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Capítulo 3:
SANGUE
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ORADINAS, A CIDADE BRANCA, ERA A CAPITAL DO REINO DE DALERUIN e tinha esse nome por ter sido construída apenas com pedras brancas em tamanhos proporcionais, e uma alta muralha rodeava-a com a única entrada sendo por um enorme portão de madeira grossa e ferro negro. A cidade era grande, com guildas de ferreiros, ourives, comerciantes; haviam celeiros, armazéns onde guardavam tijolos, praças, vilas, casas, tavernas e estalagens, e vários outros estabelecimentos.
Dizia a tradição que Oradinas fora erguida por Sirius Valkoinen, o fundador de Daleruin e também seu primeiro rei. Sirius, o Abençoado. Por meio dele a benção dos Dìonadair caiu sobre todos os Valkoinen, e todos acreditavam que a dinastia era protegida e o reino, intocável.
Um sorriso desdenhoso se formou nos lábios carnudos de Maude Schlange. Nada era intocável, toda dinastia poderia ser extinta, e todo reino poderia ser arruinado. Todas as estrelas poderiam morrer.
A rainha se afastou da sacada de seus aposentos no palácio — que ficava no ponto mais alto da cidade — e caminhou até a longa mesa de madeira escura onde estava uma bacia com água e uma faca de prata brilhante. Ninguém entraria em seu quarto, fora sua ordem e ela sempre era obedecida.
A lâmina afiada cortou a palma de sua mão como se estivesse cortando manteiga.
Magia de sangue era algo considerado profano aos olhos de Athair, o Pai dos Deuses, e de seus Guardiões; no sangue havia vida, porém, dessa vez, Maude não pretendia controlar ou matar alguém. Sangue poderia ser usado para ampliar dons naturais ou adquiridos, e a mulher deixava-o cair na bacia com água. O líquido tingiu-se de vermelho e ela respirou fundo, livrando a mente de qualquer pensamento, antes de encará-lo novamente.
Imagens borradas e pouco precisas apareceram ali.
Viu seu antigo lar, as terras onde seu pai era rei, e como tudo seguia perfeitamente seu rumo; viu uma grande sombra nas Montanhas dos Ossos, indicando que a Fortaleza de Ferro estava de pé e forte; viu a Floresta Assombrada que enchia de temor o coração dos tolos e fracos. Viu um cavaleiro de cabelos negros atravessar, solitário, uma grande floresta.
Fechou os olhos e, quando abriu-os novamente, nada mais havia ali. Sangue escorria de seu nariz e ela precisou se apoiar na mesa para recuperar o equilíbrio; o mal estar era um incômodo que suportava com prazer, principalmente após tudo o que vira.
Glain Martainn retornava para Daleruin sozinho, e isso significava que não tinha conseguido convencer a vadiazinha a voltar com ele, mesmo sendo uma ordem do rei. Maude sabia que uma hora ou outra Lyra voltaria, mas teria tempo até que ela chegasse, bastante tempo pelo que sentia. E Orion... Ah, Orion ficaria furioso!
Enfiou a mão ferida dentro da bacia, balançando de um lado para o outro, fazendo a água sangrenta ondular.
Alcançou o lenço que estava um pouco distante e amarrou de forma a proteger o corte. A dor pulsava. Afastou-se da mesa e foi até a porta, saindo do cômodo; suas servas, ambas de Lügner, já acompanhavam-na há anos e sabiam de seus rituais assim como sabiam que deveriam mantê-los em segredo enquanto estavam em Daleruin, e seriam responsáveis por se livrarem da água suja e limparem a faca.
Precisava encontrar Mistila.
Andou pelos corredores, ignorando os servos que se apressavam a reverenciá-la e abrir caminho, e não demorou até chegar em um dos pátios internos. Ali estava sua filha, com os cabelos fulvos soltos sobre os ombros, no meio dos homens treinando com sua espada curta; obviamente, Maude só permitia que ela treinasse com os homens de armas de Lügner, pois eram homens mais endurecidos. Orion não se opunha a isso, sabia muito bem como lidar com ele.
Não hesitou ao se aproximar e os homens se afastaram ao notar sua presença, com o respeito que lhe era devido. Mistila esperou, abaixando os braços ainda segurando a espada; o olhar foi para sua mão envolvida pelo lenço, mas nada perguntou — já estava acostumada a vê-la assim.
Segurou o queixo da filha, admirando o quanto ela havia crescido e se tornado uma bela jovem. Herdara a aparência dos Schlange, o que orgulhava Maude, embora ela reconhecesse que isso deixava as coisas mais difíceis para que o povo do oeste a aceitasse como a herdeira do trono de Daleruin.
— Preciso que vá se mostrar pelas ruas da cidade — ela falou, soltando o queixo de Mistila — Banhe-se, e vista-se com boas roupas. Use ornamentos de ouro e vá cavalgar, mas leve apenas uma pequena guarda.
Mistila franziu o nariz, claramente desgostosa.
— Eu não gosto de estar no meio de toda aquela... gente — não escondeu o desprezo em sua voz — E sei que não gostam muito de mim. Deveríamos ordenar que fossem esfolados pela forma que me encaram!
A rainha respirou fundo, descansando a mão que não estava ferida no ombro da jovem.
— Já avisei para ter cuidado com o que diz — tentou controlar a rispidez em seu tom — Faça com que gostem de você, ou ao menos que acostumem-se com sua presença. Mesmo que seja a herdeira legítima de seu pai, muitos aqui ainda preferem a bastarda.
— Mais um motivo para que sejam esfolados!
— Quando você for rainha, poderá fazer como quiser. Até lá, seu pai pode facilmente ceder a qualquer pressão que o povo faça, independente de todos os meus esforços. Quer mesmo correr o risco que de perder o trono para sua meia-irmã?
Finalmente a garota parecia estar escutando suas palavras; pressionava os lábios e desviava o olhar, mas seus ombros relaxavam.
— Lyra não quer o trono, ela nem fica aqui — murmurou.
— E é melhor que ela não fique mesmo, assim você assegurará o seu lugar de direito. Agora faça o que eu disse, e finja que ama essas pessoas desprezíveis.
— Tudo bem, mãe. Farei como ordena — os olhos verdes de Mistila pareceram soltar faíscas — Só espero que o rei leve em consideração minha boa vontade.
— Deixe seu pai comigo e vá logo!
Mistila embainhou a espada e saiu marchando do pátio, deixando Maude encarar suas costas com uma expressão pensativa. Ela ainda não compreendia o quão crucial era assegurar e defender sua posição; assim como todos os jovens, era imprudente e impulsiva tanto em suas palavras quanto em suas ações.
Balançou a cabeça, fechando os olhos e apertando a ponte de seu nariz. Um dia ela entenderia todos os esforços feitos.
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— Ela não retornará tão cedo — Orion falou, em tom grave — Sinto isso.
Os três — Orion, Mistila e Maude — jantavam juntos nos aposentos do rei, como sempre faziam, e Maude, ocultando o sorriso malicioso por trás de sua taça de vinho, incentivara disfarçadamente que o assunto se voltasse para a vadiazinha bastarda que, graças aos Gruamach, não estava ali.
— Orion, senhor meu marido — ela inclinou-se em sua direção, cobrindo a mão calosa do homem com a sua e mantendo o tom suave — Sei que ama Lyra, todos nós amamos... Mas se ela realmente não retornar no tempo que espera, estará cometendo grande afronta não somente ao pai, mas também ao rei. O que os servos dirão? O que o povo pensará? — fez um momento de silêncio para que suas palavras causassem maior impacto — Perdoe minha ousadia em dizer o que pensarão: que se você não consegue nem mesmo governar sua filha, então não poderia estar governando Daleruin. Verão você como um fraco sem autoridade.
Conseguia ver nos olhos azuis do marido que ele engolia avidamente cada uma de suas palavras, e a mente começava a alinhar-se com a sua.
— E o que sugere que eu faça a respeito disso, meu amor? — o monarca questionou, lentamente, parecendo pensativo.
— Precisa impor um castigo sobre ela — Maude respondeu, estampando em seu rosto uma máscara de tristeza — Um castigo que mostre a todos a forma como pune aqueles que o desobedecem, mesmo aqueles a quem você ama.
— Maude...
— Eu compreendo, é difícil tomar essa decisão — ela o encarou por baixo dos cílios, mantendo o tom manso — Porém, precisa fazer isso. E será bom para a educação de Lyra, pois ela anda muito largada: deve aprender a obedecer e ter bons modos.
Orion estava calado e seu olhar permanecia distante.
— Você pode estar certa — disse ele, por fim.
— Pai, — Mistila chamou, em um tom gentil — eu sei que não deveria me intrometer, mas não gostaria que minha irmã tivesse um castigo tão rígido. Permita-me oferecer uma opção?
— Sim, minha querida — Orion sorriu, carinhosamente.
Somente Maude percebeu o brilho cruel nos olhos da filha.
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