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Prólogo

Prólogo.

   Qualquer um que me conhecesse e conhecesse  Clarissa sabia o quão éramos próximas, desde que éramos pequenas meninas ainda aprendendo a andar, nossa proximidade era de fato algo surpreendente. Quando se tinha apenas duas filhas legítimas era provável que uma fosse odiar a outra, pois uma seria rainha e a outra apenas a outra. Mas, eu nunca poderia odiar minha irmã, aquilo iria contra tudo o que eu acreditava, nem mesmo conseguia desprezar meu irmão que era um bastardo. Bom, para mim a família ia muito além do que só um título, se meu sangue também corria pelas veias de meu irmão bastardo, então o que impediria de ainda ser meu irmão? waterfall inteiro amava o rei Arnold, não havia como não amar um rei que não agia por impulso, um rei que sempre tinha tudo sob controle.

A rainha era também muito bem falada e eu e Claris éramos  conhecidas por nossas travessuras, todos conheciam as pequenas meninas ruivas quando nós passávamos  e quando crescemos, apesar de Clarissa ter suas responsabilidades como herdeira do trono, ainda éramos muito bem faladas.

Houve um dia que o rei já não era tão amado, quase não comparecia a bailes e ninguém ouvia sua voz quando ordenava. Eu sempre soube que algo estava errado, mas houve um momento em que percebi que nada seria o mesmo, e que papai não iria melhorar.

Ele já não se lembrava de seu nome e em um infeliz dia de sol, ele faleceu levando a alegria e o sol consigo. Nossa família nem acreditou quando a primeira coisa dita no dia fora: " O rei está morto. Deus salve a rainha. " O meu desespero  fora tão grande que ninguém conseguirá esquecer terrível incidente. Clarissa se mostrou forte mesmo quando eu sabia que desabar era tuo o que ela queria.
  

— Como poderemos viver sem ele?  — indaguei à meu irmão.

Ele me abraçou quando os meus ombros chacoalhavam com meus choros e gritos constantes como convulsões.

— Claris será uma ótima rainha, Amélia.

— Sim, ela será. Mas ele não vai estar aqui para ensina-la.
  
— Eu me preparei para este momento desde do dia em que aprendi a andar, Amélia. Eu já sei tudo o que o papai precisava me ensinar.  — Claris disse. E com cautela se afastou deixando todos para trás com seus choro e gritos sem fim.

  Eu sabia que Claris era capaz de reinar waterfall, mas eu temia, temia que algo colocasse minha irmã e toda a família em risco. Eu sempre via papai ter de sair as pressas para lutar contra vermênia e outros reinos quando era necessário e naquelas noites tristes eram os momentos em que pensávamos se ele iria voltar, e sofríamos esperando por ele, e não dormíamos. Mas quando papai voltava, quando Arnold Morey voltava a pisar no castelo o dia nascia e o sol vinha com toda a força sobre o rosto de todos naquele reino e eles sabiam que finalmente estavam salvos.

Porém, quando amanheceu naquele dia após a morte do rei, não havia sol e nem sorrisos, não haviam damas rindo para lá e para cá ou as crianças tocando harpas. Não havia nada, todos entraram, comeram e saíram. Heitor saiu para caçar durante todo o dia e Clarissa passou o dia reclamando de uma dor de cabeça, no jantar daquele dia apenas eu e ela estávamos na mesa e eu odiava aquele silêncio de todos.

Geralmente naquele momento haveriam criados passando e Gideão rindo alto na mesa enquanto papai contava uma de suas histórias que envolviam ursos e raposas, eu ouviria  mãezinha rindo baixinho quando papai aumentava muito suas histórias e colocava até fadas e até o reino excluído no meio.

— É estranho se sentar e ficar em silêncio.  — comentei quando Clarissa desviou o olhar de seu jantar.  — Heitor não está aqui?

— O silêncio as vezes é bom, Amel. Heitor nunca está aqui.

— Não trate ele como se fosse menos seu irmão.

— Ele não é meu irmão, Amélia.  — ela levantou.  — Licença.

E então se foi e eu fui a única a permanecer a mesa onde antes haviam tantas pessoas felizes, coloquei as mãos em cima da mesa e joguei minha cabeça para trás suspirando. E as lágrimas lavaram meu rosto naquela noite por um bom tempo até me recolher.

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