Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 02

TRÊS BATIDAS soaram na porta do meu quarto. Marie atendeu, e a silhueta do príncipe James surgiu, tão engomadinho quanto em todos os outros dias do ano. Usava um paletó cinza escuro que lhe caia perfeitamente bem e os cabelos penteados para trás com gel suficiente para garantir que não se movessem um centímetro sequer.

Me inclinei em reverência.

— Vossa Alteza Real.

— Bom dia, Lady de Chevalier. — disse, curvando a cabeça para mim. — Me daria a honra? — ele encenou com o braço para que eu lhe desse o meu.

— Com prazer.

Eu possuía uma vasta experiência com sorrisos forçados, e naquele dia em especial, me empenhei para estampar o melhor deles.

Caminhamos juntos pelos longos corredores do palácio, até o portão que dava acesso aos jardins. No caminho, era possível perceber cochichos e risadinhas esganiçadas por todos os lados. As pessoas estavam eufóricas e haviam transformado aquele encontro (por mais trivial que me parecesse) em um verdadeiro evento.

— Queria preparar algo diferente para o dia de hoje. Todavia, é muito difícil impressionar alguém como a senhorita. — percebi um sorrisinho nascendo no canto da boca dele.

— Ou talvez a criatividade do senhor é que seja limitada. — rebati, torcendo para que soasse mais amigável do que áspero.

O príncipe não pareceu ofendido. Ele levou a mão à boca, mas ainda assim deixou escapar uma risada abafada e irreverente.

Consertei a postura e mantive o queixo elevado, sempre atenta à minha nota mental sobre sorrir solenemente e fingir entusiasmo.

Espiei atrás dele e me deparei com um mar de jornalistas e fotógrafos amontoados junto aos muros do jardim, capturando todos os ângulos possíveis e imagináveis.

— A imprensa faz parte do decoro?

— Definitivamente não— respondeu, amistoso. — As pessoas ficam empolgadas com os acontecimentos da corte, você deve estar acostumada... Lhe incomoda?

Você está acostumado? — devolvi, arqueando as sobrancelhas.

— Bom, algumas pessoas gostam de holofotes. Eu, entretanto, apenas os tolero.

No centro do jardim, estava montada uma estrutura para um voo de balão. Original, pensei. Tirando o fato de que todo o passeio estava sendo documentado desarrazoadamente, parecia um encontro interessante.

Um balão a ar quente é subdividido em três partes: o envelope, o maçarico e o cesto. Toda essa carcaça estava sob a grama baixa dos Jardins de Roosevelt, satisfatoriamente organizada. Cerca de cinco homens da equipe real ajustavam os últimos detalhes, enquanto outro passava todas as instruções e regulamentos do voo, além de informar que embarcaríamos apenas nós dois e um piloto.   

Mesmo em velocidade baixa, pilotar um balão é uma tarefa que exige habilidades aguçadas e treinamento específico, e certo era que nem eu nem James possuímos tal competência.

Alguns minutos antes da decolagem o balão foi inflado com ar ambiente por uma grande ventoinha que provavelmente era movida a gasolina. Enquanto a equipe real tomava conta da parte técnica, o príncipe passou o seu braço sob meus ombros, envolvendo meu corpo junto ao dele.

Aquela parecia uma cena previamente calculada por ele para dar uma grande munição aos periódicos de fofoca: fotos fofas de um casal apaixonado sob o sol de Kingstrom. Perdi alguns segundos imaginando a reação das pessoas ao nos ver estampando as capas de revistas e jornais no dia seguinte.

Quantos me aprovariam? Quantas sonhariam em estar no meu lugar? Quantos acreditariam que de fato existia algum sentimento ali, além da obrigação? Essas eram as perguntas que rodopiavam pela minha cabeça e quase me deixaram sem ar.

Senti meu corpo gelar e quase que ao mesmo tempo, a mão do príncipe me segurando relativamente mais forte. Eu havia passado os últimos anos carregando um pôster invisível que proclamava "não tocar", e agora o audacioso príncipe James me fazia me sentir como um gatinho indefeso em suas mãos.  

Quando o ar já tinha ocupado mais ou menos uns 60% do volume da bolsa de tecido do balão, o maçarico foi aceso e começou a aquecer o ar do envelope. Esperamos mais alguns minutos e então finalmente pudemos subir no cesto para iniciar a decolagem.

O príncipe me ajudou a subir e a equipe real apoiou o balão para que ascendesse ao céu. Eu já havia voado de balão, mas devo confessar que a vista de cima do palácio era a mais bela possível. Respirei fundo e o ar puro encheu meus pulmões. Por alguns segundos, a sensação de liberdade correu por meu corpo.

À medida que o balão alcançava alturas maiores, o mar de gente lá embaixo ficava  menor, até desaparecerem por completo, restando apenas as nuvens à nossa volta.

— É um lindo vestido. Combina com seus olhos. — O príncipe disse, rompendo o silêncio.

— Foi exatamente isso que a minha dama disse ao escolhê-lo.

Ele levou os olhos ao abismo abaixo de nós.

— Espero que não tenha medo de altura.

— Para a sorte de Vossa Alteza, não. Sou uma mulher aventureira.

Ele sorriu, como se estivesse se divertindo com cada palavra.

— Para você é apenas James. — seus olhos encontraram os meus. — Resolvi trazê-la aqui em cima para a conhecer além dos protocolos.

— Tanto faz.

— Teria algo que a senhorita gostaria de compartilhar sobre si mesma? Estou ansioso para ouvir. — disparou, tentando evitar que o assunto morresse.

Me esforcei para sustentar uma expressão amigável.

— Sou uma francesa sangue-bom, de linhagem ilibada. Foi tudo o que precisou saber para cortejar a minha mão. Porque o resto interessaria?

— Porque é para isso que os encontros servem. Para conhecer as pessoas além do que as aparências revelam sobre elas. — refutou, paciente.

— Certamente. Mas acredito que já seja conhecedor de todos os fatos que fazem de mim uma opção razoavelmente interessante.

Ele correu os dedos sobre os cabelos, desalinhando-os, o que deixou seu rosto incrivelmente charmoso.

— Não sabia que era tão geniosa. E essa característica com certeza faz de você ainda mais interessante.

— Eu sou geniosa ou você que não está acostumado com as pessoas que não falam coisas só para lhe agradar?

— E além de tudo é atrevida. — pontuou, com sarcasmo.

Lancei um olhar de repreensão, mas ele não pareceu incomodado. Seus olhos tinham um fundo irritantemente serenos, de modo que as minhas ironias pareciam irrelevantes.

— A senhorita não parece muito contente.

— Eu deveria estar? — provoquei, colocando os cabelos para trás dos ombros.

— Há algo de errado comigo? — perguntou, analisando a própria roupa em tom de brincadeira.

— Não com você, exatamente. — articulei, correndo os olhos por seu rosto. — É mais com o combo que trás consigo.

— A Coroa? O reino? O casamento?

— E os flashes também, é claro.

Os olhos claros do príncipe me analisaram por alguns instantes.

— Será mais fácil do que imagina. — ele sorriu para mim, me deixando ligeiramente incomodada. — Eu garanto.

— Ser fácil não significa ser agradável.

— Não seja malvada, minha francesinha. Estou certo de que será capaz de sobreviver.

— Não me chame de sua.

James recuou. Ele encostou as mãos no cesto do balão e ficou em silêncio, como se estivesse repreendendo a si mesmo em pensamentos.

— Kingstrom tem uma bela vista de cima.— falei, tentando impedir que o clima ficasse desagradável. — Você gosta daqui?

— Sim. Faz sol quase o ano todo, o que para mim é a melhor parte.

— E do que mais gosta, príncipe James?

Ele me fitou, como se a pergunta o tivesse pego de surpresa.

— Cresci entre a sala de um tutor e outro, o que não me deixou muito tempo para acumular hobbies. Ainda assim, gosto de nadar no Lago Nelcy nos dias livres.

— Aquele que corre atrás da propriedade? — perguntei, gesticulando com as mãos.

Ele assentiu com a cabeça, os olhos vidrados nas nuvens ao nosso redor.

— Nunca fui lá.

— Ninguém vai. Mas eu sempre gostei das coisas peculiares.

Senti uma onda de calor por meu corpo quando sua mão roçou na minha. James explorava os meus limites lentamente, me deixando cada vez mais à vontade, como se sua paciência fosse o antídoto para o furacão colérico que havia dentro de mim.

Suas mãos eram muito maiores que as minhas, e seus braços eram fortes como os de quem trabalhava nas lavouras, mesmo que nunca tivesse feito nada parecido em toda sua vida. Com certeza a testosterona havia se revelado sua aliada. Ele exalava um perfume com notas de lima-da-pérsia, que entrava sorrateiro pelas minhas narinas e grudava na minha cabeça.

— Gosto de livros— disparei, mais desajeitada do que gostaria.

— Sempre vi você carregando pilhas deles por aí. — comentou. — E que tipo de leitura prefere?

— Todas. De astronomia à geopolítica.

Ele arqueou as duas sobrancelhas.

— Não conheço muitas moças que se interessam por esse tipo de assunto. Não conheço nenhuma outra, na verdade.  

Dei de ombros. Eu sabia mais que bordar e contar fofocas.

— Então me casarei com uma mulher super-letrada. Ótimo— falou, quase que para si mesmo.

— E como tem tanta certeza que eu vou casar com você?  

Ele deu uma risada de fundo sarcástico.

— Por acaso teria pretendente melhor, Lady Claire?

— Um menos prepotente, quem sabe?

Um sorriso se fez no canto de sua boca, como se minha expressão irritada pudesse lhe entreter.

— A senhorita fica ainda mais bonita quando faz beicinho— desconversou, piscando para mim.

Me mantive em silêncio. O príncipe conseguia ser gentil e impertinente ao mesmo tempo. Imaginei o que meu pai pensaria se me visse lhe dirigindo as palavras com aquela aspereza; sua natureza dócil me repreenderia de imediato.

A minha intenção não era desonrar a educação que papai me deu. Mas, embora soubesse que estava ali representando a minha Casa, minha nação e uma aliança política, me recusava a relativizar meus sentimentos para encaixar nos moldes de um príncipe metido.

— Sei que pode parecer muita coisa— começou ele, tentando se aproximar novamente— De repente todos os olhos do palácio estão sob você e todas as bocas da Inglaterra comentam seu nome. É assustador. Eu também me sinto assim. E se você precisar de um tempo eu...

— Sou uma elitista— interrompi— Pessoas não me assustam, nem seus olhares, nem seus comentários. O que me assusta é você achar que pode escolher uma esposa como quem escolhe um prato no restaurante.

— Eu não acho isso. — respondeu, num tom de indignação.

— Ah, não? E estamos aqui pelo que, se não é porque você precisa urgentemente de alguém para ocupar uma cadeira ao seu lado?

— Senhorita Chevalier, não deveria falar do que não sabe.

— Com todo respeito, não cabe a você decidir sobre o que devo falar ou não.

Foi um péssimo jeito de começar as coisas.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro