3 meses depois.

O dia de minha coroação, este dia estava a me assombrar há tempos. Candace infelizmente não pôde ficar pois o seu trono estava vazio e isto iria prejudica-la, agradeci por ela vir e pedi para que um guarda a acompanhasse há alguns dias.

O castelo não estava tão desanimado essas semanas, talvez pelo fato de que eles teriam uma nova rainha. Eu estava apenas seguindo com meu dever, ultimamente me divertir tinham sido a última coisa que eu pensava. Não havia notícias de Claris e nem um corpo, o que me deixou demasiada triste e com um pouco de esperança, pois se não há um corpo morto em minha frente então ainda existe uma possibilidade dela estar viva.

A primavera estava chegando ao fim, o que para mim era um pouco triste, mas ao mesmo tempo alegre por iniciar algo novo e bonito como o verão.

Estava de manhã, neste meio tempo eu pedi a Richard a permissão dele para tornar Emily minha dama de companhia e ele aceitou assim como ela.

— Bom dia. — minha mãe disse ao notar minha presença — É um belo vestido, eu gosto.

Eu estava usando um vestido escarlate muito belo.

— Amélia, devia agradecer quando lhe elogiam. — ela se levantou ao mesmo tempo que me sentei.

— Estou muito agradecida, minha mãe. — falei com ironia. — Só não é um bom dia para mim. — desviei meu olhar para as criadas passando rapidamente.

— Este é seu problema! Nunca é um bom dia. Será uma rainha, precisa se acostumar. — afirmou.

— Estou tentando, por que não conseguimos mais manter uma conversa? — questionei cansada.

— Porque está insuportavél desde da morte de sua irmã. — disse saindo.

Olhei ela deixar a sala do café da manhã e depois terminei de comer, deixando a sala em seguida.

As pessoas passavam por mim me desejando um bom reinado e eu apenas agradecia, em um momento como este eu gostaria mesmo de sorrir para elas e abraça-las, mas não conseguia nem olha-las nos olhos.

Eu imaginava como Clarissa estaria se fosse ela aqui ao invés de mim, não conseguia mais pensar como ela. Talvez eu devesse começar a reinar de meu jeito e parar de pensar como ela faria ou gostaria.

As pessoas dançavam animadas e isso me fazia bem como nunca, ver seus sorrisos faziam-me sorrir também.

Eu queria olhar ao redor e dizer que seria bom tentar algo diferente, dizer que talvez eu pudesse fazer aquilo, mas mentir para mim mesma faria de mim mais corajosa?

— Vejo que se anima com a dança. — comentou Henrique ao meu lado assustando-me.

— De fato. Não gosta? — questionei quando ele me entregou uma taça de vinho.

— Não vejo nada em especial, apenas pessoas se movendo de um lado para o outro.

— Não seja desagradável. — falei olhando para o vinho que não tinha bebido ainda — eu devia temer, ao vinho, me refiro.

— Como?

— Não colocou veneno para me matar e assumir meu trono? — questionei séria, mas no fim estava apenas zombando dele.

— Não pensei nisto, mas agradeço pela ideia. — ele disse e eu ri de lado mostrando para ele que estava brincando — Por Deus, não caçoe de mim.

— Bom, de qualquer jeito não irei beber deste vinho de forma alguma. — afirmei rindo.

Quando o fazedor de reis entrou as pessoas automaticamente pararam de dançar para pedir benções. Todos estavam muito bem vestidos, era de se admirar como os vestidos que foram feitos rapidamente eram tão belos.

Lina vestia algo mais simples azul, mesmo assim chamava a atenção. Emily usava um azul também, porém mais escuro. Poucos usavam vermelho apesar de ser a cor favorita de muitas mulheres.

Percebi que havia chego a hora de ir para a cerimônia de coroação, o fazedor de reis estava em frente ao trono, minha mãe ao seu lado direito e Heitor ao esquerdo.

Todos se ajeitaram quando andei até o trono e me ajoelhei na frente para fazer os juramentos.

— Amélia Morey, filha de Arnold Morey. Promete e jura solenemente governar o povo de Waterfall e de suas posses e outros territórios a qualquer um deles pertencente ou relativo, de acordo com suas respectivas leis e costumes? — perguntou e meu coração acelerou como louco, estava tão nervosa que tive de olhar para minha mãe e ela balançou positivamente a cabeça para mim.

— Solenemente prometo isso fazer. — respondi rapidamente e baixo.

— Vai usar seu poder para trazer a Lei e a justiça, na Misericórdia, em todos os seus julgamentos? — outra vez perguntou e desta vez eu respondi mais rápido do que antes.

— Eu vou. — afirmei.

— Vai usar o máximo de seu poder para manter as leis de Deus? Vai usar o máximo de seu poder para manter em waterfall a religião estabelecida por lei? Vai manter e preservar invioláveis igrejas de waterfall, e da doutrina, e do culto, e da disciplina e governo do mesmo, conforme estabelecido por lei em Waterfall? Vai preservar os bispos e sacerdotes de waterfall, e as igrejas na qual são comprometidos, todos os seus direitos e privilégios, como estabelecido por lei?

— Eu prometo fazer. As coisas que prometi antes, irei manter. Deus me ajude. — afirmei e ele sorriu para mim logo colocando a coroa sobre minha cabeça. Ela era tão bela e brilhante que me sentia hipnotizada por ela e tenho certeza que todos ali também. Me levantei e sentei no trono e olhei para todos que estavam sorrindo.

O fazedor de reis me entregou o cetro que segurei pela mão direita como de costume e o orbe que segurei na mão esquerda. Ele fazia um discurso que realmente não conseguia prestar atenção apenas olhava para o cetro brilhante em minha mão e quando ele acabou eu apenas disse:

— Juro e prometo com todo o meu coração. — afirmei mesmo sem ouvir o que ele havia dito mas percebi ter dito a coisa certa pois as pessoas gritaram " Deus salve a rainha" e coloquei sobre a almofada o cetro e o orbe, a música continuou alegrando o lugar e as pessoas felizes que ali estavam dançavam novamente e outras conversavam. Mas todas estavam adorando-me, era a primeira vez nesses meses que tive uma alegria genuína e pude imaginar como isto poderia me trazer felicidade, cuidar destas pessoas e protege-las durantes anos, ignorando as consequências.

Daquele dia em diante, ainda me pergunto o que aconteceu com a Amélia.