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044 | Prophecy

044 | Profecia
RAYNA

Apesar de tudo, eu deveria sentir a culpa.

Se eu tivesse me concentrado no que realmente era importante e tivesse queimado aqueles insetos parasitas, nada disso estaria acontecendo. Me preocupar com a vida de Octavia foi um erro que eu não cometeria mais.

Se conhecer nunca foi sinônimo de confiar.

Octavia podia estar pensando a mesma coisa sobre mim neste momento, eu espero que esteja, caso contrário ficaria decepcionada considerando que estou planejando a sua morte.

Recolher aqueles insetos para fazer experimentos e usá-los na guerra contra Diyoza iria ser seu último ato na liderança ou na vida.

Saber disso, talvez, fez com que Clarke me mandasse até aqui, onde Maddie tinha começado seu treinamento com outras crianças com Gaia de professora. Era uma sala diferente de onde Octavia estava treinando antes, com um guarda fora do portal e outro dentro, rodando.

Um simples olhar para os jovens me diziam que não costumavam ter visita olhando suas aulas, o que significa que eles estão aqui por minha causa.

Seguro um sorriso que ameaça sair em minha boca. Octavia me via como um problema.

Bom.

Há apenas uma saída naquele lugar, se houvesse um ataque, eu teria que atacar primeiro o guarda que está aqui dentro. Então agarraria Maddie e precisava estar preparada para o túnel de terror lá fora.

Talvez usar o guarda como escudo não seja uma má ideia.

Analisei os dois, procurando pelos defeitos, pelos pontos cegos que a mente deles não deixam que eles alterem. Mas cada pedaço de seus corpos é vestido de couro e arma. Talvez precisasse pegar algumas antes de fazer qualquer movimento.

Evitei mostrar ansiedade, mas já tinha passado do almoço, onde foi que descobri sobre os planos de Octavia com os vermes.

Clarke me puxou para uma mesa separada de onde Monty e Bellamy estavam, temendo pela minha reação. Mas eu apenas a ouvi durante toda a explicação de como estavam colocando aqueles bichos dentro dos corpos afim de  experimentos.

No momento seguinte, quis avançar para fora do refeitório e marchar até Octavia, apenas para a arrastar para a estufa e faze-la comer aqueles vermes.

Mas a Griffin apenas empurrou meu corpo para a parede, o baque resultou no silêncio do refeitório e uma careta de dor pela minhas costas que não estavam tão boas de dormir no chão.

— Tem que pensar no que vai fazer — ela sussurrou para mim, ignorando todos aqueles olhares que nos fitavam.

Empurrei ela de cima de mim e cravei meus olhos nos seus.

— Vou matar Octavia Blake. É isso que eu irei fazer.

Então ela engoliu em seco e escolheu sabiamente não retirar a minha razão ao pensar no plano que tinha comentado com os outros. Depois de calcular todos os pontos fracos com Monty e Bellamy, ela chegou a conclusão que eu deveria estar longe.

Bellamy não entendeu quando eu neguei de início.

Mas deixei que me convencesse a vir até aqui, vigiar Maddie até que tudo esteja pronto para um ataque.

— Saudades de sua época de treinamento? — Não me mexi quando Gaia se aproximou pra ficar ao meu lado, com os braços para trás enquanto olhava seus alunos em duplas treinando.

— Meu treino era com crianças — falei, lembrando da época em que eu me recusava a lutar com elas e apanhava feio por isto. Lexa me livrou do Conclave. — Titus não ficou muito orgulhoso.

E se estivesse vendo de algum além, aposto que estaria revirando sua carcaça junto aos outros Comandantes. Lexa teria pensado duas vezes antes de morrer tranquila ao deixar seu legado pra mim. Becca se envergonharia tanto de seu próprio sangue que acharia um jeito de voltar pro passado e nunca ter tido uma filha.

— O Guardião Titus era um homem rígido.

— Acho que eu teria gostado de tê-la como minha Guardiã — dei de ombros e passei a olhá-la de canto —, sabe, em um universo distorcido.

Sua Guardiã? — Gaia sorriu divertida. — Seria a Guardiã da Chama em você.

Meus olhos caíram para o chão e franzi um pouco o cenho.

— Receio que esteja certa. Eu só não consigo... não conseguia ver muita diferença.

— Entre você e a Chama?

Entreguei-lhe um aceno curto com a cabeça e Gaia virou o corpo para mim. Quando ergui a cabeça e conectei nossos olhos, as palavras simplesmente saíram:

— Quando estava com ela, fazia uma diferença no corpo, claro. Mas, ao mesmo tempo, eu não sentia... nada. Nenhum diferença.

Gaia me olhou. Não, não olhou para mim. Ela olhou através de mim. Como se sua visão estivesse desfocada agora e, apesar de seus olhos estarem sobre mim, sua atenção estava em uma parte bem específica da sua mente.

Quando voltou a falar, foi tão baixo que sua voz era tomada pelos movimentos bruscos de luta das crianças.

— Ja ouvira sobre a Profecia da Chama Viva? — Neguei com a cabeça, prestando atenção. — Foi na época que sua ancestral, Bekka Pramheda, desceu à terra, apresentando a ideia da Segunda IA e se tornando a primeira comandante. Ela foi jogada à fogueira pelo líder do Segundo Amanhecer, Bill Cadogan.

— Fogueira? — Interrompi, vivenciando lembranças de meus sonhos. Uma vez, ela me mostrou seu passado, onde um homem a esfaqueava. O próximo Comandante. Malachi kom Sangedakru.

Gaia franziu a testa e eu percebi que havia falado o nome dele em voz alta.

— Malachi kom Sangedakru era o líder do culto. — O quê? — Seu nome de nascença, Bill Cadogan.

— Mas os meus sonhos, eles... — Algo estralou em minha mente, algo que me fez parar e analisar e chegar à conclusão que não devia contra a história de Becca para Gaia. Ou para qualquer um. — Continue.

— A lenda diz que a primeira Comandante cantou todo o tempo em que foi jogada na fogueira. Até que o canto fosse transformado em gritos. Ela cantou uma história. Uma profecia.

"Haverá o tempo. Não saberá o nome e nem a idade ou a cor. Mas haverá um depois de mim, apenas um.
Tomará a Terra como sua, protegerá como uma.
Sangue do meu sangue, herdeira da minha linguagem, portadora da IA, que prevalecerá acima de qualquer reinado. Essa profecia é sobre ele."

— Sua voz não parou de soar pela clareira — continuou Gaia e eu engoli o meu horror. — Quando fogo mesclou a sua pele, sua voz ficou mais alta.

"A Chama Viva ressurgira e será como carne e ossos, inseparável. Apenas uma. E precisará desse Comandante para salvar a humanidade."

Gaia parou, como se estivesse com o estômago revirando ao contar aquela história.

— É uma profecia longa — indaguei, temendo que notassem minhas mãos tremendo.

— É a história da profecia. — Corrigiu. — A profecia é curta e clara: "Quando a Chama Viva ressurgir, então universos colidiram. Quando a Chama Viva aparecer, nascer, renascer, siga-a."

— E deixa eu adivinhar — comecei, cruzando os braços sobre o peito, virando para encarar as crianças lutando —, você e sua fé acreditam nisso.

— Sim, Rayna. — Gaia também se virou, seus olhos focando em Maddie. — Eu acredito nela.

Eu não soube dizer se estava falando da tal Chama Viva ou de Maddie. Esperava que Gaia não pensasse que as duas eram a mesma coisa, que Maddie teria qualquer peso no ombro que não fosse preocupações de crianças.

Eu não deixaria.

(...)

A apresentação de Maddie contava com Clarke e eu. Octavia precisava de nossa presença, então foi o que demos a ela.

Clarke deixou uma distância segura entre Octavia e eu ao decidir que veríamos na porta para a arena, enquanto Blodreina sentaria em seu trono logo acima, vendo cada criança, mas ansiando apenas por uma.

Eu sabia que Clarke tinha ordenado que Maddie não demonstrasse suas habilidades, concordava até.

Mas estava claro que isso não seria guiado por muito tempo. Não quando Octavia já sabia quem ela era. Que tipo de sangue carregava em suas veias. Passei o dia inteiro evitando guardas que não estavam ali há alguns dias, que foram recolocados ali.

Por minha causa.

Seria uma questão de tempo até que Maddie estivesse lutando, como escolhera fazer agora. Derrotando em poucos segundos seu adversário.

— Maddie. — Ao lado de Clarke, observei cada movimento de Octavia descendo para a arena, então entrando nela e se aproximando da garota como um lobo. — Estamos prestes a lutar na sua terra, pela sua terra. Eu gostaria de contar com alguém que conhece bem o terreno ao chegar lá. O que acha, Maddie kom Wonkru?

Octavia estendeu a mão e Maddie não deu nenhum olhar em nossa direção antes de aceitar o braço de sua nova líder.

Suspirei, ouvindo Clarke me chamar com um aviso.

— Marcharemos assim que o Olho estiver desativo.

Ele já estava, de fato.

Por isso a próxima ação teria que ser realizada com um cuidado calculado. Se contássemos, então Maddie estaria nessa guerra. Isso não era uma questão a ser discutida. Não seria discutido.

— Preciso levá-la para uma reunião estratégica — afirmou Octavia, colocando a mão no ombro de Maddie e virando para Clarke e eu. — Não se importam, não é?

Clarke foi mais forte do que eu ao negar com a cabeça e dizer:

— Não.

Octavia trouxe seus olhos escuros para mim, então ergui o rosto que percebi que estava abaixando para analisar seus pontos fracos e onde seria melhor dar apenas uma facada. Ela estreitou os olhos e eu me obriguei a sorrir.

— Divirta-se, querida.

Clarke deu as costas antes mesmo que eu terminasse e recuei para a sua direção, indo então até a sala de controle em que Monty estava trabalhando e onde todos já estavam.

— Onde está Maddie? — Perguntou Bellamy.

O plano era fácil, deveria ser rápido.

Pegar Maddie, o controle do Olho e sumir com o Ranger que Octavia implantaria os vermes. Mas Octavia estragou tudo querendo mais uma amiguinha na mesa para brincar.

— Com sua irmã — Respondi, deixando claro em meu tom que eu não tinha ficado feliz.

— Não temos tempo pra isso. Temos que partir agora. Quando Diyoza perceber o que Echo fez, será morta. Não temos escolha.

— Vocês devem ir — eu disse. — Ficarei para cuidar de Maddie.

— Não. Há uma escolha — Clarke rebateu, olhando para Bellamy antes de ir até a mesa e pegar um walkie-talkie.

Monty agarrou o pulso de Clarke em um reflexo e Harper questionou qual era o intuito. Eu fiquei quieta, esperando. Clarke só queria o bem de Maddie, então eu estava dentro, para qualquer plano louco de sua cabeça.

Que lancemos bomba nessa Cripta.

Se isso corresponde a tirar Maddie das garras de Octavia, minha consciência vai demorar pra pesar.

Monty liberou o aparelho para Clarke que o ligou e deu as costas para os outros, ficando bem a minha frente antes de apertar no botão e dizer:

— Sou Clarke Griffin. Tenho uma pergunta para a coronel Diyoza. — Abri um sorriso sem os dentes para ela que deu as costas para mim.

A voz da coronel não demorou para infiltrar nossos ouvidos.

Olá, Clarke. Muito tempo passou, que diabos você quer?

— O que seria necessário pra você dividir o Vale?

Dividi-lo? — Repetiu Diyoza, parecendo incrédula. — Bem, deixe-me ver. — Virei de costas, revirando os olhos. — Fora uma rendição incondicional, nada.

Monty sussurrou o que todos sabíamos, que Octavia não estaria de acordo, todos já sabíamos o que Clarke diria a seguir. Até Bellamy, que nos deu as costas e se apoiou a mesa.

— Por isso temos que nos livrar dela.

Clarke terminou o acordo com Diyoza, mas Bellamy não deu nenhum segundo antes de mostrar que estava contra tudo aquilo e que não queria ver sua irmã morta.

— Você foi impulsiva. Tínhamos um plano. Você concordou. Vocês duas. — Ele apontou para mim.

— Então sua irmã tomou Maddie como se fosse um cavalo de guerra. — Todos ficaram quietos e olharam para Clarke que abaixou os olhos.

— Aquele exército vai pra guerra assim que souber que desligaram o Olho. — Ela pareceu implorar por algo nas entrelinhas. — Não podemos deixar isso acontecer.

— Então não contamos a ninguém? — Harper soltou.

— Saberão quando sairmos — Rebateu Monty.

— Quem liga? Pegamos a Maddie e vamos. — Foi a vez de Bellamy e sua montanha de ideias estúpidas.

Apesar que ele foi rápido quando a porta se escancarou e Octavia adentrou com seus cães de guerra. Ela encarou a tela que dizia explicitamente até para um cego que havíamos controlado o Olho.

Movi meus braços com calma, deixando minhas mãos mais perto das armas.

— Estávamos indo chamar você. — Bellamy avançou, proibindo a visão da irmã de ver a mochila que ele estava arrumando para zarpar. — Falei que a Echo resolveria isso.

— O inimigo ainda nos vê?

— Por enquanto, sim — respondeu Monty. — Coisa técnica, mas...

— Ele tem que fazer um vídeo de loop para mascarar os movimentos da tropa — revelou Cooper, atrás de Octavia. Nossos olhos se cruzaram e eu sorri.

Uma promessa.

— Bote os vermes no rover.

Foi tudo o que eu ouvi de Octavia antes que ela saísse, anunciando sobre a guerra.

Uma guerra, minha mente completou, que Maddie não participaria. Clarke me encarou, parecendo estar tendo o mesmo pensamento. Então ela e eu nos reunimos e como uma só, começamos a ditar um plano.

Enquanto jogávamos cada detalhe pra fora, uma completando a outra, era como se tivéssemos tido uma conversa inteira antes. Mas quando Monty questionou, sem acreditar, quando a gente teve o tempo para elaborar tudo isso, Clarke apenas deu de ombros e eu deixei que ela explicasse que fora tudo de última hora.

Se não fôssemos... nós, daríamos uma ótima dupla, de fato.

Talvez, a frase certa seja: Se não fosse o passado.

A primeira parte do plano consistia em conversar com Indra, fazê-la entrar de cabeça nisso. Me retirei dessa ação em conjunto.

Não queria que ela pensasse errado. Eu não estava derrubando Octavia para tomar o lugar dela. Estava fazendo isso para que Maddie seja uma criança normal e não precise lutar em uma guerra ou que precise colocar a maldita Chama em sua nuca.

Ela não precisa perder tudo.

Ela não pode.

Mas fiz questão de estar no plano que envolvia matar Cooper. Ignorei Monty que começou a se rebelar contra a matança pela amiga. Eu não estava nem aí para seus ideais.

Eu costumava tê-los, até entender que eu perdia mais pessoas quando os seguia.

Não deixei que minha mente reinasse enquanto eu colocava a roupa de proteção em Cooper desacordada, junto com o capacete, então a arrastava para dentro da ala fechada onde os vermes estavam. Cortei um pedaço de sua luva com minha adaga curta.

O controle para não enfiar uma faca em sua garganta ali mesmo fora redobrado quando eu senti a presença dos vermes.

Depois de colocá-la e tranca-la, saímos do casulo e junto com Clarke e Bellamy, esperamos que ela acordasse. Para que confirmássemos que tudo daria certo.

Bellamy e Clarke desviaram os olhos quando ela começou a se contorcer contra os vermes que adentraram seu corpo pelo pequeno corte em seu traje, mas eu não conseguia desviar os olhos.

Ela ergueu a camisa e os vermes dançavam uma linda melodia dentro dela. Meus olhos acompanharam cada movimento até que a barriga dela se abrisse e seu coração tivesse parado.

Clarke deu as costas para a cena, Bellamy acompanhou a amiga.

Só consegui me libertar daquele transe quando Cooper caiu, com os olhos abertos, morta. Clarke me chamou e eu andei até eles, sentindo uma calma mortal me ultrapassar enquanto eu saia da cena do crime.

Se tudo desse certo, então Indra chegaria, apertaria o botão que mataria todos os vermes e o assassinato de Cooper seria considerado um incidente.

Dentro da barraca onde Clarke, Maddie e eu dormíamos, Bellamy não conseguia parar de andar de um lado para o outro.

A calma que me farejou e me pegou continuou ali, fazendo-me ficar sentada com os braços entre as pernas, ignorando a conversa tranquila que se desenrolava entre Clarke e Bellamy, onde os dois tinham suas consciências pesadas.

Meus ouvidos se abriram quando a tenda foi invadida por Octavia e seus guardas. Eu me coloquei de pé, já com duas lâminas nas mãos. Nate avançou e agarrou os pulsos de Clarke, prendendo-a, acusando-a pelo assassinato de Kara Cooper.

— O quê? — Gritei.

— Isso é loucura — afirmou Bellamy.

— É mesmo? — Questionou Octavia. — Não levaríamos os vermes. Os ovos já foram carregados no jipe. Então o que a Cooper fazia lá?

Do lado de Bellamy, avancei para obter a culpa. Mas ele agarrou meu pulso com firmeza, mal se importando se a minha lâmina agora machucava seu braço.

— Cuidado — soou Octavia, para Bellamy e eu —, ou acharei que vocês a ajudaram, e teríamos prisioneiros o bastante para resolver isto na arena. — O toque de Bellamy pareceu uma recarga extra para que eu me segurasse. — Acho que vai ser na base da execução.

— Protejá a Maddie, Rayna! — Gritou Clarke, deixando ser levada. — Proteja a Maddie!

Ela saiu sendo puxada pela cortina e eu recuei do toque de Bellamy, jogando as adagas em cima de uma das camas e subindo os pulsos para cobrir meus olhos.

Minha garganta queimou e eu queria gritar.

Minhas mãos latejaram. Não, eu não queria gritar. Eu queria lutar. Queria ter as veias de Octavia sob a minha lâmina.

— Rayna. — Bellamy me chamou. — Rayna.

— O que é?!

— Não pode se descontrolar agora. — Ele rugiu, avançando para ficar em minha frente. — Maddie precisa de você.

— Não. — Ele juntou as sobrancelhas. — Octavia que precisa de você. Dê um jeito nela, Bellamy. — Ele torceu a cara, recuando. — Estou lhe dando a opção de fazer. Não serei tão misericordiosa se deixar em minhas mãos a responsabilidade.

— Não pode estar pensando mesmo em matá-la. Você a amava! — Bufei, lhe dando as costas. — Eu sei que a amava. Eu via como a olhava. Como a olhou quando deixou que ela participasse daquele Conclave há seis anos atrás.

— Eu amo Octavia Blake. Não a Rainha vermelha — balancei a cabeça.

Bellamy ficou em silêncio. Mas não por muito tempo para que eu pensasse em algo.

— Não pode amar uma e querer matar a outra. Não quando as duas são as mesmas pessoas.

Então ele me deixou ali, presa na tenda, sem direção a tomar. Mais tarde, enquanto eu estava verificando minhas armas para uma possível briga, descobri que Octavia tinha ficado doente e que estava desacordada, possivelmente, envenenada.

Maddie foi o meu primeiro pensamento.

Então corri até a Cripta, onde parecia estar acontecendo uma revolta na arena, sobre quem comandaria quem.

Uma parte do meu peito quis sorrir para isso, zombar de Octavia por ter pensado que os Wonkru seriam capazes mesmo de ser apenas um, quando tudo o que os mantinham alinhados era ela e sua linha com agulha. Sem ela aqui, eles são só 13° clãs novamente, sem nenhuma Comandante.

Cheguei por trás de onde Bellamy e Indra estavam, sussurrando. Eles não me viram, então quando eu ouvi Indra falando:

— Precisamos de uma Comandante de verdade — e olhando para Maddie na multidão, eu corri.

Empurrei os corpos que optavam por estar em minha frente enquanto eu corria até a tenda em que estávamos ficando. Agarrando a bolsa do lado da cama, colocando as coisas mais funcionais para uma viagem rápida.

Pegaria Clarke, então Maddie — nessa ordem — e fugiríamos com o maldito Rover com aqueles ovos de vermes.

As armas estavam onde eu tinha deixado-as espalhada no colchão e eu procurei encaixar todos os estojos em meu corpo, cobrindo a maior parte dele com as armas. Minha arma 9mm no estojo da coxa, as adagas encaixadas no cinto com uma espada e as outras duas espadas formando um X em minhas costas.

Escondi mais duas adagas em meus contornos, então encaixei as únicas bombas penalty no cinto, deixando-as firmes o suficiente para que não caíssem, a não ser que eu quisesse.

Prendo meu cabelo para trás em um rabo de cavalo não tão firme ao pegar a mochila e colocar o capuz da blusa. O céu troveja quando eu saio de fora da tenda.

A noite adentra a clareira, com uma grande chuva.

Sem que ninguém me visse, adentrei a Cripta novamente, aproveitando as sombras para me esconder, o vento para que me rastejasse onde Clarke estava ficando. Graças a atual baderna, foi fácil desacordar o único guarda que estava protegendo aquela porta.

Quando entro, Clarke está segurando as correntes grudadas no chão, chorando.

Ela ergue o queixo, parecendo trêmula.

— A Maddie — ela diz imediatamente. Avancei para retira-lá daquelas correntes. — Bellamy está com ela. Vai obriga-lá a aceitar a Chama.

Encarei os olhos de Clarke, arregalando os meus. Bellamy não faria isso. Bellamy não podia fazer isso, caso contrário, ele estaria dentro dos meus alvos de hoje. Evitei pensar nisso por enquanto e torci a cara para aquelas correntes.

Eu não podia deixar Clarke presa aqui, mas se Maddie já estava com Gaia...

— Vá. — Entendi o que era implorar naquele momento e minha mente quis me empurrar para outra época. Clarke me encarou, desesperada, talvez pensando nisso. — Salve a nossa menininha.

— Eu não posso deixá-la aqui... Se estiver sozinha quando...

— Ela não estará sozinha. — Virei imediatamente, apontando aquela arma que antes estava travada na minha coxa para a porta.

O guarda ainda estava caído no chão.

Era Niylah.

— Va — sussurrou, entrando. As chaves em sua mão chocaram-se.

Encaixei minha 9mm no coldre e corri sem nenhuma despedida para o corredor. Virei a esquina, deparando-me com uma armada com 12 homens me esperando.

Voltei minha atenção para o final daquele corredor, onde Niylah estava ajudando Clarke. Não acho que tenha sido ela que nos traiu. Não. Alguém sabia que eu viria atrás e estava me colocando naquela posição, onde sangue afundaria essa Cripta.

Que seja — agarrei as espadas das minhas costas. Se quisessem-me naquela posição, seriam eles que perderiam 12 guardas.

Eles avançaram e então eu passei a ser um borrão de cor, meu cabelo dançava com o ar enquanto meu braço lutava com ele, minhas lâminas gêmeas cortando carne e osso por onde passava.

Quatro guardas estavam no chão antes que pudessem levantar suas armas.

Com meus braços cruzados em um X, agarrei o antebraço de um guarda no meio do ato de um soco, enviando seu corpo para outro que estava avançando, pisando em sua carcaça para pular no pescoço de outro e sufoca-lo com minhas coxas cruzadas enquanto aproveitava a altura para cortar a nuca de dois que vinham da direita e pela esquerda.

Então joguei minha cabeça para trás e o homem embaixo de mim veio junto, apertando minhas coxas. Caímos no chão, eu avancei para longe dele, já largando minha espada direita no chão para pegar minha arma e aponta-lá pra sua cabeça, ainda no chão.

Não o dei segundos antes de atirar, seu sangue explodindo no meu rosto.

Então me virei para os outros 5, que sincronizaram quando abriram caminho para que eu passasse. Colocando a arma no seu lugar e pegando minha lâmina do chão, avancei contra eles.

Com a extensão das espadas, os dois pescoços da parede esquerda estavam respirando com calma para não roçar na parte afiadíssima da espada. Já na parede direita, com a espada direita, um simples gesto apontativo fora o suficiente para que ninguém se mexesse.

Voltei para os da esquerda, nenhuma das minhas mãos fraquejando.

— Onde está Maddie. — Não era uma pergunta, era uma ordem.

— Não sabemos.

Retirei a lâmina de suas gargantas e encaixei no coração do que tinha me dado essa resposta estúpida. Puxei a lâmina de volta, desviando de seu corpo que caiu como um baque no chão.

— Começaremos de novo — avisei. — Dessa vez, com todos aqui sabendo que eu não tenho tempo para palavras que não sejam para completar a frase da resposta da minha pergunta! Entenderam? — Várias cabeças assentindo. — Ótimo.

Puxei as lâminas e com sangue e tudo, formei o X atrás de mim novamente.

— Onde está Maddie.

Eles começaram a gaguejar o local certo e acenei, em agradecimento fingido. Peguei minha espada da cintura na mão direita e minha arma com a esquerda. Quando passei por eles, um movimento só fez com que as três gargantas fossem cortadas. Os três caíram de joelhos, segurando a garganta em cascata.

Voltei para o outro e apontei minha arma.

— Não, por favor. — Engatilhei a arma. — Por favor.

— Sem testemunhas.

O disparo ressurgiu dentro de mim, mas aquela calma letal de antes tinha voltado para ficar. Para o meu corpo. Nada além de Maddie importava agora.

Com a arma em uma mão e a espada na outra, avancei para fora da Cripta até aquele beco que eu estava limpando minhas armas ontem.

Antes vazio, agora ele estava sendo iluminado pela luz do fogo no meio da rodinha que estavam formando. Seguidores da Chama com capuzes, esperando que não fosse identificados, esperando que não fossem colocados diante do que estão fazendo com Maddie.

A chuva começou um pouco antes de eu cortar as costas do homem que se pôs em minha frente.

O grito dele assustou a todos, que não ousaram passar por mim e pela minha justiça. Não, isso não é justiça, mas eu não me importo. Que chamem como quiser.

No final de todos, lá estava construção que estavam guardando. Que morreriam antes de me deixar passar. Que seja.

Recoloquei minha arma no coldre e puxei a outra espada. Recobrei minha posição, encarando todos por baixo daquele capuz que ainda estava sobre a minha cabeça. Que venham.

Não sei o que houve.

Talvez tivessem conseguido ver o que tinha dentro daquilo que restará da minha alma. Talvez fosse todo aquele sangue estampado na parcela do meu rosto que aparecia e nas minhas vestes, mas eles apenas se distanciaram e deixaram que eu passasse.

Com o pulso flexível, pronto para começar uma luta, entrei na construção.

Gaia estava atrás de Maddie que tinha aquela listra preta no meio da testa, entre as sobrancelhas e que afastava o cabelo para revelar a nuca. Bellamy atrás, com os braços cruzados, me notou primeiro.

— Rayna...

Não o dei chance alguma.

— Se afaste dela, Gaia. — Apontei minha espada em sua direção, me aproximando em passos ágeis, silenciosos, pequenos. — Maddie, levanta agora. Atrás de mim.

— Mas tia Rayna...

— Agora, Maddie!

Ela se levantou e correu para estar atrás de mim. Meu peito parou quando eu vi aquela peça entre os dedos de Gaia. A Chama. Com calma, retirei meu capuz com a outra mão, sabendo bem que todos aqui já sabiam quem eu era.

Mas a reação foi nova sobre o sangue que estava sobre o meu corpo.

— Entregue-me a Chama.

Ela não teve objeções. Quando a Chama tocou em minha pele da mão, senti uma corrente fluindo contra as minhas veias. Não, não contra, mas a favor.

Gaia fez menção de se aproximar, mas eu recuei, apontando a lâmina para ela, enquanto levava a mão — agora fechada — com a Chama para tocar no corpo de Maddie e colocá-la mais para trás.

Gaia ergueu as mãos em rendição e tentou se aproximar de novo. Permiti, mas chutei a ponta do pé de Maddie, fazendo-a recuar para trás.

A Guardiã Chama sussurrou no meu ouvido o restante do que eu precisava saber sobre a história da Profecia que ela me contou mais cedo. Franzi as sobrancelhas, não conseguindo entendê-la.

Não podendo entendê-la quando Octavia atravessa o lugar, com Clarke do seu lado.

Puxo Maddie para mim, mas não ergo a espada.

Entendo rápido demais o que está acontecendo ou o que pode acontecer no momento seguinte e largo minha espada no chão. Cutuco a coluna de Maddie que corre até Clarke. Com calma e cuidado, coloco a Chama em meu bolso.

— Vá — Falei sem som para Clarke. — Vá.

Tinha uma escolha a ser feita. Ou eu lutava contra e levava Maddie comigo ou ela ia agora com Clarke. Clarke Griffin era a melhor escolha para o agora, considerando o olhar assustado que Maddie dava para mim.

Ela me temia.

Posso sobreviver com isso, contanto que esteja viva.

Octavia se aproximou de Bellamy ao meu lado e não olhou em nossos olhos ao dizer:

— Prendam os traidores.

Algemas apertaram meus pulsos e deixei que me desarmassem enquanto me empurravam pelo mesmo caminho que eu vim, deixando a cena que eu deixei para trás, a vista de todos.

Bellamy encarou o corredor com os corpos de 12 homens caídos no chão, o sangue ultrapassando o piso e as paredes. Octavia queria isso.

Na arena, me colocaram de joelhos e com uma mordaça na boca ao lado de Bellamy, que tinha Indra ao seu lado e Gaia adiante. Os homens e mulheres a nossa volta gritavam em suas línguas.

Lá em cima, a porta se abriu e Octavia se levantou de seu trono, então desceu até a arena. Até estar em nossa frente.

— A criança do sangue da noite não revirou a linhagem, e, portanto, não é a Comandante verdadeira. Ao invés, ela fugiu... — Ela pensava que Maddie estava com a Chama. Agradeci pela mordaça que impedia o meu sorriso. — Abandonando todos nós como uma covarde. Ela não é Wonkru. Ela é uma inimiga dos Wonkru, e, como todos os nossos inimigos... — ela parou de rodar a arena e ficou em minha frente, seus olhos nos meus — ela será punida. Mas, antes, temos uma guerra a vencer.

Todos gritaram por ela. Para ela. E Octavia... Não, Blodreina, voltou para seu trono.

Estávamos destinados à arena agora.

Espero que estejam gostando.

O QUE ESTÃO achando sobre essa nova versão da Rayna? Eu só sei que estou adorando ver ela protegendo a Maddie com unhas e dentes.

Se liguem na PROFECIA.

Outra coisa, além do meu agradecimento sobre os 101,02K de vizualizações, eu queria deixar claro que esse capítulo era para ser entregue só na semana que vem. Mas eu li e reli seus COMENTÁRIOS, e não pude deixar de postar hoje.

Só para que vocês entendam o PODER de comentar.

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