— Bom, como sabem não desejo derramamento de sangue neste reino e por isto estou pedindo para meu irmão ir a vermênia e iniciar um tratado de paz com o rei Arthur. — falei para os conselheiros presentes na sala do conselho.

Gideão me olhou estranho, mas ignorei.

— Acha que ele vai falar com seu irmão bastardo?

As vezes eu não entendo ele, uma hora é legal comigo e compreensivo e em outra parece estar contra mim como Lenox, eu mesma tinha pedido que ele fosse e ele prontamente recusou.

— Ele vai. Heitor é meu representante.

Todos se calaram por um tempo para pensar sobre as coisas que eu havia dito para eles.

—    A questão do traidor, estou resolvendo. Mas soube por cartas de Richard que todos os reinos sabem que sou tolerante e isso me irrita um pouco. E eles sabem que Claris sumiu a bastante tempo, ao contrário do que eu havia declarado. —  comentei. — Irei a casterly por três dias e enquanto isso, minha mãe vai estar como regente. Heitor irá ficar ausente por um tempo também.

Todos concordaram e alguns comentaram mais algumas coisas que não tive interesse. Tudo o que pensava era na minha mãe e o que faria para ajuda-la, talvez devesse manda-la para casterly por um tempo para se tratar com alguém.

A verdade era que eu estava totalmente sem saber o que devia fazer, por isto, fui a única pessoa que tinha uma solução para tudo antes mesmo que eu pudesse pensar em algo.

— Amélia, não pensei que a veria tão cedo. — Henrique se surpreendeu ao me ver em sua porta.

— Há algo importante.

Não queria depender ou contar com Henrique para nada, ainda duvidava que ele pudesse de fato me ajudar. Mas ele era da família e ao contrário de Gideão, não mudava de humor como de roupa, ele era seguro.

—  Sinceramente, eu não sei o que fazer. Em um momento as coisas parecem estar indo certo e em outro elas desabam tão rapidamente. — suspirei  — Tem um traidor na corte e eu não sei quem é. E minha mãe está doente.

Henrique olhou para trás por um instante, nem ele sabia o que dizer. Pela primeira vez, talvez eu tenha o deixado sem palavras, pelo olhar dele podia ver que estava sensibilizado e queria ajudar. Olhares não mentiam, Claris sempre enfatizou aquilo e eu percebi que era verdade.

— O que aconteceu com Tia Amy? Que doença infeliz a assolou?

— Ela diz ser um veneno, diz não saber diferenciar realidade de sonhos.

— Talvez eu possa ajudar. — ele sorriu. —  mas há algo que eu quero antes.

Aquele era o preço de trabalhar com Henrique, mesmo que um membro de sua família estivesse beirando à morte, ele colocava seus próprios interesses na frente. Não fiquei para ouvir o que ele queria, pouco me importava qual era sua exigência. Eu mesma daria um jeito de conseguir um antidoto ou uma cura para o que quer que fosse que estivesse em seu corpo. Saí sem olhar para trás bufando como uma criança mimada que recebeu um não de seus pais e voltei para meus aposentos onde poderia chorar sem ser incomodada. Sentei e escovei meus cabelos com força porque estava com raiva de não ter resolvido nada, estava cansada de não poder fazer nada além de sentar no trono.

— Amel? — Lina abriu a porta e me viu naquele estado deplorável. — Amélia, você está bem?

Abracei minha amiga e contei tudo o que tinha acontecido nas últimas horas para ela, a mesma já estava cansada só de saber dos fatos.

— Vai dar tudo certo, Amélia. Sua mãe vai melhorar e o traidor não poderá se esconder por muito tempo. — Ela me tranquilizou.

—  Espero que sim. — murmurei mas tenho certeza que ela ouviu o que eu disse.

— Você tinha consciência de que Richard já nomeou Stephan como seu sucessor?

Stephan seria um bom rei, eu acho que seria. Meu pai dizia que Arthur seria um bom rei e vejo hoje o quanto ele estava errado em dizer aquilo. Arthur era arrogante assim como Henrique, a única diferença entre eles era o fato de Henrique não ser rei. Arthur podia facilmente coagir qualquer um a andar no lado dele, pude perceber isto quando ele veio ao meu reino.

A forma como ele falou com Candace foi tão mal educada, seus pais deviam manda-lo para overland como os meus fizeram comigo quando julgaram que era preciso. O reino esquecido era o pior dos castigos, lá nós não tínhamos nenhumas das mordomias que tínhamos em casa, éramos tratados como intrusos e nenhum intruso é tratado com respeito.

— Eu estou cansada e por isto acho que devo me retirar.

— Boa noite

Voltei a escovar meus cabelos, só que usei menas agressividade dessa vez, queria ir logo para casterly e tentar ao menos ficar longe do habitual mesmo que tantos problemas tenham aparecido, acho que eles conseguem cuidar um pouco sozinhos. Deixaria Heitor se pudesse, mas sua viagem à vermênia não devia ser interrompida. Tive de deixar minha mãe porque não seria sua primeira vez e não tinha ninguém que eu confiasse mais.

Pensei na senhora que disse que eu não deveria confiar nem em mim mesma, quando disse que o traidor estava perto e que eu corria perigo, a única pessoa que me veio na mente fora Henrique. Porque era o único com motivos, ele queria a coroa, queria minha coroa e não gostava muito de mim.

Ele era o oponente perfeito e estava perto o suficiente de mim para se tornar um espião, apesar de terem fatos que seria impossível ele saber, talvez tenha uma fonte de informação de dentro do meu conselho, talvez haja alguém que conte para ele todos os meus passos antes que eu os dê.

Eu ia descobrir e iria mostrar que eu estava certa, que Henrique estava difamando o nome do tio, e que sujava a imagem de waterfall, o reino que ele mesmo dizia querer governar. Sentia pena dele, porque ele não seria facilmente perdoado se estivesse mesmo fazendo tudo aquilo, eu não o perdoaria facilmente. Talvez pudesse até culpa-lo de outras coisas para adicionar anos em sua sentença, queria vê-lo o mais longe de mim possível.

Não queria traidores na corte, nenhum deles. Não no reinado de Amélia Morey, assim como nunca teve no de Arnold Morey.