• Dia 8 •
Antes mesmo de abrir os olhos, sorri ao me lembrar que veria Sebastian na escola.
Ficamos apenas um dia sem se ver e parecia anos, sua presença era como um imã, que me puxava para si cada vez mais. Não tinha como negar que me sentia bem ao seu lado e eu queria mais. Em tão pouco tempo ele me causou emoções que não tinha sentido antes e mal me lembrava como era a minha vida antes de ele aparecer.
Levantei da cama, animada para começar o dia. Até cantarolei algumas músicas no chuveiro, mostrando que estava mesmo empolgada. Deixei meu cabelo solto depois de me arrumar e com um sorriso fraco no rosto, sai do meu quarto e segui para a copa, onde encontrei os gêmeos e Sammy.
Apesar de termos passado o dia anterior juntos, Sammy ainda permaneceu grudado em mim, exigindo minha atenção. Não gostava de ver meu irmão caçula implorando por atenção, quando na verdade ele merecia tudo o que tinha de bom no mundo. Se ao menos nosso pai fosse mais presente em nossas vidas, talvez o pequeno não se sentisse abandonado.
Infelizmente, não podíamos mudar as pessoas.
Como vinha sendo nos últimos dias, somente nós quatro tomamos café. Depois de escovar os dentes e levar Sammy até o carro, segui para a escola com Cameron e Carter. No meio do caminho, acabei me distraindo da conversa com os gêmeos quando percebi a ansiedade começando a dominar meu corpo. Não faltava muito para chegar na escola e a expectativa de encontrar Sebastian só aumentava.
Quando Carl estacionou em frente ao prédio da Cornwell, meu coração parecia que ia sair pela boca enquanto arrumava minhas coisas para descer do carro. Com facilidade avistei Sebastian encostado em seu carro, olhando em minha direção. Mal lembrei de me despedir dos gêmeos, enquanto caminhava em direção do prédio Sebastian se aproximou com um sorriso lindo.
Me surpreendi quando ele passou a mão pela minha cintura e beijou o canto da minha boca. Seu toque deixou meu corpo todo arrepiado, foi inevitável lembrar do momento que acabamos trocando um selinho no sábado.
— Bom dia, Treena, está linda! — Senti meu rosto esquentar com o elogio.
— Bom dia, Sebastian!
Ele sorriu antes de segurar minha mão, seguimos em direção do prédio de mãos dadas e percebi que ambos sorriam. Os corredores estavam lotados, mas era como se só existisse nós dois ali. Nada a nossa volta importava, não quando ele estava sorrindo e segurando firme minha mão. Sebastian me acompanhou até o meu armário, depois fomos para a monitoria juntos.
Tive que admitir que foi um pouco estranho vê-lo me acompanhar para a primeira aula, ainda não acreditava que ele mudou todo o seu horário e entrou nas turmas avançadas apenas para ficar mais tempo comigo. Mesmo sendo muito inteligente, ainda era uma incógnita ter Sebastian ao meu lado.
— Já disse que é fascinante te observar?
— Oi? — Sobressaltei-me com a sua voz me trazendo de volta a realidade, a senhora Carlson ainda não tinha aparecido.
— Eu quase consigo ver seu cérebro a mil por hora, é fascinante. — como era de se esperar fiquei envergonhada com suas palavras. — O que tanta pensa, posso saber?
— Hã... — meus olhos se arregalaram com a pergunta, entrei em uma batalha interna sobre contar a verdade ou não, respirei fundo algumas vezes antes de falar. — Ainda estou me acostumando com o fato de você ter mudado seus horários.
— Já expliquei, só quero ficar com você. Não daria certo se ficássemos em turmas diferentes e eu não quero vê-la só na hora do almoço.
Como se fosse possível, senti meu rosto esquentar mais e a situação só piorou quando Sebastian se esticou em minha direção para beijar meu rosto. Meu coração deu um solavanco contra o peito, pensei que ainda teria uma sincope nervosa toda vez que ele se aproximasse, parecia que um show de fogos de artifícios surgia dentro de mim.
Não demorou para a professora entrar na sala, quando ela começou a passar a matéria só uma parte de mim conseguiu se concentrar, a outra parte estava focada em cada movimento de Sebastian. Era em horas assim que eu percebia o quão próximos ficávamos um do outro e como eu ficava mais consciente de sua presença.
Não sabia dizer se era por ser ele ou porque ainda não estava acostumada a ter companhia nas aulas, mas era inevitável me sentir um pouco perdida. Me convenci de que a culpa era dele. Apareceu do nada todo gracioso e querendo ficar perto de mim, então eu não conseguia mais me concentrar como antes e queria ficar o tempo todo olhando para ele.
Suspirei, tentando recuperar um pouco da minha sanidade para poder me concentrar nas aulas. Eu conseguia, era só o Sebastian do meu lado, pensei comigo mesma. Mas quem eu estava querendo enganar? Não era tão fácil assim, me forcei a prestar atenção em boa parte das aulas e quando o sinal tocou, avisando o almoço, me assustei com o barulho.
— Sempre distraída!
Sebastian riu baixinho enquanto arrumava suas coisas, imitei seus movimentos sem dizer nada, já me acostumei com o fato de que meu lado desajeitado divertia ele.
— Vou até o refeitório, te encontro na biblioteca daqui a pouco. — Ele avisou rápido quando saímos da sala.
Não tive tempo para dizer nada, ele sumiu de vista ao se misturar entre as pessoas no corredor. Sem ter muito o que fazer, segui pelo caminho contrário do fluxo de alunos em direção da biblioteca. Os corredores foram se esvaziando rápido enquanto seguia para o outro lado do prédio e foi bem naquela hora que me distrai, indo de encontro com outra pessoa.
Pessoa que eu logo reconheci como sendo Peyton.
Seus olhos azuis me encararam raivosos enquanto suas amigas nos observavam como meras espectadoras. Ela usava o uniforme das líderes de torcida, com uma jaqueta do time de futebol americano por cima, que eu sabia que era de Preston ou de algum dos seus amigos.
Sua estatura altiva fez eu me encolher, sabia que pedir desculpas não adiantaria muito, e não tive tempo para aquilo, já que senti um empurrão forte. Acabei perdendo o equilíbrio e cai no chão, batendo o cotovelo na superfície fria, fazendo um choque subir pelo meu braço.
— Saí da minha frente, sua estranha!
Rindo escandalosa, Peyton se afastou com suas amigas, que também deram risadas altas. Fiquei no chão, com os olhos ardendo por causa das lágrimas, querendo entender o motivo de Peyton ter me tratado daquele jeito. Eu só queria entender o motivo dos meus irmãos me odiarem tanto.
As primeiras lágrimas escorreram pelo meu rosto, seguidas de muitas outras, sem que eu conseguisse me controlar.
— Treena? Ei, o que houve?
Estava tão inerte em minha dor, que não percebi Sebastian se aproximando. Ele me abraçou tentando me acalmar, mas quando senti seus braços em torno de mim, meu choro se intensificou.
— Shh... está tudo bem, eu estou aqui agora. — Sebastian ficou dizendo palavras reconfortantes enquanto me abraçava forte e aos poucos fui me acalmando. — Quer falar o que aconteceu?
— Eu... — me ajeitei melhor do seu lado, percebendo que estávamos sentados no chão com as costas nos armários. Limpei meu rosto, sem coragem de encarar Sebastian nos olhos. — Estava um pouco distraída quando esbarrei em Peyton, ela ficou brava e me empurrou, acabei caindo no chão.
— Quem é Peyton?
— Minha irmã mais velha. — Respondi, sentindo meus olhos lacrimejarem outra vez.
Sebastian não falou nada, só me abraçou outra vez e ficamos assim por mais um tempo. Ele me convenceu a comer um pouco do almoço que ele pegou no refeitório, mesmo estando sem fome eu o acompanhei para não fazer desfeita. Comemos em silêncio ali mesmo no chão do corredor e decidi esquecer o que aconteceu com Peyton.
Não valia a pena ficar sofrendo por causa da maldade dos meus irmãos.
Sebastian me ajudou a levantar quando o sinal tocou, seguimos até o meu armário e depois até o seu. Antes que pudéssemos seguir para a aula de Álgebra, senti meu sangue congelar ao escutar a voz pelos auto-falantes no corredor:
— Preston, Peyton, Trevor, Treena, Cameron e Carter Hartfield, se encaminhem até a diretoria imediatamente.
Meu corpo ficou paralisado no meio do corredor enquanto sentia os olhares das pessoas direcionados a mim. O medo me dominou com a ideia de algo ter acontecido. Nunca fui chamada para ir até a sala da diretora Doherty, e não era só eu que estava sendo requisitada em sua sala.
Se meus irmãos aprontaram alguma coisa, todos os Hartfield teriam que arcar com as consequências? O pânico foi se espalhando dentro de mim, me deixando com falta de ar.
— Ei, está tudo bem? Quer que eu vá com você até lá?
Escutei a voz de Sebastian, mas não consegui distinguir de onde vinha, estava perdida demais para prestar atenção no que acontecia a minha volta. Não lembrava se assenti com a cabeça ou disse em voz alta que queria Sebastian comigo, só senti alguém me conduzindo pelos corredores.
As formas pareciam borrões e um nó se formou na minha garganta. Senti meu coração se apertar contra o peito quando chegamos à diretoria. Aconteceu alguma coisa e não saber o motivo estava acabando comigo em uma velocidade assustadora.
Fomos conduzidos para dentro da sala da senhora Doherty, onde Cameron e Carter correram na minha direção com as expressões assustadas. Os mais velhos estavam de pé do outro lado da sala e nem olharam em nossa direção. Não me preocupei com eles naquele momento, só queria saber o que aconteceu.
Por sorte, Sebastian permaneceu do meu lado me dando apoio. Sem ele eu já teria caído no chão por causa da tremedeira em minhas pernas.
— Os chamei aqui para informar que serão dispensados mais cedo. A senhora Hartfield ligou avisando que o irmão de vocês, Samuel, sofreu um acidente na escola e está no hospital. Ela pediu para que fossem dispensados para irem encontrá-la.
A notícia dada pela mulher a minha frente fez meu corpo vacilar e Sebastian me segurou firme contra seu corpo. As lágrimas vieram com força total e eu não sabia o que fazer. Pela manhã Sammy estava tão manhoso e preguiçoso, imaginar que ele se machucou fez o aperto em meu peito se intensificar, o nó na garganta chegava a machucar.
— Ei, vai ficar tudo bem!
Tentei acreditar nas palavras de Sebastian, mas não conseguia me convencer. Só queria meu irmãozinho, só queria saber se estava tudo bem com ele e até vê-lo, não conseguiria me acalmar. Sabia que deveria me manter firme para não assustar Cameron e Carter, que pareciam bastante assustados, mas naquela hora não estava tendo controle de mim mesma.
As vozes a minha volta se tornaram desconexas, mais uma vez senti meu corpo em movimento, mas não conseguia registrar o que estava acontecendo. Sabia que Sebastian estava perto por causa da sua presença, escutei sua voz ao fundo, mas nada fez sentido para mim por um tempo.
— Treena, olha para mim. — Reconheci sua voz e o seu toque em meu rosto.
Sebastian me fez encará-lo nos olhos, e sem que conseguisse entender, acabei me acalmando só de olhar para a intensidade de seus olhos escuros. Meu corpo trêmulo se acalmou um pouco, olhando em volta, pude notar que estávamos no estacionamento da escola. Cameron e Carter estavam no banco de trás do carro de Sebastian enquanto nós dois estávamos parados do lado de fora.
— Você tem que se acalmar, vai dar tudo certo. Vou levá-los até o hospital e você vai ver que está tudo bem com seu irmão, só respira. — Ele pediu com a voz calma e me incentivou a respirar.
Fiz o que pediu, me acalmando e colocando os pensamentos no lugar certo. Sebastian sorriu fraco, beijou minha testa em um gesto carinhoso e me abraçou apertado antes de abrir a porta do passageiro para mim. Me acomodei no banco, colocando o cinto e me virando para trás para ver meus irmãos, que ainda estavam com as expressões assustadas.
— Vai ficar tudo bem! — Afirmei baixinho.
Cameron e Carter assentiram com a cabeça sem dizer nada. Sebastian assumiu seu lugar atrás do volante e deu partida no carro.
Não tinha ideia do que aconteceu na sala da diretora depois que ela nos contou a notícia sobre Sammy, não sabia onde Preston, Peyton e Trevor estavam e não sabia como Sebastian conseguiu ser liberado para nos levar ao hospital. E não fazia muita questão de saber, só queria chegar logo ao hospital e descobrir o que aconteceu com Sammy.
Não prestei atenção no caminho, ainda estava aflita, mas não surtei porque Sebastian segurou minha mão durante todo o caminho. Chegando ao hospital infantil de Seattle, fomos direto para a emergência, onde encontramos vovó Mary e vovô Joseph na sala de espera da emergência.
— Vovó? — Chamei sua atenção.
Cameron, Carter e eu corremos em direção dos nossos avós. Só quando senti o abraço da minha avó, foi que me acalmei de vez. Seja lá o que aconteceu, parecia não ter sido tão grave, pois quando me afastei, vovó sorriu para mim enquanto limpava as lágrimas que rolavam pelo meu rosto.
— Está tudo bem, querida! Sammy caiu de um brinquedo na escola e quebrou o braço, mas já está tudo bem. Como chegaram aqui?
Um alívio enorme me dominou ao saber que Sammy estava bem, não sabia o que faria se algo grave acontecesse com o pequeno. Notei que Preston, Peyton e Trevor não estavam ali, assim como notei a ausência do nosso pai. Não sabia porque ainda tinha esperanças de eles mudarem e nos tornarmos uma família, aquilo nunca aconteceria.
— Sebastian nos trouxe.
— Certo, avise o Carl que eles estão aqui. — Vovó pediu para vovô.
— Só viemos aqui para assinar os papéis, já íamos voltar para o quarto. — Vovô Joseph explicou com Cameron e Carter pendurados nele, acabei sorrindo com a cena, me sentindo bem melhor do que meia hora atrás.
— Sebastian, obrigada por trazê-los, é bom revê-lo em tão pouco tempo, querido. — Vovó o cumprimentou sendo sutil como sempre.
— É bom rever a senhora também, apesar das circunstâncias. — Sebastian brincou.
Eles trocaram mais algumas palavras antes de vovó seguir até a recepção. Vovô Joseph a seguiu com os gêmeos, deixando Sebastian e eu sozinhos. Sem vergonha, me aproximei dele envolvendo suas costas com os braços em um abraço apertado e descansando a cabeça em seu peito.
— Obrigada por me ajudar. — Agradeci baixinho, sentindo seus dedos mergulharem por entre meus cabelos e acariciar minha cabeça.
— Estarei aqui sempre que precisar. — Declarou.
Sebastian se afastou um pouco, só o suficiente para eu poder encará-lo. Segurou meu rosto de ambos os lados, com um sorriso no canto dos lábios. No momento em que percebi ele se aproximando de mim, pensei que fosse me beijar, mas ele só depositou um beijo terno no alto da minha cabeça e voltou a me abraçar forte.
Por mais que não fosse o momento mais apropriado para aquilo, uma parte de mim desejou que ele me beijasse, a outra parte agradeceu por ele não ter feito. Se fosse para nos beijarmos, seria no momento certo e não no meio de uma sala de espera de hospital.
Ainda mexida com todos os seus gestos, me aconcheguei mais em seus braços e deixei que o cheiro do seu perfume ficasse impregnado em mim.
Ficamos mais uma hora no hospital até Sammy receber alta. Por conta do remédio para dor, ele estava mais manhoso que o normal. Sebastian se ofereceu para me levar em casa, e eu aceitei sem pensar duas vezes. Os gêmeos voltariam com nossos avós, então seria só Sebastian e eu.
Já que sabia o caminho até a minha casa, não precisei falar nada enquanto Sebastian dirigia concentrado no tráfego. E quando chegamos em frente a mansão, eu não queria que ele fosse embora.
— Quer entrar? — Perguntei com uma coragem repentina.
— Quero!
Sebastian seguiu do meu lado para dentro de casa com um sorriso fraco no canto da boca. Pelo visto ele torcia para eu convidá-lo para entrar e ficou feliz por eu ter feito. Sammy deixou o colo do nosso avô quando me viu entrando, sabia muito bem que ele ia pedir para ficar comigo, então me antecipei em sua direção e o peguei no colo.
Ia dar toda a atenção que ele quisesse.
— Vamos para o meu quarto.
Apontei para a escada que levava ao segundo andar, recebendo um aceno de Sebastian. Ele ficou perto enquanto subíamos rumo ao meu quarto, Sammy apoiou a cabeça em meu ombro, sonolento. Passamos pela antessala, entrando no corredor leste, que levava para a ala do meu quarto e dos mais velhos.
— Fica à vontade, só vou trocar de roupa rapidinho. — Falei quando chegamos ao nosso destino, colocando Sammy na minha cama.
Sebastian se sentou ao lado de Sammy enquanto seguia para o closet. Não demorei muito para colocar uma roupa mais confortável. Voltando para o quarto, encontrei Sebastian e Sammy conversando baixinho.
— Ei, pequeno, está com dor? — Me juntei a eles na cama, colocando Sammy no meu colo, que logo se aninhou no meu peito.
— Não, a moça lá no hospital deu remédio ruim para a dor.
— Remédio ruim? Mas que moça malvada.
Brinquei o abraçando forte, mas tomando cuidado com seu braço. Ao olhar para Sebastian, encontrei seu sorriso enquanto ele nos observava. Quando percebeu que foi pego no flagra, seu sorriso aumentou e ele piscou para mim. Senti meu rosto ganhar alguns tons de vermelho e um sorriso fraco surgir em meus lábios.
— Coloca desenho. — Sammy pediu baixinho.
Liguei a tevê, colocando em um canal de desenhos que sempre assistia com ele. Sammy se ajeitou entre as minhas pernas para poder assistir mais confortável, se recostou em meu peito e eu fiquei fazendo carinho em seus cabelos claros.
— Ei, Sammy, o que acha de assinarmos o gesso no seu braço?
Sebastian sugeriu um tempo depois, chamando a atenção do pequeno. Naquele momento, meu quarto foi invadido por Cameron e Carter cheios de guloseimas nos braços. Eles jogaram tudo na minha cama e se juntaram a nós.
Sebastian contou para eles sobre a ideia de assinar o gesso de Sammy, fazendo eles se animarem e apesar de ficar um pouco hesitante, acabei concordando com a ideia e me levantei para pegar alguns marcadores na escrivaninha.
Observei enquanto eles ficaram em volta de Sammy, eufóricos e dando tanta atenção ao pequeno, que me senti grata pela ideia de Sebastian.
Notando meu olhar, ele me encarou sorrindo, mas era um sorriso junto com um brilho diferente em seus olhos, um diferente cheio de promessas não ditas. E sem conseguir explicar, senti um calor surgir dentro de mim aquecendo meu corpo.
— Treena, é a sua vez!
Fui despertada de meus devaneios por Cameron, que esticou um marcador roxo em minha direção. Sammy veio para o meu colo outra vez para eu poder assinar meu nome no seu gesso. Sorri ao ver o nome dos meninos ali e alguns desenhos, foi um pequeno gesto de Sebastian que ganhou um grande significado para mim e faria questão de agradecer depois.
Depois de assinar meu nome e fazer o desenho de uma borboleta, nós nos ajeitamos na cama para assistirmos o desenho que passava na tevê. Os gêmeos faziam comentários vez ou outra, não demorou muito para Sammy adormecer em meus braços e Sebastian ficou o tempo todo do meu lado, ora conversando com meus irmãos, ora prestando atenção no desenho.
Tê-lo na minha vida naquele momento estava sendo mais do que especial, ele trouxe um sopro de vida que eu não sabia que precisava e não tinha palavras que pudessem expressar o tamanho da minha gratidão por Deus ter colocado ele no meu caminho. Foi uma tarde divertida apesar dos acontecimentos mais cedo.
— Ei, está ficando tarde, é melhor eu ir.
Sebastian chamou minha atenção perto das seis da tarde. Por mais que eu quisesse que ele não fosse embora, eu sabia que era necessário. Ele largou a escola para me ajudar e ainda passou a tarde toda em casa. Só esperava que ele não arranjasse problemas com seus pais depois.
Arrumei Sammy nos travesseiros antes de me levantar. Cameron e Carter não desviaram a atenção da tevê quando acompanhei Sebastian para fora do quarto. Não tinha ninguém por perto enquanto seguíamos pelo corredor, segurei a mão de Sebastian, entrelaçando nossos dedos.
Ele sorriu quando nos encaramos, retribui, mas com o rosto vermelho de vergonha. Não falamos nada enquanto caminhávamos em direção da saída. Paramos ao lado do seu carro estacionado perto da entrada, um de frente para outro. Sebastian segurou minhas mãos, me puxando para bem perto dele, tanto que fiquei inebriada com o cheiro do seu perfume amadeirado.
— Obrigada por tudo o que fez hoje, sem você, acho que não teria conseguido. — Agradeci baixinho ao sentir seus braços envolverem minha cintura.
Sebastian me puxou para junto de seu peito, onde me aninhei e me agarrei a sua camiseta. O calor de seus braços, o seu cheiro, até o bater ritmado de seu coração fazia eu me acalmar e me sentir segura.
Não tinha lugar melhor para estar, se não em seus braços. Fiquei ali, encolhida e aproveitando cada segundo do seu toque. Sebastian se afastou um tempo depois, segurando meu rosto de ambos os lados, e acariciou minhas bochechas com os polegares.
— Você é linda! — meu coração disparou diante do elogio saindo de seus lábios. — Adoro olhar seus olhos verdes e nada nesse mundo é capaz de me afastar de você. Por mais louco que seja, esse pouco tempo que nos conhecemos compensou toda uma vida. Você é incrível, Treena, e sempre estarei aqui quando precisar.
Tinha como se manter firme depois de ouvir suas palavras? Sebastian falou com tanta convicção e sinceridade enquanto me olhava nos olhos, que eu não sabia se chorava de emoção ou se começava a comemorar por tê-lo ali. Ainda perdida no seu olhar, não percebi quando ele se aproximou devagar.
Pude sentir sua respiração bater contra meu rosto, seu nariz roçando no meu pouco antes de sentir seus lábios quentes encostarem nos meus. O arrepio que percorreu meu corpo fez minhas pernas ficarem bambas e um frio tomar conta do meu estômago.
Com os olhos fechados, agarrei a camiseta de Sebastian na tentativa de encontrar algum equilíbrio e não cair no chão. Seus lábios pressionados nos meus me proporcionavam diversas sensações ao mesmo tempo.
Euforia, hesitação, felicidade, carinho.
Parecia que não existiam mais neurônios e meu cérebro parou de funcionar por alguns segundos, que deveriam ser eternos, contanto que Sebastian continuasse a me beijar. Não demorou para ele se afastar, uma sensação de abandono me dominou enquanto voltava a realidade, me sentia desnorteada.
— Até amanhã, Treena!
Poderia dizer que vi o esboço de um sorriso em seus lábios, mas não consegui me recuperar totalmente, ainda mais quando ele beijou meu rosto e entrou no seu carro sem dizer nada. Eu não consegui me despedir, ainda me sentia extasiada com o beijo e fiquei longos minutos encarando o caminho que seu carro seguiu para longe de mim.
Teria ficado muito mais tempo parada do lado de fora de casa se não fosse pelo carro de Preston passando pelos grandes portões de ferro. Consegui me recompor o suficiente para correr para dentro de casa e subir direto para o meu quarto, onde Cameron e Carter ainda assistiam desenho enquanto Sammy dormia.
Pensei em me juntar a eles na cama, mas decidi ir para a escrivaninha. Precisava estudar um pouco e fazer meus deveres, estava muito dispersa nos últimos dias.
Não que eu estivesse reclamando, ter Sebastian por perto era o grande ápice dos meus dias, mas tinha que admitir que estava um tanto desconcentrada dos estudos. Então passei as duas horas seguintes o mais focada possível e consegui adiantar muita coisa da escola.
Na hora do jantar, foi um pouco trabalhoso acordar Sammy, mas no fim deu certo. Os caçulas e eu jantamos com nossos avós, que ainda estavam em casa. Pelo o que parecia estavam esperando meu pai dar sinal de vida, o que poderia demorar bastante para acontecer. Preston, Peyton e Trevor não apareceram, e eu me convenci que não deveria ficar preocupada.
A ideia de sermos uma família disfuncional estava começando a se fixar na minha cabeça e se as coisas continuassem do jeito que estavam, em breve eu acabaria desistindo de lutar pela nossa família. Era exaustivo demais fazer tudo sozinha, não podia mudar as pessoas e sem a ajuda deles, nada daria certo.
Ajudei vovó Mary a dar banho em Sammy depois do jantar e antes de me recolher, passei no quarto dos gêmeos para ver se estava tudo bem com eles.
Quando entrei no meu quarto, foi inevitável fazer uma careta com a bagunça nele, resultado de uma tarde divertida com meus irmãos caçulas. Vencendo a preguiça que queria me dominar, dei uma organizada nas coisas, seguindo para o banheiro depois.
Tomei um banho quente para me livrar da exaustão do dia e quando deitei na cama, meus últimos pensamentos se voltaram para Sebastian e o nosso beijo. Não fazia ideia do que aconteceria no futuro, e não me preocupava com ele, porque eu só queria aproveitar o presente e ficar com Sebastian.
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