10 de Fevereiro de 2012, base russa, lago Vostok.

     - Como está a perfuração? Vamos conseguir? - diz um cientista, enquanto ajeita os seus óculos.

     - Sim Gustav, a segunda broca acaba de rasgar o penúltimo nível, podemos entrar a hora que você quiser. 

     - Vá avisar aos outros três cientistas Ivan, seremos heróis na Rússia meu amigo! Nós vamos  documentar tudo lá em baixo, imagens ultrarealistas.

     Minutos depois, o primeiro cientista a descer está devidamente vestido e sobe na base de metal que o levará até as águas profundas do lago, inexplorado até então. Há grandes expectativas de se encontrar alguma forma de vida no local.  

     - Pronto Ivan? - Gustav, prestes a apertar um botão grande vermelho.

     - Sim, estou levando estas luzes especiais, com elas poderemos filmar a vários metros em infravermelho, pois sabemos que a luminosidade lá embaixo é zero e só estas luzes não serão o bastante para filmar muita coisa. - ele mostra uma pistola vermelha grande de plástico, com alguns cartuchos. 

     - Gustav, eu não acho uma boa ideia. Eu falei tanto com vocês dois para não descer lá, isso vai nos colocar em apuros em nosso país, se acontecer algum acidente estaremos ferrados para o resto de nossas vidas! As nossas ordens são claras; manter o avanço parado até a chegada da segunda turma de cientistas, e em hipótese alguma, deixar que nada aconteça as duas ultimas camadas do lago. Esta penúltima está intacta há centenas de milhões de anos! - uma mulher, também vestida com roupa de mergulho. 

     Após o acionamento do botão, a primeira chapa de metal desce uns três metros, até uma outra chapa ficar posicionada. 

     - Anna, nós já estamos ferrados. Ao mesmo tempo que o nosso país está orgulhoso de nós por estas novas descobertas, nós também cometemos o erro de contaminar a penúltima e maior camada, a qual não fará mais diferença se nós a contaminarmos mais ou menos. Olha, vamos lá colher materiais para pesquisas, com sorte, filmar alguma espécie de peixe raro, mesmo que seja uma alga marinha ou um fungo qualquer, não importa! - diz um barbudo da equipe, ao final ele sorri com a ideia do grupo fazer alguma descoberta.

     - Boris, até agora só fizemos uma descoberta realmente importante, aquele micróbio possui um DNA que não coincide com o de nenhum ser da Terra. Essa descoberta já valeu todo o investimento da missão. - um homem de baixa estatura, terminando de colocar os cilindros de oxigênio nas costas.

     - Não é atoa que os homens vivem menos que nós mulheres! Parece que ninguém me ouve nessa equipe.

     - Quer saber? O Anton Padalka tem razão. Só fizemos uma descoberta até então e todos sabem que há uma grande expectativa sobre o que poderá ser encontrado nessa penúltima, e maior, camada do lago. Por isso é tão importante que todos nós coletemos amostras de tudo o que encontrarmos lá embaixo. - Gustav.

     - Isso não é justo Anna, nós a admiramos e nos orgulhamos de ter uma cientista do seu nível conosco, só que estamos muito ansiosos, a troca de equipe se aproxima e se não avançarmos mais agora, a outra equipe vai ficar com o credito sobre as possíveis descobertas dessa penúltima camada. Tenta relaxar um pouco. - Boris encosta ao lado dela, e fala baixo para os outros não escutarem.

     - Estou com um mal pressentimento, espero que nada aconteça! - Anna verifica o seu equipamento e a luz do capacete.

     - Deve ser a maldita ansiedade, quando voltarmos isso vai passar, você vai ver. - Boris.

     Gustav se posiciona na plataforma e Boris aperta o botão para ele descer.       

     - O ultimo fique atento aos botões hein?! Qualquer coisa puxe-nos para cima na mesma hora. - Boris se posiciona enquanto os membros que estão na parte debaixo do elevador, ficam apressando eles para descerem logo pois estão com muito frio devido ao gelo que os cercam, já que não existe parede a sua volta, só o enorme buraco no gelo de pouco mais de 1 metro, perfurado pela enorme broca de escavação. 

     - Vamos logo Padalka, nossos camaradas devem estar ansiosos para o mergulho em rumo ao desconhecido. - Anna aperta o botão e após, se posiciona na plataforma. 

     - Porque você não vai por último?

     - Você é o especialista em consertar coisas da equipe, vai que esse novo sistema de elevador apresenta problemas. - ela ri enquanto ele aperta  botão, ela vai descendo acenando com a mão para ele.

     Anton Padalka segue para o elevador. No cabo que fica ao centro, há um pequeno controle com dois botões, um para cima e outro para baixo. Ele aciona a descida e só aí, todo o sistema do elevador composto com as cinco plataformas de ferro, como se fossem 5 elevadores individuais colados um no outro, vão descendo. Os mergulhadores vestem roupas semelhantes as usadas pelos cosmonautas, devido a baixa temperatura só vestidos assim conseguiriam aguentar o mergulho.