Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

▫️▪️DEZESSETE▪️▫️

E o medo lhe fazia adverso. Enquanto para todos era um sentimento que aprisionava, para ela era o combustível para seguir adiante. Enquanto muitos pés se viam a retrair, os dela aprendiam a voar…
 

As máquinas prosseguem em me arrastar pela avenida. Não sei por quanto tempo permaneço na tentativa de me soltar das mãos de ferro e ferrugem, no entanto, não consigo nada além de puxões e marcas arroxeadas sobre os punhos. O ódio cresce em mim como a noite se estende acima de nós, tão escuro e amedrontador que poderia sentir a sua escuridão me invadir.

As máquinas são rápidas, ainda que travem em alguns percursos, como se seguissem instruções dos caminhos que deveriam seguir, mas levasse tempo até processar as informações de controle. A cidade se encontra vazia, sombria e lodosa. O cinza misturado com o feiume das habitações, das placas descascadas e das flores murchas em canteiros esquecidos. A consciência pesa, em um doloroso sofrimento, por jamais ter percebido o quão estranho era esse lugar, o qual sofrido era a vida das pessoas que tentavam subsistir ao seu modo.
 
A ventania alimenta as suas rajadas e um cartão voeja sobre a minha visão periférica e vejo a face de Analu, de todas as outras crianças estampadas como se nada fosse. Crianças desaparecidas, dizia ele em letras garrafais, mas não detinha nenhuma outra informação sobre quem se encontrava atrás delas. O peso do metal sobre os meus pulsos torna-se mais intenso e avisto, tão longe quanto qualquer outra fortaleza, a muralha de pedra altiva e fortificada, sem aparência de portas ou qualquer entrada. Contudo, agora, eu sei que existe uma abertura lá, da mesma maneira que existia em todas as cidades anteriores.
 
O sinal da torre clareia o céu em um tom escarlate e constato que o locutor já seguiu para o seu refúgio, no qual esconde a sua verdadeira identidade: o possessor de uma cidade sem esmero.
 
Ainda arrastada por um caminho tortuoso e pedregulhento, sou levada para uma propriedade abandonada ao lado da torre da rádio, foco a visão ao encarar tudo a minha volta; a fortificação dos muros, o jardim sem cuidado ao lado esquerdo, as câmeras de vigilância que acompanhavam o movimento das máquinas. O vento sibila à nossa volta, sinto as mãos gélidas e os braços dormentes, desejo o instante em que possa enfim abaixá-los.

Gravo todas as portas e janelas, desejando que em algum momento exista a possibilidade de fuga, por mais que não seja fácil. A porta de entrada range ao abrir e sou levada para a parte subterrânea que fica entre corredores que cruzam três vezes para a direita e cinco para a esquerda, abrindo o que parece ser um alçapão. Sou jogada sem qualquer cuidado e não esperava que fizessem diferente.

Sinto o machucado em meus cotovelos, por ter me amparado neles ao quase cair de costas e vejo o chão friorento me cumprimentar. Me aprisionam em uma cela única, com grades largas e um cadeado incapaz de ser quebrado com um impacto insignificante. Sento-me cansada, as pernas formigando por andar tanto tempo, os braços pesarosos por conta de ser erguida em uma altura considerável. Eles não se atentaram em levar a minha mochila, então aqueço os braços ao abraçar a pelúcia que se faz minha única companhia.

O silêncio ganha a disputa, não ouço o rangir de pés mecânicos ou a voz de qualquer pessoa e me ponho a considerar quais as possibilidades que possuo. As horas correm e os olhos pesam sobre as pálpebras que aparentam carregar toneladas e, no fim, quando não me resta qualquer outra alternativa, após dias de tamanha fadiga, a exaustão me suga por completo e me levo gradativamente a dormir…

Sofia, o grande passo para a liberdade é o recomeço… — alerta uma mulher em meus sonhos, tendo ela a sua face escondida por um clarão. Fecho os olhos com incômodo, mas sou impedida de prosseguir a sonhar ao ouvir passos externos.
 
Desperto com uma voz acima do piso em que me encontro, é baixo, no entanto, audível. Ergo-me depressa e começo a gritar, esperando que alguém venha me salvar. Porém, a frase que soa em seguida me faz ficar em silêncio e alerta, expectando a resposta que virá em seguida. O dia já desperta fora da prisão e, pela primeira vez, posso dizer que vejo o sol nascer quadrado.
 
— Não era para eu estar aqui! Avisei que não deveria ser contatado enquanto resolvo tudo! — vocifera a voz masculina, até então desconhecida, e procuro melhorar a minha localização, seguindo a direção em que a voz soa mais alta.
 
— O que faço com ela? — indaga o locutor um tanto irritado, posso saber disso por conta da elevação final da sua voz que soa autoritária, embora ele seja subalterno.
 
— A impeça de sair até amanhã a meia-noite. Quando os portões se fecharem de uma vez por todas, a magia selará os portais das cidades e ninguém entrará ou sairá. — A voz detêm uma conotação abafada, como se houvesse algo me impedido de ouvi-la com clareza. Deixo um suspiro fugir e procuro ouvir um pouco mais, me apoiando nas grades tão frígidas que me fazem arrepiar os cabelos.
 
— Não há como ela fugir daqui, senhor, posso garantir.
 
— Espero que sim ou teremos problemas maiores para solucionar.
 
O homem parte e a sensação de perigo me encara à espreita. Não posso permitir que levem as crianças para sempre, não sou capaz de ficar de braços cruzados na espera da passagem dos dezessete anos. Caminho de um lado para o outro, o sol adentra por um basculante que mal dá dois palmos de comprimento e me questiono como, visto que me vejo em uma espécie de sótão…
 
— Ei, me tirem daqui! Alguém me ajuda! — Grito por socorro, esperando que alguém me ouça pelas brechas, mas me recordo que não há ninguém que viva próximo dessas imediações. Bufo irritada.
 
— Poupe a sua voz, querida, e guarde as suas energias para refazer a sua vida quando tudo isso acabar — aconselha com um toque deboche e escárnio.

A presunção dominando o seu semblante, os olhos negros de uma víbora devorando os meus, como se eu fosse a sua presa. Contudo, não ficarei quieta e não esperarei que ele seja detentor do golpe final.
 
— Não pense que será vitorioso! Não deveria considerar diferente, já que darei um jeito de sair daqui e libertarei as crianças junto com a Analu. — ameaço, tendo a força de mães desesperadas invadindo o meu ser. Lembrando de cada face estampada no papel velho e esquecido, levado pelo vento para um lugar no qual ninguém faria nada à respeito.
 
— Como deve ter ouvido, não há como sair desse mausoléu e, se dependesse de mim, você ficaria aqui para sempre — cospe, mas não me abalo, simplesmente por não ser a primeira vez a ouvir as suas palavras de ofensa, o seu desamor para com o meu protesto.
 
Me silencio, poupando as minhas forças e seguindo o seu conselho.
 
— Temos que aceitar, Sofia — diz segurando as grades, o sorriso surgindo em um átimo. — Somos todos crianças perdidas, sem oportunidade de nos encontramos com nós mesmos e o nosso futuro. Estamos presos aqui, até que a nossa criança nos resgate… — conclui.
 
Os seres mecânicos põem uma sacola com comida e água entre a grade e, apesar do desejo em recusar a comida, quando me deixam novamente sozinha, busco-a e abocanho as frutas convidativas que há nela. O sabor da realidade sendo tão divergentes daquele que me habituei nos últimos cinco dias. Preciso me manter bem, forte e com a consciência pensativa, embora a minha vontade seja de abraçar o meu corpo e chorar horas a fio.
 

Já é o sexto dia, último para tentar salvar as crianças, esse que corre morosamente e ninguém mais vem ao meu encontro. Fico sozinha todo o tempo, tentando pensar em uma saída, mas nenhuma solução parece ter êxito. Tento pôr a mão por dentro do basculante, mas o vazio do lado externo me faz questionar em que ponto da casa estou, visto que, por mais que tenha entrado na parte inferior do recinto, ainda assim, o sol consegue atravessar como se estivesse em uma ala superior a essa. Não me resta muito a não ser clamar por ajuda e o faço, desejando que qualquer um, no céu ou na terra, consiga me ouvir.
 
Dejovan não vem me visitar o restante do dia, mas envia as suas máquinas para que me traga mais frutas e água. Pelo menos ele garante que eu não enfraqueça, me encorajamento a sua maneira para que eu tenha forças para lutar quando finalmente sair; pois, eu sei que surgirá uma luz no fim do túnel, somente não sei como…
 
A noite ganha o céu outra vez e após tentar destruir os portões com o corpo e ver o vazio nos corredores, não encontro nenhuma outra alternativa para a minha fuga. Exausta, sento-me no chão outra vez, assistindo pelo pequeno vão o céu ganhar tons de frio e tristeza. Fecho os olhos, esperando cair em um sono profundo e os abro, após ouvir o farfalhar das folhas que me lembram a alguém. Então, o inesperado acontece, visto ver uma rosa-vermelha alçar até adentrar pela brecha, tão rubra e vibrante que um sorriso desponta em meus lábios. É um sinal dela.
 
O meu pensamento encontra Rosella, a sua magia sendo capaz de influenciar a cidade por mais que não existisse essa possibilidade. Uma luz surge no fim do túnel, assim como eu esperava ansiosamente, e posso ver o seu sorriso ao lembrar do que me disse — sobre a pena que carrego — antes de sair da sua cidade. Ela é a magia que o meu corpo não tem…

Com pressa, busco na mochila a pena esverdeada e os grânulos grudam em meus dedos, no entanto, em uma cintilância diferente das outras vezes. Aparenta as estrelas do céu em meus dedos, rutilantes, prontas para conceder desejos.
 
Ergo-me sentindo as dores por conta das minhas tentativas imprudentes e agradeço, em pensamento, à Rosella por não ter desistido de mim, apesar de ofendê-la mentalmente ao sugerir que as rosas eram traiçoeiras; mesmo quando Solon me garantiu sobre a sua bondade. Encaro as grades sem saber o que fazer e similar aos filmes que assistia com a Analu, faço de conta que a pena é a minha varinha mágica.
 
— Abra o cadeado! — ordeno apontando a pena para o objeto metálico e de tom enegrecido, avistando os vincos que o circulam formando redemoinhos.
 
Espero que o comando seja atendido, mas me sinto frustrada ao não ver qualquer ação acontecer.
 
— Abra o portão! — tento de novo e mais outra vez, após outra. Contudo, permaneço presa como a antes.
 
Já estou para desistir e ouço o riso de Rosella em minha consciência.
 
“Deseje com a mente, minha florzinha.” diz e me questiono como ela conseguiu invadir os meus pensamentos.

“Lembra que fiz de você a minha rosa? Estamos sempre todas conectadas” — explica e avisto a tatuagem em meu pulso incandescente.
 
Aprumo a postura e sigo novamente para mais uma tentativa. Encaro a pena e fecho os olhos, desejando do fundo do meu amago que o portão seja aberto e não me surpreendo ao vê-lo destravar, em um rangido sofrido, para mim.
 
— Obrigada! — Agradeço em voz alta e mentalmente, incapaz de ser mal agradecida, visto ter recebido tamanha ajuda.
 
Livre, percorro célere através dos corredores que há no piso subterrâneo e percebo que o lugar aparenta uma masmorra ou calabouço antigo. Compreendo que se eu tentar ir para o térreo da residência serei presa novamente, então percorro o caminho à frente até chegar a uma porta repleta de fechos.
 
“Abra a porta” solicito em comando e ouço as brochuras se desfazendo em pó.
 
A porta cai fazendo um estrondo que me trará problemas, à terra abaixo dos meus pés treme com o peso portentoso da madeira e corro para fora da residência, dando de cara com o jardim e, atrás das rosas, vejo um muro alto. Praguejo mentalmente ao ouvir o ranger dos seres mecânicos e tento focar no desejo de destruir o murro, mas meu nervosismo fala mais alto e nada acontece. Decido pular, aguardando que a minha queda seja amortecida pela mochila em minhas costas e me jogo sem medir a altura.
 
A queda não é como esperava e a dor lacerante me invade, assim como a dormência no ombro direto. Sigo me arrastando em direção a um veículo e busco uma pedra no meio fio para quebrar a janela. Ponho o braço pelo estrago de modo a abrir a porta e tento não me cortar com os cacos que ainda vejo pontiagudos, presos nas vedações. Sento-me após tirar boa parte dos vidros e agradeço por Rosella ter me feito usar um vestido com tantas camadas de tecido. As máquinas prosseguem em meu encalço, agora com armas apontadas, todas, em minha direção, prontas para atirar caso eu decida seguir adiante. Tento ligar o carro com magia, mas não funciona. Parece que o treco só atende os meus desejos quando quer!
 
Puxo os fios para fazer a ligação e raspo a proteção dos cabos com um dos vidros da janela. Balanço o pé com nervosismo, pisando o pé no acelerador e rogando ao universo só um pouquinho de ajuda.
 
— Vai, carrinho, me ajuda a te roubar! — rogo ao ver que os seres estão mais próximos. Volto às vistas para as minhas mãos e ao reparar em meus dedos os vejo sem qualquer resquício do brilho esverdeado que deveria existir.
 
Praguejo em minha consciência, me lembrando que deveria usar o que solta dela, da pena, e não somente a própria para fazer magia. Respiro fundo, indignada comigo mesma e minha falta de inteligência e encaro da pena para as máquinas, formulando um plano para sair dessa. Um sorriso de triunfo ganha os meus lábios, principalmente ao constatar o que deveria estar óbvio para mim. A pena era apenas cinzas em meu quarto, Dejovan penedo usa máquinas, nenhum ser mágico como os demais possessores, e agora sei que apenas eu possuo magia nesse lugar.
 
Cubro os meus dedos com muita purpurina e desejo que um escudo mágico se forme ao meu redor. Ouço o roncar do motor do automóvel e não sinto remorso ao acelerar e passar por cima das máquinas, amassando um pouco da lataria. Não tenho culpa, se foram elas a entrarem em meu caminho primeiro!
 
A adrenalina corre em minhas veias feito sangue; queima, arde e liberta. Ouço o rugir do possessor pelo alto falante e o céu seguir em sua imensidão noturna.
 
Prossigo acelerando, vendo que ainda tenho horas de viagem até chegar à muralha que aparenta tão próxima, embora eu saiba que a distância é considerável e o revelar da noite é apenas o prenúncio do que está por vir. A cidade em tons de cinza ganha vida em minha nova visão, a esperança dando nuances de um verde encantador ao passo que sigo adiante.
 
Ligo o rádio e ouço as músicas da programação. E deixo surgir um sorriso de canto, vendo o quão irônico é o momento. Constato o quão tolo é Dejovan penedo, o homem que acreditou ser capaz de deter alguém que já percorreu Elérgia e uniu forças até chegar aqui. Alguém que não abaixou a cabeça mesmo sabendo ser fraca, mesmo tendo a ciência de que sozinha não iria chegar a lugar nenhum. E, apesar disso, sei que o pior erro dele não foi ter me subestimando em relação a minha força, pois até mesmo eu fiz isso ao longo da minha jornada, e sim acreditar que poderia tirar a minha criança de mim quando ela é tudo o que eu tenho de mais valioso.
 
Seguro bitty e o ponho ao meu lado, sendo ele o meu fiel companheiro e me recordo das palavras do meu inimigo: que estamos presos aqui até que a nossa criança nos resgate. Pois bem…
 
Analu, nos veremos em breve!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro