Capítulo 4
As ruas estavam vazias, Eldridge era coberta pela neblina densa e escura, Lucas murmurava em frente ao espelho, tendo lembranças dos acontecimentos anteriores que o levaram a combustão emocional. Ana, por sua vez, o acolheu, abraçando ele pelas costas, apoiando em seu ombro, o acariciando em um ato de conforto.
"Se eu não tivesse aceitado ir atrás desses demônios, Victor estaria vivo," Disse Lucas, enquanto lembrava dos últimos momentos de seu amigo.
Ouviu-se barulhos perturbadores, suas visões estavam o deixando irritado, as vozes dos demônios estavam por toda parte. Algo se quebrou no andar debaixo de sua casa, os dois desceram as escadas e se deparam com a mãe de Lucas, implorando por misericórdia diante de um daqueles monstros.
O sangue fervia nas veias de Lucas, segurando sua faca e se não fosse por segundos do seu ato de reflexo, sua mãe já não estaria mais viva.
"Você está bem, mãe?" Ela confirmou com a cabeça, mas estava imóvel, em silêncio, tremendo de desespero. Ana, segurava a porta com uma barra de ferro, muitos deles estavam tentando invadir a casa, ela resistiu, usando toda sua força.
"Eu não sei por quanto aguento!" Gritou Ana, ofegante e desesperada. Lucas segurava sua faca, se posicionando com um olhar fixo para a porta, pedindo para que deixassem que eles entrassem. O olhar de Lucas era confiante.
"Abra."
Ana tirou a barra de ferro da porta e a deixou nas mãos, a porta se abriu.
"Victor disse que os demônios estão em Eldridge pois é uma cidade fácil de se camuflarem para se alimentar dos sentimentos das pessoas que vivem aqui, estão sugando cada uma delas até não sobrar mais ninguém," Lucas estava convicto do que estava fazendo, então os demônios destruíram a porta, ele era o único que podia vê-los, e auxiliou Ana de onde alguns deles estavam, mandando ela se esconder com sua mãe. "Corre, agora!" Gritou Lucas, "Mas e você? Não posso te deixar aqui!" Exclamou Ana, se derramando em lágrimas, acompanhada da mãe de Lucas. Ele apenas sorriu, piscou para Ana, também deixando uma lágrima cair, Ana obedece e foge.
O instinto de Lucas estava intenso, coração palpitando. Era como se ele estivesse cego de adrenalina, a casa estava se tornando um verdadeiro massacre, com uma única faca nas mãos, ele degolava e decapitava cada demônio de forma brutal. Movimentos rápidos, se esquivando e atacando, espalhando sangue e partes decepadas dos demônios, era algo surreal, deixando os monstros aterrorizados.
E quando percebeu estava completamente ensanguentado no meio da rua, seu corpo estava perfurado e rasgado, mas sua faca ainda nas mãos, com todos os demônios caídos no chão. Suas pernas tremem, ele mal conseguia respirar, o nevoeiro tomava conta da rua e da cidade, poucos tinham coragem de olhar pela janela e ver o que causou aquela devastação. Seus olhos estavam fechando, mas ele não poderia deixar acontecer, ainda haviam pessoas inocentes, almas a serem salvas em Eldridge.
Lucas emergia o silêncio, abrindo seus olhos e ficando perplexo com o que viu, ele não conseguia acreditar, mas era o único que conseguia ver.
"Você tem o que nos pertence," Clamou um demônio, mas não qualquer demônio, ele era maior, mais obscuro, sua voz emergia uma energia pesada, causando calafrios - sua pele era distorcida, amedrontadora. "Vocês nunca vão ter, eu vou proteger essa cidade, vou proteger todos,", Clamou Lucas, em um tom desafiador e imponente, encarando aquele demônio.
Seus olhos começam a brilhar, como se seus sentimentos estivessem afetando sua postura atual, ele sentiu ódio, angústia, luto, aquilo deixava aquele demônio furioso, mas sedento pela alma de Lucas.
"Você matou demônios, então esta quase se transformando em um," Clamou o demônio enquanto gargalhava de forma sádica, movendo suas garras medonhas na direção dele de forma rápida e monstruosa, abrindo sua enorme boca demoníaca. Lucas por si, não conseguia se mover, deixando somente sua raiva te consumir, causando tremores em seu corpo, o medo era tanto que suas mãos não aguentaram nem segurar sua faca, sentindo a maldade se aproximando a cada segundo, aceitando que sua alma já não pertencia mais a ele.
Ouviu-se um barulho familiar, logo após um grito, um rugido. O demônio caiu para trás, o cheiro de sangue metálico junto ao barulho do impacto no chão, uma grande barra de ferro havia atingido o demônio, acertando sua monstruosa e enorme boca. "Morra, seus demônios malditos! Não encostem no Lucas!," Era Ana, que havia arremessado a barra de ferro em cheio, mesmo sem poder enxergar o demônio ela previu onde o mesmo poderia estar pela reação de Lucas naquele momento.
Havia uma chuva de sangue se espalhando e o demônio se recuperava rapidamente, Ana segurou Lucas pelo braço, os dois correm junto até a biblioteca, ela estava nervosa, o olhar de Lucas estava intenso.
"Lucas, fala comigo, por favor!" Ela chorava, ambos estavam escondidos na biblioteca, abaixados entre as estantes de livros.
"Victor disse que os demônios queriam algo que estava com ele..." Resmungou Lucas, estavam cochichando entre si, e continuou "Nós estávamos com ele quando ele disse que ele tinha algo que os demônios queriam, ele estava aqui na biblioteca quando pediu nossa ajuda, ele estava com a gente quando morreu protegendo aquilo que ele tinha e os demônios queriam," Ele ficou quieto, Ana estava compreendendo o'que ele estava dizendo, naquele momento tudo começou a fazer sentido.
"Lucas, você é o único que pode vê-los," Ana o abraçou, olhando nos olhos dele.
Um asqueroso barulho se ouviu, vozes e resmungos amedrontadores se aproximavam, Ana segurou as mãos de Lucas, que só conseguia olhar para ela, ignorando o fato dos demônios estarem se aproximando. Quando percebem, ambos estavam em um beijo, um momento único que não durou muito tempo. A biblioteca estava repleto por demônios, Ana passou lentamente a faca para Lucas, se derramando em lágrimas.
Lucas se levantou, suspirou. Ana correu incansavelmente pela biblioteca até alcançar a janela, pulando para se salvar dos demônios que a perseguiam.
"Victor... era eu quem você estava protegendo esse tempo todo," Pensou Lucas, com os demônios impacientes em sua direção, com a faca nas mãos, ele entendeu o que realmente os demônios queriam, ao invés de atacá-los, Lucas perfurou os próprios olhos.
Ele nunca mais iria vê-los.
Caderno de Anotações de Victor Longster
Data: 15 de Março de 2013
Eldridge - A Cidade dos Dissimuladores
Durante anos estudei o sobrenatural. Desde que cheguei a Eldridge, uma cidade que parece respirar uma aura densa e sinistra, sou tomado pela certeza de que não é um lugar comum. Como é possível que as pessoas que aqui vivem não percebam a escuridão que nos rodeia? Esta cidade, com suas ruas estreitas e prédios desgastados, carrega um peso que se instala nos ombros. O vento sussurra segredos e os ecos de risadas distantes soam como lamentos.
Biblioteca de Eldridge
A biblioteca é um labirinto de conhecimento esquecido, onde cada canto revela livros empoeirados sobre espíritos, magia negra e demônios. Eu nunca acreditei em coincidências, e o que encontro aqui não é mera ficção. As páginas amareladas falam de rituais, de invocações e de seres que se alimentam das emoções humanas. Acredito na existência deles, mesmo que não consiga vê-los. Mas e se existisse alguém que pudesse?
A Descoberta de Lucas
Foi então que encontrei Lucas. Uma alma perdida, um garoto que carrega o peso das tragédias do mundo. Ele é capaz de ver as criaturas demoníacas que se escondem nas sombras, camuflando-se entre nós, como ladrões de almas. Eldridge é um lugar que os demônios amam, pois é aqui que eles se alimentam da tristeza, da raiva, do desespero. Quanto mais uma pessoa se afunda em suas próprias sombras, mais fácil é para eles se infiltrarem. Eles se alimentam da dor, como abutres em um campo de batalha.
A Presença dos Demônios
Somente Lucas pode vê-los, mas todos nós podemos sentir a presença deles. É um frio que percorre a espinha, um sussurro indecifrável na calada da noite. Os demônios não se contentam em observar; eles buscam algo além das nossas almas. Eles sabem que Lucas é uma ameaça. Temo pela vida dele, pois eles caçam não só ele, mas todos que se aproximam.
A Caçada
Os demônios sabem que a cada criatura que Lucas derrota, ele se torna mais forte, mais perigoso. Seus olhos, que brilham com uma intensidade sobrenatural, são cobiçados. Eles desejam arrancá-los, não apenas por causa de sua habilidade de enxergar o oculto, mas também para se alimentar da alma que brilha neles. Lucas é a chave, a arma que pode destruir essa praga.
Protegendo a Chave
Não posso permitir que Lucas morra. Ele é um imã, atraindo a atenção das sombras. Cada passo que ele dá o coloca em maior risco, e eu estou determinado a protegê-lo, mesmo que isso custe a minha vida. Se eu falhar, não apenas ele cairá, mas toda Eldridge será consumida. Esta cidade, que já clama por socorro, se tornará um banquete para os demônios.
Reflexões Finais
A luta está apenas começando, e o que está em jogo é maior do que eu poderia imaginar. A escuridão que se aproxima não é apenas uma metáfora para os desafios da vida; é uma entidade viva, um ser que anseia por devorar tudo o que conhecemos. Lucas, Ana e eu somos os últimos defensores dessa frágil linha entre o mundo real e o abismo. A cada dia que passa, a tensão aumenta, e sinto o peso das sombras se aproximando, como uma tempestade prestes a desabar.
Se eu tiver que descer ao inferno para salvá-lo, assim o farei. O que está em jogo é muito maior do que nossas vidas. É a luta pela própria essência da humanidade, e não posso permitir que a escuridão prevaleça. A batalha contra os demônios começou, e eu não recuarei. - Nem que isso custe minha vida.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro