XXII - Seu maior pecado.
O dia estava estranhamente calmo, Heitor estava fora na companhia de Henrique, Gideão resolvia assuntos sobre os rebeldes com o conselho, Lina parecia ter muitas coisas à fazer e minha mãe continuava em seu quarto, saindo apenas quando lhe era conveniente.
Minha viagem para casterly estava próxima, deixaria minha mãe no comando daquela vez, por mais que minha mente queira Heitor no trono, darei chance ao meu coração de provar que estou fazendo a coisa certa.
Precisava ir para casterly, me ver longe de alguns problemas por uns dias, ajudar Richard com suas questões e pedir Emily que se torne minha dama real, não consigo imaginar um motivo para ela recusar, há bons treinamentos para Stephan aqui em waterfall e ela poderá estar perto de seu filho também, tenho certeza de que Richard ficará muito feliz em saber que estão seguros.
Talvez eu não quisesse admitir para mim mesma que queria muito ir a casterly, fazia anos que não pisava lá e depois de tudo isso era meu último desejo, porém agora vejo como uma oportunidade de estar lá e olhar tudo com meus próprios olhos, de poder voltar a fazer tudo o que eu fazia antes.
— Sentada aí sozinha, Majestade? — a ironia era a primeira coisa que se notava em Henrique, ele não sabia como pronunciar uma palavra em usar todo seu sarcasmo em uma das letras.
— Sim, Henrique. Mas já estou me levantando. Aliás, vejo que está de volta.
— Por favor, não por minha causa. — ele pediu sentando ao meu lado no banco. — Serei bem breve, queria pedi-la um lugar na corte.
Olhei para ele esperando que a risada viesse em seguida, mas não veio, nem mesmo um sorriso.
— Quer que eu lhe dê um lugar na corte? O que você quer, vamos! Escolha um, que tal rei? — levantei-me. — Só pode estar brincando, Henrique. Logo cedo sou importunada com algo assim, deixe-me ser breve agora, não há lugar para você nesta corte. Eu já estou lhe oferecendo moradia.
— Isto não é suficiente, Amélia.
— Fique em outro lugar, então.
Entrei no castelo rapidamente fugindo dele, era quase inacreditável pensar que ele estava me pedindo um cargo na corte, não haverá espaço para Henrique na minha corte, nunca haverá espaço para qualquer assassino, ele teria matado Richard.
Ele podia me matar e mesmo assim estava deixando ele morar no meu castelo, por que ele achava que tinha direito de me pedir um cargo? Eu iria acabar adoecendo com tanto estresse.
Entrei na sala do trono, que para minha surpresa não havia ninguém além dos criados, sentei no trono.
— Escriba! — chamei. — " Richard, estarei em breve em seu castelo. Peço que por favor me aguarde. De Amélia. "
Ele escreveu e voltou ao seu trabalho que antes fazia com muita atenção, ainda olhando para o nada eu esperei por alguém entrar naquela sala.
Eu já não podia respirar tão bem quanto queria, era como se eles tirassem de mim todo ar que me restava, como se eles quisessem sugar minha alma até que não exista mais Amélia Morey, assim como não existia mais Clarissa Morey e nem Arnold Morey.
Que fim deveria eu tomar, ficar doida como eu pai ou sumir como minha irmã? Para não morrer, eu deveria me curvar à alguém?
Nem todas as perguntas que minha mente fazia, eu tinha resposta, geralmente procurava por horas algo que pudesse satisfazer suas perguntas frequentes mas depois de um tempo cansei de cala-la. Deixe que ela grite dentro de mim, deixe que me rasgue até que eu possa sufocar, pois não há nada nesse reino que eu queira mais do que sumir, mas também não há ninguém além de mim que podia reinar este reino como um Morey.
Henrique não podia sentar neste mesmo trono e fingir honrar a memória de meu pai como eu faria, Heitor não podia sentar no trono e se vingar de qualquer um que lhe dissesse uma palavra, minha mãe não podia sentar neste trono e governar como se não estivesse em colapso constantemente.
— Amélia. — Gideão passou a mão em frente ao meu rosto puxando minha atenção de volta.
— O que aconteceu?
— Nada. — ele franziu o cenho. — Eu perguntei onde você deixou a espada de seu pai, ela precisa estar segura, será melhor se eu souber para que possa estar informado.
— É um objeto muito poderoso, Gideão! — Henrique entrou dizendo. — Apenas Morey's devem saber.
Gideão olhou de mim para Lorde Cassroy.
— Olhe só para ele, como se soubesse onde está.
Henrique pegou uma taça de vinho e levou a boca lentamente, eu estava totalmente alheia de sua discussão indireta, olhei envolta a procura de meu irmão que havia sumido desde dos rebeldes.
— Se eu soubesse, não o contaria.
Daquela vez, decidi concordar com Henrique. Não estava disposta a contar onde a espada de meu pai estava, se aquela espada sumisse outra vez eu seria culpada por um artefato que estava perdido por muito tempo e de repente os rebeldes decidiram nos dar oferecendo-nos uma oferta de paz. O traidor até o momento estava calado, não havia espalhado nenhuma notícia prejudicial, mas as vezes o silêncio não é sinônimo de paz.
Quando pensei que os rebeldes haviam se acalmado, então eles mataram inúmeros homens de meu exército, waterfall parecia decair cada vez mais. Contava com Richard e a aliança forte que estabelecemos em crest, mas se por acaso se tornasse prejudicial para ele ou para Candace, eu retiraria minhas tropas e os deixaria melhorar seus reinos. Não posso permitir que coloquem a mão no fogo por mim ou pelo reino que jurei cuidar, deixei que me ajudassem até quando foi suficiente para eles também, porém nunca iria continuar nossa aliança só para fazer de waterfall um reino rico.
Riqueza não era a razão para tudo aquilo, eu queria segurança para aquele povo sofrido, queria que pudessem confiar em mim como confiavam em Clarissa.
Não queria dar a eles motivos para dizerem que Amélia Morey nunca fez nada para ajuda-los, aquilo não seria honrar a memória de meu pai. Seria difamar seu sobrenome e eu estava longe de cometer algo assim.
Se eu levasse este reino para o fundo do poço, seria o meu maior pecado.
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