Amélia Morey// narrando
waterfall

Emily havia partido para castely naquela mesma tarde e eu que estava esperando que ela ficasse para o banquete, fiquei extremamente triste quando me disse que tinha que ir. Queria pode ir com ela para casterly mas já havia tantos problemas por aqui, nem me atreveria à ir para casterly.

Naquela manhã soube de minha mãe que sua doença havia repentinamente melhorado após um tratamento feito por um duque, não me recordava de seu nome, aparentemente ela havia sido de fato envenenada e ela suspeitava de Lina, apesar de eu achar que não era possível.

O banquete que fora sugerido por Heitor já estava sendo preparado e ele estava animado com aquilo mas eu podia perceber através de seu olhar que me escondia algo, eu estava prestes à perguntar quando o vi bebendo mas acabei esquecendo.
Richard parecia bem, mas conseguia ver também que estava preocupado com Emily, eu também ficaria.

Mas quando ela foi, eu não vi tristeza em seu olhar. Era uma chance para recomeçar, ela poderia ser feliz ao lado de Henrique e ele poderia ama-la, eu esperava que isto aconteça.
Desejava muito que Richard voltasse a ser o rei de casterly, mas também desejava a felicidade de Emily e mesmo que ela preferisse não admitir, sabia que ela estava feliz que será coroada rainha.

— Está tudo pronto para o banquete? — questionei para uma criada que saía do salão principal e ela concordou com a cabeça.

Fui para meus aposentos e banhei-me vestindo um belo vestido de cor verde folha, com mangas cristais e um laço dourado na cintura feito com perfeita delicadeza. Aquele vestido era divino, eu poderia olha-lo pelo resto de minha vida. Os cabelos foram escovados graciosamente pela criada, uma criatura adorável que me acompanhava desde que comecei a precisar de uma.

Ela tentou a princípio fazer uma trança mas acabou desistindo e fez belos cachinhos que poderiam ser comparados aos de Emily que eram de fato naturais. Deixei meus aposentos e já estava escurecendo, o dia passava tão rápido...

Entrei no salão principal onde a música era tocada de forma leve e algumas pessoas dançavam calmamente com seus pares, incluvise Richard e uma moça muito bela.
Heitor não estava bebendo vinho — para a minha felicidade — e acompanhava a dança apenas com os olhos.

Me aproximei dele e olhei para todos revigorados, nada melhor que dançar para refrescar a alma.

— Não concorda? — indagou Heitor me encarando mas eu não havia ouvido uma sequer palavra do que ele tinha dito anteriormente.

— Como?

— As pessoas se alegram quando dançam. — repetiu um pouco mais alto e eu concordei sorrindo.

Ele ainda carregava um olhar de culpa, e o fato de ele não ter explicado tudo sobre o que aconteceu em vermênia me deixava desconfiada.

As pessoas que antes dançavam foram substituídas por outras e Richard se aproximou sorrindo visivelmente feliz.

— Tinha razão. — afirmou Richard — dançar é revigotante.

Concordei sorrindo e continuei olhando para as pessoas dançando.

Richard estendeu a mão me convidando para dançar e eu a princípio hesitei mas não pude resistir por muito tempo e me juntei à ele dançando uma dança um tanto animada,
quando percebi que Heitor também dançava ao nosso lado com a mesma moça que Richard antes dançava.

— Não é estranho estarmos aqui normalmente enquanto Henrique é coroado? — questionou com diversão quando trocamos de par.

Não tive como responder de primeira mas ao voltar para o meu par inicial falei:

— Sim, provavelmente. — ri e a música parou, porém eu estranhei pois não estávamos no fim da dança, olhei para Richard que encarava alguém na nossa frente assim como todos atrás de nós.

Olhei para frente e vi alguém que nunca pensei que veria outra vez, seu cabelo ruivo e vestido vermelho me confirmavam que era realmente ela. Ao seu lado permanecia Lina e Gideão que também nos encaravam assustados, devia ser um sonho, eu deveria estar sonhando.

Olhei para Heitor para ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo e ele a encarava mas não com um olhar surpreso e sim um olhar de ódio.
Eu não conseguia me mover e olhando para ela eu, provavelmente, diria que ela também não.

A coroa em sua cabeça indicava que ela realmente reinava em vermênia, me perguntava como ela conseguira chegar tanto tempo depois e ainda ser uma rainha.

— Claris! — A essa altura as lágrimas em meu rosto já eram visíveis, mas não eram de tristeza. Claris havia voltado! Clarissa Morey estava em casa!

A abracei e ela retribuiu sorrindo, era como nos velhos tempos. Ela ainda era ela.
Eu sempre soube que ela estava viva, nunca duvidei realmente.

Ela me afastou com cuidado e me analisou.

— Estou em casa. — sorriu de lado.

Olhei novamente para Heitor sorrindo mas ele não retribuiu e saiu do salão apressado e com raiva, Richard por outro lado, estava sorridente como eu. Ele entendia minha felicidade em ver minha irmã.

— Você fica bem com uma coroa. — Elogiei.

— Por que pararam? Músicos, toquem. A herdeira voltou! — ela ordenou e rapidamente as ordens foram cumpridas e todos voltaram meio receosos a dançar.

Puxei Claris pelo braço levando-a até Richard.

— Claris, se lembra de Richard Snow? — indaguei.
Ela o avaliou com cuidado e concordou.

Eu iria perguntar sobre os meses que ela ficou fora mas não era o momento certo, não estávamos prontas para falar de momentos tristes. Era uma noite feliz, onde eu era a rainha e minha irmã estava de volta. Queria que Emily pudesse partilhar desta mesma alegria comigo, mas logo estaria escrevendo para ela.

Lina e Gideão conversavam normalmente e não demoraram à ir dançar, Era como antes, apesar de parecer melhor.
Claris não dançou, ela não costumava dançar antes também. Ela dizia não gostar de festas.

— Por que você e Richard não dançam? — questionei sorrindo e Claris franziu as sobrancelhas, quando Richard insistiu ela acabou indo e eu aproveitei para procurar Heitor.

Imaginei que o encontraria na sala de treinamento como costumava ir quando papai brigava com ele, ele sempre se escondia apesar de alegar ser corajoso.

— Posso entrar? — me olhou assustado e assentiu. — Não gostou de ver Claris?

— Seria bom vê-la se não fosse aqui. — suspirou. — Quando fui para vermênia começar um tratado de paz com Arthur eu a vi e acredite, foi uma surpresa enorme mas eu sabia que ela não era a mesma. Ela tem uma coroa agora, reis e rainhas costumam ser arrogantes. — parou um pouco para pensar e logo continuou. — Ela matou cem rebeldes, Amélia. Cem pessoas! Acha que ela voltou para proteger este trono ou fazer uma visita?! Ela voltou porque quer escravizar esse povo e matar todos que duvidarem de seu poder. A escolha de deixar isso acontecer ou não é sua.