042| Whampleida
042 | Morte
RAYNA
Diyoza era esperta, isso era um fato que tinha que ser admitido.
Trazer sua nave até Polis para distribuir caixões de alimentos sustentáveis que ela conseguiu do Vale pra gente, que tínhamos o total de zero suprimentos?
Seu anúncio com o auto falante em cima dos caixotes de alimentos falando sobre abrir uma excessão de extermínio para aqueles que queiram trocar de lado foi uma jogada de mestre.
Octavia estava certa em se preocupar com os desertores, pois eu aposto que até o fim do dia, haveriam muitos. E aposto que o ponto de partida seria Echo kom Azgeda, a espiã que foi banida na frente de todo mundo hoje mais cedo.
Depos do encontro emocionante entre todos os que ficaram separados nesses seis anos — ou horas, no caso do novo casal —, partimos em retirada para Polis. Com Octavia ferida e com tantas baixas, as opções eram poucas.
Depois que Maddie terminou o abraço com Clarke, ela correu até mim com os braços abertos quase como se fosse voar. Apesar da dor pelo corpo por conta dos estilhaços, cai de joelhos na terra e deixei que ela
me abraçasse pelo pescoço.
Mas qualquer dor naquele momento era substituída pelo alívio irradiante dela estar bem, sem nenhum machucado.
— Rayna?
Levantei o olhar para ver quem me chamava e não esbocei nenhuma reação quando vi a fileira em minha frente. Afastei levemente Maddie de mim e a coloquei pra trás enquanto eu me erguia sobre eles.
Monty estava bem em minha frente, com Harper ao seu lado esquerdo, Echo do direito com Bellamy ao seu lado.
— Hed... — Abaixo os olhos para ver Bellamy agarrando o pulso de Echo, impedindo dela falar o que ela ia falar. Mesmo confusa, ela muda o rumo. — Que bom que está viva.
— Você deve estar muito feliz mesmo — ironizei, com um sorriso que rasga o espaço.
— Rayna — repreende Bellamy.
Fecho minhas mãos ao lado do meu corpo, sentindo uma vibração começar dentro do meu peito. Entendo que Monty, assim como Harper, querem um abraço. Mas o que caralhos Echo quer de mim? A porra da minha benção?
Um toque suave preenche a pele do meu pulso, fazendo-me sair dos devaneios sufocantes da minha cabeça. Olho para trás, vendo Maddie sorrir pra mim.
— Boa sorte com a Octávia — desejei, pegando a mão de Maddie e começando a me afastar. — Acho que você vai precisar.
Então marchamos até Polis e Monty dado sua ideia de mestre de hackear o olho do céu que estava nos observando e com a autorização de Octavia, aposto que ele já estava trabalhando nisso com ajuda de Harper.
Aspen não quis voltar junto deles, pelo o que eu entendi da explicação.
Eu não estava exatamente louca pra vê-lo, não nesse estado. Não éramos mais os melhores amigos que chegaram à Terra. Nunca mais fomos depois que eu o torturei aqui mesmo em Polis, na época de Alie.
Para onde que eu olhava, tinha uma cicatriz enorme dessa época. Seja nas pessoas que continuam passando por mim e me encarando ou nas construções que não passam de escombros. Mas isso não é exatamente novo para mim. Visitei isso aqui durante meus cinco anos em terra firme.
Virei para encarar o morro a cima de Polis. Ali, em uma clareira pequena onde havia uma árvore de nozes, mas que agora é só uma lembrança sem ao menos um galho, estava a minha melhor versão.
— Whampleida.
Não saberia que estavam me chamando se a moça que o fez não tivesse parado em minha frente e olhado nos meus olhos.
— Do que me chamou? — Questionei, dando um passo em sua direção.
Ela deu outro para trás, erguendo suas mãos como se fosse conseguir parar-me. Dei um tapa estúpido em seu braço que caiu imediatamente e agarrei o colarinho de sua blusa com apenas uma das minhas mãos, puxando ela pra mim.
Com nossos rostos a centímetros de distância, ordenei:
— Não recue de mim. Você entendeu? — Ela me olhou com seus olhos grandes e arregalados, assentindo várias vezes com a cabeça. — Agora me fala, do que você me chamou?
— Whampleida — gaguejou.
— Por que?
— Não sei. Eu não sei! — Ela repete com desespero quando eu aperto mais sua roupa. — Quem começou foi a Bloodreina. Ela está exigindo sua presença na Cripta. Na sala de treinamentos.
Soltei a mensageira com aspereza, apoiando minha mão em minha terceira espada no cos do meu cinto, começando a marchar para a direção da Cripta. Exigindo minha presença? Tsc! Quem Octavia Blake pensa que é? Mas a verdadeira pergunta que soa em minha mente é: Quem ela se tornou?
Trombo em alguém por pura falta de atenção, mas com o peito inchando de raiva, nem paro para saber quem era ou se machucou.
Até que essa pessoa me obriga a parar.
— Rayna!
Fuzilo Clarke com o olhar, querendo gritar para ela me deixar em paz. Mas meus olhos acabam por suavizar quando vejo Maddie atrás dela, me encarando um pouco assustada.
Engulo em seco, decidindo seguir a alternativa de respirar fundo e descobrir o que Clarke quer.
— Gaia estava interrogando Maddie mais cedo — ela revelou, em voz baixa para que apenas eu ouvisse. — Ela não parece ser fã de Octavia. Se ela descobrir que Maddie é Natblida...
— Ela não vai.
— A Chama não está mais em você — ela segredou. — Tive que entregar a ela como sinal de paz, ordem de Octavia.
— Eu não estava sabendo disso — comentei, mudando minha posição.
A Chama não estava com Clarke? Quanto ela pretendia me contar isso? Eu tinha o direito de saber! A Chama era minha.
— Se ela descobrir quem Maddie realmente é e querer obrigá-la a se tornar...
— Isso não vai acontecer — interrompo que ela continue. Clarke me olha como se me afirmasse que eu não podia garantir.
Sorri meigamente para Maddie que mudou a expressão para preocupação e dei-lhe as costas para seguir até a Cripta.
— Para onde está indo? — Gritou Clarke ficando lá atrás.
— Ter uma conversinha com a Rainha Vermelha — murmurei, marchando até o buraco que dava entrada para Cripta.
Se aquela garotinha estava correta, Bloodreina está em sua sala de treinamento, recuperando do corte que precisei fazer para arrancar aquele inseto devorador de dentro do seu corpo.
Entrar na Cripta foi fácil, como tinham retirado os destroços de cima da Sala do Guardião da Chama, a entrada segura havia voltado a funcionar perfeitamente. Caminhei até a sala principal com calma, minha mente metralhando as lembranças de quando eu saí daqui há seis anos e deixei nas mãos de Octavia.
O que me faz lembrar que a Chama estava sobre a responsabilidade de Gaia, a Guardiã.
Retirei ela no segundo ano na terra, isolada. Clarke não sabia como me tratar, pisava em ovos perto de mim, então quando pedi pra que ela retirasse a Chama de mim, ela só perguntou se eu tinha certeza e depois retirou. Talvez achasse que foi a única coisa realmente certa que eu fiz ao passar dos anos.
Abdicar de ser uma líder.
Não é o que esse lugar grita? Não é o que todos pensam ao encarar-me?
— Está proibida de entrar na Cripta Sagrada, Whampleida.
No topo da escadaria que da para o ringue de luta que Octavia criou aqui embaixo, encaro os terrestres lá embaixo, em formação, com os queixos inclinados para mim.
Olhei suavemente sobre os meus ombros, para aquela cadeira de ferro no centro daqui de cima, que dava uma visão direta do ringue embaixo. Era ali que Octavia sentava enquanto via as pessoas matando as outras?
Desci os degraus com calma, fazendo pouco caso das pessoas ali embaixo com armas em mãos, prestes a apontar pra mim.
Encarei o chão quando pisei nele. Havia manchas de sangue que nunca conseguiram lavar. Esse lugar cheirava a dor, sangue e suor. Minha mente travou um desafio para eu imaginar como seria lutar nesse lugar e não gostei do que conquistou meu estômago.
Era vontade de descobrir.
Voltei a olhar pra frente e analisei Indra.
— Esse apelido está famoso — ironizei, com um humor ácido. — Gostaria de saber o que ele significa de verdade?
— Já sabemos o que significa — respondeu a fiel cordeirinho de Octavia, Kara Cooper.
Ela era uma Skaikru, antes de tudo isso.
— Acho que não sabe, não. Digam-me onde está Octavia.
— Falei sério sobre sua reclusão, Rayna — Indra deu um passo à frente. Meus olhos acompanharam sua mão travando a espada no cos. — Não me faça obrigá-la a sair.
Senti minhas sobrancelhas mexendo-se com incredulidade.
— Me obrigar? — Apontei para o meu peito dando um passo à diante. — Isso pode ser divertido.
— Você não quer...-
Indra foi interrompida pela Kara que puxou sua espada e avançou em mim. Ela ergueu o objeto cortante, pronta para amassar minha cabeça. Só que ela veio lenta demais, então só precisei dar um passo pro lado para escapar de seu juízo.
Ela tropeçou para a frente, desequilibrando.
Outro homem avançou, agora com uma arma. Ele apontou pra mim, mas eu saí da frente e agarrei a extensão da arma, acertando seu queixo com o cano e o fazendo recuar.
Kara não desiste e avança com um grito, sua espada no ar.
— Você é lenta demais! — Digo, dando um giro no ar e chutando sua mão, fazendo a espada cair longe da gente.
Ela olha para mim surpresa e depois encara sua espada do outro lado da sala. Acho que ela está esperando que eu a mate quando dou-lhe as costas e encaro Indra que não saiu do seu lugar.
— Bekka Pramnheda, minha trisavó, criou este lugar. Tenho direito a estar aqui mais do que qualquer um de vocês, então se não for me dizer onde Octavia está, saia da minha frente.
Avancei para passar por ela, mas ela agarrou meu antebraço, deixando-me ao seu lado, cara a cara.
— Não trave essa guerra — Indra aconselhou-me. — Você não quer isso, acredite. Você é só uma. Octavia tem um exército.
— Um exército que ficou preso no solo por seis anos. Mande seus melhores caçadores — puxei meu braço — e prepare-os para seus próprios funerais.
Passei por ela e comecei a minha busca para a sala de treino onde Octavia estava. Dessa vez, sem nenhuma interrupção.
Eu não queria começar nenhuma guerra, com insinuou Indra. Mas minha única responsabilidade nesse momento era com Maddie. Ela não ia se tornar a Comandante dos Wonkru, não sobre a minha proteção. É uma responsabilidade grande demais para uma menininha.
Então não seria uma guerra, seria uma conversa saudável com Octavia. É o que eu espero.
Não é preciso muito para conseguir ouvir o barulho de ferro batendo contra ferro e vozes abafadas no corredor dos quartos. Ao me aproximar do final do corredor, percebo que se trata dos irmãos Blake lutando. Chego no momento em que Bellamy para ao aplicar um golpe e diz:
— Se Echo se for, irei com ela — engulo em seco, ficando plantada no final do corredor, bem no portal para o que parecia um galpão. — Ela não é sua inimiga! Você nem a conhece.
— Sei o que ela fez — Octavia voltou. — Gina no Monte Weather. Ela queimou as costas de Rayna. Você não era apaixonado por ela, irmãozão?
Octavia sabia que eu estava ali. Ela soube assim que deu as costas para o irmão e olhou em meus olhos. Os dela brilharam com êxtase. Recuei com o que ela podia vir a fazer para atingir-me indiretamente, então interrompi aquela luta ridícula pela Echo kom Azgeda ao dar um passo à frente.
— Preciso conversar com você, Octavia.
— Estou ocupada tentando iluminar a cabeça do meu irmão.
— Ocupe-se iluminando a minha — interrompi, pegando sua atenção. Ela me olhou como um lobo prestes a atacar. — Gosta de espalhar apelidos fofos, Blodreina?
Ela tombou a cabeça de início, mas depois um sorriso começou a aparecer em sua face.
— Não gostou de sua nova reputação — perguntou-me, girando o cabo da sua espada —, Whampleida?
Trinquei meus dentes em minha língua para não acarretar uma guerra. Eu não fugiria caso houvesse. Mas creio que não é a decisão mais esperta a se tomar agora. Octavia era como uma bomba terrestre. Se eu tentasse me livrar, explodiria todos comigo.
E por mim, todos eles aqui podiam sair pelos ares. Todos sairiam pelos ares se uma garotinha chamada Maddie não estivesse entre eles.
— Não é o melhor momento para que vocês se colidam — interrompeu Bellamy, prevendo o pior.
— Vê se mantém distância da menina — ignorei Bellamy, focando em Octavia. — Não me importa o que você vá fazer nessa sua guerra ridícula com Diyoza, mas se Maddie se machucar por causa da sua criancice...-
— Minha criancice? — Ela deu um passo à frente. — Você colocou a liderança em minhas mãos há anos atrás, Whampleida. Eu não pedi ela pra você.
— Isso foi na época que eu achava que você se sairia bem.
— E o que isso quer dizer? Quer voltar a ser a Heda deles? — Seu tom de deboche acertou-me em cheio quando ela continuou, com escárnio pingando na voz. — Não, acho que não. Você não passa de uma representação barata de quem você era.
Puxo minha espada e a ataco em um movimento só. Octavia age de forma rápida ao erguer a sua, contrabatendo meu ataque e ficando em uma pose defensiva com os pés.
Ela bloqueia meu chute e depois nossas lâminas batem uma na outra. O som é endurecedor. Ficamos cara a cara, nossas espadas criando um X entre nossos rostos.
— Quer saber do porquê do seu apelido? Alguns acham que você trás azar pra onde quer que você vá, a morte. Mas eles estão errados.
— Estão? — Resmunguei, meu peito subindo e descendo.
— Você é a Morte. E eles tem medo porque não há mais nenhuma comandante da morte para comandá-la. Você carrega azar dentro da sua alma, Rayna. Você está podre e isso assusta eles pra caralho. Não vai demorar para a garotinha... Maddie, não é?
— Não fala o nome dela.
— Ela também vai ter medo de você.
Um grito saiu do fundo da minha garganta e empurrei nossas espadas, ela tropeçou nos próprios pés e recuou até a parede. Só que ela começou a rir. Sua risada transformou o ar e rompeu com minhas barreiras.
Quando ela se conteve, continuou:
— Então você vai estar sozinha como sempre esteve e vai sofrer. Sabe por que? — Seu riso se limitou a um sorriso que me manteve estática. — Porque sempre que você esteve minimamente feliz, alguém morreu. Entende o porquê agora, Whampleida?
Espero que estejam gostando.
Meu sumiço por todo esse tempo é imperdoável, mas EXPLICÁVEL! A 5° temporada é complexa demais, então estou precisando assistir ela inteira para pensar nos detalhes e encaixar minha história.
Espero que vocês consigam GOSTAR do que está por vir.
Esse capítulo NÃO foi revisado. Perdoem-me os erros de português, qualquer erro será consertado mais pra frente.
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