♧4♧ Drystan
Após a morte do meu pai há um ano, eu fiquei perdido, sem saber o que fazer e para onde ir.
Questionamentos como: Devo continuar com a plantação do meu pai e continuar vendo os grãos que colher? Devo sair dessa cabana e ir explorar o mundo? Devo apenas parar de existir?
Todos esses se passaram em minha cabeça, até em um fatídico dia, das minhas poucas idas a escola no último ano, eu descobri que estavam recrutando juniores para a guarda real.
O meu pai me treinou durante anos, não só os meus poderes, mas também a defesa pessoal. Em sua juventude, ele foi do exército vermelho e só parou para cuidar da minha mãe, que sonhava em ter um bebê, mas já estava velha e um tanto doente. Eles conseguiram me ter, como é de se ver, mas com isso veio a perda dela assim que me teve e a desgraça financeira do meu pai, o que nos levou até a cabana e a venda de grãos.
Enfim, voltando ao anúncio de recrutamento, eu passei por um breve treinamento e alguns testes de aptidão até conseguir entrar no acampamento de verão da guarda real vermelha.
Meu objetivo era ganhar a competição em grupos e treinar para entrar na guarda real diretamente com o capitão na base mais próxima ao castelo de vidro, o que nos dá mais chances de servir dentro dos muros reais. Porém, nem tudo são flores, agora me encontro completamente distraído desse objetivo porque ela está aqui, a garota que monopolizou todos os meus pensamentos nos últimos seis anos, Amelie Kasper.
Amelie me arrasta, ou melhor, eu me deixo ser arrastado por ela, para longe da festa de boas-vindas que a guarda real está dando para nós novatos.
Nos ficamos nos fitando por alguns segundos até ela quebrar o silêncio, e eu ainda tentando manter minha pose arrogante e que não reconheci.
— O que você comeu para ficar tão grande? Certo que você já era maior que eu naquela época, mas não era tão assim. Tem certeza que tem 15 anos? — Ela mal respira enquanto fala, o que a torna fofo.
Amelie com toda certeza é garota mais bonita que eu já vi em toda a minha vida.
— Eu sou raça maior, não tem ninguém com uma ficha de nascimento tão detalhada quanto a minha. E de onde você me conheci... senhorita? — Resolvo provocá-la
— Drystan, eu sou Amelie Kasper, lembra? Você me... salvou. — Ela fala com um bico nos lábios enquanto bate pé.
Percebi que, mesmo depois de alguns anos, ainda é difícil para ela mencionar o acidente que levou sua irmã. Mesmo assim, não hesito em continuar provocando-a.
— Você deve estar se confundindo. — Digo, virando as costas para ela, quase não conseguindo segurar o riso com a careta contrariada que ela fez.
— Acha mesmo que eu sou uma tola? Eu te reconheceria a quilômetros de distância. — Ela diz me fazendo fitá-la ao puxar meu braço.
— Então por que mudou seu nome? — Questiono após virar noventa graus, e desistir de fingir que eu não a conheço.
— Ainda estamos no primeiro dia e já está sendo difícil sendo uma garota comum, agora imagina se souberem que sou a princesa do reino Vermelho. — Amelie me explicou.
— Eu entendo, então vou tratá-la como uma igual, não como princesa. — Aviso a mesma que abre um sorriso.
Sem perceber estou próximo a ela pondo um fio fujão do seu cabelo para trás da orelha.
— É isso que eu quero. — Ela fala convicta, me arrancando um sorriso ladino.
♧♧♧♧♧
Os dias de treinamento, juntos à competição no acampamento, foram intensos. E eu confesso, mesmo não esperando muito da Amelie, ela se esforçou bastante ao ponto de não ficar para trás em nenhuma das provas.
E após um dia cansativo eu resolvi que seria um bom momento para relaxar deitado na grama em baixo de uma árvore, só não esperava ter companhia.
— Posso? — Amelie pergunta, apontando para a grama vazia ao meu lado.
Após eu assentir, ela, assim como eu, se deita e fita a copa das árvores que nos deixa ver um céu estrelado mais acima.
— Já estamos chegando ao fim não é? — Eu faço que sim com a cabeça. — O gato comeu a sua língua?
— Só quero descansar um pouco, Amelie. — E o que digo sem querer realmente ser grosseiro, mas aparenta falhei miseravelmente.
— Oh! Desculpa está te atrapalhando. — Ela diz fazendo menção em ficar de pé, mas eu sou rápido em segurar o pulso dela e fazê-la deitar novamente.
Já estamos há dois meses e meio no acampamento, e em menos de duas semanas estaremos seguindo nossos caminhos novamente. Não estou com vontade de conversar, mas isso não quer dizer que não quero Amelie por perto.
— Só vamos ficar em silêncio por agora, está bem? — Ela assente, voltando a manter os olhos no alto.
Não foi intencional ao ajustar minha posição e tocar na mão dela, mas o choque que nos deu faz com que nos fitemos meio tímidos. Por acaso do destino ou não, seguro a mão pequena de Amelie que aperta minha de volta. Ficamos horas a fios apenas aproveitando a companhia um do outro, horas essas que mal vimos passar.
— Já vai amanhecer. — Amelie constatou se ponde sentada para apreciar o nascer do sol mais a frente. — Eu nunca vou me esquecer dessa paisagem. — Ela diz com um sorriso no rosto.
Linda, Amelie é simplesmente a garota mais linda que os meus olhos tiveram o prazer de ver. Ela sorriu me fitando, seus olhos parecendo fazer parte do nascer do dourado do sol, seu cabelo que queima como ele nos seus dias mais furioso.
Amelie, sem sombras de dúvidas, nasceu para iluminar todas as suas voltas. Queria ter dito a ela que eu quem não esqueceria essa paisagem, mas ao invés disso, eu roubei um beijo seu.
Os lábios pequenos e macios delas pareceram se encaixar perfeitamente com os meus, foi o meu primeiro beijo dado com todo desejo na garota que salvei e que não me arrependo um só minuto depois daquele dia.
Afasto nossos lábios, mal conseguindo respirar, lhe dei pequenos selares já de olhos abertos, apreciando as bochechas vermelhas dela, o tremelicar calmo dos seus cílios.
— Temos que voltar para o acampamento. — Ela diz assim que volta a abrir os próprios olhos.
— Só depois de mais beijo, por favor, princesa. — Ela sorri, soprado, me puxando para mais perto de si e dessa vez ela quem inicia o ósculo do nosso segundo beijo.
♧♧♧♧
O restante do acampamento foi entre beijos roubados e dados entre mim e Amelie. Nosso grupo ganhou a competição do acampamento, o que nos levou a treinamentos intensivos na guarda real vermelha, a mesma que serve dentro dos muros do castelo de vidro.
Nossos colegas de equipe só descobriram que Amelie é a princesa do reino Vermelho quando ela foi apresentada como tal na sede de treinamento da guarda. Mesmo ela não indo treinar todos os dias, aproveitávamos para nesses dias não só treinar.
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