capítulo 4
Alguns dias depois Rebeca decide fazer algo diferente, não levou vários papéis ou exercícios mas iria ficar com ele do lado de fora, havia planejado algumas brincadeiras para liberar um pouco de dopamina, que iria lhe ajudar no próximo dia.
Quando Rebeca lhe entrega uma bola a reação de Arthur lhe surpreende.
_ Meu Pai nunca brincou comigo disso.
Rebeca se pergunta quem era o pai de Arthur, mas guarda qualquer tipo de curiosidade com ela. Arthur pega a bola timidamente e após alguns segundos ele já estava correndo com ela desengonçadamente pelo enorme quintal.
Naquele dia Erick decide ver como eles estavam, quando ele aparece Rebeca acha estranho mas não diz nada.
Ele se senta ao lado de Rebeca na grama e observa o menino com alegria, até que Rebeca faz um comentário desviando sua atenção.
_ Sabe... Arthur fez um comentário que me fez pensar.
O coração de Erick perde o ritmo e ele sabia exatamente o que era.
_ Ele disse que o pai nunca brincou com ele de bola. E eu fiquei pensando... como era o pai dele? De vocês...
Erick suspira, não conversava muito sobre isso, e o quanto Rebeca havia sido direta nisso o deixou surpreso.
_ O nosso pai era... difícil. Quando minha mãe engravidou de mim eles ainda eram muito novos, tinham apenas dezesseis anos, mas era uma época diferente. Nunca se amaram de verdade, meu pai bebia sempre que a ideia parecia agradável e mamãe... Bom, é uma outra história. Na noite que meu pai tentou matar eu e ela, meu tio, saiu correndo com a esposa e meu primo a noite para vir nos socorrer, por precaução, como o divórcio naquela época era algo que não se era permitido, pelo menos não para a minha familia, meu tio comprou uma casa ao lado da nossa para ficar de olho em nós... e em meu pai. Alguns anos depois ela engravidou de Arthur, eu tenho quase certeza que ele e eu não temos o mesmo pai, mas eu nunca vou revelar isso a ele.
Naquele momento Rebeca sente um nó na garganta, apenas havia feito um comentário, não sabia que a história era tão dolorida.
_ Me desculpe. Não era minha intenção ser inconveniente nem nada parecido eu só... fiquei preocupada com ele.
Erick não responde, não sabia porque havia contado tudo isso a ela, mas era algo que já não lhe afetava mais tanto como afetava a alguns anos. Nós sabemos que estamos curados quando a dor já não lhe faz chorar.
_ Sabe... você tem a chance de fazer algo diferente agora.
Erick a olha e vê um sorriso em seu rosto, ela aponta para Arthur e ele entende o que deveria fazer; seu pai nunca havia tido um tempo desse com ele também, mas agora ele tinha a oportunidade de quebrar esse ciclo.
Naquela tarde Rebeca estava mais quieta que o habitual e Sophie percebeu de imediato.
_ Está tudo bem?
Rebeca não responde, estava pensando em tudo que Erick havia lhe contado e em como as histórias sobre aquela família eram injustas.
_ Rebeca?
_ Oi?
_ Está tudo bem?
_ Na verdade, não. Tive uma conversa com Erick um tanto inusitada essa tarde, e acabei descobrindo algumas coisas, só não sei o que fazer com elas agora.
_ Quer me contar?
Rebeca a olha com cautela, eram amigas desde que tinham oito anos e sabia que podia confiar nela e talvez Sophie pudesse ter outra perspectiva.
Após lhe contar tudo Rebeca para e observa a expressão de Sophie, ela estava inexpressiva.
_ Uau...
_ Foi isso que pensei também... uau.
Sophie suspira e após passar as mãos no rosto faz uma observação que Rebeca não soube como encarar.
_ Se ele te contou isso, com tanta... clareza, é porque confia em você de alguma maneira.
Não houve resposta, pelos próximos minutos Rebeca se sentia perdida nos pensamentos, sentia uma grande ansiedade em seu peito, mas não sabia ao certo porque, mas sabia que não era boa coisa.
O próximo mês passou tão rápido quanto pronunciar a palavra "árvore", Rebeca se encantava por Arthur a cada dia mais, os sábados e domingos pareciam diferentes por ela saber que não iria estar com ele, e tão estranhamente, ela começou a se sentir em casa quando estava na casa dos Valenti.
_ Arthur, daqui alguns dias você irá para a escola, o que significa que virei menos aqui.
_ Mas você vai continuar vindo me ver não vai?
Os olhos dele brilhavam mas dessa vez era porque Arthur estava prestes a chorar.
_ Mais é claro, mesmo que eu venha aqui apenas duas vezes por semana, nunca vou deixar de vir te ver.
O menino sorri e abraça Rebeca fortemente, abrindo os olhos apenas quando Erick entra na sala, Rebeca não o havia visto muito desde que eles tiveram aquela conversa na grama, agora o ver assim a deixava desconfortável.
_ Podemos conversar?
Rebeca acena que sim e pede para Maria levar Arthur para comer alguma coisa.
_ As aulas já vão começar como você sabe, mas eu gostaria de pedir que você contiasse vindo aqui, sabe, umas três vezes por semana pelo menos, Arthur não gostaria que você parasse de vir aqui...
E nem eu... Erick queria dizer tal frase mas algo em seu coração dizia que ainda não era o momento.
_ Claro.
Após algumas poucas palavras ainda trocadas entre eles Rebeca decide partir de volta para casa.
No meio do caminho decide virar a direita ao Invés da esquerda e vai até a casa de Sophie, mas parece que acaba chegando no momento errado, do lado de fora ela houve uma voz alterada e ela reconhece de imediato que era Beth, a mãe de Sophie.
_ Você está fazendo sua velha mãe muito infeliz!!
Rebeca vira as costas e decide ir embora, conhecia muito bem Beth para saber que aquela não era o momento de chegar. Antes que Rebeca pudesse dar três passos a porta se abre e Sophie corre até ela.
_ Graças a Deus você chegou.
_Sua mãe está bem?
_ Crise da meia idade, já faz uma hora que ela está me cobrando um neto, chegou fazer chantagem que iria ficar senil e não iria reconhecer meu filho quando eu tivesse um.
Sophie puxa Rebeca para o mais longe possível o mais rápido que elas conseguiam, até que pararam em uma sorveteria, ambas precisavam de um milk-shake enorme.
_ O meu de morango e o dela de pudim por favor.
Após Rebeca pegar o seu ela toma um longo gole
_ Sabe, nunca entendi porque gosta tanto desse sorvete.
_ Está brincando? Leite ninho e caramelo, há coisas melhores que isso?
Ambas estavam em um dia ruim, não queriam conversar, apenas precisavam da companhia uma da outra. Sophie engole seu sorvete mal sentindo o gosto, não era fácil para ela, sempre sonhou em ter uma família, mas já havia se enganado um vez e não queria cometer mais erros, o fato da mãe também sonhar isso para a filha e a ficar cobrando não ajudava; Beth queria o melhor para a filha, só não era muito boa para demonstrar. Erro esse que era muito parecido com o de Rebeca, era por isso talvez que as duas se entendiam tão bem.
_ Eu estava pensando... nunca nos deixamos abater, e um dia ruim não vai fazer isso com a gente. Talvez não sabemos o que fazer agora, mas logo vamos entender, eu sei.
Rebeca concorda silenciosamente, mas no fundo não tinha tanta certeza, em seu coração ainda havia uma ansiedade gritando para aparecer, mas logo ela iria entender o que estava acontecendo.
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