12 - O desabrochar de uma flor de cerejeira
Alerta de GATILHO
Contem cenas de violencia sexual
A neve naquela tarde caía mais do que o normal para um fim de estação. O casamento mais aguardado daquele ano havia sido adiantado quase seis meses antes do previsto. A noiva olhava-se no espelho e tentava entender toda a sua situação e como seria sua vida a partir daquele dia. Sakura Haruno, prometida a um príncipe a sua vida toda, estava cumprindo seu papel naquela peça. Seria a consorte do Príncipe Sasuke, ele a amando ou não.
O casamento parecia uma reunião de governantes. Lordes de toda Konohagakure, a realeza, aliados do Império e militares. No fim, era apenas um protocolo para negociações políticas. Nada daquilo importava para ela.
O quimono escolhido para a noiva era tão branco quanto a neve que se acumulava sobre os galhos do pessegueiro em frente ao templo escolhido para o casamento. Sakura tinha o rosto coberto, e caminhava devagar até o encontro do príncipe, trajado com roupas formais. O quimono preto com o símbolo da casa Uchiha. O homem olhava para a jovem com uma expressão tão fria que parecia percorrer pelo corpo dela.
Enquanto a cerimônia acontecia, Hinata, que estava isolada em seu Pavilhão a mando do Imperador, olhava para o céu nublado vendo os flocos de neve dançarem timidamente no ar e pousando sobre o telhado do Pavilhão Sândalo. A concubina de olhos perolados pensava que talvez depois daquele dia ela poderia finalmente sentir-se melhor. Talvez ele amaria a esposa e a deixaria em paz por meses, talvez anos.
— A senhorita parece triste. — Sue disse servindo um chá de prímulas para sua senhora.
— Nem sei mais o que é felicidade Sue. Acho que já faz muito tempo.
— O príncipe está se casando agora.
— Gostaria de dizer que estou aliviada, mas não estou. Eu queria entender o porquê de tudo isso. Ele poderia ter qualquer pessoa, por que eu?
— A senhora é uma das mulheres mais lindas que já vi em toda a minha vida. É justificável.
— Não é só por isso, Sue. É porque ele acha que pertenço a ele e sempre pertencerei. Eu queria ter o direito de pelo menos morrer.
— Não diga isso senhora.
— Nem isso eu posso. Eu não me importo com meu pai, sinceramente. Eu me importo com minha mãe, minha irmã caçula, meu primo Neji. Esses sim são valiosos.
— Seu pai sabe da sua condição? — Sue perguntou já temendo a resposta.
— Claro que sabe, Sue. Ele iria me vender para outro poderoso qualquer. Acha que meu noivado com Lorde Naruto foi a toa? Nada era à toa para o velho Hyuuga. Eu só queria ter direitos uma vez na vida. Ter direito de escolher. Eu idealizei minha primeira vez com um homem bom. Lorde Naruto era esse homem. — Hinata sentia as lágrimas quentes escorrendo pelo rosto. — Ele era gentil, doce, amável. Ele me respeitava. E... olha o que me aconteceu! Ele está morto. Perdi a virgindade que tanto guardei dentro de uma carruagem por um homem que parece ter prazer em me humilhar.
— Senhora, não fale desse jeito. Assim... eu choro também. — Sue disse com lágrimas já caindo lentamente. — O príncipe a deixará essa noite, vai passar a noite de núpcias com a esposa. Venha, vamos para dentro. Aqui está muito frio
Hinata acatou o pedido da serva e entrou para dentro de seus aposentos. Pelo menos naquela noite ela ficaria tranquila.
(...)
O casamento demorou seis horas. Cerimônia, jantar e outras formalidades. Quando a festa enfim terminou a noiva foi levada para o aposento da consorte para ser preparada para a noite de núpcias. A jovem de olhos de jade manteve a postura sentada na cama com as mãos sobre as pernas tentando esconder o nervosismo.
A silhueta do príncipe surgiu detrás da porta de madeira e papel machê e Sakura sentiu o coração bater ainda mais rápido. A garganta estava seca, as mãos geladas e trêmulas e tremeu ainda mais quando o marido escancarou a porta com violência. O cheiro da bebida chegou primeiro que o príncipe que andou pisando firme e descompassado até a esposa.
— Tira essa merda de quimono e deita na cama. — Sakura engoliu seco e ficou paralisada olhando para baixo. Não tinha reação. Ela desejou ter entendido errado. Ou pelo menos que ele se aproximasse de forma amistosa, ao invés disso, se aproximou da esposa e tirou o véu que cobria o rosto da jovem com descaso. O olhar de Jade mantinha-se preso a um vaso branco ornamentado com desenhos azuis e respirou com dificuldade apertando as mãos levemente sobre o tecido do kimono. — Não me ouviu? Vai cumprir sua obrigação, não vai? Então levante-se e deite-se na cama.
— Com todo respeito meu príncipe, mas não gostaria de conversar primeiro?
— Não quero ouvir sua voz. Ela me irrita. — Ele aproximou-se do rosto dela e o cheiro da bebida alcoólica a deixou enjoada.
— Meu marido, eu não sou uma concubina. — Sakura disse entre os dentes e depois desviou o olhar para o marido com uma fúria que até então ele desconhecia.
— Está me desafiando? — Sasuke disse com a voz baixa e depois segurou o rosto dela apertando suas bochechas com força. — Acha que eu escolheria você como minha concubina? Jamais! É apenas uma obrigação. E temos que cumprir! Meu pai quer netos e descendentes! ENTÃO TEMOS QUE PRATICAR! NÃO É?
— Está me machucando... — Sakura disse chorosa.
— Sabe o que machuca? — Ele disse próximo a seu rosto e Sakura desviou tentando amenizar o cheiro desagradável do hálito de saquê que vinha da boca do príncipe. Mas ele apertava com mais força e virava o rosto dela para ele. — Ahn? Você sabe? RESPONDE!
— Eu não sei...
— Amar uma mulher mais do que a si mesmo. Desejar aquela mulher dia e noite e ter que se casar com outra. Sabe que sensação é essa? — Sasuke começou a embargar a voz. — Eu odeio você! Mas, eu tenho que cumprir a obrigação.
— Eu não quero!
— Você não tem escolhas! Nenhum de nós tem.
Sakura conseguiu se livrar dele e se levantou rapidamente e correu até a porta e a abriu com força. Ela não iria ficar ali. Não ouviria aquela afronta.
— Volte aqui! — Sasuke ordenou.
— Alteza, eu não serei humilhada!
— É minha esposa agora, volte aqui, tire esse maldito quimono e deite-se na cama.
Sakura se virou para o marido com um olhar desafiador. Ela era diferente de Hinata, foi naquele momento que ele percebeu. Ela não parecia ter medo dele.
— Já disse que não sou sua concubina. Se quiser me ter, tenha respeito!
— Eu vou mandar te açoitar!
— Manda! Não tô nem aí. Prefiro sentir dor apanhando do que ser humilhada. Falando como se eu fosse nada! Acha que vou ficar aqui e ficar sentindo esse bafo de bebida? Tá tão bêbado que não vai conseguir fazer nada!
— Dobre a sua língua! — O príncipe se aproximou da esposa com violência e a encarou olhando de cima para a mulher que era bem mais baixa. Ela manteve a postura firme mesmo com o homem com a mão levantada pronta para lhe bater.
— Bate! — Sakura gritou para o marido olhando para ele com ódio. — BATE! Vai fazer seu ego melhorar, não vai? Então, vem, só bate!
— CALA A BOCA! — Sasuke desceu a mão em direção ao rosto de Sakura que segurou o pulso do marido e com uma força que ele jamais imaginou que ela tinha, o derrubou no chão.
Quando viu o marido murmurando algo que ela não entendeu, ela cerrou ainda mais os punhos e depois viu ele se levantar com dificuldade. Ela se preparou para a retaliação, mas ao invés disso, ele a olhou com desprezo e apenas disse.
— Você nunca será a Hinata...
Sakura ouviu a frase com lágrimas nos olhos, sentindo o nó na garganta e em seguida, viu o marido sair de seus aposentos ainda cambaleando. Quando ele saiu ela tirou o quimono com raiva e depois rasgou a peça com fúria. O príncipe que ela se dedicou durante toda a vida não passava de um homem arrogante e sem a menor intenção de respeitar a mulher que ele chamaria de esposa.
(...)
Quando Hinata ouviu o abrir da porta seu estômago começou a revirar. O casamento não tinha terminado nem a trinta minutos e o noivo estava ali dentro de seus aposentos. Antes que ele se irritasse, ela se levantou e foi até a porta recebê-lo. Estava bêbado. Algo raro, mas a ocasião era plausível de tal fato.
— Aquela vagabunda. Quem ela pensa que é? Eu vou mandar matar ela e toda a família dela... não... Eu vou mandar açoitá-la!
— Venha... meu príncipe. Eu vou preparar um banho para o senhor.
— Eu amo você Hinata. Eu não vou amar mais ninguém como amo você. — Ele se ajoelhou diante dela e a abraçou chorando copiosamente. — Quero você. Só você. Só você. Você me ama?
— Eu... amo... meu príncipe. — Hinata disse tentando controlar o asco em cada palavra dita. — Agora venha, vamos tomar um banho.
— Não. Quero te amar primeiro. É minha noite de núpcias e você é minha princesa.
— Claro...
Hinata se despiu e deitou-se na cama aguardando o homem que a seguiu da mesma forma e se pôs sobre ela. Ele colou seus lábios nos dela e começou um beijo que Hinata desejava acabar o mais rápido possível. O gosto de álcool deixava tudo ainda pior. Em seguida ela sentiu ele dentro de seu corpo e enquanto ele se movimentava dizendo o nome dela com desejo e paixão, ela pensava em como seria se ela sentisse algo. Sentir prazer de verdade. Não ficar ali gemendo falsamente para satisfazer aquele homem que ela detestava.
— Hinata... diga... que me ama. — Ele dizia aumentando a frequência dos movimentos.
— Eu te amo...
— Sim! — A sensação quente já familiar esparramou dentro dela e quando ela pensou em se levantar, ele a abraçou forte. Hinata sentiu as lágrimas quentes molharem seu ombro. — Eu sei que me odeia. Eu sei disso. Fiz muitas coisas com você... Eu não mereço seu amor. Mas, por favor, me ame. Olhe para mim como olhava para ele. Você ao menos sente prazer quando estou dentro de você? Gosta do meu corpo? Me responde meu amor.
Hinata pensou em gritar que o odiava com todas as suas forças. Mas, ela ainda tinha coisas a perder. Ela então, com todas as forças que tinha, abraçou o homem choroso e lhe deu um beijo nos lábios, olhou para ele com ternura e disse com a voz manhosa.
— Eu te amo meu príncipe. Eu amo tudo em você. Eu amo sentir você dentro de mim...
— Eu quero ter filhos com você Hinata.
Hinata sorriu e não respondeu.
O homem dormiu abraçado a ela após chorar de soluçar. Quando era sobre ele, ela nunca sabia o que pensar nem o que dizer. Ela queria ser mais forte, rejeitá-lo. Queria sair daquela vida, daquele sofrimento. Talvez ela devesse apenas tirar aquele sentimento do seu coração. Perdoá-lo. Mas, como perdoar o homem que matou seu noivo, a levou como um objeto, a estuprou e a mantém presa?
(...)
O príncipe ficou os quinze dias que vieram depois em seus aposentos. Ele se recusava a sair. Não queria ver a esposa, nem ouvir a voz dela. Pelo menos até a ordem do Imperador que o ameaçou dizendo que se não fosse cumprir suas obrigações, sua amada concubina teria punições severas.
O príncipe foi para o aposento da consorte dois dias depois. Sakura o olhava com desdém, no mais completo silêncio aguardando a reação do marido. Embora ela não gostasse da atitude dele, ela ainda tinha que dar um filho a ele.
— Eu fui gentil com você, mas a próxima vez que me desafiar, farei você se arrepender. — Sasuke disse olhando para a esposa de forma fria.
— Claro, meu príncipe. Os dias que fiquei isolada aqui me fizeram pensar. Estou aqui para servi-lo.
— Vamos acabar logo com isso.
Sakura sentiu a sensação de rejeição e se levantou devagar e se despiu. Nem mesmo seu corpo nu parecia chamar a atenção dele. Ela deitou-se na cama, o homem já nu a puxou pelas pernas para a beirada da cama e sem dizer nada a penetrou com força. A jovem de cabelos rosados sentiu a dor lacerante segurando o lençol com força. Em seguida, ele a virou a colocando de quatro e começou a se movimentar rapidamente. Não demorou muito, mas para Sakura parecia uma eternidade. Ainda doía, ainda estava desagradável, ele não esboçava nenhuma reação que a deixasse confortável. Nada. Quando terminou ele se limpou, vestiu-se e saiu em direção à porta.
— Já está indo? — Sakura perguntou constrangida.
— Sim. Daqui uns dias eu volto. Minha mãe me disse que tem dias certos. Ela vai me falar quais.
— Não vai me beijar, me abraçar?
— Você é a consorte. Minha mãe não te contou como é o papel de vocês? Beijar, abraçar e dormir junto eu faço com minhas concubinas.
Sakura engoliu seco o desaforo e quando viu o marido sair cobriu o rosto com o travesseiro e gritou, tentando abafar a fúria na sua voz.
O momento mais importante da sua vida havia terminado em nove minutos do jeito mais desagradável possível.
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