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Capitulo Catorze

Robert Young:

Enquanto estava inconsciente, fui lançado em um turbilhão de sonhos estranhos, sombrios e perturbadores. Eu estava cercado por youkais e espíritos que se moviam como sombras ao meu redor. Muitos deles me encaravam com olhares de ódio, seus rostos distorcidos por sorrisos ameaçadores. Eu podia sentir a intenção deles, uma sede de sangue que me fazia arrepiar. Outros, no entanto, se aproximavam com olhares famintos, estendendo as mãos como mendigos, murmurando palavras incompreensíveis. Eles queriam... comida? Eu não tinha certeza, mas era como se algo em mim fosse o que eles desejavam consumir.

Minha mente vagava sem direção, como uma folha flutuando em um rio. De repente, eu me vi em um caminho sinuoso e enevoado, o Caminho das Almas, o ar estava pesado, carregado de uma energia antiga e melancólica. As sombras das almas que já partiram deslizavam ao meu redor, e eu podia ouvir seus sussurros, histórias perdidas nas brumas do tempo.

Passei pelo portão que leva ao Reino dos Mortos e, para minha surpresa, vi meus pais. Eles estavam sentados juntos, parecendo calmos, mas havia uma seriedade em seus rostos que eu não reconhecia. Diante deles, havia um grupo de figuras indistintas, como se fossem memórias desfocadas de pessoas que eu nunca conheci. As figuras perguntavam algo, e meus pais balançavam a cabeça em negativa, repetidamente. Eu tentei me aproximar, ouvir o que estava sendo dito, mas era como tentar atravessar uma parede de água, tudo se distorcia.

Então, a cena mudou. Meus pais estavam conversando com Hipnos, o deus do sono. Sua presença era quase palpável, e eu senti um arrepio ao vê-lo. Hipnos não parecia amigável; sua voz era suave, mas eu sentia uma tensão, uma ameaça subjacente em suas palavras. Ele estava avisando sobre algo, um perigo iminente, uma tempestade que se aproximava com força. Mas as palavras dele eram como areia escoando pelos meus dedos, e eu não conseguia compreender o que ele estava tentando dizer.

Me vi flutuando de volta ao meu corpo, minha mente oscilando entre a vigília e o sono profundo. Devo ter acordado várias vezes, mas o que vi e ouvi não fazia sentido — sombras de vozes, rostos desfocados, a sensação de ser carregado por braços fortes e, em seguida, o calor familiar da mão de alguém acariciando meu cabelo. Eu tentava abrir os olhos, mas eles pesavam toneladas.

Meu corpo parecia uma fornalha, quente demais, como se estivesse queimando por dentro. Em outros momentos, eu era envolvido por um frio congelante que fazia meus dentes baterem. Eu tremia, meu corpo oscilando entre extremos, incapaz de encontrar equilíbrio. Era como se eu estivesse preso em uma febre, atravessando um delírio entre a vida e a morte, perdido em um mar de memórias e visões.

E então, mergulhei na escuridão novamente, aceitando o sono como uma fuga.

Quando finalmente comecei a voltar à consciência, senti que estava deitado em algo macio, uma cama que parecia feita de nuvens. Um gosto adocicado permanecia na minha boca, e logo percebi que alguém estava me alimentando com colheradas de uma substância cremosa, que tinha a textura suave de um pudim. Cada colherada era seguida por um toque delicado, limpando as gotas que escorriam pelo meu queixo. Eu mal conseguia abrir os olhos, mas reconheci o toque cuidadoso: Damon.

— Me diga, como você está se sentindo? — ele perguntou, inclinando-se para mais perto. Sua voz estava suave, mas havia uma preocupação genuína em seu tom.

Consegui resmungar algo, a mente ainda embaçada e confusa.

— Sentindo...? — repeti, como se a palavra em si não fizesse sentido. Tudo parecia distante, e meus pensamentos eram como fragmentos desconexos.

De repente, um barulho alto explodiu atrás de Damon. Ele deu um pulo, quase derrubando a tigela que segurava. O som ecoou pela sala, como se algo tivesse se quebrado.

— Robert, você está sentindo algum efeito estranho? — perguntou ele, agora com um tom mais urgente, seus olhos me analisando com atenção.

Eu tentei responder, mas minha voz saiu fraca, como um sussurro.

— Desculpe... eu não... — comecei, mas as palavras morreram em meus lábios. Minha cabeça girava, e tudo ao meu redor parecia flutuar.

Antes que Damon pudesse perguntar mais alguma coisa, alguém bateu à porta. Ele se virou para ver quem era, e eu o ouvi murmurar algo, mas não consegui entender. Minha visão ficou turva, e uma onda de cansaço esmagador me atingiu. Não tive forças para manter os olhos abertos e desmaiei de novo.

Quando acordei novamente, a sala estava vazia. Pisquei, tentando ajustar meus olhos à luz suave que emanava de algo logo acima de mim. Era uma esfera brilhante, flutuando no ar, emitindo um brilho cálido. O que era aquilo? Eu estendi a mão, tentando tocá-la, mas meus dedos falharam no meio do caminho, caindo sobre a cama.

E então, tudo ficou escuro novamente, e eu apaguei de novo, sendo puxado de volta para o mundo dos sonhos e sombras.

*************************

Quando finalmente voltei a mim de verdade, me sentei devagar na cama. Pisquei algumas vezes, ainda meio desorientado, mas percebi que estava de volta ao meu quarto, em casa. A sensação era estranhamente reconfortante, como se eu tivesse despertado de um pesadelo longo e cansativo. Meu corpo, surpreendentemente, não parecia mais fraco — pelo contrário, eu me sentia renovado, cheio de energia. Era como se uma parte de mim que estava bloqueada tivesse finalmente sido liberada.

Me levantei, esticando os braços e me espreguiçando, sentindo os músculos se alongarem e o sangue correr livremente pelas veias. Olhei para as minhas mãos, curioso, e vi algo inesperado: pequenas faíscas de magia escapavam das pontas dos meus dedos, como se eu estivesse transbordando energia.

— Bom, vamos ver o que eu posso fazer agora — murmurei para mim mesmo, um sorriso divertido se formando nos meus lábios.

Apontei para a porta do quarto, ainda fechada, e me concentrei em invocar uma chama. Senti o calor subir pela palma da mão, até que meus dedos começaram a brilhar. Eu sorri.

— Bola de fogo — sussurrei.

Uma pequena chama azul surgiu na ponta do meu dedo e, antes que eu pudesse reagir, cresceu rapidamente, se transformando em uma bola incandescente que disparou em direção à porta. A porta se abriu de repente, e Kellor entrou exatamente no momento em que a bola de fogo voava em sua direção. Ele se abaixou, desviando com a rapidez de um relâmpago.

— O quê?! — ele gritou, surpreso.

Mas Drains, que vinha logo atrás, não teve a mesma sorte. A bola de fogo o atingiu em cheio no peito, e ele foi jogado para trás, caindo no chão com um som oco. A fumaça subiu do local do impacto, e o cheiro de queimado encheu o ar.

— Ah, merda! — exclamei, correndo até ele. — Drains, você está bem?

Ele abriu os olhos lentamente, tossindo, enquanto batia no peito para apagar o pequeno foco de fumaça.

— Estou *ótimo* — ele respondeu, com sarcasmo, sua expressão uma mistura de dor e fúria. — Agora entendi o que você quer dizer com "sentindo-se renovado".

Kellor, que assistia à cena com as mãos na cintura, balançou a cabeça, tentando segurar uma risada.

— Pelo visto, você recuperou mais do que seus poderes, Robert — disse ele, com um sorriso divertido. — Talvez devêssemos ter avisado Drains para não ficar na linha de fogo... literalmente.

— É, talvez — respondi, tentando esconder o sorriso que ameaçava escapar. Drains me lançou um olhar mortal, mas eu podia ver o brilho relutante de humor em seus olhos.

— Da próxima vez, avise antes de começar a lançar feitiços, seu idiota — ele resmungou, se levantando e espanando a roupa.

— Vou tentar lembrar disso, prometo — falei, rindo, sentindo um alívio genuíno. Talvez, só talvez, as coisas estivessem finalmente começando a se encaixar.

— Você realmente tem muito poder mágico além do espiritual — disse Kellor, ajudando Drains a se levantar. Ele me olhou com um sorriso meio divertido, enquanto eu observava a cena confuso.

— O que exatamente eu fiz? — perguntei, sentindo uma pontada de preocupação. Eu lembrava de flashes de magia, mas não fazia ideia da extensão do estrago.

Drains soltou um suspiro cansado, ainda esfregando o peito onde a bola de fogo o atingiu.

— Bem, depois que os nós mágicos foram quebrados, toda a sua magia que estava sendo contida se liberou de uma vez só — ele explicou. — Acontece que você praticamente destruiu aquele galpão. Quando te encontramos, Nimuna e eu tivemos que abrir caminho às pressas entre as plantas, que tentavam nos atacar porque te viam como uma ameaça. Estava tudo fora de controle. Tivemos que te carregar de volta para casa enquanto você soltava rajadas de energia sem nem perceber. Eu te coloquei na cama antes que algo pior acontecesse.

Eu pisquei, atordoado, tentando processar a informação. Eu sabia que meus poderes estavam presos, mas nunca imaginei que fossem causar tanto caos assim que se libertassem.

— Foi tanto poder que você fez o seu quarto explodir de energia até o corredor — Kellor apontou para o local ao nosso redor, e meus olhos se arregalaram ao ver os danos. As paredes estavam sendo reconstruídas por trabalhadores espirituais, pedras e tábuas flutuando para seus lugares, enquanto marcas de queimaduras e rachaduras eram visíveis até onde o corredor começava. — Tivemos que isolar esse lugar para os youkais. Você, sem querer, começou a usar seus poderes de exorcismo, e quase destruiu todos que estavam por perto.

Eu fiquei em silêncio por um momento, tentando imaginar a cena. Meu quarto como um epicentro de uma explosão mágica, corredores inteiros sendo afetados, e todos fugindo do meu poder incontrolável. Era assustador pensar nisso.

— O único que conseguiu ficar com você durante isso tudo foi o Damon — Kellor continuou, me olhando com seriedade. — Por ser humano, ele não foi afetado pelo seu poder espiritual descontrolado. Ele cuidou de você o tempo todo, enquanto todos os outros precisavam manter distância.

Meus olhos se voltaram para o corredor e depois para Kellor e Drains. Uma onda de culpa e alívio me atingiu ao mesmo tempo.

— Damon... cuidou de mim? — sussurrei, sentindo um nó se formar na minha garganta.

— Sim — respondeu Drains, cruzando os braços. — E, acredite, foi a única razão pela qual não tivemos que te amarrar. Ele foi a única pessoa que você não tentou exorcizar inconscientemente.

Uma risada fraca escapou dos meus lábios, aliviando um pouco da tensão.

— Bom saber que pelo menos ele está seguro de mim, né? — murmurei, tentando fazer humor da situação.

— Só não fique muito confiante — Kellor comentou, sorrindo. — Pelo jeito, agora você tem poder suficiente para deixar qualquer um em alerta, mesmo que não queira.

Eu assenti, ainda olhando para o estrago ao redor, tentando absorver o que tudo isso significava.

— Só viemos porque sentimos sua energia finalmente começando a se estabilizar, e então fui atingido — Drains resmungou, se aproximando com passos largos. Ele parecia irritado, mas eu percebia a preocupação escondida em sua expressão. — Não pense que estou preocupado com você! — acrescentou, cruzando os braços e desviando o olhar, claramente desconfortável.

Kellor soltou uma risada gostosa, que ecoou pelo quarto.

— Você diz isso, mas foi o que mais perguntou sobre seu estado para o Damon — provocou Kellor, dando um tapinha nas costas de Drains. — Você é um caso confuso, meu amigo. Mas lembra do que eu te disse? Você pode odiar o antepassado de Robert o quanto quiser, mas quando chegou aqui, estava desesperado. Não dá para negar.

Não consegui segurar uma risadinha, vendo o rosto de Drains ficar vermelho como uma maçã. Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, claramente sem palavras.

— Kellor, seu paspalho! — resmungou Drains, tentando soar zangado, mas era evidente que estava apenas envergonhado.

— Eu sei que você vê o Robert como um irmãozinho mais novo — disse Kellor, com um sorriso suave. — E, para ser honesto, eu sinto o mesmo.

Drains bufou, cruzando os braços ainda mais apertado, parecendo um adolescente emburrado. Seu rosto estava completamente vermelho agora, e ele se virou para o lado, evitando nossos olhares.

— Esqueça isso — ele murmurou, ainda tentando se recompor. — Onde está o Damon?

Antes que alguém pudesse responder, uma figura pequena e rápida surgiu correndo pelo corredor. Reconheci imediatamente Karel, a pequena kappa. Ela correu até mim com seus passinhos apressados, e eu me agachei para recebê-la. Assim que estendi a mão, Karel subiu animada, agarrando-se ao meu polegar com seu típico entusiasmo infantil.

— Robert, que bom que você acordou! — ela exclamou, sua voz fina e cheia de alegria. Ela abraçou meu polegar com força, como se estivesse segurando o seu brinquedo favorito. — Todos estavam muito preocupados!

Eu sorri, sentindo meu peito se aquecer com o carinho dela. A animação de Karel era contagiante, e de alguma forma, sua presença ali fez tudo parecer um pouco mais leve.

— Estou bem agora, Karel — disse, acariciando a cabecinha dela com o dedo. — E fico feliz em ver que você também está aqui.

Kellor observava a cena com um sorriso, e até mesmo Drains, apesar de ainda tentar manter uma expressão séria, deixou escapar um pequeno sorriso.

— Acordou a tempo de ver o Car retornar! — Karel disse, pulando de alegria na minha mão, quase desequilibrando. — Ele está na porta da frente, conversando com o senhor Damon. Os dois pareciam estar discutindo alguma coisa.

Eu levantei as sobrancelhas, surpreso.

— Car voltou? E já está discutindo com Damon? — perguntei, tentando segurar uma risada.

Kellor cruzou os braços, olhando para mim com um olhar divertido.

— Bom, parece que você acordou mesmo na hora certa, Robert. As coisas estavam ficando calmas demais por aqui. E você sabe como é... quando Damon e Car estão no mesmo lugar, o caos é praticamente garantido.

— Ah, ótimo — murmurei, soltando um suspiro teatral. — O que será que eles estão discutindo agora? Talvez eu devesse ir lá antes que se transformem em uma cena digna de filme de ação.

— Não se apresse — provocou Drains, ainda tentando esconder seu sorriso. — Você acabou de acordar. E, para ser sincero, estou curioso para ver quem vence essa discussão.

Karel olhou para mim com seus grandes olhos brilhantes, ainda segurando meu polegar como se não quisesse me soltar.

— Você vai lá ver? — perguntou ela, quase em um sussurro, como se estivesse ansiosa para saber o que aconteceria a seguir.

— Vou sim, Karel — respondi, acariciando a cabecinha dela mais uma vez. — Não quero perder essa cena. E quem sabe, talvez eles precisem de um mediador para evitar uma catástrofe.

Kellor deu uma risada.

— Boa sorte com isso. Com esses dois, mediar é praticamente o mesmo que jogar gasolina no fogo.

Dei de ombros, me levantando e colocando Karel suavemente no chão.

— É, mas alguém tem que fazer o trabalho difícil, né? — brinquei, caminhando em direção à porta, já imaginando a confusão que me esperava.

Segui pelo corredor, sentindo o ar ainda carregado de magia e o cheiro de reconstrução. Quando cheguei à porta da frente, a cena que me esperava era exatamente o caos que eu tinha imaginado: Damon estava discutindo, gesticulando de maneira dramática, enquanto Car, em sua forma humana, estava curvado ligeiramente, parecendo se divertir com a situação.

Foi Car quem me notou primeiro. Seu rosto se iluminou com um sorriso travesso, e ele ignorou completamente Damon, deslizando para fora da sua linha de visão e vindo na minha direção.

— Ah, meu querido amigo Robert! — Car exclamou, assumindo sua forma verdadeira de tanuki antes que eu pudesse sequer processar sua mudança. Ele deu uma pirueta exagerada e parou bem à minha frente, as orelhas peludas e o rabo balançando com entusiasmo. — Que bom que você está de pé! Vim cobrar aquela sua dívida pela informação que te passei.

— Dívida? — perguntei, franzindo o cenho. Eu mal tinha acordado, e já estava sendo cobrado? — Do que você está falando?

Antes que Car pudesse responder, Damon avançou alguns passos, seu rosto sério e visivelmente irritado.

— Eu já disse que ele não vai fazer isso, Car! — Damon interrompeu, colocando-se entre nós, os braços cruzados de forma protetora.

— Fazer o quê? — perguntei, olhando de um para o outro, confuso.

Car olhou para mim, seus olhos brilhando de expectativa. Ele abriu um sorriso largo, mostrando suas presas afiadas.

— Bem... eu quero que você me faça seu familiar — disse ele, como se fosse o pedido mais simples do mundo.

A surpresa me atingiu como um soco no estômago. Eu fiquei boquiaberto, tentando entender se tinha ouvido direito.

— Você quer ser meu familiar? — repeti, incrédulo.

— Exatamente! — Car respondeu, empolgado, balançando o rabo. — E eu já fiz o contrato mentalmente. Só preciso da sua palavra para oficializar. Veja só que conveniente!

Damon bufou, virando-se para mim com um olhar exasperado.

— Ele está tentando te manipular, Robert. Isso não é uma boa ideia. Você mal está se recuperando, e ter um tanuki como familiar é o mesmo que pedir problemas.

— Problemas? — Car fez uma expressão de falsa inocência, colocando uma pata sobre o peito. — Eu? Problemas? Só estou oferecendo meus serviços e minha lealdade eterna. Além disso, pense nas travessuras que podemos fazer juntos!

Eu esfreguei as têmporas, sentindo uma leve dor de cabeça se formar.

— Ok, vamos com calma. Eu acabei de acordar de um coma mágico. Podemos conversar sobre isso mais tarde? — perguntei, tentando adiar a decisão enquanto processava o pedido inesperado.

Car fez um beicinho, suas orelhas caindo como as de um cachorro triste.

— Ah, mas eu estava tão ansioso... — murmurou, mas logo voltou a sorrir. — Tudo bem, meu amigo. Vou esperar, mas saiba que não vou desistir tão fácil!

Damon revirou os olhos, suspirando.

— Claro que não vai. Porque você é teimoso feito uma pedra.

Eu não pude evitar rir. Afinal, ter um tanuki insistente e um amigo humano que parecia um guarda-costas rabugento já estava se tornando parte da minha rotina caótica.

Car saiu andando pelo corredor, balançando o rabo de forma exagerada, claramente satisfeito consigo mesmo.

— Vou para o meu quarto! — anunciou, sem sequer olhar para trás. — Quando quiser oficializar o contrato, é só me chamar. Estarei esperando, querido amigo.

E, assim, ele desapareceu do meu campo de visão, deixando apenas uma leve risada ecoando pelo corredor.

Damon soltou um suspiro pesado, esfregando a testa como se estivesse tentando afastar uma dor de cabeça.

— Ele definitivamente aprontou alguma coisa para fazer essa proposta. Car nunca age assim sem uma segunda intenção — resmungou, se aproximando de mim. Ele colocou as mãos nos meus ombros e me analisou de cima a baixo, os olhos ainda carregados de preocupação. — Está tudo bem mesmo? Como você está se sentindo?

Eu sorri para ele, tentando transmitir confiança.

— Em perfeita condição, Damon. Eu juro — respondi, abrindo os braços como quem se exibe para provar que está inteiro.

A expressão de Damon mudou imediatamente. Seus olhos suavizaram, e ele sorriu, um sorriso genuíno que eu raramente via. Antes que eu pudesse reagir, ele me puxou para um abraço apertado, envolvendo-me com seus braços fortes. Eu mal tive tempo de processar o gesto, mas relaxei, sentindo o calor reconfortante de seu corpo contra o meu. Damon era um pouco mais alto do que eu, e ele apoiou o queixo no topo da minha cabeça, o que fez com que eu risse.

— Você realmente me deu um susto, sabe? — ele murmurou, a voz baixa e carregada de emoção. — Achei que não fosse te ver acordar tão cedo.

— Eu sinto muito por ter te preocupado — sussurrei, fechando os olhos e descansando a cabeça contra o peito dele. O som constante das batidas do seu coração era reconfortante, como uma melodia familiar.

— Só... não faça isso de novo, ok? — ele disse, apertando-me um pouco mais forte.

Eu sorri, apertando-o de volta.

— Vou tentar, Damon. Vou tentar.

Damon me soltou um pouco, e nossos olhares se encontraram. Ele sorriu para mim, e por um breve instante, senti que o mundo ao nosso redor ficou em silêncio. O jeito como ele me olhava, tão próximo e intenso, fez meu coração bater mais rápido. Eu jurei que ele ia me beijar. Meu corpo quase se inclinou em sua direção, mas antes que pudesse acontecer, a porta da frente se escancarou com um estrondo.

— Robert já acordou? — Evely gritou, entrando com energia, seguida por Sebastian, Hanna, Lucas e Jade. Eles pareciam uma onda de caos, trazendo uma explosão de vozes e passos apressados.

Damon deu um passo para trás, claramente surpreso pela entrada repentina, e antes que pudesse reagir, Evely veio correndo em minha direção. Ela praticamente empurrou Damon para o lado, sem cerimônia.

— Eu estava tão preocupada! — disse ela, me envolvendo em um abraço apertado, quase me sufocando com sua empolgação.

Eu ri, sentindo a alegria genuína dela ao me ver de pé. Evely sempre teve essa energia contagiante, e por mais que o abraço fosse esmagador, eu sabia que ela estava apenas feliz por eu estar bem.

— Estou bem, estou bem! — falei, rindo e tentando recuperar o fôlego. — Pode me soltar agora, antes que você me quebre!

Ela me soltou, mas não sem antes dar uma olhada para Damon, que observava a cena com um sorriso meio divertido e meio resignado. Jade e Lucas se aproximaram, e eu fui recebido com tapinhas nas costas e mais abraços. Sebastian ficou um pouco para trás, mas o sorriso em seu rosto mostrava o alívio que ele sentia.

— Você não tem ideia de como ficamos preocupados — disse Hanna, cruzando os braços. — Achei que íamos ter que lidar com uma crise sobrenatural sem você.

— Bem, parece que vocês sobreviveram sem mim — brinquei, olhando para todos eles.

— Não foi fácil — Lucas respondeu, rindo. — Mas acho que conseguimos nos virar... mal e porcamente.

Damon apenas balançou a cabeça, observando a bagunça que minha turma trouxe para dentro de casa. Ele parecia aliviado, mas havia algo em seu olhar que indicava que o momento que quase tivemos ainda estava ali, pendente, esperando para ser resolvido.

— Mas o que aconteceu enquanto eu estava fora? — perguntei, ainda tentando entender o que tinha se passado nos últimos dias.

Sebastian me lançou um olhar enigmático e puxou o celular do bolso.

— Na verdade... você vai ver por si mesmo — ele disse, balançando o aparelho.

— Enquanto você dormia nesses dois dias — Hanna começou, e meus olhos se arregalaram.

— Dois dias?! — exclamei, chocado.

— Pois é, você dormiu como uma pedra — ela riu. — Mas enquanto isso, Kellor nos ensinou a ver quando um espírito ou youkai está por perto. Ele nos ensinou a ver através da névoa que esconde o mundo sobrenatural dos olhos humanos.

— E modificou nossos celulares para que pudéssemos capturar essas coisas em vídeo — Jade completou, apontando para Kellor, que acenou com a cabeça.

— Então, aproveitamos para investigar algumas coisas estranhas que estavam acontecendo na cidade — disse Lucas, cruzando os braços. — O novo professor da escola se mudou recentemente, e notamos que, desde a chegada dele, começaram a ocorrer alguns desaparecimentos.

— E esse professor... está rodeado de uma energia muito estranha — Evely acrescentou, seu tom mais sério do que o normal.

Sebastian estendeu o celular para mim, e eu peguei, sentindo um frio na espinha. O vídeo começou a rodar, e eu vi o novo professor parado no pátio da escola. À primeira vista, ele parecia normal, mas quando o celular mudou de ângulo, o que vi me fez congelar no lugar: o rosto dele estava pálido e desfigurado, como o de um cadáver. Ao redor dele, fios de energia espiritual escura se enroscavam, quase como teias de aranha.

— Isso... isso é um zumbi? — perguntei, minha voz quase um sussurro.

— Exatamente — respondeu Hanna, revirando os olhos. — E ninguém parece notar que ele fede como a morte. Eu vi, com meus próprios olhos, o dedo dele cair e ele pegar do chão como se não fosse nada.

Damon, que estava ouvindo tudo em silêncio, se inclinou para mais perto.

— E os desaparecidos de que vocês mencionaram? — ele perguntou, a voz carregada de preocupação.

Sebastian pegou o celular de volta e deu de ombros.

— A gente ainda não tem certeza se é ele, mas muitas pessoas começaram a sumir desde que ele entrou na escola. Coincidência? Eu acho que não.

Eu me apoiei contra a parede, tentando digerir a informação. Um zumbi infiltrado como professor? E ninguém na cidade parecia perceber, exceto nós.

— Parece que temos um problema maior do que eu pensei — murmurei, sentindo a adrenalina começar a correr pelo meu corpo.

— E os submundanos? — perguntei, virando-me para Kellor. — Ou os espíritos e youkais que vivem na cidade? Alguém deve ter percebido algo, certo?

Kellor balançou a cabeça lentamente, seu rosto assumindo uma expressão séria.

— Estranhamente, não ouvimos nada — Drains respondeu, cruzando os braços e olhando para mim com uma expressão de frustração. — Nem uma palavra. Eu conversei com vários espíritos e youkais locais, e todos pareciam... desconfiados, como se soubessem de algo, mas ninguém quis falar. É como se houvesse uma sombra de medo pairando sobre eles.

— Medo? — perguntei, tentando processar. — O que poderia fazer os espíritos ficarem com medo de falar?

— Não é comum — Kellor admitiu, pensativo. — Mesmo os submundanos mais tímidos costumam espalhar rumores quando algo está errado. O silêncio deles é um mau sinal. É como se estivessem sendo... intimidados.

— Ou talvez controlados — Damon sugeriu, franzindo a testa. — Se esse zumbi realmente tem algum poder sobre os espíritos, pode estar manipulando a névoa para esconder sua presença e impedir que eles falem.

Evely, que estava quieta até agora, se aproximou, seu rosto sério.

— Eu também notei que alguns dos lugares onde costumávamos ver espíritos estão vazios agora. É como se algo estivesse os afastando.

— Ou os eliminando — Sebastian completou, o olhar sombrio.

Um calafrio percorreu minha espinha. O silêncio dos submundanos e o desaparecimento de espíritos não eram bons sinais. Era mais do que apenas um novo professor estranho — era uma ameaça que estava crescendo nas sombras, e nós éramos os únicos que pareciam notar.

— Então temos um zumbi andando pela cidade, possivelmente manipulando espíritos e ninguém está percebendo isso? — murmurei, tentando assimilar tudo. — E agora ele está na nossa escola.

— Exatamente — Drains disse, com um sorriso sem humor. — Parece que o seu descanso acabou, Robert. Temos trabalho a fazer.

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Até a próxima 😘

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