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Capítulo 2:
NA CASA DE MYRDDIN
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DE ACORDO COM O DECHRAU, QUATRO POVOS HAVIAM sido criados pelos halainn, antes que a contenda caísse sobre eles e dividisse-os entre Dìonadair, Guardiões, e Gruamach, Sombrios. Esses povos eram conhecidos como "Quatro Grandes", pois foram concebidos pela labuta de todos os halainn em união, e eram eles os Feéricos, os Feiticeiros, os Humanos, e os Anões, que há quase mil anos são considerados extintos.
Os feiticeiros, assim como os feéricos, eram imortais, não sendo atingidos pela velhice ou por doenças, embora pudessem escolher abandonar a vida após tristezas e sofrimentos extremos, com seu espírito deixando o corpo. Determinadas lâminas enfeitiçadas e algumas poções venenosas, não muito conhecidas entre os mortais, também poderiam levá-los à morte, pois poderiam ser assassinados.
Feiticeiros viviam em Swynwir, uma vasta região selvagem e perigosa, e estavam sempre em conflitos; alguns conseguiram fugir usando magia e suas habilidades únicas de mudar de forma, e esses costumavam ser chamados entre os humanos de "Feiticeiros em Exílio".
Lyra conhecia vários que viviam escondidos e visitava-os em segredo sempre que podia, pois não eram bem vistos entre os humanos de Daleruin — costumavam ser temidos e até mesmo hostilizados. Nesse desconhecido havia sentido uma enorme escuridão, e precisou lutar contra ela para curá-lo, estando agora esgotada; certamente ele era mestiço, parte Feérico e parte Feiticeiro.
Suspirou, ainda caída no chão, sentindo o corpo trêmulo pela energia gasta. Respirou fundo algumas vezes; mesmo exausta precisava levantar e foi o que fez, lentamente, colocando-se sentada. Para sua surpresa, não voltou a tombar e conseguiu manter-se firme, sentindo suas forças retornarem aos poucos.
Ela ergueu o olhar e encarou os olhos de gato que estavam entreabertos; se ela estava esgotada, ele parecia ainda pior. Mas os lábios e rosto pareciam um pouco mais corados, o que significava que o desconhecido talvez estivesse longe de perigo. Por alguns segundos encararam-se em silêncio.
— Você salvou minha vida — ele falou, surpreendendo-a. Não era uma pergunta e sim uma afirmação — Por que? — agora era uma pergunta.
— Porque você estava ferido e eu podia curá-lo — ela respondeu.
— E você costuma curar todos os feridos que encontra?
— Não, não todos — retrucou, pensativa — Meu nome é Lyra, e o seu?
Ela não estava particularmente curiosa, mas parecia errado permanecer chamando-o de "desconhecido" ou "feérico feiticeiro" mesmo que apenas em pensamento. Ele hesitou antes de responder, parecendo um pouco incerto.
— Emrys — sua voz soou suave, como se há muito não usasse seu nome — Emrys Steelward.
— Você é um Feiticeiro — Lyra afirmou — E também um Feérico.
— Sim, eu sou — ele suspirou, fechando os olhos e tombando a cabeça no tronco da árvore — Você curou meu braço esquerdo, que estava quebrado. Nunca vi humanos com tamanha habilidade. Como fez isso?
— Treino muito com artes medicinais — falou parte da verdade — Muito.
— Mesmo que treine muito, — seu tom pareceu levemente zombeteiro — uma mera humana não seria capaz de tecer magia forte. Principalmente sendo tão jovem. Quem é você?
Seus olhos haviam se aberto e a encaravam de modo afiado, aguardando uma resposta.
— Para alguém que não revela nada sobre si mesmo, até que você faz muitas perguntas — Lyra ergueu as sobrancelhas — O que acha de dizer um simples "obrigado" para quem salvou sua vida?
Os olhos felinos se arregalaram, incrédulos, e ele franziu o cenho claramente aborrecido. Inspirou profundamente antes de finalmente dizer algo.
— Obrigado — murmurou.
— Disponha — Lyra respondeu, analisando-o com cuidado — Consegue levantar? Irei levá-lo para um lugar onde podemos nos abrigar e você ficará mais confortável.
A mão de Emrys tocou o cabo da espada que ainda estava presa à sua cintura; Lyra ficou tensa, mas logo relaxou ao ver que era apenas uma ação inconsciente e ele não planejava desembainhá-la para atacá-la.
— Consigo, porém precisarei de ajuda — ele respondeu.
A jovem certificou-se de que tudo estava em sua bolsa e que sua própria espada estava bem presa à cintura, então delicadamente passou o braço direito de Emrys sobre seus ombros e o ajudou a ficar de pé, abraçando seu corpo.
— Apoie-se em mim — murmurou — Não iremos para muito longe, mas ainda é uma boa caminhada.
Seguiram em silêncio e, embora o feérico parecesse tentar disfarçar ao máximo, ela via o quanto ele estava cansado; devia ter sofrido muito para ter aquele olhar quase assombrado e um pouco melancólico. Sendo também um feiticeiro, talvez estivesse fugindo dos terríveis servos do Mallaich que, segundo relatos, estavam começando a dominar a região das Montanhas dos Ossos. Um dos mais cruéis era aquele a quem chamavam de Nauran, que comandava a Fortaleza de Ferro.
— Já estamos chegando, aguente firme — ela falou, ofegante pelo esforço.
A casa era pequena e parecia fazer parte da própria floresta, com trepadeiras floridas até o teto e diversas outras plantas ao redor, além da pequena plantação de ervas medicinais e vegetais. Não demoraram a entrar — a porta estava aberta, como sempre — e Lyra levou Emrys até o quarto simples de Myrddin, deitando-o na cama; seu rosto bonito estava suado, sua respiração entrecortada, e os olhos entreabertos.
Tocou seu rosto e suas mãos; a pele estava gélida, como a de um cadáver, e ela voltou a se preocupar, pois não compreendia o que era aquilo. Havia usado sua própria essência para curá-lo o melhor que pôde, por que então ele ainda parecia... doente?
— Eu estou bem — Emrys gemeu, sentindo sua preocupação — Há feridas que estão acima de qualquer habilidade de cura, mas não sinto que irei morrer como sentia antes.
— Irei usar as amphridis novamente — ela deixou que os dedos acariciassem o rosto dele.
E foi o que fez. Lyra já estivera tantas vezes na casa de Myrddin que sabia se arranjar perfeitamente ali, e não demorou para ferver água e levar para o quarto em uma bacia, tomando cuidado para não queimar as mãos, e equilibrando com um pano limpo que tinha encontrado. Jogou na água o restante das amphridis que estava em sua bolsa, e um aroma doce e agradável preencheu o quarto, se erguendo com o vapor.
Ouviu Emrys suspirar e se aproximou ainda mais dele com a bacia, sentando na cama. A fragrância era reconfortante, e Lyra sentiu que sua mente ficava mais calma e lúcida. Molhou o pano na água e começou a passar no rosto de Emrys, limpando o suor e a terra que estava grudada ali. Desfez a bandagem do pescoço e também limpou a região, vendo que o corte venenoso agora era apenas um pouco mais do que um arranhão que sangrava.
Mergulhou novamente o pano na água e espremeu o excesso, passando nas mãos do mestiço, e acabou por notar um anel de ouro com uma pedra de diamante arredondada em seu dedo indicador; era uma joia muito bonita, apesar de ser simples.
A expressão de Emrys agora estava tranquila e ele mantinha os olhos fechados. Sua pele não estava mais gelada.
— Irei trazer algo para você comer...
— Não — ele a cortou em um murmúrio — Estou muito cansado, eu... Preciso dormir.
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Lyra estava exausta e acabou por dormir no chão da pequena sala — se é que poderia chamar aquilo de sala —, visto que não poderia deitar nas cadeiras que haviam na cozinha, e o feiticeiro estava na única cama. Em algum momento havia começado a chover, uma chuva de fim de verão, embalando seus sonhos e relaxando seu corpo, enquanto os dois dias sem repouso cobravam seu preço.
O sono estava tão pesado que demorou a acordar mesmo quando gritos começaram a soar dentro da casa. Levantou em um salto e correu até o quarto, onde Emrys ainda encontrava-se adormecido, mas se revirando e gritando, visivelmente preso em um pesadelo. Esfregou os olhos e sentou ao seu lado na cama, segurando firmemente seus ombros.
— Emrys! Emrys, acorde! — Lyra o sacudiu com força — Emrys!
Seu rosto estava suado e contorcido em agonia, e as mãos agarraram desesperadamente a manta que o cobria. Sentiu o corpo de Emrys esquentar, e temeu que pudesse ser um sinal de sua magia fora de controle, então o sacudiu com ainda mais firmeza.
— Emrys, acorde, por favor! — gritou ao mesmo tempo em que um relâmpago riscou o céu do lado de fora, iluminando momentaneamente o quarto, e segundos depois um estrondo foi ouvido — Emrys!
Ele acordou, colocando-se sentado na cama de forma tão súbita que pareceu agressiva, com os grandes olhos brilhando em um dourado flamejante — pronto para atacar algo ou alguém. Lyra não vacilou nem mesmo por um momento, continuando a segurar seus ombros firmemente.
— Emrys, se acalme! Você está comigo agora — falou, olhando em seus olhos.
Aos poucos ele foi se acalmando, com sua respiração se tornando cada vez mais calma, e os olhos perdendo a cor flamejante e voltando a serem verdes. A princípio isso foi um bom sinal, mas em seguida sua expressão se tornou surpreendentemente triste e perturbada, como se ele ainda estivesse dilacerado por dentro.
Lyra sentiu pena dele, assim como sentia pena de todos que via sofrer; talvez sua meia-irmã estivesse certa quando dizia que ela tinha um coração bondoso demais, pois segurou o rosto do feiticeiro entre suas mãos e o fez encarar seus olhos.
— Fique em paz, Emrys — murmurou, com gentileza — Está tudo bem agora. Seja lá o que sonhou, não pode atingi-lo aqui.
Seus olhos se fecharam e ele tombou levemente a cabeça, fazendo com que sua testa tocasse a dela. Era uma ação quase íntima, porém não o afastou; visivelmente ele parecia estar buscando inconscientemente por uma forma de consolo.
Lyra deixou que os dedos gentilmente acariciassem o rosto e os cabelos ruivos de Emrys, pousando por último a mão em sua nuca e fazendo com que ele deitasse a cabeça em seu ombro. Lembrava de alguém fazer isso consigo quando era criança, talvez Rowena ou Seren.
— Volte a deitar — sussurrou em seu ouvido — Tente voltar a dormir...
Entretanto, ao invés de se afastar e deitar, ele passou os braços por sua cintura e abraçou-lhe fortemente. O que havia visto em seus pesadelos para que buscasse consolo em uma desconhecida dessa forma? Emrys parecia ter os traços orgulhosos dos Feéricos e o poder dos Feiticeiros, então por que estava tão... frágil?
Retribuiu seu abraço e apoiou o queixo em seu ombro, ainda pensativa, não tinha motivos para não abraçá-lo. Franziu o nariz; quando amanhecesse prepararia um banho, ele cheirava a sangue e suor, certamente iria querer se banhar. Talvez Myrddin tivesse roupas que coubessem nele.
— Está tudo bem — falou, quando Emrys começou a soltá-la — Durma mais um pouco, ainda falta muito para o nascer do sol.
Ele se deitou, virando o corpo para o lado da janela e ficando imóvel, salvo por sua respiração. Lá fora ainda chovia.
Saiu do quarto e seguiu para a sala, onde tornou a deitar e enrolar-se em seu manto.
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