XVIII - um traidor na corte.
Estava na sala do trono naquela manhã, eu diria que era uma bela manhã de fato, o sol estava a vista e eu podia olhar pela janela quando quisesse. As notícias eram boas, os rebeldes estavam longe de vista, um de nossos espiões da fronteira disse que eles já haviam ultrapassado e estavam á caminho de outro reino, que eles mataram mais ninguém.
Gideão entrou ao lado de Lina na sala e se curvaram discretamente, sempre os vi fazendo isso com meu pai, era diferente ocupar um trono. Gideão, atualmente meu conselheiro, se aproximou de mim e se posicionou atrás de meu trono.
— Este não é o lugar de Heitor? — perguntei em tom baixo.
Gideão balançou a cabeça apontando para a sala do conselho, olhei em direção a porta esperando ver alguém, mas não havia ninguém. Ele se afastou e entrou na sala, foi quando percebi que Gideão queria que eu o seguisse. Saí discretamente e entrei na sala fechando a porta de madeira atrás de mim, ele apontou para a cadeira ao seu lado e sentei-me ainda em silêncio.
A sala era grande, com uma mesa igualmente grande, porém era um lugar fechado com poucos móveis; a maioria dos documentos se encontrava naquelas gavetas e tudo que dizia respeito ao reino era tratado de forma formal naquela mesa. Ainda pequena, Clarissa se enfiava nesta sala para ouvir os planos de meu pai, quando grande ela tratava seu próprio plano de governo, nunca estive nesta sala sem ser chamada por ela ou meu pai.
— Não me assuste, Gideão. — pedi. — O que está havendo?
Ele olhou envolta mesmo que só eu e ele estivéssemos presentes.
— Temos um traidor na corte.
Esperei que ele acrescentasse o nome da pessoa ou que me desse algum papel que comprovasse sua palavra, mas aquela frase foi a única dita por ele durante algum tempo. Nem mesmo abria a boca para tentar dizer mais nada, eu estava tentando raciocinar a informação passada para mim, não havia traidores na corte. Não no reinado de meu pai, por que haveria de ter algum traidor no meu castelo? Quem poderia ser? Lenoxx seria o primeiro que eu desconfiaria seguido de Henrique, com certeza. Olhei para Gideão esperando que me desse alguma informação.
— Eu estava fora do castelo, ouvi cochichos e resolvi verificar, aparentemente todos lá fora sabem de tudo o que acontece aqui. Informações confidenciais, Amélia. Coisas que foram, inclusive, confiadas à mim. Como falhamos nisto?
— Não falhamos. Não há traidor.
— Pois então alguém compartilha informações confidenciais com pessoas que não são da realeza? — ele levantou e pôs a mão na cabeça. — Estamos perdidos, Amélia. Precisamos saber quem é, vamos mata-lo.
Levantei e fiquei na frente dele, olhei em seus olhos tentando desvendar quem estava ali, o Gideão que conhecia nunca diria aquilo.
Eu não mato pessoas, não somos assassinos. Gideão olhou para mim vendo que me assustei com sua opinião e saiu dando a volta pela mesa. Ouvi a porta bater e logo em seguida saí, Heitor estava prestes a entrar, me encarava com preocupação e olhava para Gideão. Não falei nada com ele, não porque desconfiava, não desconfiava de Heitor. Mas porque simplesmente não conseguia falar, minha garganta parecia estar fechada.
Um criado disse-me que minha mãe estava mal, dei a volta e não fui para o trono, fui para o quarto dela. Ela ainda devia estar brava por eu nem mesmo olhar os documentos que diziam respeito de casterly, mas no fundo ela devia saber que eu não queria um novo reino. Gostava de waterfall o suficiente para ficar encantada com ele e permanecer por um bom tempo, ainda não tinha pensado o que faria.
Clarissa estava morta, Heitor era um bastardo e eu não queria reinar, mas não queria ver o trono sob controle de Henrique.
Henrique havia me questionado, não muito tempo atrás se eu iria nomear um sucessor, talvez eu nomeasse Heitor, mas haveria espantos por um tempo quando anunciasse.
Richard deixaria tudo para Stephan, já podia imagina-lo no trono, Emily como rainha mãe e Henrique se contorcendo de raiva.
Minha mãe levantou de seu leito para olhar para mim.
— Não se levante, eu imploro. — pedi.
— Gideão me disse que há um traidor.
— Gideão falou com você antes de vir até mim?
— Claro, criança! Toda informação que você sabe, é passada para mim primeiro. — ela se indignou. — simplesmente porque sou sua mãe, saberei caso não aguente e porque sou a rainha.
Eu sou a rainha, acrescentei mentalmente, mas fiquei em silêncio enquanto ela discursava.
Lembrei que não queria brigar com ela mais uma vez, desde a morte de meu pai que estamos afastadas, acho que nós duas não sabemos como lidar com a morte deles, ela perdeu o marido e a filha e eu perdi um pai e uma irmã. Sentei ao lado dela e a abracei, não havia motivos para brigar, pelo contrário.
— Tem alguma ideia de quem possa ser? — questionei.
Ela pensou por um instante e ficou imóvel por um minuto inteiro, sem saber o que fazer me limitei a ficar parada enquanto observava seus movimentos. Ela realmente parecia cansada, parecia doente com aquela aparência febril e a pele pálida, talvez eu pudesse pedir para algum dos criados preparar uma refeição diferente para anima-la um pouco ou em breve manda-la para alguma capela longe dali.
— Não, Amélia. Minha cabeça dói, não tenho nenhuma ideia de quem possa ser porque todos parecem ser culpados.
Olhei confusa para ela.
— todos?
— Todos tem motivos.
Que motivos? Eu queria perguntar, mas diante de sua imagem adoentada, não tive a menor vontade de discutir com ela. Apenas concordei com tudo o que ela dizia e depois voltei para a sala do trono, não tinha um plano em mente e nem um suspeito.
Informações confidenciais não são confiadas a qualquer um, aqueles que sabem são extremamente confiáveis e pelo que Gideão havia dito não poderia ser alguém como Henrique, são mensagens passadas entre eu e meus criados, são mensagens confiadas à meu conselheiro e representante.
Tenho ciência de que o traidor está entre nós, infelizmente, sinto que o conheço bem ao ponto de me decepcionar quando descobrir sua verdadeira indentidade.
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