22 - Escrevendo o próprio destino
A expressão de Yuki era de uma raiva incontrolável que tomava conta de seu corpo como um veneno se esparramando pelas veias. Ela deixou Minato sozinho e saiu apressada procurando pelo líder da Akatsuki pelo acampamento. Sua mente fervilhava com a quantidade de informações. Ela queria acreditar que aquilo tudo era uma mentira. Que não havia sido enganada daquele jeito. O ar parecia faltar em seus pulmões, o desespero tomava conta de seu corpo. Quando avistou o líder Pain, ela parou diante dele trêmula. Estava analisando o estoque de alimentos com um segundo membro ainda desconhecido por Yuki.
— Lorde Hitsugaya? — Yuki estava ofegante com os olhos imersos em lágrimas.
— O que disse? — Pain notou a tristeza da mulher e soltou os ombros pesadamente.
— Lorde Hitsugaya das terras baixas em Kirigakure. O que houve com ele?
— Ele... está morto.
— Por favor diga que é mentira
— Daimiô Kisame o executou e expôs seu corpo por sete dias na frente da casa. — O homem que acompanha Pain disse sem demonstrar empatia.
— Deidara! — Pain o repreendeu.
— Mas é verdade!
— Existia um acordo! Foi para isso que fui vendida! — Yuki levou as mãos ao rosto chorando de soluçar.
— Lady... seu pai foi ingênuo. Todos sabem que Madara nunca cumpre acordos. Ainda mais no caso de vocês... se não me engano foi seu pai que afrontou Kisame. Ele jamais deixaria isso impune.
— Eu fui vendida! Não foi o suficiente?
— Eles só aproveitaram a situação. Provavelmente Kisame pediu você ao Imperador, mas ele achou melhor entregá-la ao príncipe que sempre teve fama de pouco se importar com concubinas. Se ele a rejeitasse, certamente você seria enviada a Kisame Hoshigaki.
— Imperador Itachi sabia?
— Eu não sei... sinceramente.
Yuki afastou-se do líder e saiu desnorteada. Tudo parecia tão confuso, ela queria que o chão abrisse debaixo dos seus pés e a engolisse. Queria desaparecer. Sakura e Hinata que viram a amiga passar por elas sem nem ao menos vê-las, segurou a jovem pelos ombros.
— Yuki, o que houve?
— Saiu da tenda, pensamos que queria ficar sozinha. — Hinata disse se aproximando dela também.
— Meus pais estão mortos. O acordo nunca foi cumprido.
Aquela frase pegou as duas de surpresa. Até aquele momento nenhuma delas imaginou que haveria a possibilidade de que o Imperador Madara não cumprisse o que prometia. Sakura e Hinata envolveram Yuki num abraço apertado e depois a levaram para dentro da tenda.
— O que pretende fazer, Yuki? — Hinata disse olhando para a jovem que estava deitada no colo de Sakura.
— Eu não sei. Mas não quero mais voltar para aquele Palácio.
— Mas você ama o Imperador. — Sakura disse afagando os cabelos da mulher.
— Não confio em mais ninguém. Quem me garante que ele não sabia?
— Disso não posso discordar. — Hinata disse desanimada.
— O que eu mais quero nesse momento é poder ter força o bastante para arrancar o coração do maldito Kisame.
— Eu quero ser livre. — Hinata disse alisando a barriga de grávida.
— E eu vou fazer a diferença no mundo.
Depois daquela conversa, Yuki foi para a sua tenda e ali ficou até anoitecer. Pensando em tudo que havia lhe acontecido. Ela não dormiu aquela noite. Toda vez que fechava os olhos imaginava o corpo de seu pai em frente à sua casa. Quando viu que o sono não viria, ela saiu para caminhar ao ar livre.
Ela viu um grupo do que pareciam soldados em volta de uma fogueira preparando um ensopado. Minato e mais um grupo de pessoas. O homem ao avistar a jovem se aproximou ainda desconcertado por ter dado a trágica notícia sobre seus pais.
— Está melhor?
— Não, mas não adianta ficar sofrendo. Eles estão mortos. Enquanto eu vivia meu conto de fadas, eles foram mortos.
— A culpa não é sua. Nunca poderia imaginar.
— De certa forma é sim. Eu sou a culpada por tudo. Se eu tivesse sido mais forte, mais inteligente, mais decidida e determinada. Ao invés disso, aceitei o meu destino como uma covarde.
— Eu já passei por isso. Com o tempo você percebe que tem coisas que são inevitáveis.
Yuki olhou para o grupo que o acompanhava: o loiro que estava com Pain, Deidara, o homem de cabelos espetados, Kakashi, um outro de olhos arregalados, um homem alto com rosto coberto por faixas, um garoto com o rosto delicado, de cabelos compridos e pretos, um homem de cabelos platinados com um pingente triangular na mão, um homem alto no canto contando moedas de ouro e um jovem que lembrava muito o príncipe Sasuke, só que com o olhar distante e sem emoção e ao seu lado um homem que devorava uma coxa imensa de frango.
— Quem são? — Ela perguntou ainda olhando para eles.
— Estes são uma pequena parte de nosso "exército", por assim dizer. A maioria são órfãos de guerra ou renegados de seus países. Todos lutando pela mesma causa.
— E o que exatamente vocês fazem?
— Nós vamos nas cidades mais pobres e lutamos para tirar o controle das mãos dos poderosos.
— Como assim?
— Veja bem, quando Madara manda um exército para um local e o toma para si, ele dá aquele lugar para um lorde. Um daimiô. Foi assim que ele deu Kirigakure para Kisame.
Yuki ouviu o nome do homem que matou seus pais e sentiu a raiva tomar conta de seu corpo. — Mas o novo imperador não pode mudar as coisas?
— Ele até pode, mas não podemos contar com isso. O Império não é formado apenas pelo Imperador. Ainda mais neste caso em que ele acabou de ser coroado. Ele tem conselheiros que o instruem, a Imperatriz viúva. Se eles forem contra ele, podem pedir que um novo seja coroado, no caso, o Príncipe Sasuke.
— Está dizendo que podem atentar contra a vida do imperador?
— Podem e você sabe disso.
Yuki olhou ao redor e depois encarou o homem à sua frente. — Quero que me treine.
— O que?
— Isso mesmo! Quero que me treine.
— Yuki, infelizmente isso não será possível, partiremos amanhã. Aqui ficam alguns membros, mas eu e a maioria vamos partir pela manhã.
— Eu vou junto com você! Tem mulheres na sua equipe não têm?
— Tem sim, mas está frágil e sensível, e sei que seu desejo é voltar ao seu amo.
— Meu desejo é vingar a morte dos meus pais!
— Daimiô Kisame é um homem poderoso.
— Por isso estou pedindo ajuda a você. Sozinha eu não consigo.
— O treino é pesado, passamos noites ao relento, temos que caçar o que comer e corremos risco de morte.
— Eu aceito qualquer coisa, desde que possa ter o coração do maldito Kisame nas minhas mãos.
Minato viu uma fúria no olhar de Yuki que a muito tempo ele não via. Um olhar de quem desejava vingança, de quem iria até o fim por aquilo.
— Yuki, eu não posso me responsabilizar por nada. Se decidir mesmo estará por conta própria.
— Eu aceito.
— Partiremos de madrugada.
Yuki voltou correndo para a tenda de Sakura e chamou a rosada que lia um livro entregue por Chiyo sobre remédios e chás. A princesa ao notar a expressão eufórica da amiga fechou o livro rapidamente e ouviu o que ela tinha a dizer.
— Preciso falar com você e Hinata.
(...)
Hinata ouviu o relato de Yuki com os olhos paralisados na mulher. Sakura tinha a boca entreaberta ainda tentando assimilar o que havia ouvido. Ela se aproximou de um dos bancos que tinha do lado de fora da tenda onde estavam e depois virou-se para Yuki.
— Você só pode estar maluca. — Hinata disse quando finalmente conseguiu superar o choque.
— Não estou. Tenho plena consciência do que disse. — Yuki disse com uma expressão séria.
— E quando voltará? – Sakura disse olhando para Yuki fixamente.
— Não sei, pode ser em um mês, seis ou até um ano.
— É perigoso demais, Yuki! Vai para a linha de frente! Eu não posso aceitar que faça isso.
— Hinata, eu e Sakura passamos semanas naquele cativeiro num quadrado minúsculo. Passamos fome, frio, sede e além de tudo o lugar fedia tanto que com o tempo a gente já nem sentia mais nada. Eu perdi meu filho naquele lugar. Aí quando chego aqui descubro que meus pais morreram praticamente na mesma semana que fui para o Palácio. E eu tinha feito tudo por eles... eu não tenho mais nada.
— E o imperador? — Sakura perguntou ao lembrar que a amiga era feliz no Palácio.
— Ele é o imperador e eu sou apenas uma concubina. Quero ter o direito de escrever meu próprio destino. Eu nem tenho nada para levar! — Yuki começou a chorar.
— Eu vou com você. — Sakura disse decidida.
— Você também? — Hinata disse cruzando os braços.
— A senhora Chiyo disse que por muito tempo os acompanhou como médica e que agora está velha demais para isso. Seu neto Sasori viaja com eles e disse que se eu quisesse ele me ensinaria o que aprendeu com ela.
— E eu fico aqui? — Hinata disse indignada.
— Eu queria que você fosse, mas está grávida. Fique e cuide bem de você mesma. Quando voltarmos a gente vai te contar como foi, onde estivemos. — Yuki disse se aproximando de Hinata e as três se abraçaram chorosas.
— Por favor, voltem bem. — Hinata disse apertando mais o abraço.
No dia seguinte, Yuki e Sakura partiram junto com o grupo de Minato, rumo ao desconhecido.
(...)
A tensão no ar naquela vila próxima de Konohagakure parecia um frio cortante que cortava a pele dos homens na linha de frente. A maioria ainda muito jovem escolhidos rapidamente pelo general da Kurama naquela região. O tilintar da armadura do inimigo reverberava pelas ruas da vila, a névoa dificultava a visão, a única coisa que se via era um par de olhos avermelhados que pareciam enxergar até mesmo as almas deles.
O soldado que estava na frente tremia tanto que mal conseguia segurar a Katana, só havia sobrado eles. Atrás do homem um rastro de morte e destruição. Os soldados mais bem treinados escolhidos a dedo pelo próprio Tobirama jaziam deitados numa poça de sangue.
— Vamos morrer... — Um deles sussurrou tremendo de medo.
— Shhh. — Ele vai te ouvir.
O homem continuou sua marcha em direção ao grupo. A lua refletiu quando ele desembainhou a katana devagar. Suas mãos ensanguentadas e as unhas pretas, uma característica de seu clã, uma pintura de guerra. Algo que os inimigos a princípio debocharam, mas quando viram o quão poderiam ser impiedosos tornou-se algo para ser temido.
Num movimento rápido, o homem começou a derrubar um a um dos pobres soldados. A maioria nem viu o que os acertou, ou como acertou. Cortes rápidos, limpos, diretamente no pescoço. O homem era veloz, certeiro, muito forte e impiedoso. Quando terminou, limpou o sangue de sua katana e olhou para o único jovem que parecia em choque. Caminhou na direção dele, que desesperado se ajoelhou diante do homem imponente.
— Por favor! P-piedade!
Sem dizer uma única palavra, o guerreiro pegou o homem pela perna e o arrastou para longe daquela chacina. O rapaz chorava, implorava por sua vida e tentava sair daquele infortúnio.
O guerreiro parou e olhou com desdém para o jovem que já havia urinado em suas vestes. E disse com a voz grossa que fez o jovem tremer ainda mais.
— Se me disser o que quero saber, sairá vivo daqui hoje. Caso contrário, darei fim a sua breve vida.
— Por favor... me liberte...
— Onde está seu líder?
— Eu não sei.
— Uma segunda chance: Para onde ele está indo?
— Por favor, eu imploro! Não sei de nada.
— Terceira chance: Seu grupo invadiu o Palácio do Fogo e levou três mulheres como reféns. Uma mulher de cabelos roxos e olhos perolados, uma mulher de cabelos rosas e olhos de jade e uma mulher pequena de cabelos cacheados. Onde elas estão?
— Eu juro que não sei.
— Acabaram suas chances, diga adeus a sua breve vida!
O homem decepou o jovem sem esboçar qualquer reação. Seus olhos pareciam queimar numa fúria que fazia os inimigos tremerem só de olhar.
— Não precisava tê-lo matado, ele parecia não saber de nada, Imperador.
— Não vou deixar nenhum vestígio dessa Kurama. Matarei todos eles se for preciso, Kabuto.
Itachi deixou Kabuto atônito diante da cena aterrorizante. Mais de cem soldados mortos pelas mãos do homem que passou a ser conhecido como o Imperador Corvo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro