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Como as ondas do mar

Notas iniciais:

Aqui o último capítulo, espero que gostem ^~^ 

Co-Autor: PurpleGalaxy_Project

_Avaliação por: @madu_Koofus

_Betagem por:DarkBlueKisss

_Design por: ggukminte

_Trailer por: Lety_azul

°°°

"Algumas ondas são fortes e chegam até a praia, já outras...

se gastam com tanta facilidade que se perdem no meio do mar"

Nunca fui fã de humanos. Claro que tinha suas exceções, como todo mundo, mas, no geral, conviver com um humano por mais de 24 horas nunca havia ocorrido, já que, segundo, meus instintos, alguma briga surgiria, e por ser diferente de sua raça, a culpa cairia em minhas costas sem hesitar.

Mas aqui estava eu, na casa de um humano. De início, estava com tanta raiva e frustração por ter sido capturado, mas após um certo tempo, fui percebendo que suas intenções não eram ruins. Aquele senhor cuidou de mim como se eu fosse a pessoa mais importante naquele momento. De certo modo, aqueles dois não tinham os mesmos olhos do povo da cidade.

Não sabia onde estavam os dois quando acordei. Permaneci naquela banheira por mais de uma hora após acordar, olhando ao redor e pensando um pouco em como as coisas terminaram assim, na briga que tive com a minha irmã, da sensação de que eu não pertenço mais naquele lugar que, por mais que eu odiasse o marido dela, no fundo eu considerava uma segunda casa.

Suspirei agitado, saindo daquela água, estava me sentindo melhor. Apesar de não ser a mesma coisa que o mar, era o bastante para recarregar minhas energias, o bastante até eu voltar para casa.

Piso na madeira do banheiro. A verdade é que toda a casa é feita de madeira, do teto ao chão, como uma enorme cabana, igual aquelas que vejo na televisão que o povo da superfície usa para acampar ou passar a noite, porém é simples, e queria mentir, mas não tem como, essa casa, em geral, é bem reconfortante.

Ando para fora do banheiro após me secar, com cuidado, olhando para cada detalhe da casa com atenção. Aqueles dois ainda são um perigo para mim, não os conheço, são completos estranhos, e me ajudar noite passada foi algo fora do normal, o que aumenta mais minhas paranóias de que eles são seres inteligentes demais ao ponto de disfarçar suas verdadeiras intenções e...

— Okay, não pense muito — sussurrei para mim mesmo, encontrando a cozinha que era dividida com a sala. — Estou sozinho?

A televisão estava ligada no volume baixo, tinha panela no fogão e, pelo cheiro, estava ótimo. Caminhando mais um pouco, encontro dois quartos completamente vazios, eu poderia dizer exatamente de quem pertence cada cômodo ali pelos livros de estudo na escrivaninha, decorações jovens e a cama de solteiro, com toda certeza pertence ao garoto da noite passada que esqueci o seu nome... Ele me disse?

— Céus, agora minha segunda tentativa deles verem que sou alguém legal foi por água abaixo...

Caminhei à porta da frente, dava para ver bem o mar daqui. Por ser de manhã, sentia o vento gelado bater em meu rosto, era refrescante de alguma forma, contudo, andando por ali, não tinha nenhum sinal daqueles dois.

Voltei para dentro com medo de encostar naquelas panelas. No mar, elas não tinham o costume de fazer esses barulhos assustadores como se fossem explodir a qualquer momento. Passando reto, vejo uma porta aberta no fundo da casa.

Olhando, encontro o garoto da noite passada. Estava regando algumas folha, concentrado, que nem prestou atenção na minha presença. De fundo, avistei seu avô analisando uma vara de pesca; tudo ali parecia bem calmo e relaxante. Com cuidado, sentei-me na ponta da escada que dava para o lado de fora, acompanhando cada movimento daqueles dois em silêncio.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali, observando aqueles dois, mas em um determinado momento, o homem mais velho me encarou e deu um aceno de cabeça, passando por mim e me explicando que se estava com fome, era só avisar que prepararia um café decente para mim. Apenas dei um pequeno sorriso, realmente não queria incomodar ninguém, é um negócio que tenho desde pequeno.

Permaneci onde estava, encarando o garoto à minha frente. Fiquei assim até seus olhos pairarem em minha direção, surpresos. Deu um pequeno sorriso, soltando o regador no chão e vindo em minha direção.

— Há quanto tempo está aqui?

— Tempo o bastante para perceber que você não presta muita atenção à sua volta.

— Pois é, sou assim quando foco em algo, não consigo prestar atenção nas coisas ao meu redor, é de família.

Ele sentou-se ao meu lado, fazendo-me encolher um pouco. Poucos humanos se aproximaram desta forma de mim, e a maioria deles não queria uma amizade, muito pelo contrário. Dá calafrios só de relembrar o quão os seres humanos, às vezes, são nojentos.

— Pensei que nessa hora estaria em sua casa — falou após alguns minutos em silêncio.

— Está querendo que eu vá? — perguntei como quem não quer nada.

— Não é isso — riu disfarçadamente, desviando o olhar e eu pude ver suas bochechas pegarem uma coloração avermelhada, fazendo-me levantar uma das sobrancelhas, curioso.

— Não parece — provoquei, rindo de sua cara constrangida. — É porque fui grosso lá atrás?

— Que? Não, eu não estou falando disso, eu-

— Durante a minha vida, nunca imaginei ser pescado, de verdade. — Ele se calou, olhando-me com uma careta engraçada.

— Desculpe, durante minha vida, nunca imaginei que pescaria um semi-humano.

— É melhor que os humanos da cidade não saibam, vai que essa moda pega.

— Por favor, espero que isso não ocorra. — Me olhou, assustado.

— Relaxa, estava apenas brincando com você. — Dei um pequeno sorriso. — Vocês parecem bem diferentes do povo da cidade.

— Talvez seja porque meu avô e eu crescemos aqui, diferente do restante dos meus familiares que preferem a cidade.

Não disse mais nada, então apenas voltei a encarar a mini plantação à minha frente. Hoje, pela manhã, estava mais quente do que o normal, diferente do mar que a cada dia que passa, a corrente fica mais gelada do que os outros anos.

— Bom, é melhor eu voltar. — Levantei-me, bocejando.

— Acho que sim. — Ele se levantou junto comigo. — Seus pais devem estar preocupados com você por ter sumido por tanto tempo.

Acabei rindo daquela frase. Se ele souber que, normalmente, os pais do mar não se importam tanto com o desaparecimentos de seus filhos, ele não acreditaria em nenhuma palavra minha.

— Vem, eu te acompanho até lá.

— Você sabe que sei o caminho, não é?

— Sei muito bem, mas vou sair de qualquer jeito, meu avô quer que eu vá comprar alguns ingredientes que estão faltando na cidade.

Enquanto caminhava sobre a areia quente, avistei o mini barco da noite passada, onde, com certo receio, subi a bordo, ficando na ponta para facilitar na hora da ida. O garoto adentrou, encarando-me curioso enquanto remava para o outro lado da costa. Ficamos assim, em silêncio, e, por alguma razão, não estava ruim como pensava que fosse, gostava daquele silêncio.

Poucos minutos depois, ele para de remar, colocando o remo de lado. Encaro a água abaixo de nós por alguns segundos antes de o encarar. Não estava com medo de voltar para casa, mas tinha algo que precisava saber antes de mergulhar.

— Desculpa minha ignorância, mas... Como se chama? Juro que não me lembro de seu nome, e olha que tenho uma memória muito boa, apesar de falar que peixes tem memória curta.

— Oh, bem. — O garoto começou a rir, agora não sabia se era por conta da pequena piada que fiz ou rindo da minha cara mesmo. — Eu nunca te disse o meu nome.

— Não?!

— Yoongi, prazer. — Estendeu sua mão em minha direção.

— Cara, você é tão estranho. — Soltei com um sorriso mais aliviado, apertando sua mão.

Yoongi apenas deu de ombros. O vento naquele lugar soprava seus fios castanhos, deixando-os bagunçados. Seu pequeno sorriso o deixava com uma aparência mais gentil.

— A gente se vê — falei, soltando sua mão rapidamente, aproximando-me da beirada daquele mini barco.

— Olha só, pensei que a gente nunca mais iria nos ver — provocou, fazendo-me olhá-lo imediatamente, vermelho de vergonha. — Não me olhe assim.

— Tchau, Yoongi — falei entre dentes, vendo-o apenas sorrir em minha direção.

Mergulhei rapidamente, sentindo a água me envolver em um abraço acolhedor. Olho para cima, vendo o reflexo de Yoongi me encarar e o barco seguir em frente. Dou um pequeno sorriso, indo na direção de minha vila; estava curioso em saber o que tinha mudado nesse meio tempo que passei fora.

O ambiente estava bem iluminado por ser de manhã, os outros semi-humanos, como dizia o Yoongi, me olhavam com um belo sorriso no rosto, cumprimentando-me, enquanto iam para seus destinos, como as crianças que iam à escola pela manhã ou os adultos em seus empregos dos "sonhos".

Chegando na vila onde morava, encontro meu pai saindo de casa com uma mala. Cruzei os braços, chegando mais perto. Ele, infelizmente, começou a trabalhar na superfície vendendo algumas coisas que humanos parecem ter um interesse enorme, como conchas e peixes que, para mim, não tem nenhuma graça.

— Pensei que você iria demorar mais — falou, prendendo o seu cabelo. Meu pai tinha cabelos longos e lisos, não sei porque, nunca perguntei também.

— Minha irmã ligou enquanto eu estava fora?

— Não, pensei que estava dormindo na casa dela. — Bocejou, olhando o horário em seu pulso. — Estou atrasado, faça algo para comer se estiver com fome, não sei a hora que volto.

— Boa sorte lá em cima. — Acenei para o mais velho e entrei na mini casa, jogando-me na minha cama que tanto senti saudades. — Por que ela não ligou...?

Olhei para o telefone perto da minha cama, estava com receio de ligar e ela não me atender. Pensei que as coisas eram as mesmas, mas parece que, realmente, aquilo que ocorreu ontem não agradou nenhum de nós dois.

Respiro fundo, virando-me para o lado direito da cama, encarando a parede à minha frente. Fiquei assim, remoendo tudo que tinha acontecido ontem, o dia todo, desde o momento em que levantei até quando fui dormir. Em um dia só, ocorreram várias coisas que normalmente não acontecem no meu dia a dia. Agora, estou meio que entediado.

Quando dei por mim, tinha levantado da cama e comido alguma coisa que encontrei na geladeira de casa, troquei-me e estava vagando na superfície como quem não queria nada, procurando alguma coisa para fazer, e lá estava Jimin, andando em sua bicicleta como todo dia.

— Hey, me dá uma carona. — Okay, isso não soou como uma pergunta, e, bem, já sabia que o baixinho iria me oferecer mesmo não pedindo.

— Poxa, se continuar assim, vou ter que cobrar — brincou, vendo-me subir na parte de trás de sua bicicleta. — Para casa de sua irmã?

— Pode ser, quero saber porque ela não me ligou ontem.

— Vocês brigaram outra vez?

Não disse nada, mordendo o inferior de minhas bochechas meio tenso. Não sei se aquilo pode considerar uma simples briga cotidiana entre dois irmãos, foi algo tão diferente que não consigo explicar a intensidade que foram aqueles atos e palavras ditas.

Jimin não falou nada, apenas seguiu o caminho, cantarolando para passar o tempo. Era bem relaxante, de alguma forma. Chegando em frente à casa da minha irmã, não desci da bicicleta, até porque, depois que vi aquela cena, algo ruim em meu estômago brotou de uma maneira não um pouco legal.

Minha irmã estava de frente ao portão, dando risada com o seu marido, enquanto algumas pessoas que nunca vi na vida retiravam alguns móveis de dentro da casa e colocavam naquele enorme carro gigante de seis rodas.

— Sua irmã está se mudando? — Jimin perguntou, curioso. — Estão colocando muita coisa naquele caminhão.

— Não são coisas dela, provavelmente quem está se mudando daquela casa sou eu...

— Como?

— Aquela cama, aqueles quadros, são meus... Por que ela está tirando tudo?

— Oh, bem, talvez ela esteja vendendo para comprar coisas novas para você.

— Vendendo?

— É um caminhão de mudanças, mas... — Jimin suspirou. — Também contratam para reciclagem.

Arregalei os olhos ao ouvir aquilo, encarando minha irmã sem entender nada. Ela estava me olhando, surpresa. Deu um pequeno sorriso e fez um sinal de telefone, um código, de que me ligaria hoje quando eu voltasse para casa, mas não estava com paciência para esperar tanto.

— Vamos embora daqui — sussurrei para meu amigo que seguiu em frente rapidamente.

No caminho até a praia, Jimin tentava me convencer de que aquilo não era o que eu estava imaginando, talvez seja outra coisa completamente diferente, mas nada me convenceria do contrário, afinal, eu conhecia bem a mais velha e sabia que algo não andava bem.

Chegando em casa, liguei para a mais velha que atendeu imediatamente. Não falei nada, apenas escutei o que minha irmã dizia, o que não foi surpreendente, e me falava que, infelizmente, não tem mais espaço para mim naquela casa e que eu deveria entender isso, que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, afinal, ela escolheu morar na superfície do que aqui.

Desliguei logo em seguida, talvez ela tenha razão, não sei porque estou me sentindo tão chateado desta maneira, não pertenço àquele lugar mesmo, o que estava esperando? Não vai ser só eu e minha irmã pelo resto de minha vida, minha nossa... Nunca pensei que fosse querer chorar por isso.

O telefone tocava e sabia que era da minha irmã, mas não atendi, apenas saí do meu quarto e nadei para fora do mar, para cima. Estava tarde, as pessoas do meu mundo estavam dormindo ou voltando do trabalho nessa hora, como meu pai, por exemplo, e ao chegar na superfície, lá estava quem eu realmente deveria ter encontrado hoje quando saí para a cidade.

— Milagre você não ter me pescado — falei ainda na água, assustando-o.

— Nunca mais faça isso. — Yoongi me encarava bravo, o que me fez rir de sua cara. — O que veio fazer aqui desta vez?

— Te ver, não posso?

O humano levantou uma das sobrancelhas, encarando-me com um sorriso de canto de boca, dando de ombros, desviando o olhar, amarrando um saco cheio de peixes. Nadei até seu mini barco, subindo em cima.

— Estou no tédio, queria pirraçar alguém e você foi o sortudo da noite.

— Que honra — debochou, sentando-se na minha frente. — Meu avô vai gostar de te ver, ficou perguntando de você o dia todo.

— Sério? — Yoongi apenas assentiu, remando para a costa da praia onde ficava sua casa. — Acho que meu carisma o conquistou.

— Oh, certo, deve ter sido isso mesmo — falou em meio às risadas. — Pode apostar.

— Qual a graça?

— Você, em geral, é engraçado.

— Eu me esforço.

Pois bem, depois daquela noite, quase todos os dias, eu saía da superfície para vê-lo, algo que virou uma rotina. Ajudá-lo a pescar ou vender seus peixes na cidade virou hábito, a única desvantagem era que eu precisava voltar para o mar a cada duas horas, senão minha pele ficava ressecada por conta do sol, ou então topar com o meu pai no meio da feira e me ver andando com um humano como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Quando me dei conta, seis meses já tinham se passado e o inverno havia chegado com força. Yoongi me emprestou um moletom que, segundo ele, tinha ganhado de seu pai, mas estava muito grande para a sua altura.

— Não precisava, eu tenho bastante desses lá em casa — falei, me agasalhando.

— Não faz mal ter um a mais. — Aproximou-se de meu rosto, colocando uma touca para tapar o frio. — Não sei como é lá embaixo, mas aqui é bem frio ao ponto de congelar seus dedos.

— Apesar da superfície ter uma enorme camada de gelo, lá embaixo não congela — falei, esfregando minhas mãos. — Mas é bastante gelado.

— Impressionante, por que não congela?

— Não sei, por conta do sal? Da pressão? Você não estudou isso na escola?

— Nunca prestei atenção nas aulas. De verdade, não consigo entender até agora como passei de ano durante minha época de colégio.

— Deve ter sido sorte.

Acabamos rindo, apesar de não achar nem um pouco engraçado. A verdade é que ele me faz rir de coisas normais do dia a dia; estar de seu lado me faz bem no geral. Estendi minha mão em sua direção e o puxei para a praia.

— Não faça isso, está congelando, Taehy!

— Que fofo, me chamou por um apelido — provoquei-o, pegando em seu rosto com as duas mãos. — Preciso ir, a gente se vê amanhã?

— Sim, vou estar dentro de casa, na minha caminha quentinha.

— Que maldade. — Dei um enorme sorriso, sentindo meu coração bater mais rápido.

— Que cara é essa? — Dei de ombros, trazendo seu rosto para mais perto e o beijando ali mesmo. Confesso aqui: não é a primeira vez que isso ocorre, mas é a primeira vez que dou o primeiro passo.

— Sei lá, acho que eu gosto muito de você — falei, vendo seus olhos mudarem para surpresos.

— Você acha? — Sorriu, puxando-me para outro beijo, agora mais profundo, sentindo todo meu corpo aquecer. — E agora?

— Bem. — Respirei fundo, sentindo minhas bochechas quentes. — Eu ainda não tenho certeza.

Yoongi riu, abraçando-me forte enquanto, mais uma vez, beijava-me. A primeira vez que isso ocorreu foi há quatro meses, quando estávamos só nós dois na casa; seu avô havia viajado por alguns dias, estava tudo certo, até eu ser beijado por ele de repente no meio da noite após ter rolado um clima gigantesco enquanto assistia um desenho animado.

Após isso, fiquei uma semana sem vê-lo, tentando entender o que tinha acontecido, afinal, nunca tinha chegado nesse ponto com ninguém em minha vida toda. As coisas parecia muito estranhas e confusas no início, mas depois de pensar bastante, retornei e fui recebido com um grande abraço e choro pedindo desculpas. Depois desse dia, beijá-lo virou algo normal.

— Pois bem, eu acho que te amo — Yoongi falou, rindo da minha cara vermelha.

— Ah, é? Pois eu tenho certeza.

Acabamos rindo um do outro e nos despedimos com um de nossos beijos. Mergulhei na água e fui para casa com o coração quentinho. De verdade, apesar de nunca mais ver a minha irmã e dela só telefonar para casa para falar com meu pai, estava feliz com Yoongi e, naquele momento, era o que importava.

Contudo, para o meu azar, quando pisei meus pés em casa, meu pai me encarava estranho; na verdade eu conhecia bem aquele olhar de decepção e fúria. O que raios eu tinha aprontado desta vez?

°°°

Yoongi on

Hoje, Taehyung não apareceu como de costume, o que não estranhei, já que era normal ele se atrasar ou não parecer por dois dias seguidos, afinal, ele tem uma vida como qualquer outra pessoa, com sua rotina e problemas que ocorrem em seu dia a dia.

Contudo, comecei a me preocupar quando fez uma semana que o semi humano não dava notícias. Telefonei para sua casa, mesmo que Taehyung tinha me dito para não fazer com frequência por conta do seu pai, e, para meu desespero, ninguém atendeu.

— O mar está silencioso — meu avô falou de repente, sentando-se do meu lado.

— Também estou achando... Será que ele está bem?

— Não sei dizer, não posso afirmar nada.

Eu e meu avô estávamos sentados de frente ao mar, na areia da praia, observando o oceano. Estava frio naquele final de tarde, a neve tinha parado de cair não fazia muito tempo, estava com um pouco de medo de Taehyung não aparecer e o mar congelar a superfície e ele não voltar até o início da primavera quando o gelo derreteria.

— Vou tentar ligar para ele novamente.

Meu avô não disse nada, apenas balançou a cabeça enquanto se levantava. Dava para ver que o mais velho estava preocupado com o pequeno sumiço do semi humano. Algo que percebi também era que meu avô se apegou muito a Taehyung de um jeito que nem com os próprio filhos e netos ocorreu.

— Mas, antes, você poderia me responder o porquê de você ser tão apegado a ele? — perguntei, virando-me em sua direção.

— Eu gostei dele. — Levantou-se, tirando as areia de sua roupa. — Ele me lembra quando eu era jovem.

— Sério? — Ele riu baixinho. — Você gostava de se aventurar por aí?

— Bem, seria mentira se eu disse que não. — Suspirou baixinho. — Mas, assim como ele, me apaixonei por alguém que, na época, não poderia ter.

— Oh... Você está falando sobre a gente?

— Você sabe que relacionamentos entre humanos e semi humanos são proibidos de certa forma, pelo menos para o pessoal do mar, e, bem, naquela época essa regra era mais rígida.

— Odeio essa regra — confessei, seguindo para casa na presença do mais velho. — Mas me diz, como se conheceram?

— Eu acabei fazendo a maior cagada da minha vida: pesquei sem querer uma semi humana e seu irmão mais novo junto.

— Mentira! — Abri um grande sorriso. Nunca tinha ouvido meu avô falar dessas coisas antes e estava adorando. — E ela era bonita?

— Até que era, era mais velha que eu, acredito que os dois eram mais velhos, eu tinha por volta dos meus 15 anos e eles eram uns dois anos mais velhos, se não me engano.

— E então, o que aconteceu depois?

— Bem, viramos amigos, o trio em si, na época era tudo mais arriscado por conta do preconceito, mas aqueles olhos azuis me cativaram a cada dia que passava, porém... — Suspirou, arrasado. — Não durou muito quando entendi o que estava ocorrendo ali.

— Você se apaixonou por ela e era proibido, certo?

— Quase isso. — Meu avô mantinha a voz baixa, abrindo a porta dos fundos. — Era proibido com toda certeza, mas eu não me apaixonei por ela... Me apaixonei por ele, pelo irmão caçula.

Naquele momento, fiquei parado no meu lugar, olhando para meu avô, que entrava na casa calmamente, como se aquela pequena revelação não fosse nada. Como assim ele? Meu avô já gostou de um garoto antes? Como só fui saber agora?

— Naquele época, as coisas eram mais rígidas do que hoje em dia, tanto para os relacionamentos como para as regras banais do mundo, então... A gente nunca mais se viu quando nossos pais souberam, desde então, estou aqui no mar... Esperando que, um dia, eu possa vê-lo novamente. Bela história não acha?

— Avô...

— Aqui, liga para ele novamente, vai que dessa vez dê certo.

Peguei o telefone de suas mãos, com o coração meio dolorido pela história revelada, e com um pouco de receio, disquei os números que já sabia de cor de tanto ligar para ele. Coloquei em meu ouvido e encarei meu avô, que tinha um sorriso no rosto, mas tudo que pude ouvir do outro lado da linha era uma mensagem eletrônica falando que ninguém havia atendido.

Depois desse dia, eu e meu avô nos aproximamos bastante. Sempre escuto falar de suas histórias e que se casou com a minha avó por motivos de dinheiro, mas que se arrepende um pouco de seguir os planos de seus pais. Bom, depois falou que no final nada iria mudar e que, pelo menos, eu estava lá por ele para tirá-lo do tédio banal que sentia ali sozinho.

Porém, para minha infelicidade, Taehyung não apareceu mais naquele inverno. A estação passou devagar e monótona, sem graça sem a sua presença; meu avô não tocou no assunto quando perguntava se ele fosse aparecer, talvez esse seja o jeito dele me dizer que realmente não sabia e que sentia muito.

Aos poucos, ligar para a sua casa já não fazia muito sentido, já que sabia que ninguém do outro lado da linha iria atender minha chamada, e quando me dei conta, o inverno já havia acabado e outra estação estava presente.

Meu avô estava no hospital pela saúde frágil e, agora, virei um adulto responsável aqui em casa, uma mudança um pouco quanto drástica, já que sempre vivi com o meu avô. Mesmo com meus vinte e poucos anos, nunca fiquei sozinho por tanto tempo, e aqui estou, sentado de frente ao mar, esperando uma resposta positiva do hospital e mais que isso: um sinal de que Taehyung também estava bem.

{°°°}

— Venha morar lá em casa. — Meu pai insistia nessa ideia pelo telefone. — Não tem mais sentido você viver aí.

— Eu vou ficar aqui até eu bem entender. Já sou bem grandinho para tomar minhas decisões.

— Vai ficar igual o seu avô dessa forma, não vale a pena.

— Isso é tudo? — Antes que ele falasse mais alguma coisa, desliguei o telefone, suspirando alto.

Fazia mais ou menos um mês que meu avô havia partido deste mundo, algo que me doeu um pouco, mesmo sabendo que sua hora estava chegando, e com isso fazia quase dois anos desde que conheci Taehyung, outro que não apareceu mais.

— Talvez meu pai esteja certo...

Sussurrei para mim mesmo, seguindo para o mar, preparando-me para pescar como faço quando não tem muita coisa para fazer, algo que virou rotina nos últimos meses, como dizia. Talvez, mas só talvez, meu pai esteja certo, afinal, é bastante solitário viver nesse lado da cidade.

Algumas horas mais tarde, estava desistindo de ficar parado no meio do mar; havia pescado alguns peixes para não falar que não havia pego nada. Meu pequeno barco balança de uma maneira um tanto quanto perigosa e assustadora. Olho para o mar, vendo minha rede de pesca balançar.

— Sabia que a temporada de pesca estava próxima.

Abri um pequeno sorriso, puxando a rede com toda força que tinha, graças ao instrumento próprio para isso, com cuidado para não fazer o barco tombar para o fundo do mar, afinal, não sei nadar, por incrível que pareça.

Aos poucos, conforme a rede ia subindo para a superfície, meus olhos foram aumentando de tamanho. Havia, sim, peixes, mas também um semi humano. Por toda a minha vida, nunca pensei que isso fosse possível.

Seus cabelos estavam mais longos e presos em sua testa por conta da água, tinha um belo de um sorriso estampado no rosto, ah... E aqueles olhos tão azuis como o oceano, brilhantes e lindos do jeito que eu lembrava.

— Você gosta de me pescar, não é possível, é a segunda vez esse ano — falou em um tom de brincadeira, agarrando a rede entre seus dedos. — Por que está me olhando assim? Falei que iria voltar, não falei? Agora me tira daqui.

É, retiro aqueles pensamentos banais de hoje cedo. Realmente valeu a pena esperar cada segundo para esse dia, é como um sonho se tornando realidade.

— Yoon? Fala alguma coisa — riu todo envergonhado.

— Já falei que seus olhos são lindos?

"Às vezes, eu acho que todas essas ondas,
sejam fortes ou fracas, vão me atingir...
Aí está o problema,
de tanto observar o mar pela janela,
nunca aprendi a nadar."

— Julio azevedo.

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