— É sério? –Questionei incrédula, enquanto olhava os créditos do filme à minha frente subirem. Genevieve, que estava ao meu lado, me olhou com uma expressão do tipo "lá vem...". — Então esse foi o único enredo deles?

Quando cedi aos pedidos de Genevieve e resolvi aceitar uma "noite das garotas" na minha casa, como minha despedida de Santa Mônica, não imaginava que os filmes escolhidos para assistirmos fossem de qualidade tão duvidosa.

— Para, Summer. Você tem que tentar ser menos crítica em relação à comédias românticas. –Retrucou.

— É. Tipo, que tal apenas apreciar sem tantas expectativas?! –Cindy McGreen concordou, esparramada sobre o tapete felpudo do meu quarto.

É claro que a irmã do meu namorado não poderia faltar na minha última noite em casa. Céus, eu adorava aquela pirralha irritante, porque eu meio que me via nela quando era mais nova, já que Cindy, embora só tivesse quatorze anos, conseguia ser inteligente, determinada, e com um senso de humor peculiar.

E depois que Stuart foi embora, ela e eu nos aproximamos mais. Cindy as vezes dormia aqui nos fins de semana, e eu até arriscava ir na casa dos seus pais. Céus, Jane, sua mãe, até mesmo me ensinava a costurar e a desenhar alguns modelos de roupas que passassem pela minha cabeça, por mais bizarros que fossem.

E por incrível que pareça, eu gostava daquilo.

— Qual é?! Eu acho que uma sequência deve ter algo além de apenas um triângulo amoroso, ou pelo menos deveria focar em algo mais importante que isso. Foi assim em "A Barraca do Beijo", "Para Todos os Garotos que Já Amei", e "After". –Enumerei.  — Ou pior, alguém sempre volta, sabe-se lá de onde, para atrapalhar tudo o que o casal construiu no filme anterior.

Não me levem à mal, eu não tinha nada contra comédias românticas em si, não mais. No entanto, tinha algo contra à sequências, e nas suas tentativas de tentar forçar uma história que já acabou.

Genevieve arfou em um misto de indignação e surpresa. Já Cindy, rapidamente se sentou no tapete, me olhando como se eu tivesse falado alguma atrocidade.

— Summer, por favor, cala a boca. –A garota pediu calmamente.

— E quer saber?! –Genevieve ajeitou a almofada no colo, então apontou para mim. — Eu não vou aceitar críticas de alguém que nem assiste ao filme direito. Qual é, Summer?! Você passou o tempo inteiro nesse celular. –Apontou para o meu colo, em que eu realmente segurava o celular.

— Isso aí! –Cindy concordou exageradamente. — Você mal presta atenção nos filmes, portanto, suas opiniões não são válidas aqui. E assunto encerrado. –Bateu com a mão no tapete, fazendo Genevieve rir de forma satisfeita, e eu a olhar surpresa.

— Oh! –Arfei ofendida, colocando a mão sobre o peito. Céus, aquela garota era mais parecida comigo do que eu mesma imaginava. Era como se... droga, como se ela fosse a minha irmã, e não de Stuart.

— Ela está apaixonada, Cindy. Quando você for mais velha, vai entender. –Genevieve disse, então me olhou de relance com um sorriso de canto, logo voltando sua atenção para a garota loira. — E além do mais, foi um longo ano longe do Stu. Eu, no lugar da Summer, também ficaria colada no celular vinte e quatro horas por dia.

— Ei. –Bati com a almofada em Genevieve. — Eu não sou assim.

— Já imaginou?! –Cindy começou sorrindo, aparentemente se dirigindo à Genevieve. — Os dois juntinhos em Berkeley, morando na mesma casa... Vocês já viveram um clichê e tanto, e agora, meio que é a hora da sequência.

— E não vai ser nada do que você falou. –Genevieve jogou a almofada em mim, e por instinto a segurei, o que me fez ficar pensativa.

Cindy tinha toda a razão. Gostando ou não, eu havia vivido um clichê atrás do outro, e aquela conversa me fez pensar na possibilidade da história se repetir. Não seria possível... seria?!

— Mas, e se...

Olhei as duas, enquanto algo me dizia que aquele seria um ano intenso.