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8 | sinto falta de estar vivo

       

      Andando pelos corredores da casa, Jack notou algo importante. Ele e Emily se conheciam há um ano e mesmo assim, não havia muita coisa que soubessem um do outro. Para ele, se Emily quisesse que as pessoas soubessem mais sobre ela, ela mesma se daria o trabalho de falar mais sobre a vida que teve. Entretanto, Jack não pôde deixar de achar estranho estar perto de alguém que ele mal conhecia. Observava atentamente a noiva andar a sua frente; ambos em silêncio. Apenas o eco de seus passos tocando a madeira antiga no chão podia ser ouvido. Jack ergueu o indicador.

— Emily, acho que gostaria de saber mais sobre você. A forma como você ajuda aqueles que estão em aparente desespero me intriga. Por quê? – Jack perguntou, vendo a noiva parar de andar. Ela permaneceu de costas por algum tempo.

— O que quer saber?

— Não sei... O que quiser me contar.

Ainda em silêncio, Emily chegou a conclusão de que se fosse ter alguém ao seu lado, deveria ser um pouco mais comunicativa. No Mundo dos Mortos, não havia muito o que pudesse ser feito para matar o tempo porque, tecnicamente, o tempo é eterno. No fundo, gostaríamos que tudo pudesse durar para sempre, mas sabemos que tudo terá fim um dia. Exceto a agonia daqueles que se foram antes do tempo.

— Tenho lembranças da minha infância. Eu morava em uma fazenda não muito distante da cidade e por muitas vezes, me vi correndo pelos campos cheios de lírios. Também me lembro de um lago que havia por lá... – enquanto falava, um sorriso cheio de nostalgia se formou no rosto de Emily — Eu costumava nadar todas as tardes nele. Minha mãe não gostava. Ela dizia que a água trazia doenças e nadar em um lago não era coisa que uma dama deveria fazer.

— Mães se preocupam muito com os filhos. – Jack comentou — Me pergunto se minha mãe teria se preocupado comigo quando eu era criança. Talvez também fosse de minha vontade saber se ela ficou triste com a minha partida.

— Tenho certeza que sim, Jack.

— E o que mais, Emily? Me conte mais.

— Quando eu era jovem, queria ser médica. Sabe, cuidar das pessoas. Mas minha mãe dizia que eu deveria ser uma boa dona de casa e uma boa esposa. E por algum tempo, eu odiei essa ideia. Sempre odiei como os homens podem fazer qualquer coisa, falar o que têm vontade. Mas as mulheres precisam ser recatadas e esconder suas opiniões.

— Espero que isso mude um dia. – Jack desejou.

— Infelizmente você não se lembra de você mesmo, senão poderia me contar mais sobre sua vida. – disse Emily, não escondendo seu visível interesse em relação à antiga vida de Jack.

— Talvez tenha sido alguém importante em vida. Pelas minhas roupas, diria que tive muito dinheiro e que frequentei eventos da alta sociedade.

— Uma gravata com formato de morcego me parece um pouco excêntrico para a alta sociedade. – Emily retrucou, deixando com que um riso zombeteiro escapasse. 

Jack não pôde negar ter achado o senso de humor da noiva deveras afiado. Ele cruzou os braços e virou o rosto, demonstrando ter ficado visivelmente chateado com o comentário. Entretanto, esse sentimento não durou muito pois logo em seguida, ele escutou os passos de Emily ecoando pelo cômodo novamente. Jack a seguiu depressa; queria ver para onde ela iria desta vez.

— Não foi nesse quarto que encontramos aquilo tudo. – Jack se pronunciou (não que Emily tenha dado ouvidos).

— Eu sei, mas acredito que deveríamos entrar.

Ficava no final do corredor e sua passagem estava sendo barrada por pedaços de madeira e restos entulho. Nas paredes daquele corredor haviam quadros antigos e rasgados. Alguns até mesmo desgastados por causa do tempo. Certamente quando chovia, a água deveria escorrer pelas paredes constantemente. Em um dos quadros estava a mesma menina de antes. Embora a pintura fosse diferente, já que o cabelo da menina era maior, sua expressão de medo permanecia a mesma. Curioso, Jack chegou perto, tocando a imagem.

Foi como se a garota tivesse saltado para fora do quadro, pulando na frente dos olhos de Jack enquanto deixava um rastro de poeira cintilante para trás. Ela parecia feliz, pelo menos ali. Quando Jack tentou tocá-la, a imagem da menina se desfez em centenas de minúsculas estrelas brilhantes.

— Você viu, Emily? – perguntou Jack, surpreso.

— Vi... – Emily respondeu, tocando o quadro onde estava uma mulher de roupas escuras.

A mulher saiu do quadro como em miniatura, caminhando por um jardim. A menina, que brincava na grama e em poças de lama, teve seu cabelo puxado, sendo arrastada para dentro da casa. No entanto, conseguiu se soltar puxando sua cabeça para o lado oposto, fazendo com que vários fios de seu cabelo caíssem no chão. E aqueles mesmos fios caíram nas mãos de Emily.

Desta vez, Jack tocou a imagem de um homem que ele supôs ser o pai da garota. Embora o quadro estivesse gasto, ainda era possível ver a expressão melancólica em seu rosto. Ele bebia sozinho na varanda enquanto se debulhava em lágrimas. Suas lágrimas se transformaram em chuva e depois, em nuvens carregadas, cheias de raios e trovões, repletos de tristeza.

— Tem tanta dor nesse lugar... – Jack sussurrou tocando o quadro da menina novamente — Me pergunto qual deveria ser o seu nome.

— Jack, ajude-me a tirar essas coisas da frente da porta.

— Esse lugar é uma péssima moradia. – disse a Larva. 

— Você ainda está aí? – Jack exclamou.

— Eu moro dentro dela!

— Não discutam vocês dois. – intrometeu-se a Viúva Negra.

E quando conseguiram tirar tudo o que impedia a passagem, notaram algumas flores no chão. Pétalas amarelas, como se quisessem trazer cor para a casa. E então, a porta foi aberta, revelando um quarto infantil. Por incrível que possa parecer, ele estava em ótimo estado. Tudo estava perfeitamente no seu devido lugar, embora o quarto ainda estivesse repleto de poeira. Curiosa, Emily caminhou pelo quarto, observando cada detalhe atentamente, como se quisesse guarda-los em sua mente para sempre. Souberam que era um quarto infantil devido ao tamanho dos móveis e não pela decoração que supostamente deveria existir.

Uma voz distante e quase inaudível chamou a atenção de Emily que passou a prestar a atenção. Com os olhos cerrados e uma expressão de desconfiança, Emily se virou em direção a porta, esperando que alguém passasse por ela.

— Tem alguém aqui. E se for um vivo?! – ela supôs, virando-se de frente para Jack novamente.

— Acabamos de falar com um menino vivo. – Jack retrucou, achando graça — De certo pensou que estivéssemos fantasiados. Mal sabe ele que não são fantasias e sim nossos corpos. Se ele soubesse que estamos mortos e que somos feitos de ossos, cairia duro no chão. Você ainda tem um pouco de pele, eu não.

Naquele instante, ouviram algo cair no chão e quando olharam para trás, lá estava Victor de boca aberta. Ah, sim, não foi apenas o menino que se assustou.

— Vocês estão mortos?! Meu Deus! Meu Deus, vocês estão mortos! Isso não pode ser verdade!

Com a sua mão – que era maior que o rosto de Victor –, Jack tapou sua boca. Por baixo de seus dedos, a expressão de medo e os olhos arregalados pareceram divertir o esqueleto.

— Existe vida após a morte, surpresa! – exclamou Jack em tom de zombaria.

— Socorro!

— Ora, vamos, não faça escândalos. Nos conte mais sobre a casa, sabemos que sabe muito sobre ela – Jack não escondeu sua irritação.

— Victor! Victor, sei que está aí dentro! – uma mulher chamava pelo menino — Victor, saia daí agora! 

— Deve ser a mãe dele... Ele vai contar tudo, se formos embora agora, só voltaremos no próximo ano. – disse Emily, andando de um lado para o outro.

Jack chegou mais perto.

— Ouça, menino. Prometa que não vai contar para ninguém sobre o que acabou de descobrir. Os vivos não podem saber o que existe depois da morte. Precisam descobrir sozinhos, entendeu? – Jack o alertou chacoalhando seu corpo — Agora vá, não olhe para trás ou vai perder seus olhos.

E sem dizer nada, Victor saiu correndo para fora da casa aos prantos e sem olhar para trás, assim como o ser esquelético tinha ordenado. Enquanto corria, sentia como se seu coração fosse sair pela boca e ao mesmo tempo, sentiu estar  sendo perseguido pela escuridão do interminável corredor. E quando chegou à porta, esbarrou em um corpo e foi ao chão. Seu grito assustou a outra pessoa, fazendo com que ela também gritasse. 

— Victor! – exclamou a mulher, o levantando do chão pelo braço — Quantas vezes já falei para não entrar ou chegar perto dessa casa?! Por que está tão teimoso ultimamente?! Vamos embora.

E pela primeira vez depois que saiu da casa, Víctor olhou para trás. Se fosse dia, teria visto Jack na janela quebrada os observando se afastar cada vez mais do jardim. Apenas pelo fato da mulher ter ido embora de imediato, Jack soube que seu segredo e o de Emily estavam seguros.

— Não pode nos colocar em risco assim, Jack. – a noiva o repreendeu — Não devia ter falado com um vivo.

— Ele não vai dizer nada. Afinal, o que acha que podem fazer? Já estamos mortos. 

De braços cruzados, Emily encarou o esqueleto que insistia em manter o sorriso no rosto.

— Há algo que podem fazer.

— E o que é?

— Queimar os nossos ossos; o que sobrou deles. Seremos apenas poeira.

Jack tirou a expressão alegre do rosto imediatamente, passando a encarar o chão.  

— Acho... que sinto falta de estar vivo.

×

Assim que chegou em casa, Victor foi repreendido por sua mãe. O pobre menino estava em seu quarto, sentado em sua cama enquanto ouvia uma bronca atrás da outra. No entanto, posso afirmar que ele não parecia estar dando importância ao que sua mãe dizia, fingindo apenas concordar com a cabeça sobre tudo o que ela dizia. Ele olhava fixamente para o teto, enxergando a sombra dos móveis que se projetavam devido a luz da lamparina ao lado de sua cama.

— Se chegar perto daquela casa de novo, ficará de castigo. – sua mãe dizia. Mantinha as mãos na cintura, impaciente.

— O que há de tão ruim lá?

— Eu não sei tudo sobre a casa, mas sei que coisas ruins aconteceram lá dentro. Seu pai ficaria decepcionado se soubesse o quanto você tem estado rebelde nos últimos dias.

— Meu pai está morto, mãe. Já faz mais de um ano. – Victor retrucou.

Sua mãe suspirou, entristecida.

— Sei que está sendo difícil sem seu pai. Mas precisa aceitar... assim como eu aceitei.

E assim, Victor foi deixado sozinho no quarto.

Vamos falar um pouco sobre seu pai. Ele morreu dias antes de uma festa de Halloween, vítima de tuberculose. Infelizmente, nem Victor nem sua mãe puderam ficar perto dele, embora quisessem. Na verdade, o pai do garoto era quem não queria que sua família ficasse perto porque sabia que poderiam morrer. E como devem imaginar, ele não se perdoaria se algo acontecesse às pessoas que ele mais amava. Victor ainda se lembrava dos médicos deixando sua casa. “Máscaras de Corvo”, é como Victor os chamava. Victor também se lembrou de tê-los odiado por não terem sido capazes de salvar seu pai. Pobre Victor, se soubesse que não foi culpa deles...

— Faz muito tempo que ele se foi... – o menino sussurrou, encarando o retrato de seu pai na cabeceira ao lado esquerdo de sua cama.

Levantando-se da cama, Victor foi até a janela. Distante dali, era possível ver a casa que causava arrepios em todos os moradores da cidade. A silhueta da casa era iluminada pela lua minguante. Prestando mais atenção, uma luz azul quase imperceptível piscava em uma das janelas da casa. Forçou as vistas para tentar ver melhor, mas concluiu que seria impossível.

“Victor, apague as luzes!”, sua mãe gritou do andar debaixo.

Mas depois de saber que os mortos andavam entre os vivos, Victor não queria que as luzes se apagassem. E mesmo com medo, ele apagou. E por horas, Victor lutou contra as sombras de seu quarto.

Que medo!

Eu não entraria nessa casa de jeito nenhum! E vocês?

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