22 de Fevereiro

sim, fui detetive e investiguei aquela casa abandonada. não VÁ LÁ, foi bastante interesse, porém, não recomendo ir para aquele lugar, pode ser... interessante. e isso é ruim.

Ao terminar de ler, curtindo o silêncio que a casa fazia com seu parceiro a dormir, ele sorriu. Um sorriso sincero que há muito não se via nos lábios dele. Naquelas palavras ele encontrará o pai misterioso e mandão que sempre conhecera, isto era um alívio.

Ele se levantou do sofá e vagou pela casa, em busca de algo a se fazer, mas não havia nada, era estranho o quão estranho se sentia sem a voz do seu parceiro a perturbar-lhe. Ele sabia que repentinamente ouviria a voz grossa do menino e se mantinha em alerta máxima, ele se assustava nas horas de menos concentração e seu grito não era nada agradável àquela hora da manhã.

— Acordou cedo, o que houve? — A voz do garoto surgiu, mas desta vez ele já estava preparado para ouvi-la.

— Confesso que queria saber se meu pai sabia deste carro que nos seguiu. Mas hoje a carta nos manda, se forma contrária, a ir à uma casa abandonada que ele, por acaso investigou.

— O que encontraremos lá? Ele não podia alugar um cantinho? Será que tem corvos por lá? Mas que droga, Alejandro, pare de rir.

Alejandro soltava gargalhadas de felicidade, alguns segundos atrás ele se sentiu amarguradamente sozinho, e agora tinha de volta as perguntas disparadas do seu parceiro.

— Vamos até lá e saberemos.

Morrice soltou um muxoxo e caminhou até a cozinha, batendo palmas feito uma criança ao ver a mesa posta, sabia que Alejandro tinha feito e o agradeceu por bastante tempo por este ato, até porque, por uns bons dias, esta era a tarefa do mais novo, já que acordava cedo demais.

Sentou-se e sem esperar seu parceiro, começou a comer um bolinho de arroz por estar extremamente curioso pelo tempero dele. Seus suspiros eram de pura satisfação, mostravam o quão saboroso aquilo estava, ambos se deliciaram.

— Isso está gostoso, mas preciso alimentar minha curiosidade maior. Precisamos ir logo a esta tal casa. Quero saber o que encontraremos lá.

— Também estou curioso, mas não é para tanto né, exagerado?!

Morrice murmurou qualquer coisa e seguiu para a porta, esperando sua companhia o alcançar para abrir.

Andaram com silêncios breves, pois o menino fazia questão de reclamar pela demora ou pelo cansaço de suas pernas. Ainda dizia que estava ficando velho para isso e sempre, Alejandro iniciava um sermão contra estas frases de envelhecimento.

— Olha só — falou o maior — é até bonito para uma casa abandonada.

— Já te ensinei que...

Antes que o menino pudesse terminar, Alejandro pegou a mão dele e a puxou em direção a casa, chegaram rapidamente lá e forçaram a porta até que se abrisse.

— É. Este lugar só está empoeirado. Dá pro gasto. O que faremos?

O maior nada disse, apenas adentrou por completo e seguiu para um armário que tinha encostado na parede, aparentemente o único cômodo da casa. Ele abriu as portas com um pouco de dificuldade e encontrou papéis, só que dessa vez, ao ler, ele encontrou o trabalho de detetive ao qual Carter os falou. Então era verdade e eles estavam diante da papelada agora. Lendo vom cuidado, ele percebeu que os casos que seu pai enfrentou são mesmo de darem inveja, começou a se questionar se desta forma ele não ganhou muito dinheiro, e se ganhou omde estaria tudo agora? O mais perto que ele chegou disso foi o Testamento antigo que encontrara.

— Bom, o Detetive Carter nos falou a verdade sobre os empregos do meu pai.

— Eu acho que não, Alejandro, você não me disse que seu pai era corretor de imóveis?

— Sim, ele era, mas pelo que sei do início deste trabalho, o Detetive não podia saber, pois ambos não se viam mais. Porém, o currículo extenso do meu pai foi descrito por ele, a maior parte das coisas com as quais eu descobri sozinho que meu pai trabalhou, foram as que ele falou.

— Então você quer dizer que talvez a gente possa sim confiar nele, é isso?

Alejandro deu um tapinha nas costas de seu parceiro e assentiu com a cabeca. Continuou a vasculhar, chegando às partes altas do armário, encontrou apenas duas coisas. Um baú e um CD.

— Acredito que encontramos o que procuravamos. Vamos embora agora — anunciou Alejandro, já dando meia volta e se dirigindo à saída. Morrice o seguia, sem entender.

Foi uma caminhada longa até chegarem em casa, vez por outra eles espirravam, culpando o que carregavam por estar coberto de poeira. Em momentos, Alejandro ouvia passos atrás de si, mas não queria acreditar que tinha alguém o perseguindo porquê estava com seu parceiro e com ele se sentia convicto de que nada lhe atingiria.

Quando chegaram em casa, pegaram um pano úmido e passaram no pequeno baú que pegaram e também na capa do CD que carregavam. Tirando toda aquela poeira, eles encontraram os nomes respectivos. Na verdade, no baú havia uns detalhes decorativos na própria madeira, com formatos aleatórios. O CD continha o nome de Enlace, porém o resto estava coberto por uma mancha estranha, enquanto ele cuidava de tira-la ele já suspeitava do que seria. Enlace Matrimonial.

Deixou por um momento o DVD de lado apesar de estar muito curioso para vê-lo, ao invés disso ele abriu o baú com a chave de casa mesmo e encontrou algumas fotos manchadas da mesma forma que o CD, encontrou mais papéis dentro de uma pasta e acima de tudo aquilo havia uma folha, o conteúdo dela estava rasgado, o resto da folha não se encontrava lá dentro.

Encontrou segundos depois uma pequena caixa dentro daquele baú, hesitou em abri-la, não sabia o que acharia nela e tinha medo de encontrar um inseto ou algo do tipo. Abriu devagar e deparou-se com duas alianças, antigas. Questionou-se sobre a origem delas e lembrou-se de seu pai, se carregava o Enlace Matrimonial dele, não seria surpresa encontrar as alianças como uma confirmação. Ele fechou a caixinha e a guardou.

Ainda tinha ali uma fita, dentro de um porta-caneta organizado que estava ali, tinha uma fita. Alejandro riu e imaginou se ele tivesse quebrado o dispositivo naquele dia, até porquê, o dispositivo estava bem perto de ser arremessado contra a parede junto às outras fotos agora remendadas.

Lembrando das fotos, consequentemente se lembrou do homem que o ajudara, virá o nome dele em algum lugar, mas sua mente falhava e se misturava com uma súbita enxaqueca torturante.

Resolveu deixar de lado tudo aquilo e ir descansar, deu ordens ao parceiro e descansou seu corpo no sofá, como não conseguiria dormir, apenas pegou sua carta e a segurou, olhando para ela e fazendo mentalmente questionamentos difíceis.

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