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037| (No) let me go

037 | (Não) deixe-me ir.
RAYNA KOM SKAIKRU

Eram dez hora para atravessar a Ilha e mais dez horas para voltar dela. Considerando a possibilidade da gente não ter nenhum problema, eles podiam conseguir voltar. E eu garantiria que não haveria nenhuma pedra no caminho deles.

— Sabe que eu não preciso disso, não é? — Questionei, levantando uma sobrancelha para zombar de sua preocupação extrema.

— Nenhum cuidado é demais — Bellamy respondeu, pegando as luvas para colocar em minhas mãos.

— Ele está certo — Abby concorda, pegando três pulseiras para contabilizar o tempo e nos entregando. — Com estes níveis de radiação, qualquer exposição faz mal. Você pode não ter sentido os sintomas da chuva negra, mas desse com certeza vai.

Ela quer dizer o processo que Luna passou na primeira vez que teve contato com a radiação. Ela teve os mesmos sintomas de todos que morreram, mas pelo seu sangue ser escuro, em vez de morrer, isso a evoluiu e a melhorou.

Mas antes irei sentir dor, sangrarei e terei bolhas avermelhadas por toda a minha pele se eu não usar esse traje.

Abby continuou dando-nos instruções para sobreviver lá fora enquanto colocava o contabilizador no pulso de Clarke.

Bellamy colocou no meu primeiro e depois eu fiz o mesmo favor, nossos toques nus sendo impedidos por toda aquela roupa de proteção. Ele me impediu de trazer minha mão para mim quando eu terminei de conectar o relógio nele, apertando meus dedos nos seus e fazendo-me encara-ló nos olhos.

— Sinto muito pelo Roan — ele murmura, deixando a conversa de mãe e filha como um toque final. — Octavia contou sobre o plano dele. No final das contas, ele não era o monstro que eu pintava.

Torci os lábios em um mini sorriso, desejando que o motivo dessa conversa não fosse a morte do rei. Mas eu não tinha tempo para o luto, em vez disso, iria me inspirar em seu sacrifício.

E no de Benjamin, Finn e todas as pessoas que precisaram morrer para estarmos aqui.

Encarando Bellamy, percebi que eu só tinha 23 horas para me despedir dele e acho que nunca foi tão difícil colocar um ponto final em uma decisão minha. Eu não queria me despedir dele.

Mesmo que no extremo, esses 5 anos enterrados no subsolo seria o nosso momento de paz e sossego. Sabe sei lá quantas coisas poderíamos resolver juntos. Quanto do nosso futuro poderíamos escrever. Quantas palavras eu poderia confessar pra ele, sem medo do dia seguinte. Viveríamos presos mais do que vivemos soltos no solo, guerreando contra nós mesmos.

— Cuidem um do outro — foi o último recado de Abby pra gente.

Murphy e Emori chegaram pouco depois, se oferecendo para ir junto pra buscar Aspen e Raven. Eles pareciam realmente preocupados com a mulher e tendo em vista a ligação estranha que Muricy adquiriu com Raven de amigos, eu não duvidei deles.

Diferente de Bellamy, que parecia prestes a escorregar direto no pescoço de Murphy por um motivo escondidos nas sombras do passado, mas que foi deixado de lado.

Esperamos eles se vestirem e subimos pela escotilha, saindo na sala do Guardião com nossos trajes e capacetes anti radiação. Eu percebi o momento em que Bellamy ficou para trás com Murphy, mas continuei seguindo meu caminho, sabendo que o quer que seja que esteja rolando, é entre eles.

Mas minha cabeça, cheia de mais para pensar em coisas realmente importantes, decidiu que era uma boa compará-los com suas versões antiga, lá do primeiro acampamento.

Quero rir ao lembrar de um Murphy mais rebelde, mas meu peito infla com o ódio de lembrar que ele mijava nas pessoas para elas trabalharem e que matou muita gente naquele acampamento para proteger a si próprio. Inclusive, me sequestrou.

E agora ele está aqui, escolhendo um caminho que vai ajudar muito mais do que só a ele e amando alguém ao ponto de dar sua vida por ela.

Não sei porquê, mas isso me faz ter orgulho da pessoa que ele se tornou. Não para nós ou para Emori, mas pra ele mesmo.

No fim, tudo o que ele disse para mim no dia que me sequestrou, que eu não fazia parte daquele acampamento e nem com aquelas pessoas, acho que eu era um tipo de espelho em sua frente e suas palavras eram muito mais pra ele do que para mim, apesar de ter me sentido atingida.

Escolhi ir na parte de trás do caminhão de carga, junto com Emori e Murphy, deixando Bellamy e Clarke sozinhos lá na frente.

Minha paciência com a loira estava extrapolada depois de saber que ela apontou uma arma para Bellamy. Ela não atirou, ela jamais atiraria. Sentir raiva dela é a única coisa que está me ligando com os meus sentimentos, então eu tiro proveito disso.

Porque sem a raiva... sem essa chama que me incendeia, eu não sou mais nada. Eu só sou uma pessoa com cicatrizes emocionais e corporais, com uma carroça de culpa nas minhas costas que resultou em pessoas sendo mortas.

Eu não sou nada além disso e me mata saber que o vazio consome meu peito e que o ódio é a única coisa que bate de frente com ele.

Como eu posso continuar assim?

Como uma resposta louca do universo, o caminhão de carga bate em uma árvore. Meus olhos arriscaram na direção do casal que se encolheram com o baque e se protegeram.

Apertei meu maxilar, enrolando minhas mãos por dentro do traje para pegar minha arma e uma faca. Eu não precise de cinco segundos e mal deu tempo de eu me questionar se era possível que tinha mesmo alguém por aqui, pois assim que me arrastei para descer, terrestres apareceram em minha frente e agarraram-me.

Fui jogada no chão e a neve amorteceu os danos. Quando me inclinei para se levantar, vi Bellamy jogado no chão com um deles em cima.

Levantei em um vulto — percebendo que o capacete havia saído e ficado no chão — acertando o queixo do que estava se aproximando com minha faca e depois chutando seu corpo morto no chão. Os outros se viraram para mim e ao me reconhecer, revoltaram-se.

Os três correram em minha direção e no meio deles, desviei de ataques e avancei para alguns. Em um
curto tempo, agarraram meu cabelo, mas eu abaixei-me e rodei para parar em sua frente. Com sua mão encaixada em meus fios, lancei minha cabeça para frente, acertando ele como força.

Enquanto um recuava, eu voltei para ajoelhar o estômago do que se aproximava e com ele curvado, apoiei meu braço em suas costas e mirei com minha arma, engatilhando e atirando em questões de segundos.

O que estava curvado, respirando, recebeu uma facada nas costas, em um lugar que eu sabia que ao retirar a faca, ele estaria morto em poucos minutos sangrando no chão. Não esperei para ver se aconteceu, pois lutei contra a própria neve em meus pés para se aproximar de Bellamy que estava sendo detido por dois.

Atirei em um deles e me deliciei acertando o outro na cara, subindo por cima de seu corpo para ostentar novos socos.

Ele tenta ganhar o controle, mas não lhe dou nem dois segundos de vantagem. Desfaço-me da arma, escolhendo uma faca para enfiar em seu peito. O homem para de tentar sair e seus olhos se arregalaram.

— Sua luta acabou — sussurrei com rouquidão e torci a faca.

Me levantei, retirando o cabelo da cara e dando de cara com um se arrastando para pegar minha arma e ter alguma chance. Uma flecha atravessou sua garganta antes que eu pudesse continuar a ver seu show de dor.

Me aproximei do corpo, ajoelhando-me ao perceber o jeito peculiar da flecha.

Eu já sabia de quem se tratava quando me aproximei da guerreira sem identidade. Ela se desarmou e depois, revelou-se.

— Pode haver mais deles — Echo diz, o capuz intacto cobrindo sua cabeça. Seu rosto estava começando a ficar vermelho e sua respiração, ofegante. — Devemos ir.

— Echo, o que está fazendo aqui?

— Eu sei do abrigo na ilha — Bellamy encara Murphy com a resposta da arqueira. — Acabei de salvar suas vidas. Espero que retribuam o favor.

Quando eu percebi que ninguém sabia o que dizer, avancei. Minha respiração um pouco falha pelo excesso de esforço, então entrei no vagão do caminhão e peguei o último traje de radiação, entregando-lhe.

Ela agradece com um gesto curto, sendo a única menção de não-violência que ela já me demonstrou. Depois me afasto, pegando meu capacete que caiu no chão e devolvendo a minha cabeça, pouco antes de começar a puxar aqueles corpos para fora do caminho.

Bellamy tinha conseguido entrar em contato com Monty para vir nos ajudar a sair daqui. Com esse caminhão quebrado, não conseguiríamos ir para lugar nenhum. Já estava escuro quando Monty pediu a nossa localização.

E eu estava rebocando o último corpo quando Emori começou a cuspir sangue dentro do próprio capacete. Todos nos aproximamos dela, preocupados.

— Você foi exposta — afirmou Clarke, sem entender como. Mas tudo o que a gente precisou fazer para saber o motivo foi ver o seu traje; rasgado. — O lacre do capacete dela rasgou.

— Pode consertar?

— Precisamos apenas de fita. É tudo — diz Murphy, em uma onda de consolar a namorada. Ou ele mesmo. — Vai ficar tudo bem.

— Não temos ferramentas e nem armas — informou Clarke.

— Então lhe damos a roupa extra.

— Nós não temos roupa extra — respondeu Bellamy no mesmo tom de voz que Murphy.

— Sim, nós temos — gritou e se virou para olhar Echo, a dona do último traje. — Tire. Agora.

— Não — neguei, entrando em sua frente. — Ela salvou nossas vidas, Murphy.

— E o que você pensa que ela ia fazer se nós não tivéssemos sido atacados? — Perguntou, nervoso. — Acham mesmo que ela estava nos seguindo por bondade? Não, ela ia nos atacar no segundo que parássemos. Me dê a roupa de proteção.

Bellamy entra em nossas frentes para impedir Murphy de começar uma briga que só resultaria no seu traje rasgado.

— Eu não vou deixá-la morrer.

— Nem eu — complementou Clarke, mas assim que vi ela tocando em seu capacete, gritei:

— Clarke, para! Não sabemos se a transfusão de sangue funcionou. Fica com o capacete — ordenei, deixando claro que ela não tinha opção e a deixando um pouco surpresa pela preocupação. Encarei Murphy e depois, Emori. Suspirei e retirei o meu capacete. — Aqui. Pegue o meu.

— Tá fazendo o quê, Rayna? — Bellamy me questionou, mas eu já estava retirando o capacete de Emori e colocando o meu.

— Tenho sangue escuro, Bellamy — respondi sobre os meus ombros. — Eu vou melhorar.

— Você não sabe as regras dessa onda de radiação — ele refutou mais uma vez.

Murphy se aproximou com Clarke para ajudar a encaixar o capacete e eu me aproximei do Blake mais velho, sentindo o ar poluído mais carregado me acertando. Ele estava certo. Eu não sabia a gravidade dessa onda, só que era grave o suficiente para destruir a Terra.

— Eu tenho mais chances do que ela — falei baixinho e com cuidado. — Eu não vou morrer hoje, Bellamy.

Ele levantou os olhos para olhar pra algo acima dos meus ombros e deu um único passo à frente, inclinando a cabeça para decretar:

— Você não vai morrer e ponto final — firmou, seus olhos fixados nos meus. — Porque se isso acontecer, eu não sei o que vai ser de mim, anarquia.

E tão simples assim.

Simples como o vento que passa entre a gente e nos conecta em um mundo tão devasto e caótico. Simples como nossos olhos que falam muito mais do que poderíamos sequer pensar em dizer. Simples como nossos corações que batem na mesma frequência.

Uma palavra.

Algo do passado.

Algo tão simples e meu peito já estava estufado com todas as palavras que estou lhe devendo. E percebo que se estou disposta a deixá-lo tão sem rumo nesses anos, eu preciso me despedir.

— Bellamy, eu...-

Sou interrompida pelo excesso de luz que choca em nossos rostos. Bellamy e eu viramos ao mesmo tempo apenas para encarar um Jeep estacionando há alguns metros da gente.

Monty e Harper descem com seus trajes de sobrevivência, pedindo desculpas pela demora.

— Rayna, você está exposta...

— Eu tô bem — interrompo sua preocupação com um desviar de mãos, mas consigo sentir o meu suor frio. — Onde está Jasper?

Monty abriu a boca para responder, mas não sei se ele estava pronto para pôr em palavras o que houve com o amigo. Um segundo de silêncio se estende em memória de Jasper e só consigo pensar que eu estava em um
choque inicial, que a ficha não estava caindo.

Jasper estava com a gente desde o começo. Sofreu por tantas coisas que é impossível contestar seus motivos, mas ainda assim, achei que ele seria um dos que conseguiria.

— Ele mandou eu te entregar — foi a única coisa que Monty disse sobre o ocorrido.

Recolhi o minúsculo papel estendido para mim e guardei dentro do meu traje, vendo Monty desviar os olhos para não nos mostrar o quanto ele sofreu com essa perda. Mas não é pra menos. Eles eram irmãos. Almas gêmeas. A pessoa um do outro.

Se eu perdesse Aspen, mesmo com a nossa situação atual, eu ficaria desse jeito.

— Vamos lá, pessoal — Murphy cortou o clima passando pela gente, ajudando Emori a andar. — O planeta não vai ficar menos radioativo.

Bellamy se aproxima para ajudá-la também e em poucos segundos, todos já estão com uma obrigação para preparar o Jeep para todas essas pessoas. O simples — não tão simples — elegante na sala sendo ignorado. Com apenas 11 horas, iríamos pegar Raven ou voltar para a cripta?

Dei um passo para ajudar Harper com a caixa dos novos trajes, mas senti algo engasgar em minha garganta. Clarke, Monty e Bellamy que estava prontos para irem pros seus afazeres, param para me observar quando eu tusso, tentando me livrar do incômodo.

Eu me livro dele ao tossir novamente. Sangue Escuro respinga na neve do chão. Mas depois que a primeira gota de sangue sai, parece que só está acumulando no topo da minha garganta.

Bellamy já está do meu lado, afastando o cabelo.

— Rayna, você precisa vestir a roupa de proteção — Monty alertou. — Era pro Jasper. Pelo menos agora vai servir para alguma coisa. Vista — ele empurrou a caixa pra mim. — Jasper teria gostado. Se ainda formos até a ilha, é melhor...

— Nós não vamos para a ilha — diz Bellamy, como um decreto.

— Vamos, sim — refutei. — Não posso deixar os dois lá, Bellamy.

— Ela tem razão — concordou Clarke, franzindo a feição de Bellamy. — Se Rayna estiver sofrendo os efeitos da onda mortal, isso quer dizer que há uma grande chance do sangue da noite em mim não funcionar.

— Ainda não sabemos disso. Luna ficou doente no início. Rayna vai se curar.

— Mesmo que tenha razão — adicionei —, não vou entrar naquele bunker doente. Eles não permitiriam que vocês entrem. Levou dias para fazer efeito com Luna. E não temos dias, Bell. Nem nossos amigos.

— Voltar pra ilha... Pra eles não adianta nada — ele refutou, tentando me convencer. Dava para ver em seus olhos que se eu aceitasse nesse momento voltar pra Polis, ele seria capaz de arrombar aquela escotilha. — Vamos todos morrer.

— Não, não vamos — respondeu Clarke depois de um tempo, erguendo os olhos, parecendo se lembrar de algo. — Há um foguete naquela instalação e a Arca ainda está no espaço.

Aceno, concordando com a ideia e voltando-me para Bellamy, só pra vê-lo negar com a cabeça.

— Bellamy... Raven vai conseguir — garanti, dando um meio sorriso pra ele. E então, tão simples quanto respirar, entrelaço nossas mãos. — Nós vamos.

Essa era a nossa esperança.

Não apenas a minha de sobreviver.

Mas a nossa, de sobrevivermos juntos.

Uma viagem curta depois atravessando o mar, entramos na instalação de Alie, vendo Raven e Aspen sentados na escada abraçados, encarando o painel que mostra a contagem regressiva da onda mortal.

Eles se levantaram quando perceberam a nossa chegada.

— O que estão fazendo aqui? — Raven perguntou, parecendo se perguntar se estava delirando.

— Não vamos deixar vocês para trás — respondeu Bellamy, descendo a escada comigo logo atrás.

Quando ele chegou até ela e a abraçou, meus olhos subiram para o de Aspen. Compartilhamos uma ideia interna e sem palavras de que esqueceríamos nossos problemas nas próximas 11 horas. Dito isso, seguimos para um abraço.

Eu não tinha percebido o quanto eu sentia falta de seu cheiro ou do seu aconchego.

— Não vamos voltar — respondeu Clarke quando Raven afirmou que não ia dar tempo de voltarmos. Aspen se afastou após um beijo em minha bochecha e abraçou Clarke que continuou: — Vamos para cima.

— Não fique tão surpresa — Murphy debochou. — Para começar a ideia foi sua.

— Espaço? — Perguntou Raven, parecendo querer garantir que não estava ficando maluca. — Mas não teremos combustível para descer.

— Parece um problema para daqui a cinco anos — Harper deu de ombros.

— Vocês estão falando do anel.

— Seria uma pena desperdiçar um bom foguete — exclamou Bellamy.

— Como vamos viver?

— Deixaram um reciclador de água e GoSci tem uma criação de algas — explicou Clarke. — Colocamos em funcionamento os dois e temos água e comida.

— Saladas de alga e urina reciclada — murmurou Murphy, com péssimas memórias. — Contem comigo.

— Está bem. Acalmem-se — pediu Raven, mal conseguindo respirar com a ideia. Aspen e eu trocamos um olhar divertido. — Respiração é importante também. Qual o plano para oxigênio?

— Pelo que Murphy falou sobre o abrigo do farol — indagou Monty —, imagino que... Vamos rezar para haver um oxigenador lá.

— Ah, tem! — Afirmou Aspen, risonho. Raven o encarou na mesma hora, abaixando a cabeça pra rir com a próxima frase: — Mas acho que a gente gastou um pouquinho — fez o tal pouquinho com as mãos.

Arqueio as sobrancelhas, querendo sorrir com a menção deles juntos. Eles pareciam felizes, acima de tudo. E Aspen nunca olhou pra ninguém como estava a olhando agora, compartilhando segredos que jamais saberíamos. Segredos de alma.

Ele a amava...

Meus olhos sobem para Bellamy que já me encarava. Ele piscou risonho para mim e quis rir.

— Raven — ele chamou a amiga quando percebeu sua pequena desconfiança com o nosso plano. — Precisamos que nos tire do chão antes que a onda chegue. O que acha? Pode fazer isso?

— Se ela pode fazer isso? — Aspen repete quando percebe o ar de Raven mudando para determinação. — Duvidar dela tem um preço caro, Blake. Eu paguei. Repetidas e repetidas e repetidas...

— Tá bom — interrompeu Raven, revirando os olhos, mas ainda assim querendo rir. — Que tal fazermos a onda da morte comer poeira?

Então era isso.

Suspirei.

Alô, Arca? Estamos voltando pra você.

(...)


Meus passos são inicialmente silenciosos para subir aquela escada de ferro vermelha. Minhas mãos carregam um dos bens mais preciosos daquele lugar atualmente; o rádio que usaríamos para nos despedir das pessoas no bunker.

Eu sabia que Bellamy, que estava sentado no divã que tinha em frente a mesa de apoio com os cotovelos apoiados nas coxas e o rosto escondido nas mãos, prezava muito por aquele objeto.

Sua relação com Octavia tinha finalmente progredido depois de tudo que o destino fez com eles dois. Eu sabia perfeitamente o quanto ele foi forte para confessar que amava-a, mesmo com as probabilidades viradas para ele ser rejeitado.

Eles dois mereciam mais.

Bellamy só me nota ali quando eu apoio os aparelhos em cima da mesa central de vidro em sua frente. Seu rosto é levantado das suas mãos que caem para baixo após me ver.

— Oi.

Repito no mesmo tom baixo, como se não quissessemos que ninguém acordasse:

— Oi. Aspen e Monty me pediram para trazer pra cá — aponto para os utensílios. — Todos concordaram que você deveria falar primeiro com a Octavia.

Bellamy deixa os olhos caírem para o aparelho em sua frente e depois acena lentamente com a cabeça.

— Bellamy — seu nome dança pra fora dos meus lábios e sei que estou fazendo a coisa certa ao ver o marejar da sua vidraça. — Sinto muito. De verdade mesmo.

Sem uma resposta audível — e sem esperar — viro-lhe as costas para lhe dar espaço para contatar a irmã. Mas assim como meu corpo vibra toda a sua essência ao chamá-lo, ele parece me espelhar ao sussurrar:

— Fica — e simplesmente não teve o que pensar. Acomodei-me ao seu lado, sem olhá-lo, meu estômago esfriando. — Como eu vou me despedir dela, Rayna?

— Ei... — impeço que ele esconda o rosto novamente ao pegar em suas mãos. Ele aceita o toque e me encara. — Não veja como algo definitivo. Vocês vão se ver novamente, Bellamy.

Ele esticou o canto esquerdo dos lábios e deixou as íris caírem para as nossas mãos juntas. Suas sobrancelhas se juntam ao reconhecer as gazes enroladas em minha mão esquerda.

— O que houve?

— Nada, apenas... — tentei puxar minha mão, mas ele agarrou meu pulso. — Um incidente.

Ele virou meu pulso para cima e levou a ponta do seu dedo indicador nas minhas veias no pulso, apenas para arrastá-lo para dentro da gaze, retirando elas aos poucos. Os rastros agressivos do que eu fiz comigo mesma foi aparecendo e eu não conseguia saber o que ele estava pensando, pois seus olhos estavam abaixados para a minha mão.

Mas havia seu rosto que se contorcia cada vez mais, até que a gaze estava jogada no chão e minha mão, nua, pouco cicatrizada dos cortes feito pela escova de limpar, com toda a sua atenção.

— O que aconteceu? — Repetiu, deixando parafusado entre nós que, dessa vez, ele queria detalhes.

Algo ficou preso em minha garganta em apenas pensar em explicar pra ele o motivo. Mas se ele já não sabia — o que eu duvidava muito —, ele iria saber. Engoli o incomodo.

— Eu... — perdi a voz, então respirei fundo até sentir meus pulmões inchados e soltei. — Eu matei um homem inocente. Seu sangue cobriu todas as minhas mãos. Quis me limpar — o conto não passava de uma brisa passando por nós. — Roan me impediu de... continuar.

Bellamy selou os olhos com pesar, não deixando espaços para eu saber o que ele estava pensando ou sentindo. Mas não era muito difícil de imaginar.

Abaixei o queixo, envergonhada.

Eu não o culparia se sua escolha nesse momento fosse se afastar. Não mesmo. Talvez eu até entenderia. Só Deus sabe que eu mesma não me separo de mim porque é impossível. Mas ele pode e não há razões para ficar. Assim como Clarke e Aspen perceberam, seria uma questão de tempo até que ele também caísse na real.

Mas eu jamais o culparia.

Não ele.

Bellamy Blake tinha todas as razões para soltar-me nesse momento. Tantas brigas, discussões que não levaram nós dois a lugar algum. Tantas coisas horríveis que eu já lhe disse em meus piores momentos, mesmo com uma parcela de motivos. Ele deveria se afastar. Eu sabia disso. Talvez ele também.

Mas em vez disso, ele traçou uma nova história para se lembrar quando eu olhar para aquela mão. Com nada mais do que seus lábios. Foi um toque singelo, sem tensões, mas muito conforto e sensações sensasionais.

Seus lábios traçaram uma linha direta entre minhas cicatrizes, sem pressa.

E aquele foi seu jeito de me explicar — sem nenhuma palavra — que para ele, só existia motivos de se aproximar, de sentir-me. E ele não queria sentir apenas a parte boa. Ele queria aquela minha parte tão igual com a dele.

Bellamy queria caminhar para dentro da minha mente e me livrar daquela prisão que o monstro me colocou, pegando em minha mão. Assim como ele fez ao adentrar aquela cela em Monte Weather comigo, me ajudando muito mais do que ele poderia tentar entender. Abrindo algo em mim que, eu podia não saber, mas seria algo tão incontrolável.

E sabendo tudo o que eu sei agora, eu só queria lhe dizer. Mas ele foi mais rápido em desconectar seus lábios da minha mão e dizer, com tamanha convicção absurda, olhando nos meus olhos:

— Sinto muito se perdeu Benjamin e Roan em tão pouco tempo. Eu não posso dizer que entendo — nega com os olhos —, mas se você os amava tanto, acho que eu estava errado sobre eles. Eu sinto muito que tenha perdido o homem que você ama, Rayna.

— Não — balancei a cabeça, chamando a sua atenção. — Não o homem que eu amo.

Seus olhos se ergueram rapidamente para se encontrar com os meus, querendo saber o que aquilo significava com palavras autoexplicativas, porque, no fundo, ele já sabia o que eu quis dizer.

Eu não sabia se estava pronta para isso. Depois de tanto tempo, eu precisava descarregar isso dos meus ombros de uma vez por todas. Independente da dificuldade para chegar até aqui, eu deveria reconhecer que, pelo menos, chegamos. E eu estava cansada de algum problema sempre se meter em nosso meio.

Chega de problemas.

Se Bellamy pode mesmo confessar tudo o que confessou naquele dia, eu também poderia. Talvez não do jeito que ele fez, que emocionou nós dois, em uma paisagem bonita e com tempo o suficiente.

Mas eu garantiria que seria verdadeiro.

Intercalei minha atenção entre suas duas íris e voltei a respirar fundo, em busca do ar que eu esperava perder na próxima etapa.

— Eu também vejo você, Bell.

Eu não sabia exatamente o que estava esperando. Talvez um pincelada de alívio, talvez um sorriso. Não sei... Mas então, ele se levantou, cortando nossa conexão e passou a mão pelos fios de cabelo.

Continuei sentada, meu coração agora, não tão certo de que deveria ter feito isso. Foi muito cedo? Estou sendo egoísta de falar isso pra ele agora, quando o mundo está prestes a acabar? Ele acha que é um problema que deveríamos deixar para resolver no conforto da Arca?

Por que ele não está olhando para mim?

— Bellamy? — Chamei ele, minha garganta se fechando com alguma probabilidade que eu não queria acreditar.

Acabou...?

De costas para mim, ele colocou suas mãos na cintura e deixou o queixo cair para baixo. Meu corpo entrou em um estado de alerta e meu peito inflou quando me coloquei de pé.

Mas antes que eu me aproximasse dele ou tentasse descobrir o que estava acontecendo, eu já estava conseguindo ouvir sua voz:

— Não faça isso — minhas sobrancelhas se juntaram. — Não diga isso. Não se você não sabe se é...

Contei os passos até ficar em sua frente, não acreditando no que ele estava prestes a me falar.

— Se eu não sei o que, Blake? — Exigi com o meu tom de voz frio, encobertando o que eu estava usando há alguns minutos.

Mas então ele levanta os olhos vermelhos e diz:

— Se é verdadeiro.

Eu não tenho uma reação certa para contar aqui. Meus olhos não se arregalaram, eles começaram a arder. Meu peito não doeu, ele se afundou. Minhas mãos não formigaram, elas travaram. Desejo de culpá-lo não me invadiu.

A culpa não era dele, no final das contas.

Era minha.

Eu sabia disso. Sabia que todas as minhas indecisões havia machucado ele, mantido-o longe o suficiente, mas não tanto, fazendo com que aquilo ainda doesse nele. Por que doía, não é, Bellamy? Me ver com Benjamin e, depois, a minha amizade com Roan, o laço entre a gente. Eu o machuquei, certo?

Por isso você não acredita em mim. Eu trai sua confiança mais vezes do que eu posso contar e agora, quando finalmente acho que consigo expressar um terço de tudo o que você expressou, não tem motivos pra acreditar em mim.

Para se jogar de cabeça nisso.

Apenas para que eu o machucasse.

— Não acredita em mim? — Pergunto, mordendo o lábio inferior para impedi-lo de tremer após a frase.

Bellamy inclinou a cabeça, parecendo sentir muito por ter me machucado de alguma forma. Seus olhos dizem isso. Porque parece que não importa o tempo, as ações... Meu bem-estar parecia estar em sua lista de importância e ele conseguia me ver, me enxergar e eu adorava isso, adorava mesmo.

Mas... por que eu não posso enxergá-lo também?

Eu começo a recuar, sentindo minha visão borrar. Por que deu errado? Por que parece que o que eu sinto por ele é realmente real, mas eu não consigo achar as palavras para explicá-lo agora? Por que sinto que estou perdendo-o nesse momento?

Não era pra ser assim.

Eu não deveria perdê-lo.

E então percebo quando pisco e uma lágrima desce; não estou perdendo-o. Sou eu que estou me afastando. Desde o começo.

Quando ele quis confessar pela primeira vez que sentia algo por mim, mas eu o impedi porque achava que com Benjamin seria mais fácil. Quando ele me implorou para beijá-lo naquele corredor, quando me implorou para não me casar com o Roan. Eu o afastei.

O afastei todas as vezes.

Nos afastei.

Sou eu quem inclino a cabeça para o lado agora, enxergando-o atráves das lágrimas que insistem em fazer moradia nos meus olhos nesse momento. É isso, não é? Eu sou a pior inimiga de nós dois.

A culpa e frustração dá lugar a determinação quando eu paro de recuar e refaço meus passos para ele. Bellamy continua no mesmo lugar, incapaz de se afastar, mas parecendo sentir dor por ficar.

Mas meu peito está inflando e desinflando e nem sei porque estou a procura de um ar que nem sinto falta nesse momento, pois a atmosfera se fecha em nossa volta e não há mais nenhum problema para se lidar. Só a gente. A única coisa que importa, no final das contas, certo? Sempre fomos nós dois.

Desde o começo, com a nossa raiva múltipla. E eu não consigo pensar agora no momento em que nos perdemos definitivamente um do outro, mas eu preciso que ele volte a acreditar na gente. Em mim.

E estou perto.

Sua respiração recua junto com a minha, mas essa porra insignificante não importa nenhum pouco, pois estou pegando em sua pele macia do rosto nesse momento e consigo ver de perto o quanto eu afeto ele quando me inclino para colar nossas testas. Consigo ver o fogo no fundo dos seus olhos quando nos olhamos de tão perto.

Consigo ver que ele ainda acredita na gente, só está muito machucado para andar por nós dois. Ele não precisa disso.

Estou aqui agora.

— Você me disse uma vez — falo, sem folêgo, nossos narizes há milimetros de se tocar — que quando eu te beijasse, não recuaria — falo, aos sussurros, querendo sentir suas mãos em mim também. Levanto os olhos dos seus lábios e pergunto: — Estava falando a verdade?

Não precisa dizer nada, penso. Não precisa usar suas palavras, pode continuar me olhando desse jeito, pode tocar em minha pele com seus dedos, alguma carícia que me faça entender que você está aqui.

Comigo.

Não precisa dizer nada, apenas balance com a cabeça, imploro internamente.

Mas... Ele sela os olhos e tudo o que eu penso é: não, não, não. Esse não era um dos sinais que eu poderia continuar. Que você não recuaria. Esse não era um dos sinais que me faria continuar tocando sua face e desejando tocar mais.

Esse não era o sinal que salvaria nós dois.

Mas não havia mais sinais, certo? Estavámos perdidos de nós dois. Os caminhos se separaram e tudo o que eu podia fazer era recolher minhas coisas enquanto era tempo e sair com dignidade. Selei os olhos também, tentando não tremer ao soltá-lo e virar as costas.

Mas então sinto algo firme em meu pulso e percebo que é sua mão.

Sim, sim, sim.

Ergo meu olhar lentamente, com medo de estar delirando quando encontro seus olhos. A quantidade de desejo que há neles me afoga. Entreabro os lábios, sem conseguir segurar mais o ar entre eles.

Bellamy puxa meu pulso com força, obrigando meu corpo a bater com o seu. Fecho os olhos, sentindo ele elevado a cima de mim, nossos peitos ofegantes colados um ao outro e apesar das roupas, consigo sentir sua temperatura.

— Nós somos ruins um para o outro — ele diz, em um suspiro.

— Eu sei — concordo, levantando o queixo para roçar nossos lábios —, mas não consigo te deixar ir.

Ele geme com o contato sem filtro dos nossos lábios, mas não consigo me controlar mais e avanço para tomar seus lábios aos meus. Suas mãos pegam o caminho para minha lombar, imprensando nossos corpos de um jeito que sentir seu estômago indo e voltando seja normal. As minhas se perdem em seu cabelo da nuca, puxando-o para mim.

Mas já estamos colados, juntos, tocando tudo o que poderíamos tocar. Mas não parecia suficiente. Nunca.

Ele abre caminho entre meus lábios para enfiar sua língua dentro da minha boca e é minha vez de gemer com o contato pouco familiar.

Sua mão ergue para o meu queixo para subi-lo mais e agora ele está explorando cada canto da minha boca, deixando suas histórias para que eu pudesse lembrar dele mais tarde, deixando seus rastros para eu saborear.

Sem conseguir me impedir, uso minha mão que não está em seu cabelo para abaixar o zíper de seu macacão de sobrevivência e adentrar o tecido de sua camisa, sentindo sua barriga se contrair em minha mão. Sua pele está pegando fogo e eu quero perguntá-lo se ele esta com febre, mas quando faço menção de parar com o que está acontecendo, Bellamy me empurra até a parede mais próxima.

É o vidro que tem aqui no segundo andar, aberto para todos verem o que esta acontecendo lá debaixo.

— Bell...

Tento o avisar, mas em vez disso, sai como um gemido quando ele me imprensa mais entre o vidro e seu corpo, explorando meus lábios ofegante, depois meu pescoço.

— Bellamy, eles vão nos ver — suspiro, querendo revirar os olhos com o que sua boca em conjunto com sua lingua está fazendo no meu pescoço.

Ele para por um segundo para ver lá embaixo através do vidro que mostra nossos amigos trabalhando, cada um com sua função. Começo a me sentir culpada e viro para dizer a ele que devíamos ajudá-los, mas sou pega de surpresa quando ele flexiona os joelhos para pegar minhas coxas e me levanta.

Solto um gritinho de surpresa, mas enlaço sua cintura com minhas pernas e passo meus braços pelos seus ombros.

Ele recua comigo em seu colo e levanta o queixo para pegar meus lábios nos seus. Estou sorrindo quando ele recua para algum lugar embaixo dele.

É a cama que tem ali, em frente ao sofá e todas aquelas estantes com substâncias químicas.

Bellamy troca nossas posições e, de repente, minhas costas estão prensadas contra o coxão e ele esta se encaixando entre minhas pernas, seu braço apoiado ao lado da minha cabeça para não largar o seu peso em mim.

Beijo o de volta em meio a um sorriso que rasga minha bochecha. Não estou achando ele engraçado. Estou feliz.

Feliz!

Sua mão desce para se encaixar por trás dos meus joelhos — eu encaixo minha perna entre a sua, deixando minha perna bem abaixo de seu quadril — e ele continua passando sua mão por cima e para baixo.

— Preciso te sentir — sussurro entre seus lábios, minhas mãos tirando aquele macacão dos seus braços para poder raspar sua pele.

Ele abaixa a cabeça enquanto eu passo minhas unhas por suas costas, como em um carinho. Surpresa, eu arqueio minhas costas quando sinto algo molhado subindo em minha barriga. Minha blusa é levantada para que sua língua continuasse pelo meio dos meus seios, até o maxilar.

Sua cabeça está dentro da minha blusa quando ele termina de me provar, de me provocar.

Então ele arqueia a cabeça para trás, esticando a blusa o máximo que ele parecia conseguir.

— Bellamy! — Repreendo. — Você vai...

Mas eu pauso, pois o que eu estava prestes a alertar já tinha sido feito. Ele rasgou minha blusa ao meio com a força que colocou ao levantar a cabeça, deixando-me apenas de top da barriga para cima.

— Eu quero você, Rayna — ele ofega, acima de mim, olhando no fundo dos meus olhos. — Há tanto tempo que eu nem sei mais como não é querê-la. Quero você muito mais do que qualquer um pode chegar a querê-la algum dia — é a minha vez de arfar quando ele retira sua camisa pela cabeça, jogando em qualquer lugar. — E quero que você me queira.

Como dizer a ele que o quero?

Que eu sempre quis? Como dizer a ele que meu coração batia tão forte por ele que os segundos passavam rápido demais e eu não conseguia entender? Como dizer que meus olhos sempre o procuravam em algum lugar, mas principalmente dentro de mim!?

Como dizê-lo, explicitamente, que ele está enraizado em minha mente e em meu coração? Que não há nada além dele.

Que nunca teve nada além do meu medo de me apoiar nele e esquecer qualquer coisa?! Isso aqui pode não ser fácil na maioria das vezes, mas é o que torna especial. Bellamy Blake é a válvula que preenche meu ar. Eu preciso dele.

Querer é pouco, Bell. Eu anseio você.

Pego seu rosto com minhas duas mãos, afastando nosso recente beijo. Nossos olhos se encontram e satisfação invade cada pedaço do meu peito. Por que eu demorei tanto pra chegar até você?

Mas seus olhos me responderam: Está tudo bem, você está aqui agora.

Minha mão direita desce do seu rosto para seus ombros e ele desce o corpo para o meu. Nossas peles da barriga se tocam em um conjunto com nossos lábios e sinto que estamos tocando uma melodia.

É atrapalhada, confusa e bagunçada. Mas faz sentido para nós dois e é isso que importa agora, certo? Lermos um ao outro como um livro, adentrar nossas almas e nos... amarmos como nunca tínhamos nos permitimos.

Seus lábios descem preguiçosamente pela minha bochecha e inclino a cabeça para trás pra liberar espaço pelo meu pescoço.

Minhas mãos estão descendo entre suas costas que se arqueiam e deixa os músculos sobressaltos sob a palma da minha mão. Eu consigo senti-lo entre minhas pernas. Consigo sentir o que eu estou fazendo com ele e eu sorrio, com poder.

Subo meu pé pra sua bunda e o empurro pra pressiona-lo mais em mim. Ele se derrete e cai sobre mim com um gemido enquanto eu entreabro minha boca em um suspiro gostoso, sentindo-o.

Posiciono minhas duas mãos entre nossos corpos e desço para trabalhar em abaixar o resto do macacão. Ele não trabalha contra, mas quando meus dedos dedicam-se para o botão e o zíper de sua calça, ele reforça as mãos no colchão ao lado da minha cabeça e inclina-se para subir e me dar espaço pra respirar.

Mas ele está vermelho, como se estivesse segurando a própria respiração.

Selo nossos lábios obrigando-o a abrir os seus e soltar o ar que, definitivamente, estava sendo segurado. Abaixo o zíper da sua calça e subo meus olhos para olhá-lo. Assusto-me com a pressão de suas íris em mim.

Ele está me olhando de um jeito... De um jeito que ele nunca...

— Você é perfeita — Bellamy sussurra e abaixa suas mãos para pegar a minha entre suas pernas. — Mas eu não quero pressiona-lá desse jeito. Quero que seja um momento digno de você.

— O mundo está acabando, Bell.

— Não — ele balança, apertando nossos lábios e murmurando bem pertinho: — Não o meu mundo.

Impeço-o de se afastar ao passar o meu braço em seus ombros e puxa-lo pra um beijo. Sem conseguir se conter, ele aprofunda o beijo junto comigo, nossas línguas se tocando, nossos sabores se mesclando. Nossos desejos e anseios.

Estou entre os dele e ele está entre os meus.

— Deixe-me tê-lo — soprei em sua boca, fazendo ele resmungar em aprovação.

Foi a minha vez de arrastar meus lábios pelo seu pescoço. Era tão bom tocar sua pele com meus lábios. Ela era tão macia, como se fosse um caminho feito exclusivamente pra mim. Meu.

Comecei a me inclinar sobre ele, a fim de trocar nossas posições para provar mais dele, mas sua mão empurrou meu estômago para voltar a se deitar na cama. Encarei ele, esperando por sua recusa que eu levaria a sério dessa vez.

— Não antes de mim.

Arfei ao encarar seu sorriso se abaixando sobre o meu corpo. Contrai o estômago com sua respiração tão perto.

Ele desencaixou o botão e abaixou o zíper da minha calça com os dentes, deixando-me delirando com o seu quase toque em minha virilha. Então retirou suas mãos do lado da minha cabeça e as abaixou com tortura tocando meu corpo, adorando-o com suas mãos com calos. Até que ele pegou na cintura da minha calça.

— Eu quero que saiba o quão simetricamente boa você é — ele sussurrou perto da minha barriga, abaixando minha calça.

Sua mão esquerda desce para acariciar minha coxa nua e depois passar por trás da minha panturrilha, dando suporte para ele retirar a calça do meu pé. Ele repete a mesma sessão de tortura com a outra perna e sobe para a altura dos meus lábios.

Inclino-me para tocar nos seus lábios, mas ele se afasta, desejando brincar.

— Quero que saiba que é desejável.

Revirei os olhos dentro das pálpebras quando deixei o toque singelo dos seus lábios escorregar pela minha barriga, bem perto da minha virilha coberta apenas pela calcinha-short preta.

— Sonhei tantas vezes com isso — ele segredou baixinho, na minha pele.

— Sonhou? — Provoquei, um sorriso estampado. — E o que fazia comigo nos seus sonhos, Bell?

Entreabri meus olhos pra achar os seus perto da minha intimidade, faminto.

— Quer que eu te fale?

Arfei, me contorcendo embaixo dele.

— Quero que você me mostre.

Bellamy solta um pequeno xingamento irreconhecível antes de colocar a língua pra fora e passar na minha fenda por cima do tecido que já estava molhado. Arregalei os olhos com a sensação nova e tão boa.

E sem mais, ele agarrou a cintura da minha box e a retirou antes que eu pudesse ajudá-lo com alguma coisa. Escondi meu rosto no travesseiro quando ele dobrou meus joelhos pra cima, agarrando minhas coxas e se abaixou até o que tinha no meio das minhas pernas.

Seu dedo escorregou pra área úmida e soprei meu ar pra fora.

— Não me tortura — implorei, sabendo que qualquer coisa que aconteceria ali com ele, seria maravilhoso. — Temos pouco tempo. Por favor...

Então ele enfiou um dos seus dedos dentro de mim, me fazendo soltar um gemido inesperado. Senti ele me olhando enquanto mexia seu dedo em movimentos circulares, pra dentro e pra fora.

— Oh, meu Deus! — Rebolei em seu dedo, querendo sentir mais. — Bellamy...

— Preciso prepará-la, amor — ele refutou, sua respiração pesada. Então sinto ele adentrar com mais dois dedos. Sinto-me queimar de um jeito desconfortável e franzo a testa, encarando o teto.

Seu dedão acaricia meu clítoris, tentando mudar o ramo da situação.

Em pouco tempo, já estou aos suspiros pesados novamente enquanto ele me fode com seus dedos. É tão bom... Ele é tão bom...

Bellamy se aproximou pra depositar um beijo ali, saindo com os lábios molhados antes de se livrar de suas últimas peças de roupa. Tentei, mas não consegui evitar meu olhar de fita-lo por inteiro, sem nenhuma roupa pra impedir-me de aprecia-lo.

Perco o fôlego vendo o quanto ele está afetado. Então ele desce novamente, colando nossos corpos e sinto quando seu membro encosta em mim, duro. Ele beija meus lábios gentilmente e posiciona-o em mim.

Nossos olhos se conectam.

— Você tem...-

Ergo minha perna, empurrando sua bunda pra mim. Ele entra um pouquinho em mim e nós dois suspiramos. Bellamy termina o resto do trabalho, forçando minha perna a ficar o mais larga o possível, fazendo-me senti-lo com muita qualidade.

Ele solta um gemido rouco quando termina de entrar e me espera se adequar com seu tamanho com dificuldade. Aquela queimação de antes havia voltado, mas ele a enviou pra longe quando desceu pra dar atenção aos meus seios expostos.

— Mexa-se — suspirei. — Por favor.

Senti ele saindo lentamente e me contorci, gemendo. Caralho. Então ele entrou no mesmo ritmo. Era gostoso, mas... Encarei suas mãos ao lado da minha cabeça, fechadas em punhos tão fortes que estava começando a ficar branca.

Ele estava se controlando.

Já tentamos nos controlar demais. Agora não era a hora de pensarmos. Era hora de sentirmos.

Arrastei meus lábios pelo seu rosto, descendo minhas mãos pelas suas costas quando alcancei seu ouvido, gemendo com pausas dramáticas, de maneira arrastada.

— Eu já quero você — disse, citando o que ele tinha dito anteriormente. — Quero você sorrindo. Quero você bravo comigo. Mas, acima de tudo, quero você assim. Me amando — senti ele rosnar em minha pele e gemi com mais sôfrego. — Quero que me ame quando eu estiver sorrindo.

— Rayna — ele gemeu, tremendo, ainda com estocadas lentas.

Seus dentes raspou com força em minha pele e sua mão abaixou pra abrir minhas pernas, então ele se inclinou pra cima, e afundou completamente em mim, em sua forma lenta que estava começando a me torturar. Arqueio minhas costas, dando-o espaço pra passar um dos seus braços por ela, me deixando meio que sentada na cama, enquanto seus movimentos lentos me enlouquece.

Abro mais minhas pernas, querendo mais. Muito mais.

E ele da. Ele entrega tudo o que eu nem peço audivelmente. Mas entrega. Apenas por ser ele. Por ser ele e eu. Por me enxergar. Por me ter.

Minhas pernas começam a tremer e saboreio a nova sensação, feliz por estar sendo com ele.

Bellamy se abaixa e me beija dando a última estocada que nos afunda em prazer.

— É... — ele suspira depois, me encaixando em seus braços, puxando um lençol pra cobrir nós dois. — Que bom que nos enxergamos.

Espero que estejam gostando.

Os dias de PAZ chegaram, será?

Gente, eu não sou acostumada a fazer cenas de hot. É uma coisa nova pra mim, então desculpa se vocês não gostaram ou se eu não consegui transmitir do jeito certo. Espero que tenham gostado, ainda assim.

Sinceramente, tô muito insegura e envergonhada com esse capítulo, mas sei que vocês merecem, então... Caso não tenham gostado, por favor, não taquem hater, eu não sei LIDAR.

ASPEN E RAYNA, MEUS AMIGOS!!!'

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