XXI - a espada e a coroa
— Amélia! Acorde, Vamos! Vossa Majestade!— escutei a criada gritar e me puxar, me levantei rapidamente sem entender o que estava acontecendo.
— Rebeldes, vamos senhoritas! — o guarda pareceu ouvir meus pensamentos.
Eu sabia que estava demorando para algo acontecer, eu esperava que não fossem rebeldes sedentos por sangue real, pois naquele dia eu era a rainha e eles não iriam matar nenhum de meus guardas como fizeram na última vez.
As criadas vestiram-me rapidamente e levei-as para uma sala segura voltando para ir direto a sala do trono, antes de ser puxada bruscamente por alguém nem um pouco desconhecido.
— Não seria melhor voltar para a sala junto com sua mãe? — Gideão indagou.
Pude ouvir barulhos estridentes de espadas se batendo enquanto olhava para Gideão e tentava responder que não ia me esconder dos rebeldes dessa vez, queria estar à frente deles para olhar nos olhos de algum de seus representantes. Heitor me disse que suspeitava que os rebeldes — homens frios que não apoiam a realeza. — poderiam ter assassinado Clarissa e por mais que eu quisesse acreditar que ela estivesse viva, bastaria um olhar para que eu soubesse deles se haviam ou não a matado.
— Não vou me esconder deles, se eles querem alguém para conversar, então que conversem com sua rainha.
Voltei para a sala do trono seguida por ele e logo depois Lina ao meu lado esquerdo, abri as cortinas e pude olhar para eles do alto, haviam muitos homens lá e Heitor tentava converter a situação, mas seus gritos de guerra não cessaram. Henrique apontava a espada para garganta de um e os outros guardas aguardavam um sinal de que podiam atacar.
Eu poderia. — deveria — ter consultado Gideão antes de tomar qualquer decisão sobre aquela situação, situação essa que envolvia todo o bem estar do reino e de nossos súditos também, deveria tê-lo consultado pela consideração que meu pai tinha por ele ou pelo apreço que Claris sentia em relação ao cuidado excessivo de Gideão quando se tratava de nós duas.
Mas não consultei, nem mesmo olhei para ele antes de decidir.
— Qualquer um que for contra a coroa ou qualquer um dos Morey, eu o considero traidor e tamanha traição tem como punição expulsão, não terão mais lar em waterfall a partir de agora. — gritei, todos pararam para me ouvir como costumavam fazer com Clarissa. — Aqueles que se renderem ao poder da coroa e à mim, sua Majestade. Então pouparei e deixarei que sigam sendo súditos deste reino e suas dívidas com a coroa serão pagas e perdoadas.
Heitor olhou para cima no mesmo momento em que Henrique abaixou sua espada, mais da metade dos rebeldes estava de joelhos e os que não ficaram foram guiados por guardas e banidos, talvez para sempre, de waterfall.
Soltei a respiração quando eles se afastaram, mas seu líder ainda estava lá, mesmo com toda confusão e até mesmo rendição ele ainda estava lá me encarando com uma espada na mão. Então logo depois ele largou a espada no chão, se curvou e saiu em direção aos outros rebeldes.
Eu já tinha visto ele em algum lugar de waterfall, seu rosto não me era estranho e aquela espada me lembrava algo. Heitor pegou a espada e a levou para dentro, olhei para Lina confusa e ela apenas franziu o cenho.
— É uma promessa de paz, Amélia. O líder deixou a espada, aquilo que pode lutar conosco, ele nos ofereceu paz. — Gideão explicou, mas não parecia feliz ou calmo.
Espero que não seja uma falsa paz, espero que haja paz para todos de waterfall, sei como esses rebeldes causaram caos por todo o reino e me pergunto como desistiram tão fácil? Tudo o que precisei fazer foi ameaça-los e lá estava seu líder nos oferecendo paz.
Entrei para o castelo e me sentei no trono, Heitor segurava à espada como se fosse a maior quantia de ouro que já tinha visto.
Mas era um objeto realmente hipnotizante, era como a coroa, sendo a espada prateada e arranhada, o selo de waterfall estava desenhado em sua ponta.
— Isso é algum tipo de brincadeira? — Gideão puxou a espada da mão de Heitor a analisou com cuidado.
— Do que se refere?
— Amélia, esta era a espada de seu pai. Ele usou contra vermênia, usou contra overland, usou contra os rebeldes e contra David, o rei de crest.
— A espada de Arnold? — Minha mãe estava olhando para a espada com um olhar desolador, como se estivesse vendo meu pai à sua frente outra vez. — Como a acharam? Arnold a perdeu em uma batalha.
Gideão ainda estava com a espada em suas mãos e deslizava seus dedos por ela lentamente, parecia ter memórias voltando e as vezes seus olhos enchiam d'água. Meu pai e ele deviam ter passado por muitas batalhas na companhia daquela espada, havia muitas histórias envolvendo aquela espada que meu pai costumava contar, Clarissa teve a oportunidade de treinar com ela certa vez, mas não demorou muito para que se tornasse proíbido.
Henrique estava na sala também, não encarava a espada com afeto ou qualquer sentimento, apenas estava parado perto de nós esperando que alguém tomasse uma atitude.
Esperei Gideão acabar o que quer que estivesse fazendo e peguei a espada para mim, toquei sua ponta afiada e percebi que não era tão pesada quanto eu imaginava, era uma espada comum mas tinha muitas histórias. Essa mesma espada que eu estava segurando, uma vez fora segurada pelo bisavô de meu pai, pelo avô de meu pai, pelo pai de meu pai, pelo meu pai e finalmente por Heitor e por mim. Era a espada dos Morey, era a espada de waterfall e devia permanecer naquele castelo.
— Eu posso deixa-la na sala de treinamento, Amélia. Pode usá-la quando quiser. — Gideão ofereceu. — Ficará segura lá.
Recusei. Havia lugares muito melhores para guardar a espada de meu pai, um lugar que apenas eu, a dama de Candace e Clarissa saberíamos onde achar.
Peguei a espada e a levei comigo para a sala de meu pai, olhei para os lados para me certificar de que ninguém saberia onde guardei a espada, olhei para a coroa que também estava lá. As duas pareciam se completar a sua maneira, como se tivessem sido produzidas e criadas para serem inseparáveis, como irmãs gêmeas que falavam e andavam em sintonia. Aquelas eram a espada e a coroa.
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