VIII - Escolha difícil.
3 dias para minha maioridade.
A única coisa que eu conseguia pensar durante a manhã, à tarde e à noite era sobre o dia de minha maioridade. Mesmo sendo algo pequeno. — Uma festa privada. — Eu imaginava como seria o dia. As pessoas acreditavam que isto era a coisa mais importante na vida de uma garota, mas não parecia um dia feliz na minha mente. Às vezes eu me parava, pensando que era errado.
Para alguém simples, o dia da maioridade era apenas para começar a ter independência, mas para um membro real era bem importante, pois era o dia em que o sucessor iria assumir as verdadeiras responsabilidades com o reino.
— Minha irmã, tente manter a calma. — Pediu Heitor ao me ver andando de um lado para o outro com as mãos entrelaçadas na frente do vestido.
— Você fala como se eu tivesse tal privilégio. — Gritei ainda andando de um lado para o outro.
Heitor bufou com raiva e deixou o salão principal. Parei um pouco e me sentei esperando que uma criada viesse me perguntar mais alguma coisa.
— Duvido que esteja esperando por mim, mas seu irmão me disse que está ansiosa demais. — A voz de Gideão ecoava pelo salão.
Eu me levantei e olhei em direção a porta e ali vi, o conselheiro de meu pai, alguém reconfortante.
— É ótimo que esteja de volta, eu mal posso respirar! — Exclamei indo em direção a ele. — Me ajude por gentileza.
Ele riu da minha expressão de desespero que pedia por ajuda e então resolveu algumas coisas com as criadas e os guardas que estavam passando por ali. Ele saiu correndo e me chamou para irmos aos estábulos, não costumava fugir de tudo, mas naquele dia eu fui.
Nós montamos e cavalgamos por toda a propriedade dos Franklin's.
— Veja só, eu lhe disse que isso iria melhorar o seu humor. — Gideão sorriu.
— Estava coberto de razão, afinal. — Falei descendo de meu cavalo Valentino e o puxando para perto.
Eu olhava ao redor e aproveitava o dia ensolarado.
— Como estão as coisas em casterly? — Questionei arqueando uma sobrancelha.
— Não está muito agradável, não é mais um reino animado e com festas como costumava ser quando eu ia a mando de seu pai. Nossos rebeldes acabaram com tudo. — Após algum tempo ele respondeu deixando-me assustada e imaginando como o reino chamado de reino alegre estaria agora.
— Que tipo de rebeldes são esses? — Indaguei. — Rebeldes nunca causaram tanto problema durante o governo de meu pai. Gideão suspirou antes de falar e o clima parecia ter mudado de um segundo para o outro.
— Estes são rebeldes fanáticos. Eles não apoiam reis. Dizem que são bruxos e querem um mestre pagão no reino, estão acabando com reinos que tenham governantes normais. — Minha expressão mudou rapidamente ao saber disso, eu seria a próxima com toda certeza.
— Eu não sei se eles vão nos atacar, mas suponho que seja possível. Deve se preparar para isto. — Afirmou ele.
Quando começou a anoitecer, voltamos para o castelo e a última refeição do dia estava sendo servida.
Minha mãe disse assim que eu entrei que não podia sumir desta forma, agradeci pela preocupação e me sentei na mesa de frente para Richard e novamente ao lado de Heitor.
— Rei Richard, ficará para a coroação? — Lina perguntou ao rei e eu a lancei um olhar raivoso.
— Sim, se Amélia permitir. — Falou simplesmente olhando para mim à espera de minha resposta.
Eu não havia percebido que todos na mesa esperavam por minha resposta e quando percebi senti-me envergonhada pela demora.
— Oh! Seria ótimo ter Vossa Majestade em minha coroação. — Eu afirmei e todos ficaram em silêncio esperando a família real terminar sua refeição. Heitor levantou e todos levantaram ao mesmo tempo para que o regente saísse. Agradeci por não ter de comer muito, com a saída de Heitor não podíamos terminar nossas refeições.
Meu irmão se retirou e logo após Richard. Eu ainda fiquei conversando com Lina, mas logo nos retiramos sendo seguidas por Gideão logo atrás.
Indo para meus aposentos escutei um som familiar de bandolim — que eu amava — adentrei a sala e pude ver que Richard tocava concentrado e eu assistia de longe.
Me distraí por alguns minutos e isto bastou para que Richard me notasse.
— Vossa Graça! — Ele disse.
— Realmente toca muito bem. — Elogiei sinceramente e ele agradeceu.
Ficamos em silêncio por alguns segundos até eu dizer:
— Eu devo declinar a sua proposta.
— Chegou a considerar, Alteza? — Questionou Richard colocando o bandolim sobre a pequena mesa e cobrindo com um pano branco para evitar poeira.
— Acredite, eu considerei, e minha resposta é não. Eu realmente desejo que fique para a coroação, mas não devo lhe dar esperanças para um cortejo. Não haverá cortejo algum. — Enunciei com a intenção de deixar a sala, porém fui impedida pela pergunta direcionada a mim.
Richard estava apenas ouvindo, ele estava sendo compreensivo e deixou claro que não se importava.
— Não tenho a intenção de reinar por muito tempo, desta forma não precisarei de um consorte. Isto serve por ora. — Disse antes de deixar a sala e ir para meus aposentos onde comecei a escrever e lembrar de acontecimentos do passado.
"Clarissa havia acertado três alvos com a flecha, estava orgulhosa de si mesma, mas meu pai não parecia tanto.
— Viu isto meu pai? — Clarissa questionou sorrindo.
— Sim Clarissa, mas aposto que Amel seria melhor. — Ele afirmou deixando minha irmã triste"
"Não havia algo que Clarissa não era boa." — Eu pensava sozinha em meus aposentos.
Novamente parei para olhar pela janela e decidi que iria fazer de tudo para proteger o reinado de minha irmã, mesmo que custasse para mim algo maior.... minha compaixão.
— Alteza, Vossa Alteza Real. — Um guarda apresentou o próximo a entrar.
— Heitor?! O que faz aqui tão tarde? — Indaguei surpresa por ver meu irmão.
— Vai mesmo reinar? — Perguntou rapidamente — Irá ascender ao trono, Amélia?
Pensava que ele sabia que eu não mudaria de ideia, Claris era minha irmã e eu a amava e a protegeria, assim como protegeria qualquer coisa sua. Aquele reino era dela, mas também era meu e era de Heitor. Aquele reino era nosso legado e eu não o deixaria cair sem antes lutar. Um Morey deveria ser para algo.
— Não pode fazer isto, uma rainha não tem os dois Amélia! Deverá escolher entre a bondade e a justiça. Qual irá escolher?
Eu pensei por vários segundos sobre a minha próxima escolha.
— Justiça. — Afirmei em um sussurro
— Então perderá tudo o que há de bom em você, cuidado Amélia! O poder pode vir a enganá-la futuramente, não questione a si mesma apenas pelo fato das pessoas desejarem isto. — Disse ele antes de sair e deixar-me pensando sobre minha recente decisão..
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