Prender ou investigar?
Quando saí do prédio, vi uma limusine preta estacionada em frente ao mesmo. Assim que o chofer me viu, ele saiu do carro e abriu a porta para que eu entrasse e assim eu fiz.
Josh colocou - Wonderall - do Oasis para tocar e me disse: "Eu amo escutar música no carro, principalmente quando o caminho é longo." Ele sorriu e eu sorri de volta. Como será possível o sorriso dele estar mais lindo do que o normal hoje? Aliás, ele está mais lindo do que o normal hoje.
"Eu também amo e, a propósito, adoro essa música!" Disse.
"Então canta comigo." Ele sorriu.
"Não. Eu não canto bem." Corei.
"Vai, por favor." Respirei fundo e assenti com a cabeça.
Começamos a cantar: "Por trás de você, andam dizendo por aí/ Que o fogo no seu coração apagou/ Tenho certeza que você já ouviu tudo isso antes/ Mas você nunca teve dúvida/
Eu não acredito que alguém/
Sinta o mesmo que eu sinto por você agora/ E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas / E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam/ Há muitas coisas que eu/
Gostaria de dizer a você, mas eu não sei como/ Porque talvez/ Você será aquela que me salva/ E no final de tudo/ Você é minha protetora (...)"
Quando a música terminou não consegui evitar de erguer uma sobrancelha. Afinal, essa música foi alguma indireta pra mim ou não? Jamais o protegeria, pelo contrário.
"Você canta muito bem!" Ele disse ignorando por completo a minha expressão.
"Obrigada." Sorri. Ele segurou na minha mão, fazendo o meu coração disparar e o meu rosto queimar. Não entendendo o porquê dele me afetar tanto.
O meu celular começou a tocar dentro da minha bolsa, ele soltou a minha mão e eu acabei por dar um suspiro de frustração e atendi sorrindo ao ver que se tratava da minha mãe: "Oi, mãe!"
"Está tudo bem, filha? Luke me ligou dizendo que acha que você se enfiou em alguma enrascada."
"Eu estou bem. Você conhece o Luke, ele sabe ser bem exagerado quando quer." Ri.
"Eu te conheço e sei que tem algo de errado na sua voz, mas se não quiser ou não puder falar a respeito no momento, tudo bem. Me liga se quiser desabafar. Te amo muito, minha Bella."
"Obrigada. Também te amo, mãe."
"Estamos chegando" Josh falou baixinho.
"Preciso desligar, mãe." Disse.
"Depois você me conta sobre esse seu amigo. Eu escutei uma voz masculina aí. Beijos." Ela riu.
"Beijos." Sorri e encerrei a ligação.
"Esse Luke é alguém bem próximo pelo visto." Ele revirou os olhos.
"Ele é só um amigo. Não acredito que ficou prestando atenção na minha conversa!" Cruzei os braços. Por que me justifiquei para ele?
"Não prestei, mas não sou surdo e ouvi você falar claramente o nome Luke, mas isso não é da minha conta. Katy, eu comprei um presente para você: The pilot é um dispositivo auricular que traduz simultaneamente o que é dito em outra língua para a sua. Não quero que você fique perdida no evento."
Se ele quer que eu entenda, há uma grande possibilidade dele ter falado a verdade com relação a esse evento.
"Obrigada." Sorri.
"Experimenta. Já configurei para você." Eu coloquei no ouvido.
"Te amo." Ele disse em português. Arregalei os olhos, mas nada disse.
"Você entendeu o que eu disse, Katy?" Ele segurou na minha mão.
"Sim, entendi." Disse fingindo indiferença ao que ele havia dito.
"Katy, só quero te fazer quatro pedidos: entre de mão dada comigo, me beije sempre que eu julgar necessário, não se afaste de mim e me chame sempre de Jonas, mesmo quando estivermos sozinhos."
"Por que não posso me afastar?" Perguntei curiosa.
"Temos que parecer um casal que se ama e além disso, preciso cuidar da sua segurança. Você é a minha responsabilidade aqui no Brasil."
"Acha que eu corro algum tipo de perigo na festa?" Perguntei.
"As pessoas podem fazer coisas imprevisíveis. Alguém pode querer te matar, se eu ganhar o concurso por pura vingança, por exemplo." Ele disse sério. Algo me diz que eu poderei correr perigo nessa festa e ele sabe disso.
"Tudo bem. Depois dessa resposta prometo não sair do seu lado."
Se acontecer algo é bem possível que eu é que tenha que protegê-lo, se bem que deixá-lo morrer não seria uma má ideia. Se for de um tiro na cabeça melhor ainda.
Entramos na festa e eu percebi que todos estavam sendo obrigados a passar por um detector de metal. Gelei porque estava com uma arma e uma algema dentro da minha bolsa. Não esperava por essa.
"Você está bem? Está gelada." Josh falou baixinho em inglês para mim.
"Não é nada. Precisamos mesmo dessa segurança toda?" Se tem um detector de metal, significa que pode ser que entre alguém perigoso aqui.
"Não se preocupa. Você vai conseguir entrar." Ele piscou para mim, mas quando eu ia perguntar o que ele quis dizer com aquilo, o segurança resolveu falar.
"Os senhores estão esperando alguém?" Ele perguntou.
"Não. Nós iremos entrar agora." Josh disse. Nos entreolhamos e pela expressão facial do Josh, parecia que estava se divertindo com a cena.
Apertei a mão dele com força e passamos. O detector começou a disparar e um homem gordo na faixa dos 60 anos veio em nossa direção.
"Jonas, está armado?" O homem perguntou com tranquilidade.
"Sim. É uma arma de brinquedo, só para fazer aquela prova." Josh respondeu e mostrou a arma que parecia ser de brinquedo mesmo.
"E você?" Ele perguntou para mim e quando eu estava prestes a negar, o Jonas resolveu responder por mim.
"Ela está com uma algema na bolsa para o mesmo número, senhor Augusto." Congelei neste momento. Como ele sabe?
"Podem entrar e fiquem à vontade. A propósito, sua mulher é muito bonita." O homem sorriu. Agradecemos em português.
Diversas pessoas vieram falar conosco e eu estava aflita para conversar com o Josh em particular, então resolvi tornar uma atitude.
"Vamos dançar, amor?" Perguntei interrompendo a conversa enfadonha que ele estava tendo com um homem.
"Você me dá licença, senhor Carlos?" Ele perguntou.
"Claro. Fique à vontade." Sorrimos e saímos de perto dele.
Era uma música lenta. Josh colocou as mãos na minha cintura e eu coloquei a cabeça no peito dele. Fiquei quieta por uns minutos, apenas ouvindo o som dos batimentos cardíacos dele que estavam acelerando e sentindo o cheiro do perfume dele.
"Jonas, que história é essa de algemas?" Perguntei.
"Quando eu fui pegar o seu livro dentro da sua bolsa, fui procurar uma caneta também e acabei achando a sua algema e a sua arma. Você anda com isso porque possui algum tipo de fetiche? Quer ser uma policial na cama? Eu devo confessar que eu também tenho uma arma de verdade aqui, além da de mentira." Ele sorriu maledicente. Não pode ser que ele seja tão burro assim. Eu vou andar com uma arma carregada por puro fetiche?
"Amo prender um bandido na minha cama. Que prova teremos que fazer? Por que está armado?" Perguntei curiosa.
"Queria que houvesse uma cama aqui para você me prender. Nunca fui preso antes por uma mulher na cama. Não confio nessas pessoas, por isso a arma. Você logo saberá o que teremos que fazer. Agora vamos aproveitar esse momento, Ok?" Ele fez carinho no meu rosto, assenti com a cabeça e continuamos a dançar.
Podia até aparentar tranquilidade, mas estava nervosa. Será que ele sabe sobre mim?
"Katy, você está roubando a cena. Todos estão olhando para você, sabia?" Ele sorriu.
"Talvez seja para você. Eu nunca fui de roubar a cena em nenhum evento, ao contrário de você." Ele roubou a cena quando matou o Edward.
"Duvido. Ou você é modesta demais ou não sabe o que consegue provocar nas pessoas, o que você provoca em mim..."
"O que eu provoco em você?" Ele pegou a minha mão e colocou no coração dele que estava disparado.
Nos beijamos e ficamos nos olhando até que o homem que havia nos liberado a entrada começou a falar no microfone acabando, felizmente, com o clima insano que estava entre mim e o Josh.
"Boa noite, senhoras e senhores! Para quem não me conhece eu sou o Augusto Casa Blanca e sou o organizador e idealizador deste projeto que tem como intuito produzir um filme com o enredo do livro vencedor. Para tanto cada um dos 14 competidores serão sujeitos a algumas provas que serão aplicadas apenas para um competidor em cada dia de evento e no último dia teremos os resultados das provas, juntamente com o nome do vencedor ou vencedora. Vou iniciar o sorteio agora. Boa sorte a todos."
Ele rodou uma bola que continha papéis dentro até que a mesma cuspiu um papel, o senhor Augusto leu o nome do papel e em seguida olhou para todos os presentes, instaurando um clima de tensão e expectativa sobre os demais. Josh apertou com força a minha mão e quando eu ia reclamar que estava doendo, o Augusto começou a falar:
"O primeiro competidor a realizar as provas será... Jonas Prazeres. Suba o palco, por gentileza."
Josh subiu no palco e todos o aplaudiram. Uma mulher siliconada da cabeça aos pés o entregou um microfone.
Não sei como algum homem pode olhar para isso e sentir desejo, será que só eu percebi que o Josh olhou para o peito dela? Sei que ele não é o meu marido de verdade, mas estou me sentindo um pouco corna com esse olhar. Ele olhou para mim e sorriu, será que ele percebeu que eu fiquei irritada?
"Nos preencha com as suas sabias palavras e nos conte sobre o livro ou qualquer outra coisa que julgue relevante no que tange o livro em questão." Augusto sorriu.
"Eu gostaria de dizer que é uma honra participar deste evento e mesmo que eu não ganhe a competição só de estar aqui é um sonho e sei que levarei este aprendizado por toda a minha vida. Quando me disseram que apenas homens casados poderiam participar desta competição este ano porque o tema escolhido foi - Declarando o seu amor para o seu parceiro - nunca me senti tão feliz e inspirado porque poder mostrar para o mundo o quanto eu amo a Katy é tudo que eu sempre quis, seja em formato de filme ou apenas de livro. O livro se chama - Parceiros até no crime - e se trata de uma policial incorruptível que se apaixona por um bandido e vira uma parceira de crime. Levando uma vida dupla: de manhã como policial e de noite como bandida ao lado do eterno amor da vida dela." Todos bateram palmas para ele.
"Não batam palmas apenas para mim, eu não teria tido inspiração se não fosse pela minha mulher, Katy Prazeres. Sobe aqui, meu amor." Ele me deu a mão, eu subi e todos bateram palmas para mim, me deixando completamente envergonhada.
Quando as palmas cessaram, ele me surpreendeu com um beijo que me tirou o ar.
"A partir deste momento três cópias do livro serão entregues aos jurados para eles lerem. Vamos começar com a prova de número 1." Augusto falou.
As provas eram longas e chatas. Resolvi mandar mensagem para o Whatsapp do Luke, enquanto tomava uma taça de champanhe.
"Boa noite, Luke."
"Boa noite, Bella. Estava com saudades."
"Também estava. Me faz um favor? Verifica o atual estado de saúde de Claire Smith. Preciso saber se ela de fato está com câncer." Quero saber se ele anda mentindo para mim.
"Claire Smith? A mãe do Josh? Bella o que você está fazendo? Está atrás dele? Isso é perigoso! Você está sozinha nesta missão? Mais alguém sabe o que você está fazendo?" Luke me mandou diversas perguntas e me parecia de fato muito preocupado comigo.
"É a mãe do Josh mesmo. Não precisa se preocupar comigo. Só faz o que eu estou te pedindo, por favor.
"Vou fazer sim, Bella. Você sabe que pode contar sempre comigo."
"Obrigada. Você também pode."
Horas se passaram até que o Josh já estava indo para a última prova e eu confesso que não prestei atenção em nada. Tudo o que eu quero é ir para casa dele e dormir porque estou entediada.
Poderia ir para a pista dançar, mas, eu na qualidade de mulher dele, devo prestar atenção nas provas e torcer por ele. Então tenho que fingir e não posso me divertir.
"Jonas, sua última prova será escolher um trecho do livro que mais lembre você e a Katy e contracenar com ela aqui no palco." Augusto disse.
A luz veio em minha direção e não tive outra escolha senão subir no palco e aguardar o tal trecho que ele quer que eu leia. Os convidados que estavam prestando atenção na competição bateram palmas para mim.
"Vocês receberão um ponto eletrônico, onde será traduzido o texto que eles vão contracenar porque a Katy não fala português." Augusto disse.
"Katy, vai ser esse trecho aqui que leremos." Josh falou baixinho para mim enquanto apontava o trecho que iríamos ler e me entregava um exemplar escrito em inglês do livro dele.
Uma emoção inexplicável tomou conta de mim: eu iria ler um trecho de um livro do meu autor favorito que nem ao menos chegou na livraria! Tomara que não seja cena de sexo! Se for, eu prendo ele aqui mesmo.
"Daremos um tempo de 10 minutos para eles lerem o texto e combinarem a apresentação." Augusto disse.
Josh sentou comigo e me assistiu ler o trecho que iríamos ler. Estava sobressaltada, aquilo não podia ser verdade, ele não podia estar fazendo aquilo comigo.
"Não sei se vou conseguir fazer isso. A minha vontade é de te prender agora!"
Ele segurou na minha mão e disse: "O meu sonho é ter este livro no cinema. Cumpre a última prova e me prende."
"O meu sonho era estar casada com o Edward agora e ter filhos com ele. Você destruiu o meu sonho e nada mais justo de eu destruir o seu." Uma lágrima estúpida rolou sobre o meu rosto.
"Você leu o que está escrito? Eu nunca matei ninguém."
"Não acredito em você, mas farei a prova. Depois daqui você vai apodrecer na cadeia, aproveite os seus últimos minutos, Josh." Meu coração estava disparado. Por que será que ele resolveu me contar quem ele era? Ele quer ser preso?
Ele disse que está armado, não posso prendê-lo aqui porque não tenho reforço policial e não sei se essas pessoas são de fato perigosas ou se ele está jogando comigo.
"Vocês estão prontos?" Augusto perguntou. Nos entreolhamos e assentimos com a cabeça. Não precisamos passar texto para interpretar isso.
"Vamos começar em 3, 2, 1 e... já!" Augusto disse. Respirei fundo.
Comecei a falar: - Os ladrões acabaram de assaltar um banco e eu estou aqui ao lado de diversas viaturas pronta para entrar em ação. Eles estão cercados e não podem sair do banco, estamos apenas aguardando a ordem do nosso superior para entrar lá. Os minutos mais pareciam horas, o suor já começava a escorrer pela minha testa porque nada fazer e apenas observar estava me deixando mais nervosa do que se já estivesse entrado no banco. Até que eu vi que de algum modo, os ladrões conseguiram fugir pelos fundos do banco.
Disse pelo radio, enquanto deixava o local com a minha viatura: " Atenção, todas as viaturas, os ladrões saíram pelos fundos e estão na rua Barata Ribeiro com um gol preto."
Consegui alcançar o tal carro e dei um tiro no pneu. O ladrão saiu do carro desarmado e eu de certo modo fiquei admirada porque ele em nenhum momento tentou me matar, mesmo sempre sabendo quem eu era e que eu estou aqui para prendê-lo.
"Mãos na cabeça!" Disse para o homem que prontamente me obedeceu e comecei a revistá-lo para verificar se ele tinha alguma faca ou algo similar. Senti o cheiro do perfume do bandido e é o mesmo que o meu amado Josh usa, senti vontade de sorrir, mas me controlei.
"Está limpo. Você está preso." O algemei.
"Cadê os outros bandidos?" Perguntei com ar de autoridade.
"Cada um num carro diferente, assim é mais fácil de despistar a polícia." Aquela voz era parecidíssima com a do Josh, mas não poderia ser ele, eu me recusava a acreditar.
Retirei o "meia" preta do rosto dele e lágrimas brotaram do meu rosto.
" Josh, é você?"
"Sim, Bella, sou eu. Você vai mesmo me prender?"
"Preciso ser profissional e prendê-lo por isso. Os reféns estão bem? Alguém ferido? Morto?" Tentei me controlar e fazer o meu trabalho. Tentei desesperadamente fingir que ele era um qualquer, mas ele não era.
"Eu não sou assassino. Eu nunca matei ninguém e nem os outros bandidos. Não me prenda ainda, me deixa te explicar o motivo de tudo isso." Josh me parecia estar falando a verdade e eu estava tentada a aceitar o pedido dele.
"Por que eu faria isso?" Cruzei os braços.
"Porque por algum motivo nós nos apaixonamos e quem ama confia e mais do que nunca eu preciso que você confie em mim. Preciso de você, Bella. Por favor, não me negue isso." O que ele disse para mim de certo modo tocou a minha alma, mas tenho medo de fazer algo que eu me arrependa depois.
"Bella, escuta o seu coração e me dê uma chance. Eu te amo."
"Também te amo, Josh."
Nossas testas encostaram uma na outra, nossas lágrimas se misturaram, nossas respirações ficaram entrecortadas, nossos corações dispararam e um beijo de amor surgiu, fazendo com que qualquer dúvida minha estivesse sido sanada: precisava ouvi-lo e dá-lo uma chance antes de fazer o que eu acho que deveria ser o certo.
Abri as algemas dele, troquei de roupa e fugi no carro dele, assim que ele trocou o pneu, rumo a uma boa explicação para tudo isso. -
O público bateu palmas, eles perceberam que a atuação parecia real porque de fato foi, tudo foi muito real, principalmente as nossas emoções.
"Bella, tira as minhas algemas. Por favor." Josh pediu.
Olhei para ele e em seguida para a mãos dele, mas nada fiz porque não sei o que é o certo a fazer: o escuto primeiro ou o prendo? Pensei em prendê-lo depois da festa, mas agora que o vi desse jeito é bastante tentador...
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Boa noite, meus amores! ❤
A Bella vai prender ou não o Josh?
Beijos 😗😗
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