XXXVI - O grande traidor.
Amélia Morey// narrando
— O que? — Heitor berrava. — Como assim, Lady Lina?
— Não tive escolha! Eu estava protegendo-a!
— justificou Lina com raiva.
— Protegendo-a?! Então quando mentiu para ela, escondeu que Clarissa estava morta e conspirou pelas costas dela, estava protegendo? — questionou novamente berrando.
Percebi que falavam de mim e pelo tom de Heitor, ele estava mais furioso do que nunca, como meu pai ficava ás vezes.
Eu deveria voltar para meus aposentos e começar a escrever as cartas como eu havia pensado e dito que iria fazer, mas não pude evitar de escutar aquela conversa pois minha curiosidade era muito maior do que minha urgência por aliança com overland, fiquei tantos dias pensando em descobrir quem era o traidor que agora que tive a chance não poderia disperdiça-la por alianças, o grande traidor, aquele que tinha espalhado notícias sobre mim poderia ser revelado naquele momento.
— Sim, Lorde Morey. Eu estava protegendo minha amiga. Não tem noção de quem está por detrás disso tudo, alguém maior, alguém que realmente poderia machucar Amélia. Eu traí Amélia, divulguei suas informações e espalhei notícias falsas para salva-la da morte. — gritou ela com rapidez e com voz de choro. — Eu nunca teria feito tudo isso se não fosse por Cla....
Eu não podia acreditar no que tinha ouvido, abri a porta com toda força que me restava após sua confissão e olhei para ela assustada.
— Como assim?
— Amélia....
— Não! Não, não, não. Apenas responda; é verdade? — questionei sem acreditar no que havia ouvido há pouco.
— sim..... — afirmou com tristeza. — E eu sinto muito, foi necessário.
— Não posso lidar com isso, mas não quero te ver amanhã aqui no castelo. Heitor, cuide disso por favor. — ordenei ainda sem acreditar no que tinha ouvido.
Não permiti que ele respondesse, pois sabia que ele faria e fui em direção ao meus aposentos.
Não estava nem um pouco disposta a enfrentar tudo de frente como deveria, como eu poderia olhar para Lina agora? Como eu poderia simplesmente exigir dela a verdade, sabendo que ela estava olhando todos os dias para mim e mentindo sobre confiança? Eu deveria ter percebido, eu mais do que ninguém deveria ter notado. Quando ela aparecia em lugares específicos ou quando prestava atenção em alguma conversa, ou até mesmo quando ela ficava desconfortável quando eu mencionava o traidor. Tudo isso só me parecia claro quando relembrava, se eu tivesse vigiado antes eu poderia ter controle de toda a situação, mas eu nunca desconfiaria de alguém tão próximo como Lina. Minha amiga e dama estava tramando pelas minhas costas.
— O que se passa aí dentro? — Richard brincou e se instalou ao meu lado observando pela grande janela do salão principal as pessoas andando rapidamente.
— Como eu não percebi? — olhei para ele que estava com uma expressão confusa. — Eu fiquei noites sem dormir apenas para descobrir que o traidor estava ao meu lado todos os dias. Isto não é loucura?
Ele suavizou a expressão quando entendeu que eu estava falando de Lina, ele era a pessoa mais fácil de conversar dos cinco reinos, com um olhar eu podia dizer tudo mesmo em silêncio. Era exatamente assim que um amigo deveria ser.
— Não é sua culpa. Quem poderia imaginar que alguém tão próximo e que julgamos confiável estava nos traindo?
— Eu. Eu deveria desconfiar,Richard. Como pude ser tão tola? — questionei ainda o olhando, mas ele sabia que a pergunta não era de fato direcionada à ele e sim para mim mesma.
— Não foi tola, Amélia. Na verdade, é bem oposto disso. — sorriu.
Richard era uma pessoa tão gentil que ás vezes me pegava desejando que ele ficasse para sempre, apesar de saber que seria egoísmo pedir.
— Casterly não sabe o rei que perdeu. — sussurei também sorrindo.
— Não foi casterly que me perdeu, eu perdi castely. Mas logo espero estar lá para livra-los de Henrique.
Imaginava que Richard consegueria rapidamente tirar Henrique do trono, apesar de Henrique carregar sangue dos morey's e ter própria reivindicação ao trono de castely, eu acreditava que a palavra e assinatura do antigo rei valeria mais do que simples cartas falsas provando que Henrique era legítimo.
Ainda conversando com Richard caminhei para a sala do trono para saber se Heitor já havia decidido o destino de Lina, ela deveria se afastar por um tempo. Não podia olha-la sem lembrar de tudo o que espalhou sobre minha corte, incluindo as mentiras.
Heitor e ela estavam conversando, ela parecia abalada e ele se mantinha como sempre.
Quando me sentei no trono e eles perceberam que eu havia entrado, pensei em sorrir para eles mas não o fiz, apenas chamei Heitor com os olhos e ele se aproximou.
— O que irá fazer? — não demorei para perguntar.
— Ela ficará em vermênia até que você diga que ela deve voltar. — formalmente informou.
Vermênia era um péssimo lugar para Lina estar, mas eu mesma pedi a Heitor que resolvesse aquilo da melhor forma e ele o fez e por isto eu não iria questionar sua ações.
— Muito obrigada. Peça à ela para se aproximar. .
Ela se aproximou devagar com o olhar nos pés.
— Amélia, eu sinto muito... — Levantei e ela fechou os olhos esperando, provavelmente, que eu gritasse ou batesse nela, mas eu simplesmente a abracei.
Minha raiva não tinha passado ou algo tinha mudado, ainda olhava para ela e meu coração doía em pensar que uma amiga irmã me traíra daquela forma, no fundo eu simplesmente sabia que ela não era a única culpada e resolvi demonstrar.
— Lina, eu sei que foi obrigada à
fazer isto e não posso negar que estou muito chateada por não ter me dito antes mas se precisar de qualquer coisa,envie uma carta e eu mandarei Heitor. — falei e olhei para sua expressão de surpresa.
— Amélia, eu estava tentando te proteger. Quando entender isto, irá me perdoar.
— afirmou e se afastou deixando a sala ao lado de Heitor.
Richard sorria para mim, ele entendia que eu não poderia culpa-la tanto. Por mais que ela tivesse a maior parte da culpa. Eu sabia que alguém tenha a pressionado. Lina nunca faria algo assim, eu convivi com ela durante toda a minha vida e ela nunca sequer contou para meus pais as coisas que eu a falava, como quando eu e Claris fomos a crest escondido e ela soube mas não falou nada para ninguém.
Me sentei novamente no trono, porém não consegui permanecer por muito tempo, saí para caminhar pelos jardins, era tão belo que eu poderia simplesmente passar o resto de minha vida lá e esquecer do resto. As rosas vermelhas eram as favoritas de Claris, eu não tinha uma favorita, para mim todas tinham seus pontos especiais e por isto para mim eram belas da mesma forma. Sempre tinha algo que as favorecia em algum sentido e não poderia eleger uma sem elogiar outra.
Avistei Emily perto da fonte com uma expressão não muito boa lendo algo.
— Emily?! — acenei para a garota.
Ela usava um belo vestido rosa simples com um laço branco nas mangas e seu cabelo enrolado solto, como sempre.
Quando me olhou, não sorriu como costumava fazer sempre, apenas pareceu ficar mais nervosa.
Olhando para suas mãos pude ver que era uma carta e o selo indicava que era de casterly, ou melhor, de Henrique.
Me surpreendeu ver que ele mandava uma carta para Emily, havia visto eles conversando algumas vezes, mas não fora trocado nem mais de cinco palavras. Emily nunca foi de conversar muito com pessoas que seu irmão não aprovava, ela tentava prezar isto e eu a admirava por sua lealdade.
— Amélia, olá. — tentou esconder a carta antes que eu visse, mesmo que ela soubesse que eu já o tinha feito.
— O que houve? O que Henrique quer? — questionei. Ela não respondeu, apenas me entregou a carta para que eu mesma pudesse ler e tirar minhas conclusões
" Querida Emily, provavelmente está assustada em receber uma carta do maior inimigo de seu irmão mas eu não tenho intenção de falar sobre ele nesta carta. Aqui venho lhe pedir uma coisa, sei que nasceu em castely e as pessoas daqui a adoram tanto quanto adoram Richard snow. Sei que está muito feliz sendo amiga de minha prima, mas como sabe, ela não pode lhe oferecer segurança como eu. Peço que considere este pedido de casamento pois terá muito a perder e não aceitar. Pense em seu filho, ele será nomeado duque e poderá até ter chance à este trono, todos ficariam seguros e felizes.
Cordialmente,
Rei Henrique de casterly "
Tive que parar um momento para processar a informação, era muita coisa para um dia só. Fechei meus olhos com força e tentei me lembrar do dia em que disse algo ruim à alguém para merecer tamanha punição.
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