O jovem pirata se recostou contra a polpa, eles haviam acabado de passar por uma tempestade e se encontravam em um mar mais calmo agora, mas, o problema, era que o mar dentro de si não havia se acalmado, muito pelo contrário.

A calmaria do mar era como o rosto limpo do jovem pirata a bordo do Going Marry, mas, assim como o mar guardava um turbilhão de coisas em seu interior, o jovem também o fazia, escondendo tudo isso e pegando os desavisados de surpresa.

O mar guarda histórias, guarda batalhas, guarda lendas e memórias, mas, também, guarda monstros, atos cruéis, desesperos, medos e desesperanças.

Assim como o jovem, um jovem que foi quebrado muito antes de deixar a olha em que vivia. Usoop se sentia à deriva, de falsos sorrisos, falsas histórias e falsa coragem, fingindo ser o que não era todos os dias desde o momento que acordava até a hora em que ia dormir, em um medo constante, não da próxima batalha ou das próximas aventuras, como já lhe era normal e esperado, mas sim o medo de seus companheiros descobrirem o quão ridículo realmente era.

Sabia que já era considerado ridículo por seus companheiros, e isso lhe doía mais do que um dia iria admitir, dois porque essa era sua melhor versão, a versão que construiu em sacrifício auto inflingido de seus sentimentos, mas essa versão ainda era terrível.

Usoop tinha plena ciência de que os outros tinham seus próprios problemas, claramente superiores aos seus, então nunca sequer pensou sobre os incomodar com isso, mas, as vezes, seus sentimentos ficavam turbulentos ameaçando virar uma tempestade e Usoop quase não conseguia controlar, quase.

Geralmente, quando isso acontecia, ele só precisava tomar um tempo até conter as teimosas lágrimas que ousavam cair e então ele reconstruia sua melhor versão, tapando os buracos rachados da falha represa.

Claro, é impossível conter o mar e, hora ou outra, a represa que criou iria se romper e o mar que finge ser calmaria se tornará Tormenta, revelando todos os monstros que possui em seu interior.

Usoop ouviu alguém o chamar, pedindo ajuda no convés, e deixou a polpa correndo para ajudar, com o melhor sorriso que encontrou no momento.