45 - Alvorecer de nuvens vermelhas
CONTEM GATILHO
Sasuke desmontou do cavalo como um predador, seus olhos escuros fixos nos guardas que o observavam com espanto. O vento agitava sua capa escura, e o símbolo do clã Uchiha brilhava em seu peito. Ele não perdeu tempo com formalidades. As botas de Sasuke bateram no chão de pedra enquanto ele atravessava os portões. Os guardas se afastaram, abrindo caminho para o príncipe. Seus olhos escuros estavam cheios de raiva e desconfiança. Não quis falar com Tsunade nem com mais ninguém. Shiranui ao avistar ainda tentou avisar o imperador, mas era tarde. Sasuke chegou escancarando a porta violentamente.
— Itachi, precisamos conversar— ele disse, sua voz baixa e perigosa.
— É bom ver você também, irmão.
— Como você pôde? Ela arrancou meu braço! Ela é a razão pela qual eu sou assim! E agora desfila no palácio como sua imperatriz?
— Já vamos começar assim? Eu não te vejo há meses! E aí você vem aqui me questionar uma decisão? A mim que sou seu Imperador?
— Antes disso, é meu irmão. Não se esqueça disso.
— Yuki é minha esposa. Ela é a Imperatriz deste reino. — Itachi manteve a calma.
— Desonra nossa família! Nosso pai! Uma plebeia de uma família falida! Deitou-se com quantos homens além de você?
— Para o seu bem é melhor que escolha bem suas palavras.
Sasuke ficou ainda mais furioso. Seus olhos estreitaram-se, e ele cerrou os punhos com força. — Você escolheu a mulher que mutilou seu próprio irmão!
— Ela é a minha mulher, minha amada e minha escolhida. A minha imperatriz. Não me importo com o que pense e sabemos que você mereceu.
— Não espere que eu aceite isso facilmente. — Seus olhos faiscavam de raiva, e sua voz era um sussurro ameaçador.
— Você ameaçou a vida de Hinata e Sakura, confrontou Minato, e depois a desafiou e perdeu. Foi uma luta justa e mesmo assim ela ainda cria a sua filha como se fosse dela.
— Que absurdo você está falando? — Sasuke disse em tom de deboche.
— Sarada, a filha da concubina que você levou para uma casa de cortesãs. A Karin.
— Isso é ridículo! Filha minha? Depois que ela distribuiu para Konohogakure inteira?
— Independente do que ache é a verdade. A menina é igualzinha a você e eu e Yuki estamos criando como se fosse nossa.
— Sarada é filha de Karin, não minha. Eu jamais reconhecerei a filha bastarda de uma mulher como ela. Uma puta.
Itachi permaneceu firme, seus olhos igualmente intensos. — Ela é sua filha, Sasuke. O sangue dela é o mesmo que o seu. Isso você não pode mudar.
— Não me importo com o sangue! — Sasuke rosnou. — A única coisa que quero é recuperar minha honra. Se você não permitir, lutarei pela coroa e destronarei essa esposa usurpadora. Depois farei dela minha concubina.
Itachi cerrou os punhos e bateu sobre a mesa fazendo os papeis saltarem — Tome cuidado com suas palavras, Sasuke. Yuki é minha Imperatriz, e ela protegeu este reino tanto quanto você. Lutou ao meu lado contra Tobirama!
— Eu não reconheço mais você, Itachi. Nenhuma mulher jamais ficou entre nós, e agora você escolhe aquela intrusa ao invés de mim. — Sasuke riu amargamente. O escritório de Itachi ficou impregnado com a raiva dele e seu sarcasmo. O príncipe saiu furioso, suas palavras ecoando pelas paredes como maldições sendo proferidas. — Imperatriz Yuki tem vinte e quatro horas para aparecer em frente ao pessegueiro. Se ela não o fizer, haverá consequências.
— Sasuke, isso é insensato. Não acredito que esteja realmente disposto a isso! — Itachi olhou para o irmão, seus olhos escuros cheios de preocupação.
— Se você quiser impedir, terá de me matar. Há não ser que aceite minha outra condição. — Sasuke retrucou.
— E qual é a outra condição?
— Hinata. Traga-a de volta para mim. Ela pertence a mim.
— Você só pode estar louco! Ainda insiste nisso? Hinata não pertence a você!
— Sim ela me pertence! Eu a tomei para mim e tenho total direito sobre ela! Ela é minha, entendeu! Só minha!
Itachi viu o irmão sair e bater a porta violentamente atrás dele. O imperador soltou um suspiro pesado e a tensão recaiu sobre seus ombros. Como lidar com aquela situação? Ele se levantou e seguiu para seus aposentos à procura de Yuki. Seus olhos estavam sombrios, carregando o peso das decisões que precisavam ser tomadas.
A esposa estava sentada lendo um livro enquanto Sarada brincava no chão com uma boneca de pano. O olhar do imperador era de preocupação e ela soube que algo estava errado desde o momento em que ele chegou.
— Itachi? Aconteceu alguma coisa?
— Sasuke está de volta.
Yuki apertou os lábios e franziu as sobrancelhas. Em seguida ela fechou o livro ainda em silêncio e observou a pequenina no chão do quarto. — O que ele disse?
— Desafiou você. Pela honra de ter arrancado seu braço. Eu... posso fazer alguma coisa. Sou o imperador!
— E começar mais uma guerra? Não. Isso não.
— Então, eu enfrentarei Sasuke. Mas não permitirei que você batalhe com ele.
— Eu não aceitarei isso. Sasuke é seu irmão, por pior que seja.
— Ele é meu irmão, mas você é minha esposa. Nós batalhamos muito para que possamos ficar juntos.
— Estou cansada de tantas mortes e sofrimento.
— Eu sei, meu amor. — Itachi tocou seu rosto gentilmente. — Sinto muito, Yuki, mas não há outro caminho.
— Itachi, eu não quero nada disso. — Yuki abraçou o marido chorosa.
— Vai dar tudo certo meu amor, eu prometo.
— Tem que haver outro jeito.
— Ele quer a Hinata de volta.
— Isso nunca!
— Eu sei que jamais aceitaria isso. Mas eu pensarei em alguma coisa.
— E a Sarada?
— Ele não quis nem saber dela.
— Quanto a isso fico aliviada.
Yuki sentia que Sasuke não se contentaria apenas com isso. Ele era um tipo de pessoa que não desistia facilmente.
(...)
Tsunade rangeu os dentes ao ouvir as palavras de seu filho, Sasuke. O príncipe narrava sua versão dos fatos, obviamente se fazendo de vítima. Os dois estavam nos aposentos de Sasuke, sentados à mesa na varanda que ficava nos fundos do enorme local. Tsunade preparava um chá para o filho caçula, enquanto o mesmo observava as servas organizarem suas coisas apressadamente, considerando que ele havia chegado sem avisar.
— Ele está cego! Aquela mulher o enfeitiçou. Talvez fosse melhor mandá-la para outro mundo enquanto dorme, ou envenená-la. — Tsunade disse observando as folhas de chá boiando.
— Isso não traria minha honra de volta.
— Mesmo assim! Temos que fazer alguma coisa!
— Eu a desafiei.
— Sasuke, meu filho, você tem só um braço.
— Acha que não consigo cortar a garganta daquela mulher com um braço só? — Ele a encarou furioso.
— Não é isso meu filho. — Tsunade viu o ódio no olhar do filho e sentiu um leve tremor na mão enquanto segurava a xícara.
— Está me subestimando?
— Não, mas e se Itachi realmente o desafiar?
— Ele sabe muito bem as consequências disso. Eu sou o príncipe. De todo jeito ele irá perder alguma coisa. — Sasuke disse pegando a xícara e olhando uma das jovens servas que segurava as roupas de cama.
— Devia ter me avisado que viria meu filho. Nós teríamos dado um jeito e estaria tudo à sua disposição.
— Eu quero uma mulher. Pode providenciar uma para mim?
— Terei de solicitar de fora.
— Meu irmão não pode me ceder uma de suas concubinas?
— A única concubina aqui é a Konan, mãe dos gêmeos.
— Ele sempre foi um ridículo mesmo. Ele é o imperador e poderia ter quantas mulheres quisesse.
— E escolheu uma infrutífera.
— Você também não é infrutífera? — Sasuke jogou a verdade na cara da mãe da maneira mais insensível possível. Tsunade apenas abaixou a cabeça e continuou a tomar seu chá. — Que seja! Traga então uma mulher. De cabelos pretos ou arroxeados, lisos.
A obsessão de Sasuke por Hinata tomava proporções cada vez maiores e isso preocupava Tsunade. — Irei providenciar.
(...)
Konan estava sentada em frente à janela cantarolando uma canção de ninar para seus filhos. Seus pensamentos divagavam. Ela lembrando de Yahiko, havia se tornado um hábito chorar por ele nos últimos meses. O arrependimento a consumia. A porta de seu quarto abriu lentamente e a imperatriz surgiu.
— Imperatriz? — Konan se levantou para reverenciá-la.
— Não se incomode. Por favor. — Yuki disse de forma gentil.
— Em que posso ajudá-la, Majestade?
Yuki se aproximou da concubina meio sem graça procurando as melhores palavras para dizer. — Soube que procurou o imperador.
— Sinto muito por essa audácia, majestade. Aceitarei qualquer punição.
— Não, imagina. Jamais imaginei que você sofresse tanto por Itachi.
— Ele foi tudo o que me restou, além dos meus filhos. Sinto... — A voz dela falhou, e Yuki entendeu. Ambas compartilhavam uma ligação complexa com o Imperador, e o peso de suas escolhas recaía sobre elas.
— Eu entendo perfeitamente.
— Se eu morresse, você criaria os gêmeos como se fossem seus filhos? — Konan disse com os olhos tristes.
— Que tipo de pergunta é essa? — Yuki franziu a testa.
— Sinto que meu fim está próximo.
— Isso é ridículo, mas se um dia acontecesse, eu os amaria como se fossem meus, independentemente de qualquer coisa.
Konan fechou os olhos e mentalizou a imagem do rosto de seu amado. Ela tinha medo de algum dia esquecer do rosto dele, de seu sorriso, de seu cheiro. — Sinto falta de Yahiko todos os dias. Espero que ele me perdoe.
— Ele a amava intensamente. A vida só não foi justa com vocês.
— Espero que possamos ficar juntos, nem que seja em outra vida. — Konan disse olhando para a janela enquanto as lágrimas escorriam em seu rosto.
— Desejo o mesmo. Afinal, sou eu quem está à beira da morte. Sasuke me desafiou, e Itachi enfrentará o confronto em meu lugar. Estou desesperada e não sei o que fazer.
— Eu nem sabia que o príncipe estava de volta.
— Está e quer retaliação pelo braço arrancado.
—Não há outro jeito?
— A outra condição é trazer Hinata até ele, mas isso eu nunca permitiria.
— Sei que pensará em alguma coisa, Imperatriz.
— Lady Konan, quero que saiba que independente de qualquer coisa você é uma das pessoas que mais admirei em toda minha vida.
— Faço das suas as minhas palavras, majestade.
Yuki saiu até seus aposentos e ficou lá trancada a mando de Itachi e vigiada pelos guardas do Palácio. Sasuke era imprevisível demais. A noite caiu como um véu negro sobre o Palácio do Fogo. Konan ajeitou os gêmeos em seus berços e se preparou para dormir. Ela sentia falta do tempo que servia a Akatsuki. De como a vida era difícil, porém ela jamais imaginou que aqueles momentos difíceis seriam os mais felizes de sua vida.
Ela deitou-se na cama e fechou os olhos tentando dormir um pouco. O sono andava lhe abandonando nos últimos dias e ela passava a maior parte da noite em claro. Toda vez que começava a pegar no sono ela sonhava com Yahiko e quando acordava sentia a culpa dilacerar seu coração.
Foi rápido. Ela sentiu alguém ao lado de sua cama e cobriu sua boca. Seus olhos procurando na escuridão se encontraram com o rosto de Sasuke sobre a fraca luz das velas que vinha do lado de fora. O peso do corpo do homem sobre ela a impedia de tentar se debater e mesmo que tivesse apenas um braço ele ainda era extremamente forte. A única mão que tinha passeava em seu corpo causando repulsa.
— Segure ela. — Ele ordenou a um dos guardas que olhava com pesar para Konan.
— ME SOL... — um segundo guarda cobriu a boca dela com um mordaça e depois a amarrou na cama. Konan se debatia, mas era uma luta injusta de três contra um.
Konan chorava desesperada, urrando na tentativa de alguém ouvir. Sasuke acenou para os guardas que vigiassem a porta e depois começou a se despir. As roupas de Konan foram rasgadas de seu corpo e sua nudez exposta daquela maneira a fez chorar ainda mais. Sasuke a forçou e começou a se movimentar violentamente. Konan apenas desejava que aquele momento terminasse logo, o mais rápido possível. A mão de Sasuke encontrou seu pescoço enquanto ele continuava a estocar com força.
— Maldita Hinata... — Ele apertava seu pescoço com força. Enquanto isso Konan contorcia o pulso e sua mão se soltou alcançou um prendedor de cabelo e no impulso acertou o olho de Sasuke. — DESGRAÇADA!
Sasuke levou a mão ao olho esquerdo se contorcendo de dor. Konan começou a se desamarrar desesperada na tentativa de fugir dali o mais rápido possível. Quando ela conseguiu tirar a mordaça, começou a gritar.
— SOCORRO! — Os guardas do lado de fora olharam um para o outro sem saber o que fazer.
— Temos que ajudá-la...
— Não, vamos embora daqui! Se o Imperador nos vir seremos enforcados.
Os dois fugiram deixando Sasuke e Konan nos aposentos da concubina. Konan já estava chegando na porta quando Sasuke a derrubou a segurando pela perna. Ela tentava se defender e os dois iniciaram uma luta corporal. Sasuke a puxou pelos cabelos, ela revidou com uma cotovelada. Ele a segurou pelo braço e a jogou sobre o móvel de madeira que ficava no canto do quarto. O barulho acordou as crianças que choravam sem parar. Ela se levantou com dificuldade, ele deu um soco nela e em seguida se pôs sobre ela a desferindo golpes enquanto ela tentava se proteger, com destreza ele laçou o pescoço dela com um obi de seu yukata e começou a enforcar a concubina. Konan lutava para respirar, tentando se debater em vão. A vida começou a esvair de seus olhos enquanto Sasuke continuava a enforcá-la com ódio. E por fim ela parou de se mexer. Konan, a concubina de Itachi, estava morta.
— SASUKE! — Tsunade viu a cena horrorizada. Ela correu até os gêmeos e se pôs diante deles. — O que você fez?
— Essa... desgraçada! Maldita Hinata!
— Meu filho... — Tsunade levou as mãos à boca. A Imperatriz Viúva pensou no que iria fazer. Tinha que tirar o corpo de Konan antes que Itachi visse. Mas antes que ela pudesse pensar em alguma coisa, o Imperador já estava na porta acompanhado dos dois guardas que amarraram Konan anteriormente. As sobrancelhas de Itachi formaram um vi e seu olhar ardia numa fúria intensa. Os punhos fechados, os dentes cerrados ele observava a concubina nua no chão sem vida. O príncipe também despido com o olho esquerdo fechado coberto de sangue. Os filhos chorando sem parar enquanto a Imperatriz Viúva permanecia imóvel.
— Chame as servas para cuidar dos meus filhos e peça Kabuto que peça a um médico para cuidar do corpo de Konan.
— Filho... — Tsunade começou a falar.
— Cale a boca! — A voz do Imperador reverberou pelo quarto com uma autoridade nunca antes vista por ela. — E você... seu desgraçado! Ponha ao menos uma roupa para cobrir essas misérias. Eu estarei te esperando debaixo do pessegueiro.
— Vai me enfrentar? — Sasuke disse com desdém.
— Vou dar ao menos a chance de se defender. Embora eu esteja me controlando para não arrancar sua cabeça aqui mesmo! Já não tinha feito estrago suficiente? O que a Konan fez pra você?
— Konan? — Ele olhou para o corpo da mulher no chão do quarto. A sanidade parecia ter abandonado o príncipe há bastante tempo.
— Estou te esperando.
— Vou enfrentar sua imperatriz!
— Não vai encostar um dedo nela. Não é digno nem de respirar o mesmo ar que ela! — Itachi virou as costas e saiu em passadas largas até o pessegueiro. As servas entraram no quarto para cuidar dos filhos do Imperador. Tsunade olhava para a cena completamente atônita. Sasuke se levantou como se não tivesse acontecido nada, se vestiu e saiu andando para fora dos aposentos.
— Sasuke! Não pode fazer isso! Por favor, meu filho, eu imploro. Fuja!
— Cale a boca, mulher. Você nem minha mãe é. Minha mãe foi enterrada junto com meu pai. Você e essa corja imperial se certificaram disso. Um mundo podre. Meu pai, você, eu, Itachi... Somos todos frutos dessa árvore envenenada.
Tsunade ficou no mais completo desespero. Tudo ali naquela noite se transformaria em mais tragédia. Independente de quem ganhasse a batalha.
(...)
Itachi ordenou que não deixassem Yuki sair do quarto de hipótese nenhuma. Ele sabia que a esposa iria intervir. Ela ficou olhando da janela toda a movimentação sem entender o que acontecia. Uma das servas apenas lhe disse que o caos havia recaído sobre o Palácio do Fogo. A Imperatriz orava com todas as forças a todos os deuses que conhecia. Sentindo o peso da culpa de ter começado tudo aquilo, embora ela soubesse que independente do que tivesse feito, Sasuke traria problemas onde quer que fosse.
Itachi estava parado no meio do pátio embaixo do pessegueiro segurando sua espada. Ele rejeitou a armadura e usou apenas o quimono preto com detalhes em vermelho. Sasuke usava um quimono preto com detalhes em azul escuro. O vento balançava os cabelos do Imperador enquanto encarava Sasuke com fúria.
— Quem diria que terminaríamos assim, não é Itachi? Você confrontando seu irmão mais novo por causa de putas.
— Já disse para dobrar essa sua língua. Aceite pelo menos uma vez na vida que você é um cretino depravado! Tão asqueroso quanto nosso pai era!
— NÃO ME COMPARE COM ELE!
— E o que você é então? Poderia ter sido feliz ao lado de Sakura, ou até mesmo Hinata, se tivesse a tratado com o respeito que ela merece.
— Não diga o nome dela! Aquela maldita! Vamos acabar logo com isso!
O príncipe se posicionou para o ataque, mas ouviu Tsunade chamar por ele. Filho, espere! Eu vim lhe desejar boa sorte.
Tsunade se aproximou do filho que olhou desconfiado para a mãe. Ela tinha nos lábios um batom vermelho escuro e tocou o rosto de Sasuke com as duas mãos e sorriu para ele gentilmente.
— Seja breve! Eu tenho mais o que fazer! Como pode interromper uma luta como essa?
— Eu sempre te amei, meu filho. Em meu coração vocês dois vieram de mim, independentemente de qualquer coisa. Eu amei vocês incondicionalmente, e tudo que fiz foi pela felicidade de vocês. Me desculpa se falhei. — Tsunade selou um beijo demorado nos lábios de Sasuke. Suas lágrimas quentes escorriam pelo rosto. Quando ela parou, Sasuke olhava para ela com nojo.
— Sua ridícula.
Tsunade se afastou do filho e ficou de longe os observando. Ela tinha o olhar apavorado e movimentava os dedos como se tivesse contando. Sasuke partiu para cima de Itachi e os dois começaram uma luta de espadas. O príncipe se virava com uma mão só e caolho. Era visível que Itachi hesitava mesmo com a raiva que sentia de seu irmão. Essa hesitação deu ao príncipe vantagem e ele começou a avançar para cima de Itachi, mas antes que pudesse pensar no próximo golpe seu nariz começou a sangrar e a visão ficou turva. Ele olhou ao redor sentindo o corpo inteiro formigar, as pernas enfraqueceram e ele caiu de joelhos. Quando olhou para a mãe, o sangue também escorria do nariz dela.
— Você... — Sasuke não terminou a frase, a boca começou a espumar, seu rosto roxo, o olho vidrado. O príncipe caiu no chão sem vida.
— Sasuke! — Itachi se aproximou para testar o pulso, mas já era tarde. Alguns segundos depois, Tsunade caiu no chão na mesma situação de seu filho, Itachi ainda tentou socorrer a mãe, ela olhou para ele já em agonia.
— Fiz... o certo... dessa vez... — Tsunade não terminou de falar e suas mãos pararam de tremer e seu olhar ficou opaco.
Na mão da Imperatriz Viúva um vidrinho que mais tarde foi constatado que era veneno. Ela misturou o veneno no batom que havia passado e envenenou Sasuke no momento do beijo.
Uma tragédia. Três mortes em apenas uma noite. Para não alarmar a população, Itachi ordenou que dissessem se tratar de um acidente de uma carroça em que os três morreram. Quando Yuki soube ela chorou desesperada. No fim, Konan parecia ter pressentindo a própria morte.
O velório dos três foi grandioso e Konan foi velada como sendo da família real. Yuki estava segurando um dos gêmeos no colo, ao lado de uma serva que segurava o outro e segurando a mão de Sarada. Jamais imaginou que as coisas fossem terminar assim. Em meio a tanta dor. Mas ela entendeu Tsunade. Era isso ou a morte dos dois. No fim ela escolheu dar ela mesma um fim a toda esse sofrimento e essa maldição. O nome de Sasuke foi mantido intacto a pedido de Itachi. Ele não queria que o irmão fosse conhecido como um homem imoral como era. Algo que Yuki não concordava.
Quando Hinata soube da morte de Sasuke ela chorou copiosamente. De alguma maneira ela o odiou tanto que acabou se apegando àquele sentimento. O ódio fazia parte dela e tinha ido embora de maneira brusca.
O império tornou-se próspero. A era da Paz como ficou conhecido o reinado de Itachi foi o melhor de todos os tempos. Ele, a esposa e os três filhos cuidavam do país com carinho e dedicação. Alguns anos depois, o filho de Hinata com Sasuke também foi para o Palácio e criado junto com a família imperial. Consequentemente, os filhos se casaram, deram a Yuki e Itachi netos e depois bisnetos. Um dos filhos de Itachi o sucedeu no Império. Itachi aposentado foi morar com a esposa na casa dos Hitsugaya.
Os dois já velhinhos estavam sentados na varanda da casa olhando os bisnetos brincarem no gramado da casa enquanto uma das netas montava uma sombrinha. Itachi segurou a mão da esposa já marcada com a idade.
— Querida...? — Itachi disse com a voz arrastada.
— Hum?
— Você não me contou o resto daquela história.
— Que história? — Yuki disse confusa.
— A que você me prometeu me contar quando eu voltasse para casa.
— Ah meu Deus! Eu já nem me lembrava disso! Já nem lembro em que parte parei!
— Você é uma péssima contadora de histórias. A mulher tinha chegado na casa só homem solitário.
— Ah... meu velho. Ela cuidou dele dia e noite. Ele disse a ela que era para ir embora. A mulher sem ter para onde ir disse que iria, mas que iria lhe contar mil histórias todas as noites. E assim ela fez. Ela lhe contou histórias por mil noites, mas nesse meio tempo ele acabou se afeiçoando a ela. E depois se apaixonaram. Quando deu mil, ele lhe pediu mais mil. E depois mais mil. E no fim eles se casaram, tiveram filhos, netos e bisnetos e terminaram os seus dias juntos.
— Uma história maravilhosa. — Ele beijou a mão dela e sorriu para a esposa. — Não podia ter um final melhor.
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