Capítulo 3
Os primeiros raios de sol começaram a surgir por trás das colinas, iluminando o campo de batalha que se desenrolara durante a noite. Lucas, Ana e Victor estavam ali, em meio ao sangue e à carnificina, a realidade de suas ações começando a se instalar. O odor de metal ainda pairava no ar, e a calmaria da manhã parecia um insulto ao horror que tinham testemunhado.
"Precisamos nos mover," Victor disse, seu tom grave quebrando o silêncio. "Esse demônio era apenas um dos muitos. Eles estão se organizando, e se formos pegos aqui, não teremos uma segunda chance."
Ana olhou para Lucas, a preocupação estampada em seu rosto. "E se eles já souberem que estamos atrás deles? O que fazemos agora?" A ideia de serem caçados a deixava inquieta, e Lucas pôde ver o medo nos olhos dela.
"Precisamos entender como eles funcionam," Lucas respondeu, sua voz tensa. "Se eu sou capaz de vê-los, talvez eu também consiga entender como eles se comunicam entre si."
Victor assentiu, impressionado com a determinação de Lucas. "Isso pode ser a chave. Se você puder sentir suas energias, talvez possamos rastrear outros demônios antes que eles cheguem até nós."
"E como vamos fazer isso?" Ana perguntou, ainda hesitante. "Você não pode simplesmente sair por aí matando demônios a esmo. Eles podem se voltar contra nós."
Lucas franziu a testa. A verdade era que ele não tinha a menor ideia de como controlar essa habilidade. No entanto, ele sabia que não poderia deixar que o medo o dominasse. "Precisamos encontrar um lugar seguro para nos reunir e planejar. Uma base."
Victor olhou ao redor, avaliando a situação. "A biblioteca pode ser um bom ponto de partida, mas precisamos reforçar as defesas. Se eles já sabem que estamos aqui, não podemos correr riscos."
Enquanto discutiam, Lucas começou a sentir uma pressão em sua mente, uma sensação inquietante que o fazia querer agir. Ele olhou para o céu, as nuvens se acumulando, obscurecendo a luz do sol. Algo estava se aproximando, e ele podia sentir isso em seus ossos.
"Eu... eu sinto que há algo mais vindo," ele murmurou, a tensão crescendo dentro dele. "Não sei o que é, mas... é como se eles estivessem se reunindo."
"Devemos agir rápido," Victor insistiu, sua voz se tornando um comando. "Vamos voltar para a biblioteca e organizar um plano. Mas temos que fazer isso em silêncio."
Enquanto caminhavam, a tensão pairava no ar. Lucas e Ana trocavam olhares furtivos, ambos conscientes do que havia acontecido na noite anterior. Havia um vínculo crescente entre eles, mas a situação os pressionava a ignorar qualquer sentimento que pudesse se desenvolver.
Ao chegarem à biblioteca, Lucas se sentou em uma mesa, tentando se concentrar. Ele precisava entender como os demônios se comunicavam. Ana se aproximou, colocando a mão sobre o braço dele. "Você está bem?" ela perguntou, a preocupação em sua voz.
"Estou tentando entender tudo isso," Lucas respondeu, olhando para ela. "Mas é difícil. Estou com medo do que posso me tornar."
"Você não é um demônio, Lucas. Você é um herói," Ana disse, sua voz suave, mas firme. "E eu estou aqui com você. Nós vamos superar isso juntos."
As palavras dela trouxeram um conforto inesperado, mas Lucas não tinha certeza se era o momento certo para se apegar a esperanças. Ele precisava focar no que estava por vir.
Victor entrou na sala, interrompendo seus pensamentos. "Precisamos discutir a estratégia. Para cada demônio que você sentir, precisamos ter um plano de ataque. Temos que ser rápidos e letais. Não podemos nos dar ao luxo de hesitar."
"E se eles se agruparem?" Ana perguntou, o medo retornando ao seu olhar. "O que fazemos se formarmos um exército?"
"Então, teremos que lutar," Lucas disse, sua voz se endurecendo. "Não temos escolha. Se eles são mais fortes juntos, só podemos derrotá-los um a um, antes que se unam."
A tensão aumentou enquanto eles começavam a elaborar seus planos. Lucas sentiu a pressão em sua mente se intensificando, e ele sabia que algo estava prestes a acontecer. Ele fechou os olhos, tentando se conectar com o que sentia ao seu redor.
As imagens começaram a fluir - uma série de rostos distorcidos, sussurros e risadas que ecoavam em sua mente. Ele viu flashes de um grupo de demônios reunidos em um local, discutindo algo em tom baixo. A sensação de urgência se intensificou. Eles estavam se preparando para um ataque.
"Eu vi algo," Lucas disse, abrindo os olhos. "Eles estão se reunindo em uma casa abandonada na periferia da cidade. Parece que estão planejando algo grande."
"Precisamos ir lá e descobrir o que está acontecendo," Victor disse, sua determinação inabalável. "Mas não podemos ir sem um plano. Precisamos nos aproximar com cautela."
Ana olhou para Lucas, sua expressão refletindo a gravidade da situação. "E se eles já souberem que estamos vindo? Não podemos correr riscos."
"Precisamos ser rápidos," Lucas insistiu. "Se eles estão se preparando para algo, não podemos deixá-los agir primeiro."
Enquanto o trio se preparava para partir, Lucas sentia o peso das decisões que estavam prestes a tomar. Ele sabia que o que estava em jogo era mais do que apenas suas vidas; era a segurança de Eldridge. O destino da cidade estava em suas mãos.
A casa abandonada estava cercada por árvores secas e um silêncio opressivo. Enquanto se aproximavam, Lucas podia sentir a presença dos demônios, como um pressentimento que o envolvia. Ele trocou olhares com Ana e Victor, que também estavam visivelmente tensos.
"Vamos nos dividir," Victor sugeriu. "Ana, você e Lucas vão pela frente. Eu vou me mover pelo lado e tentar pegar qualquer um de surpresa."
Ana assentiu, mas Lucas podia ver a preocupação em seu olhar. "Cuidado, Victor," ela disse, a voz quase um sussurro.
"Eu sempre cuido de mim mesmo," ele respondeu, uma leve ironia em sua voz. "Vocês apenas se concentrem no que têm que fazer."
Com um último olhar, eles se separaram. Lucas e Ana se moveram silenciosamente em direção à entrada da casa. A porta estava entreaberta, rangendo levemente enquanto a brisa da noite entrava. Lucas poderia sentir a energia pulsante dentro, e ele sabia que o que estava prestes a acontecer mudaria tudo.
Assim que cruzaram a porta, os demônios estavam lá, cercando uma mesa em uma sala mal iluminada. Seus rostos deformados e expressões grotescas estavam fixos em um mapa da cidade, e Lucas sentiu um frio na espinha. Eles estavam planejando algo.
Lucas puxou a faca, seu instinto de sobrevivência se intensificando. "Ana, precisamos agir rápido."
Antes que pudessem se mover, um dos demônios percebeu a presença deles. Ele se virou, um sorriso sádico se espalhando pelo rosto. "Ah, olha quem temos aqui. Os valentes caçadores de demônios. Venham, venham, temos espaço para mais um."
A sala se encheu de risadas cruéis enquanto os outros demônios se viravam para encarar Lucas e Ana. O pânico tomou conta de Lucas, mas ele se forçou a ficar calmo. Eles não podiam recuar agora.
"Corra!" ele gritou, avançando em direção ao demônio mais próximo. A faca cortou o ar, atingindo o peito da criatura. O sangue jorrou, e o demônio caiu, mas a luta estava apenas começando.
Ana se juntou a ele, usando a barra de ferro para atacar outro demônio. O choque do metal contra a carne era ensurdecedor, e Lucas sentiu a adrenalina tomar conta dele. Os demônios avançavam em um frenesi, e Lucas e Ana estavam lutando por suas vidas. O caos se instalou enquanto eles tentavam se abrir caminho pela sala, cada golpe uma dança mortal.
E enquanto a luta se intensificava, Lucas percebeu algo que o fez hesitar. No meio do tumulto, ele viu Victor lutando contra um demônio que parecia mais forte do que os outros. O golpe de Victor foi certeiro, mas o demônio se levantou, como se nada tivesse acontecido.
"Victor, cuidado!" Lucas gritou, mas era tarde demais. O demônio se lançou em direção a Victor, suas garras afiadas cortando o ar.
"Não!" Ana gritou, mas Lucas estava paralisado, seu coração acelerando enquanto o confronto se desenrolava na sua frente.
Victor lutava bravamente, mas o demônio o dominou, as garras cravadas em seu peito. O sangue jorrou, e a cena se transformou em um pesadelo. Lucas sentiu a raiva e a dor crescerem dentro dele.
"Você vai pagar por isso!" ele gritou, avançando em direção ao demônio. Mas antes que pudesse chegar, a criatura se virou, um sorriso grotesco no rosto.
"Você não pode salvar o que já está perdido," o demônio zombou, e Lucas sentiu a verdade horrenda em suas palavras. A batalha estava se transformando em um massacre, e não havia como escapar da realidade brutal.
Ana estava ao lado dele, os olhos cheios de determinação. "Vamos acabar com isso, Lucas. Juntos."
Lucas assentiu, sentindo o calor da determinação dela. Eles se uniram, atacando o demônio com uma fúria renovada. A luta se tornava mais intensa, e Lucas usou cada gota de força para enfrentar a escuridão.
E quando finalmente conseguiram derrubar o demônio, um silêncio opressivo tomou conta da sala. O corpo da criatura caí ao chão, mas Lucas sabia que não era o fim. Ele olhou para Victor, que estava caído, o sangue se espalhando ao seu redor.
"Ana, precisamos ajudá-lo!" Lucas gritou, correndo até Victor.
Mas a expressão em seu rosto dizia tudo. A vida dele estava se esvaindo. Lucas sentiu a dor e a perda se acumularem dentro dele, um peso insuportável que ameaçava esmagá-lo.
"Foi uma boa luta," Victor murmurou, um sorriso fraco em seus lábios. "Mas você precisa continuar. Não deixe que eles ganhem."
As palavras se tornaram um eco em sua mente, e a realidade do que estavam enfrentando se instalou. Eles estavam lutando contra uma força que não entendiam completamente, e a cada passo, a escuridão parecia se aproximar.
Enquanto Lucas segurava a mão de Victor, Ana começou a chorar, um som angustiante que cortava o ar. Lucas queria gritar, mas as palavras estavam presas em sua garganta. Ele sentia a dor da perda, e o peso da responsabilidade aumentava.
"Não... não, por favor," Ana sussurrou, seu coração quebrado. Mas não havia nada que pudessem fazer. Victor havia dado o seu último suspiro, e a escuridão estava se aproximando, como um manto pesado.
Lucas levantou a cabeça, a raiva se transformando em determinação. "Se eles querem guerra, então terão guerra. Não vamos deixar que a morte de Victor seja em vão."
Ele olhou para Ana, seus olhos se encontrando em um momento de entendimento profundo. Eles precisavam lutar, não apenas pela vida, mas pela memória de Victor. Eles tinham que enfrentar a escuridão que se aproximava, mesmo que isso significasse se perderem no processo.
E enquanto a cidade de Eldridge se tornava um campo de batalha, Lucas e Ana se prepararam para a luta que estava por vir. O sangue ainda escorria, mas a determinação em seus corações era mais forte do que nunca. Afinal, a verdadeira batalha estava apenas começando.
E, no fundo, Lucas sabia que ele não apenas lutaria contra demônios externos, mas também contra os próprios demônios internos que ameaçavam consumi-lo. A linha entre a luz e a escuridão estava se tornando cada vez mais tênue, e a cada passo, ele se perguntava: até onde eles iriam para salvar o que restava de suas almas?
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