IV - De sua vizinha e monarca.
Depois da afirmação de Gideão Mcknight sobre o governante de Crest ser uma mulher, Heitor pareceu surpreso pois não estava acostumado a saber de rainhas, monarcas mulheres não eram bem aceitas num trono, não importava se seu direito fosse como o direito de Clarissa. Nunca confiavam nelas, nunca confiavam em seus julgamentos e decisões. Mas Claris conseguia isso, conseguia respeito, pois provara que mesmo sendo mulher era como meu pai fora e todos amavam meu pai.
— Então, teremos que falar com a rainha-mãe sobre o assunto. — replicou Heitor.
— Mas senhor, ela deixou bem claro que desejava que o regente e a Amélia cuidassem disto. — Afirmou outro homem ali sentando.
Heitor concordou, mas eu sabia que ele iria falar com minha mãe, ele sentia que precisava da aprovação dela como se ainda exercesse algum poder sobre waterfall.
(...)
— Então está dizendo que não fará nada sobre isto, Heitor? — Perguntei para ele quando tivemos a chance de conversar algumas horas depois.
Heitor bufou irritado, eu sabia que ele era o regente, mas eu seria a rainha. Eu podia opinar nessas decisões onde waterfall era o tema principal.
— Eu não tenho certeza do que fazer , mas não fazer nada não é uma opção, se foram os nossos rebeldes os primeiros a atacar então devemos muito a crest. — Afirmei suspirando por já ter que me preocupar com tais acontecimentos.
— Altezas? — Chamou uma criada. — Um mensageiro deixou isto há pouco.
Andei até a criada para pegar a carta em sua mão e ao ver o selo não o reconheci.
— Quem é o remetente?
Não respondi, não sabia quem era o remetente e estava curiosa para ter de pensar, apenas peguei na mão e o alisei como se isto fosse me dar alguma pista de quem o enviou.
Heitor balançou a cabeça negativamente e tentou ler algo.
— Por favor, preciso ler esta carta. — Ao me sentar, eu disse. — Poderia se retirar e cuidar de outras coisas por enquanto?
— Claro, Alteza. — Falou e se curvou ao meu lado em respeito a mim tendo um pouco de sarcasmo em seu movimento.
Eu esperei pela saída de meu irmão e abri rapidamente a carta em minhas mãos.
"Querida Claris;soube a pouco do falecimento de rei Arnold, seu pai. Queria deixar meus pêsames a sua família, sei o quanto é difícil perder alguém que amamos. Mas isso não descarta o fato de que seus rebeldes estão atacando o meu reino, e matando os meus soldados. Peço que governe com competência para que não haja conflitos entre nós, não quero rivalidade, mas se preciso estarei disposta para falar convosco frente a frente, de rainha para rainha.
Ass: Rainha Candace Campbell, de crest
Para:Rainha Clarissa Morey, de waterfall"
Reli e pensei por alguns minutos após ler a carta, "Para Clarissa Morey,de waterfall" eu repetia outra vez.
Então me lembrei de que Lina havia dito para mim que nenhum reino além de waterfall sabia do sumiço repentino de Clarissa, para todos ela era a rainha de waterfall, pois nosso pai falecera há pouco.
— Vossa Graça? — Interrompeu Heitor
Olhei para ele fingindo que não havia me assustado, porém talvez minha expressão tenha dito tudo.
— Está tudo bem? De quem era a carta?
— Da rainha de crest. Não sei como responder, ela pensou que Clarissa era a rainha.
Não sabia exatamente como responderia aquela carta, não havia pergunta para responder, eu precisa apenas dizer o quanto tocada me sentia e agradecê-la, por algum motivo aquilo pareceu tão errado que não sabia nem mais escrever. Pedi licença a Heitor que me encarava tentando entender o que eu estava prestes a fazer.
Ele concedeu ao pedido e saiu e só então eu pude pensar em paz, logo eu comecei a escrever.
"Rainha Candace, é um enorme prazer receber uma carta sua destinada a mim mesmo que talvez não seja exatamente para a minha pessoa. Clarissa está ausente nas últimas semanas então quem escreve esta carta é a Amélia, princesa e futura rainha de waterfall. Peço que não comente sobre isto, pois é confidencial, não queremos que outros reinos saibam ainda. Estou agradecida pelos seus pêsames e também devo os meus sinceros sentimentos pela morte de seu pai e sua mãe. Mas agora, tratando do assunto da guerra causada pelos meus rebeldes, eu digo com certeza absoluta que não irá precisar se preocupar pois cuidarei de tal incidente e irei recompensá-la por toda destruição e mortes em seu reino.
De sua vizinha monarca, Amélia."
Eu li e li a carta por horas até que minhas criadas adentrassem meu quarto para me avisar que o jantar estaria na mesa logo.
Antes de ir para a mesa do jantar entreguei a carta ao mensageiro confiável do castelo e perguntei á ele que horas a carta de Candace havia sido entregue ao mensageiro dela.
— Pela tarde, Alteza. — me surpreendi com a rapidez da chegada, pois a maioria costumava demorar um ou dois dia para chegar.
— Obrigada, entregue esta carta nas mãos da rainha e vá agora para que não haja demora, diga a ela que é de waterfall e é urgente que ela leia. — pedi mas o mensageiro encarou como uma ordem e saiu após uma reverência.
Eu cheguei meio atrasada na sala do jantar e as pessoas ali sentadas olharam para mim esperando uma explicação que não dei.
Minha mãe, meu primo, meu irmão, Gideão e Lina. Sentia falta de Claris ali e de meu pai também, queria que estivéssemos juntos.
Sorri quando percebi que Lina se sentava ao lugar dela, esperava que ela se juntasse a nós mais vezes
— Sente-se, querida. — minha mãe fora a primeira a me oferecer um lugar ao seu lado, mesmo que meu lugar fosse ao lado de onde Henrique estava sentado.
Todos comiam em silêncio, não era um silêncio constrangedor ou ruim, era apenas a falta de palavras certas para descrever o que sentíamos. Não tínhamos como expressar nossos sentimentos, pois nós mesmos não sabíamos.
— Amel, pretende viajar agora? — Heitor indagou para tentar um assunto menos deprimente.
Pensei em responder, mas minha mãe me repreendeu com um olhar e pediu para eu me sentar e desfrutar de meu jantar.
Henrique me olhava de vez enquanto como se quisesse me contar algo, fingi que não vi. Lina notou, mas não interviu.
— Soube que a rainha de crest enviou uma carta! — Henrique exclamou quebrando o silêncio.
— Está me vigiando agora, meu primo? — Perguntei ironicamente ao Lorde Cassroy com um tom de diversão
— Não, jamais. Mas seu irmão acabou de comentar sobre isto.
Me senti mal por esta frase dita, eu achava que podia confiar em meu irmão. Mesmo que eu não tenha dito que era algo confidencial, eu mantinha minhas palavras de meses atrás
"o que acontece no quarto da princesa, permanece no quarto da princesa "
Eu lancei um olhar para Heitor que apenas abaixou sua cabeça e continuou a mastigar com satisfação.
Lina terminou sua refeição, mas não saiu da mesa, pois só era permitido sair depois da família real que infelizmente — para Lina — não havia terminado.
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