capítulo 3
_ Então? Que roupas vão usar?
Alex estava com um pedaço imenso de bolo indo em direção a boca, mas a pergunta o faz parar.
_ Como assim?
Maria vai até eles e se apoia na pia ao lado da mesa.
_ Não ficaram sabendo? Não foi na cidade hoje?
Na verdade, eram para ter ido a dois dias, mas Erick estava evitando tal ato porque estava com receio de falar com Rebeca, e nem ele mesmo sabia o porquê.
_ Ora. Terá uma festa no centro hoje a noite. Algo simples para comemorarmos o aniversário da cidade, mas há muita comida e música, todos vão.
Erick e Akex se olham e tentam se comunicar sem sons se seria uma boa ideia irem.
_ Nem pensem nisso. Você só sai para trocar livros, e você... só come. Precisam se divertir um pouco!
_ Ei! Alex se prepara para protestar, mas as risadas de Erick o impediram, na verdade havia achado engraçado, mas não iria admitir.
_ As oito horas, espero ver vocês lá.
Erick e Alex sobem até o quarto e olham para o lado da cidade, era verdade, havia bandeirolas penduradas em cada janela, e eles conseguiam ver de longe as barracas de comida sendo preparadas.
A alguns metros, dessa vez, não em uma biblioteca mas não muito diferente, Rebeca está na produção de seu sexto livro, um romance tão puro como todos os outros, e Sophie remexe em seu guarda roupa atrás de uma roupa para a festa da noite.
_ Que tal o vestido amarelo?
_ Amarelo?
_ Que tal o verde?
_ Não.
_ E o azul?
_ Azul? Pode ser. Vai estar calor mesmo.
Sophie sorriu satisfeita, na verdade havia sido fácil até demais. Mas a convicção durou pouco ao perceber que a amiga estava mais focada no livro do que com a conversa em si.
_ Planeta terra chamando Rebeca!! Alou?! O que você está escrevendo? Me deixa ler?
Rebeca fecha o caderno na mesma velocidade que a amiga apareceu do lado dela.
_ Não. Ainda não está pronto.
Alguns segundos de silêncio fizeram Rebeca sentir um pouco de peso em sua consciência e ela passa as últimas folhas para que a amiga pudesse lê-las.
_Anelise, já se passaram dois anos que Peter se foi para a guerra, não pode parar sua vida na esperança de que ele retorne algum dia!
_ Sim. Eu posso. E é isso que vou fazer. Peter significa mais para mim do que pode imaginar mamãe, não me peça para seguir a minha vida, como se ele nunca houvesse passado por ela, porque não o irei fazer. Essa maldita guerra não vai nos separar, ele disse que retornaria.
A mãe de Anelise a olha com condescendência, não iria discutir mais, pelo menos não naquele momento, conhecia aquele olhar, era o mesmo que ela carregava quando tinha sua idade... seria uma guerra perdida.
_ Está muito bom Rebeca, de verdade.
Rebeca sorri e faz menção de pegar os papéis novamente, mas seu sorriso se fecha ao ver a amiga puxando a mão para junto de si.
_ Eu vou devolver... assim que escolher seu vestido.
A noite todos já estavam no centro da cidade, o ar úmido e a brisa daquela noite fazia o clima ficar estranhamente fresco comparado ao calor que estava fazendo nos últimos dias.
Rebeca estava em seu segundo prato, havia todo tipo de comida aquela noite, doces, salgados, assados, fritos, seu prato estava com pelo menos quatro tipos diferentes de alimento, mas como a maioria dos pratos estava assim, ela não se importou nenhum pouco.
Da entrada da enorme casa do outro lado da cidade, estavam Erick, Alex e Arthur, com camiseta e calça, tentaram parecer casuais para ver se não iriam ter tantos olhares curiosos sobre eles.
Enquanto se aproximavam do centro da cidade, começam a ouvir sons de risadas e música, o que faz Erick querer desistir no mesmo instante.
_ Está decidido. Eu não vou.
Ele se vira para voltar para a casa, mas duas palavras ditas por Alex o fazem voltar atrás a contragosto.
_ E Maria?
Provavelmente se eles não fossem, Maria os viria buscar pessoalmente com uma frigideira nas mãos.
Mais alguns passos a frente e os três fecham os olhos e inspiram fundo sentindo o cheiro de todos os alimentos que estavam ali disponíveis para eles, naquele momento, os olhares curiosos não faziam tanto mal como pareciam.
Por incrível que pareça, após uma hora de suas chegadas a festa, andando no meio do povo e provando de tudo um pouco, os olhos já não estavam mais neles, o que foi um alívio.
Quando Alex olha para o fundo vê Rebeca ao longe
_ Não é a menina da biblioteca?
Erick olha para onde ele estava apontando, vestido azul e um coque, estava diferente ali.
_ Sua chance, eu sei que ficou adiando conversar com ela, mas Arthur precisa de uma professora.
Nesse momento o pequeno menino puxa a barra da camiseta de Erck, os olhos pesados e mal ficando de pé.
_ Agora não vou poder, Arthur está com sono e...
Nesse momento o amigo sabia exatamente onde aquilo iria chegar, então ele pega Arthur no colo rapidamente.
_ Pode parar, eu mesmo o levo pra casa, e você...
Ele aponta em direção ao lugar onde Rebeca estava, em seguida parte em direção a casa, aquela altura Arthur já dormia em seu colo. Erick respira fundo e vai em direção a ela, afinal, porque estava tão nervoso? Quando ele a chama pelo nome ele entende o porquê; Rebeca tinha os mais belos olhos verdes que ele havia visto na vida.
_ Boa noite.
_ Oh... Olá! Cadê o pequenino?
_ Está voltando para casa após comer e correr por aí.... Mas é sobre ele que eu precisava falar com você... ainda não encontrei alguém para dar aulas para ele antes de elas começarem daqui alguns dias, e francamente, Alex e eu estamos sendo um fracasso total e...
_ Tudo bem.
_ Tudo bem?
Rebeca sente a ansiedade em seu peito mas a reprime rapidamente.
_ Sim. Eu, posso começar na segunda.
_ Tá bom.
Nesse momento nenhum dos dois sabia bem o que dizer, e nem tinham mais o que ser dito, pelo menos não naquele momento, então após se despedirem Erick sai o mais calmo possível e vai em direção a casa novamente.
...
Na manhã seguinte
O domingo havia começado totalmente diferente da noite anterior, o vento estava mais gelado, o sol estava quase todo coberto por nuvens e Erick acordou bem mais cedo naquele dia, precisava muito conversar com Maria então ele desce até a cozinha na esperança de que ela já estivesse acordada também.
_ Bom dia garoto.
_ Bom dia Maria. Posso lhe fazer uma pergunta? Desde que cheguei ainda não fui a nenhuma igreja, há alguma na cidade?
Maria o olha e tenta segurar a surpresa em seu rosto, não imaginava que ele fosse cristão.
_ Sim... Bom, há duas no caso, a que eu vou começa daqui a uma hora se quiser ir comigo.
_ Seria ótimo.
Erick sobe para acordar Arthur mas tanto ele quanto Alex já estavam de pé, então ele vai até a mala e procura por sua velha biblia surrada, ela foi de grande valia para ele em seus piores momentos durante a guerra.
_ Eu vou a igreja com Maria daqui a pouco, você fica com Arthur?
_ Eu vou com vocês.
Erick olha para o amigo surpreso, sempre o chamava mas depois de um tempo quis dar espaço para que Alex decidisse sozinho o que queria.
_ Não precisa fazer isso, se não quiser.
_ Eu quero.
_ Tudo bem, saímos em meia hora.
A igreja era pequena, porém parece que havia espaço para todos ali, mesmo que chegasse mais cem pessoas de surpresa. Maria, Alex, Arthur e Erick sentaram na terceira fileira, o clima era de alegria e sinceridade, todos cumprimentavam todos mesmo que fosse apenas com um sorriso rápido, os louvores foram cantados por duas mulheres diferentes e quando o pastor assumiu a palavra Erick se sentiu ainda mais em casa; seu nome era Ivan, parecia não ter mais que cinquenta anos, mas o modo como ele falava fez com que suas palavras penetrassem no coração de Erick.
_ As vezes nós nos vemos em lugares diferentes de onde pensamos que estaríamos. E pode acontecer de Deus mudar a rota e levar você pra outro lugar. Você está disposto nessa manhã a dizer sim para Deus? Jeremias 29.11 diz "11Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês', diz o Senhor, 'planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro". Deus conhece e sabe daquilo que não conhecemos ou sabemos, nos basta confiar nele.
...
A segunda feira chegou mais rápido do que deveria, Rebeca passou a tarde toda de domingo pensando no que iria fazer com Arthur, então achou melhor, pelo menos no primeiro dia, entender o que ele já sabia e o que não e somente depois preparar atividades para ele.
Na entrada da casa Rebeca já não estava tão certa se havia tomado a melhor decisão, o que ela iria encontrar dentro da casa? Quadro de pessoas mortas nas paredes? Animais empalhados? Armas? Mas quando a porta se abre e os olhos de Rebeca encontram um pequeno sorriso na sua frente, os seus medos se vão e ela entende que não havia mais volta.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro