X - Ataque a coroa.
O dia mais especial da vida de uma garota — eles diziam. — Eu devia estar pulando e dando gritinhos de alegria, mas a única coisa que invadia meus pensamentos era a preocupação.
Estava ciente que não havia como cancelar minha maioridade e por isso eu me sentia ainda pior.
Não me lembrava de ver o castelo tão cheio alguma vez, mesmo sendo uma festa privada tinham muitas pessoas andando de um lado para o outro.
As criadas adentraram meus aposentos mais cedo, já era esperado, porém eu realmente ainda pensava que elas podiam simplesmente me deixar dormir mais um pouco.
Meu cabelo estava solto, havia duas tranças feitas pelo meu próprio fio envolvendo ele, o que o deixava elegante, eu devia admitir.
Meu vestido era vermelho e tão chamativo que mal conseguia olhar para outra coisa, ele tinha uma saia cheia e mangas bufantes.
Agora antes de sair dos meus aposentos uma das criadas apertou minha bochecha para mantê-la rosada independente de qualquer coisa.
Forcei um sorriso ao deixar meus aposentos e quando cheguei ao salão principal minha tentativa de não ser notada se desfez.
— Está deslumbrante! — Minha mãe ao me ver entrar falou maravilhada assim como os outros que me olhavam. Estava feliz em vê-la novamente, os dias parecem tão curtos que mal tenho tempo para a família.
Agradeci e fiquei ao lado de Heitor que olhava preocupado para as pessoas. Ele costumava ficar incomodado quando tinha muitas pessoas juntas no mesmo lugar.
— Não acho que deva se preocupar, meu irmão. — Comentei colocando minha mão sobre o seu ombro.
Ele me olhou e depois desviou o olhar quando foi anunciado a entrada de Candace, Rainha de Crest, o que para mim foi incrível. Ela estava magnífica, como sempre, e seu sorriso era belo.
Fui até os convidados e os cumprimentei formalmente. Fiz isso com todos até um guarda chegar próximo a mim.
— Tem uma pessoa querendo falar com a senhora, Alteza. — Ele falou mostrando Lady Emily na entrada.
— Emily! É tão bom vê-la novamente. Não esperava sua visita, como seu irmão já está presente, imaginei que você cuidaria de Casterly.
— Tive de vir, não perderia isso. — Afirmou ela pegando uma taça de vinho.
Conversamos um pouco e depois eu fui até Candace para perguntar a ela sobre Crest e entre outras coisas.
— Bom, já que é a maioridade de minha filha nada melhor que um discurso feito por mim
.— Minha mãe enunciou alto e todos a
olharam esperando por suas palavras. — Eu esperei tanto pelo dia de ver minhas duas filhas completarem sua maioridade que agora mal posso acreditar. Claris não está aqui para ver sua irmã completar dezesseis anos e nem Arnold, mas tenho certeza de que se um deles estivesse diriam algo muito bonito. Eu espero de verdade que honre este reino minha filha, mas eu espero mais ainda que honre a si mesma. Que encontre a felicidade que tanto procura. — Belas palavras foram ditas por ela e todos aplaudiram, inclusive eu.
— Que tal uma dança? — Heitor me convidou para dançar e eu aceitei rapidamente.
Era estranho pensar que esse deveria ser um dia muito feliz, porém eu não me sentia desta forma. Não ter minhas pessoas favoritas por perto me deixava mal.
— O que está lhe deixando tão aflito? — Perguntei quando percebi que o meu irmão procurava algo pelo salão.
— Tem uma coisa que o nosso pai me ensinou: Nunca deixe os seus inimigos longe. Não estou vendo Gideão, Lina e nem Henrique aqui. — Ele falou franzindo a sobrancelha.
— Está insinuando que Gideão e Lina são nossos inimigos? — Questionei ainda dançando.
Nos afastamos e trocamos de par como de costume nesta dança, mesmo ao longe pude ver que ele desconfiava de algo, se eu estivesse no poder também desconfiaria. Mas não de Lina e Gideão, eu os conheço há tanto tempo que não tenho motivo para desconfiar deles.
Gideão era o conselheiro do reino e um pai para mim e Lina foi tirada de seu reino para vir ser minha dama. Eu desconfiava de Henrique, dele sempre desconfiei, não costumo confiar em quem tinha direito a este trono.
Novamente trocamos de par voltando para meu irmão que parecia mais relaxado e então percebi o porquê, Lina e Gideão haviam entrado no salão, mas algo me deixou intrigada. Logo após eles entrarem, Henrique surgiu como se estivesse apenas esperando alguns minutos para entrar depois deles.
Perto da mesa, Candace olhava para todos também com uma expressão não muito agradável e Conde McKnigth tentava ter uma conversa com ela que apenas concordava e olhava envolta. Emily estava ao lado de seu irmão sorrindo de algo que ele acabara de comentar.
Havia outras pessoas de reinos vizinhos e pessoas do próprio castelo, mas nada parecia suspeito para mim....
Estávamos nos divertindo e nem percebemos que anoitecia lá fora. Tudo parecia tão quieto e pacífico e ao mesmo tempo pessoas dançavam animadas, e eu podia escutar o barulho de seus sapatos no chão e a música maravilhosa me fazia sorrir, porém algo ainda me incomodava.
Foi quando eu os escutei, nós os escutamos. Eles estavam aqui, era só questão de tempo para eles aparecerem. Esperaram uma comemoração grande onde haveriam muitos membros reais católicos e protestantes incluindo o fazedor de reis.
Eles entraram derrubando tudo e quebrando tudo que viam pela frente, antes de chegarem na sala do trono onde acontecia a festa. Eu acompanhei os membros reais mais importantes como Heitor, minha mãe, Candace, Richard e o fazedor de reis para uma passagem que levava até o reino de Casterly que era nosso aliado e os deixei ali com apenas uma vela antes de voltar correndo.
— Amélia, volte aqui! — Escutei minha mãe gritar, não pude voltar sabendo que Emily, Lina, Gideão e Henrique estavam em perigo junto com as criadas.
Passei pela sala escondida que meu pai usava para pintar longe de todos e caminhei devagar nas pontas dos pés pelos corredores.
Eu podia escutar o barulho de espadas e gritos de dor que eu esperava que fossem deles e não de nossos guardas. Procurei Lina e os outros por todos os lugares que conhecia, mas não os encontrei. Ao chegar perto dos aposentos de Candace pude escutar um choro e adentrei sem nem pensar duas vezes, era uma criada, não sabia ao certo se era do castelo ou de Candace, pois não me lembrava de seu rosto. Ela tinha cabelos escuros e curtos e seus olhos eram claros como de uma
princesa. Estendi minha mão para ajudá-la e ela demorou a aceitar, mas logo se juntou a mim.
Abrimos a porta e andamos devagar até o corredor, mas antes que pudéssemos correr até lá alguém nos parou.
— Amélia! — Henrique se surpreendeu ao me ver e antes de falar, suspirou. — O que faz aqui?! Está querendo morrer? Precisa ficar em algum lugar seguro, o ataque ainda não acabou!
***************************************************
Eu acho que o Henrique tá tramando alguma coisa, ainda mais por ele ter falado que a Amélia deveria ficar em um lugar seguro, e o nome do capítulo também dá a entender isso ou não, enfim...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro