XXIX - rainhas não se curvam.
Minha perna ainda doía depois da flecha, tive de adiar minha volta para casa por um dia, mas precisarei voltar pois logo Heitor retornará e com ele irá trazer notícias de vermênia.
Richard estava mais estressado do que costumava ser, Henrique não deu à ele muitas opções e nem tempo. Na próxima semana ele será coroado rei e Richard terá de abrir mão da coroa mesmo sem vontade.
Sentei-me na pequena mesa para escrever uma carta para minha mãe.
"Mamãe, espero que tudo
Esteja como deveria.
Sinto por não ter chego
Ontem como o combinado
Mas quero que saiba que estou bem
E voltarei hoje mesmo.
Conte-me notícias boas e guarde as ruins para quando eu estiver em casa.
Eternamente sua,
Amélia Morey."
Entreguei ao mensageiro avisando-o para que a entregasse com urgência para que ela pudesse ver antes de minha chegada ao reino.
— Bom dia. — cumprimentou Henrique ao me ver entrar na sala e me sentar para desfrutar de minhas uvas.
— Onde está Richard? — questionei ignorando sua frase anterior.
Ele não respondeu antes de bufar e sair da sala.
Henrique sempre fora desta forma, não gostava de muita gente e nem confiava em muita gente. Me lembrava Claris quando fazia coisas assim ela tinha medo de confiar nas pessoas e elas acabarem magoando-a.
" — Confiar em alguém é dar a chance desta pessoa te matar. "
Nesses últimos meses não tenho pensado muito nela e no passado, as coisas melhoraram nesta questão, sabia que onde estivesse... Estava bem, melhor do que eu tinha certeza.
Saí da sala de café da manhã e procurei por Richard para ver se ele tinha aceitado minha proposta de vir para waterfall comigo.
— Está aqui! Estava lhe procurando. — no jardim pude ver como ele estava esgotado.
— Como está?
— bem. — respondi rápido. — Estou muito bem.
Ele sabia o porquê de eu estar ali ao seu lado esperando por uma resposta.
— Eu vou para waterfall. — sorriu.
— É ótimo ouvir isto, prometo fazer o possível para que tenha tudo como tinha aqui.
— Não se preocupe com isto. — me olhou. — Não quero riqueza, ficarei feliz se puder servir de algo.
Richard era uma pessoa boa, ele fazia o bem sem esperar nada em troca e tenho certeza de que se o mundo tivesse mais pessoas assim poderíamos viver uns com os outros sem monarquia.
Esperava que no futuro as pessoas possam acabar com isto. Rei e rainha, esperava e desejava que todos andem uns com os outros e que títulos, ouro, coroa não importem mais.
— Majestade! — Um guarda chamou-me — Lord Cassroy solicita sua presença na sala do trono.
Eu e Richard caminhamos para dentro, porém o guarda não o deixou passar.
— Ele disse especificamente que Richard snow não poderia entrar. — alertou o guarda.
— Eu ainda sou o rei, não me tratem como se ele já tivesse sido coroado.
— Em breve ele será.
Na sala do trono haviam mais pessoas do que esperava ver.
Uma menina estava na frente de Henrique e falava algo para ele que franzia as sobrancelhas e depois sorriu aceitando.
— Amélia! Venha, junte-se a nós.
Sabia que ele planejava algo antes de me juntar à ele, ele agia como rei antes de usar uma coroa.
— Por que Richard não pôde entrar?
— Não o quero aqui. — afirmou. — Ele estraga bons momentos.
A menina loira que antes estava parada agora estava dançando na nossa frente, parecia ser um tipo de jogo.
Todos pareciam confusos e aflitos ou até mesmo intrigados.
Quando a menina acabou sua dança, os músicos pararam de tocar e esperaram ela dizer algo mas Henrique se pronunciou antes dela.
— Qual é o seu desejo? — questionou ele.
Isto era algo parecido com a tradição dos morey's, ele estava realizando desejos e pedindo algo em troca.
— Quero Richard Snow morto. — sorriu a garota.
O impacto do seu pedido veio depois, todos estavam em silêncio e eu não pude permanecer.
— O quê? — fui até ela, não pretendia intimida-la mas realmente desejava saber o porquê de querer Richard morto.
— Eu quero Richard snow m.....
— Já ouvi! Quero saber o porquê! — Gritei e senti Henrique segurar meu braço.
— Diga! Por que? Quem está por detrás disto?!
— Amélia.... — interrompi Henrique antes de continuar.
— Não. Não! Não pode fazer isto....— caí de joelhos em sua frente e senti novamente a dor da flechada em minha perna me incomodando, entretanto a única coisa que me perturbava era o desejo da menina, Henrique iria realiza-lo sem pestanejar.
— Não se ajoelhe! —me levantou pelos braços brutalmente. — Jamais se ajoelhe, uma rainha não se curva.
Passei a mão por meu vestido e continuei encarando ele, sem falar nada, apenas usando meus olhos para implorar por sua misericórdia. Maldito seja seu nome por me fazer implorar algo, mas não me arrependia de ter me ajoelhado. Era Richard, ele teria feito o mesmo.
Henrique olhou para a menina novamente e disse:
— Não haverá nenhuma morte.
Suspirei e me recompus antes que as pessoas pudessem ver que eu quase chorei, como alguém pôde pedir para matar um rei que foi compreensivo, bom e gentil com todos?
Nunca poderei entender como pessoas inocentes morrem apenas por um desafio de um rei. Henrique me surpreendeu ao recusar a oferta, fingi que não e saí deixando todos em seus lugares surpresos.
Queria ter certeza de que Richard estava bem, corri em direção ao jardim, mesmo que minha perna estivesse doendo mais do que deveria e meus olhos carregados de novas lágrimas.
Ele estava no mesmo lugar encarando o péssimo tempo.
— Richard! — gritei e ele me olhou assustado.
Corri para abraça-lo e ele demorou a retribuir por não entender o motivo.
— O que aconteceu?
Não sabia se devia dizer a ele, temia por ele. Ele provavelmente iria a Henrique e eles acabariam discutindo e causando uma intriga maior. Richard não era uma pessoa estressada, muito pelo contrário, ele era alguém muito calmo e compassivo mas temia que durante aqueles dias estivesse com muita coisa para processar.
— Nada. Estou certificando que está bem. Espero que esteja pois eu saberia caso não estivesse... — menti e ri desconfortável mas ele não notou.
Diziam que eu era uma péssima mentirosa mas estou começando a discordar daquilo, as pessoas já não notavam mais. Heitor costumava dizer que quando minto eu falo demais e acabo fazendo as pessoas notarem.
Claris sempre foi uma excelente mentirosa, ela mentia para nosso pai dizendo que ia para as aulas de etiquetas quando ia caçar com Heitor ou um de seus guardas mais confiáveis. Raramente papai descobria mas quando tinha o desprazer de saber sobre algo assim ele dava à ela um castigo e, geralmente, nossos castigos eram os piores. Éramos mandadas para overland e ficávamos trabalhando para o rei como servas quando meu pai estava muito bravo, quando era algo reversível, ele apenas nos impedia de sair do castelo.
Até mesmo daquilo eu sentia falta, se Claris ainda estivesse viva, poderíamos rir juntas dos incidentes que causamos.
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