos a cerimônia de entrada dos novatos irá começar.
— Querida, por que não leva o príncipe Arik e o Park Haru para ver a cerimônia de introdução da nova guarda? Nós precisamos conversar a sós? — Eu assinto, me pondo de pé com os outros, me sentindo um pouco ansiosa para ver Drystan, mas não ao ponto de deixar de perceber o falso tom carinhoso da rainha Astrid para comigo.
Sem pensar muito sobre como me irrita, ela soar como outra pessoa, caminho, sem olhar mais que uma vez para minha progenitora, com Arik e Haru ao meu lado.
Os guardas já estavam apostos em fileiras lineares, entre eles vejo Drystan se destacando com seu corpo grande e postura robusta, tudo nele grita o guerreiro que ele é.
Eu e os outros dois ficamos ao lado de onde o capitão e alguns guardas veteranos estão. Não estão todos aqui, pois estão cuidando da segurança dos meus pais.
Não demora muito para que cada nome dos juniores seja chamado, qualificando como guardas reais do reino Vermelho.
— Esse é mais bonito, entre eles. — Haru fala para mim assim que Drystan vem à frente receber sua identificação de guarda real.
— Sim, ele é. — É o que digo, mantendo os olhos no garoto de cabelos castanhos e olhos profundos.
Porém, não mantenho os olhos em Drystan por muito, tendo a minha atenção tirada pelo toque quente do príncipe herdeiro.
— Po... podemos dar uma volta? Não estou me sentindo bem por conta do barulho. — Arik fala pálido demais para que eu não me preocupe.
— Vossa alteza está bem, príncipe Arik? — Haru pergunta, recebendo uma negativa com um gesto de cabeça do garoto de fios tão escuros quanto uma noite sem estrelas.
— Vem, vamos conhecer mais do jardim, você pode assistir ao restante da cerimônia Haru. Nos encontramos onde o brunch está acontecendo assim que príncipe melhorar. — Eu digo, segurando a mão quente e grande do príncipe.
Haru assente, mesmo parecendo preocupado, senti que o mesmo estava encantado com o evento. Será que, mesmo tão pequeno, ele gostaria de ser da guarda, mas está servindo ao príncipe?
Sem resposta, e ainda segurando a mão do príncipe, me afasto com ele, ainda parecendo que iria desmaiar a qualquer momento.
Arik, como observei, é um rapaz tímido que mal consegue conversar, pelo menos comigo, mas graças ao grande Deus, ele se acalmou depois de um breve passeio pela parte das flores raras do castelo.
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