O julgamento
"Ele vai? O ajudarei. Enviarei algum policial nesta missão. É só o Luke descobrir aonde o Adrian está. Vou até diminuir em dois anos a pena dele alegando bom comportamento após ele cumprir uns três meses de prisão." Clark sorriu.
"Clark! Você só pode estar brincando, certo?" Perguntei com medo da resposta.
"Ele tentou te matar. Pense no quanto o mundo vai ganhar com a morte dele. Muitos inocentes deixarão de morrer nas mãos deste crápula."
"Podemos prendê-lo." Disse.
"Não podemos. Quando as coisas não saem como ele deseja, o Adrian manda executar. Eu não quero perder mais ninguém e nem deixarei ninguém mais perder, ele ainda pode tentar te matar." Clark disse. Não havia passado pela minha cabeça que eu ainda poderia correr risco de vida.
"Como assim mais ninguém? Já perdeu outra pessoa?" Perguntei.
"Minha mulher morreu porque o Edward queria ficar com ela, mas ela não cedeu. Adrian a matou porque o Edward é filho dele. Nunca consegui descobrir quem atirou na minha própria mulher, mesmo eu sendo um delegado e isso sempre me envergonhou. Luke tem provas salvas deste crime no notebook e o Adrian vai morrer por isso."
"Se acha que matá-lo te deixará em paz, tem o meu apoio." Disse. Clark sorriu.
Clark se mostrou um grande amigo e estarei sempre ao lado dele devido a este apoio que ele tem me dado agora, embora eu ache que ele não devesse matar o Adrian. Prender já significa fazer justiça no meu ponto de vista.
"Você irá para o julgamento disfarçada, caso eu não consiga matar o Adrian até amanha."
"Obrigada, Clark." Sorri.
"Tenho que ir. Vou permitir que o Luke acesse o computador para encontrar o Adrian e enviar o meu melhor policial para executá-lo. Alguém vai te fazer companhia até a sua mãe chegar para dormir com você."
"Quem?" Sorri.
"Eu!" Avril apareceu toda saltitante no quarto.
"Até amanhã, Bella." Clark disse.
"Até." Amanhã será um dia crucial na minha vida e na do Josh.
"Amiga, como você está se sentindo?" Avril perguntou e depositou um beijo na minha testa.
"Para quem foi esfaqueada no coração, estou ótima e você?" Sorri.
"Me sinto traída. Deveria ter me contado que estava com o Josh e que ele não era um bandido." Avril cruzou os braços.
"Não podia, fiquei com medo de você comentar com alguém, ou de alguém escutar eu te contando. Não poderia arriscar. Me desculpa?" Não queria perder a amizade dela.
"É claro, amiga. Tenho um presente para você agora." Avril tirou um papel do bolso e me entregou.
- Se olhar para o quarto tedioso do hospital e se sentir só, lembre-se das coisas maravilhosas que faremos juntos quando eu for inocentado e você receber alta. Nossos dias serão repletos de amor e sorrisos. Todos os dias direi e mostrarei a você o quanto eu te amo, o quanto me faz feliz e o quanto te desejo. Você é a razão de eu nunca ter perdido as esperanças, por isso não perca as suas. Tudo ficará bem. Eu amo você, meu amor, minha Bella. Ass: Seu único e eterno amor, Josh Smith. - Sorri e chorei feito uma boba ao ler o bilhete.
"É lindo, não é? Eu já li. Queria alguém que me amasse desse jeito." Avril ficou corada por admitir que leu o meu bilhete e suspirou por não ter a sorte que eu tenho.
"Você ainda irá encontrar, Avril. Tenho certeza." Disse. Conversamos muito e eu acabei dormindo.
Quando eu acordei já era de manhã e a minha mãe estava dormindo segurando a minha mão sentada em uma cadeira. Fiquei com pena dela porque ela não merecia dormir sentada nesta cadeira tão desconfortável, mas ao mesmo fiquei feliz ao sentir o amor dela por mim.
A enfermeira entrou com o meu remédio para dor e o meu café da manhã, fazendo a minha mãe acordar. Fiquei com pena por ela ter acordado porque sei que ela não dormiu bem e ainda estava cedo.
Ficamos a manhã toda juntas, até que o meu pai, George Parker, passou aqui para levar a minha mãe para casa. Eles disseram que irão acompanhar o julgamento que está previsto para hoje às 16 horas.
Minha mãe me trouxe uma roupa para eu usar no dia da minha alta, já que a blusa que eu estava foi rasgada quando usaram o desfibrilador para me reanimar e a minha calça estava suja de sangue.
Estava almoçando quando o Clark e o doutor Aaron entraram no meu quarto.
"Não gostou da sopa?" Doutor Aaron perguntou ao me flagrar fazendo careta ao tomá-la.
"É ruim. Nem sal ela tem. Eu quero comer carne, pão, pizza, comida de verdade, entende? Não aguento mais essa dieta."
"Você foi esfaqueada no coração e só pode comer coisas leves." O médico revirou os olhos devido ao meu protesto infantil.
"Bella, essa sopa não deve ser assim tão ruim." Clark tomou uma colher para me incentivar.
"Ou pode." Ele disse após fazer uma careta. Ri e senti dor por ter rido.
"Bella, você está bem?" Clark me perguntou preocupado.
"Doeu um pouco, mas estou bem." Sorri fraco.
"Termina de tomar essa sopa porque hoje nós três daremos um passeio pelo hospital." Clark disse.
"Eu vou sair dessa cama?" Perguntei com animação.
Tomei a sopa o mais rápido possível, bebi o suco e comi uma gelatina de sobremesa. Era tanta gelatina que apenas com uma colherada ela já havia acabado. Sim, eu comi, mas ainda estava com fome.
"Senhora Parker, se apoia em mim." Doutor Aaron me deu a mão para que eu saísse da cama.
"Obrigada." Sorri.
"Andarei de mãos dadas com a senhora até que se sinta segura, os primeiros passos podem ser um pouco difíceis de serem dados." O médico disse.
Desde que fiquei internada, só saia daqui para ir ao banheiro fazer as minhas necessidades fisiológicas ou para tomar banho e sempre ia com uma cadeira de rodas sendo empurrada por uma enfermeira. Confesso que já estava me sentindo inválida devido a isso.
Assenti com a cabeça, Aaron abaixou e colocou nos meus pés um protetor descartável verde.
"Podemos andar no momento em que estiver pronta. Estou te esperando." Doutor Aaron disse.
Fiquei hesitante. "Bella, você consegue." Clark disse.
Arrisquei um primeiro passo, mas as minhas pernas tremiam, estavam fracas e se não fosse pelo médico eu teria caído. "Eu não vou conseguir." Deixei uma lágrima escapar pelo meu rosto.
"Logo hoje que eu pensei em te dar alta. Iria refazer os exames para ver se poderia te liberar porque pensei que estivesse bem e que quisesse participar do julgamento." O médico disse.
"Não posso ir para o julgamento com uma cadeira de rodas? Eu compro." Não podia deixar de ir, nem que eu fosse como cadeirante.
"Senhora Bella, se não movimentar as suas pernas elas iram atrofiar. Quanto antes andar melhor. Vamos tentar de novo?"
Respirei fundo e assenti com a cabeça. Com muito esforço, entrei na sala de exames, refiz os exames e voltei para o meu quarto.
Assim que o médico saiu, Clark disse: "Não enviei policial algum para matar o Adrian, mesmo sabendo onde ele estava."
"O prendeu?" Perguntei aliviada.
"Olhei nos olhos dele, saquei a arma e dei dois tiros no coração dele. Morreu na hora." Minha boca se abriu e eu não conseguia mais fechá-la, estava em estado de choque e não sabia o que dizer.
"Não me olhe assim, ele teve o que mereceu." Clark revirou os olhos.
"O que você fez com o corpo?" Perguntei baixinho.
"Coloquei fogo e o que restou joguei no lixo de provas de crimes já solucionados do FBI. Ninguém vai achá-lo." Sorri fraco. Foi uma solução inteligente.
"Bella, achamos o Edward. Ele estava em um cabaré chamado Segreto Piacere na Itália quando foi capturado. Aproveitei e chamei a polícia local para fechar o estabelecimento, já que o mesmo funciona de modo ilegal."
"Sinto pena dessas moças, fico feliz que elas estejam salvas dessa vida porque eu sei que a maioria não estava lá por vontade própria. Que bom que você o prendeu."
"Talvez você o veja hoje porque como os crimes da Eliza, do Luke e do Edward, tem ligação com os processos do Josh, eu pedi para o juiz fazer um único julgamento. Vai ser mais demorado, mas a justiça vai ser feita de modo mais rápido." Forcei um sorriso.
Comecei a ficar nervosa só de imaginar que poderei ver o Edward novamente.
Continuei conversando com o Clark até que o médico entrou com o resultado dos meus exames.
"Senhora Parker, o seu exame de sangue está ótimo, assim como a sua pressão, porém o seu coração sofreu uma alteração após a cirurgia. A senhora poderá se sentir cansada ao andar a pé por mais de 30 minutos e não conseguirá praticar atividades físicas. Este quadro poderá ser revertido ou não, isso só dependerá do seu organismo. Se após 30 dias a senhora não apresentar problemas, poderá fazer academia para melhorar o seu condicionamento físico. Aqui na bula está o nome dos três remédios que deverá tomar durante este mês e aqui está a sua dieta feita pela nutricionista. Eu já assinei a sua alta, pode sair quando desejar." Doutor Aaron sorriu me entregou a bula e saiu do quarto. Dieta? Eu vou para o Mcdonald's quando eu sair daqui, isso sim.
Comecei a chorar. "Bella, o que houve?" Clark perguntou preocupado.
"Se eu não ficar boa, eu não poderei ser mais policial. Eu não posso fazer esforço físico." Abracei forte o Clark sem me importar com a dor física que estava sentindo.
"Você vai ficar boa." Corei ao notar o que fiz, embora tenha me aproximado bastante do Clark durante estes dias, não tenho intimidade para abraçá-lo. Me afastei.
"Vou tomar um banho e me arrumar para a gente ir. Onde está o meu carro?" Peguei as minhas roupas no armário.
"No estacionamento da polícia, mas você vai deixar de dirigir por um mês. Não pode fazer esforço." Clark disse e ele estava certo.
"Obrigada por tudo." Sorri. Tomei banho e me arrumei.
Entrei no carro do Clark, comprei os meus remédios na farmácia e chegamos na hora para o julgamento. Sentei na primeira fileira ao lado do Clark, dos meus pais, da Avril e da mãe do Josh. Vi que as empregadas da Eliza também estavam presentes, mas elas estavam sentadas em um dos últimos bancos para não serem notadas.
O Juiz Gabriel Miller deu início ao julgamento.
"Senhor juiz, antes de prosseguirmos com o julgamento do réu aqui presente, Josh Smith, gostaria de mostrar ao meritíssimo e a corte, diversas provas que não somente o inocentam dos crimes, como mostram os verdadeiros culpados." Catherine Scott disse. Aproximou-se do juiz, entregou as provas que foram olhadas de forma rápida pelo juiz e ele fez um sinal para que ela mostrasse a corte. Catherine assim fez.
"Devido a essas fortes provas aqui presentes, peço um recesso de duas horas para que as mesmas sejam melhores analisadas." O juiz disse batendo o martelo.
Neste momento as pessoas presentes saíram da sala, queria poder falar com o Josh, mas não podia.
Olhei no relógio e vi que já estava na hora de tomar o meu remédio, mas após ver que entre as contra indicações, que eram muitas, estava sonolência, tonteira e enjoo, mudei de ideia. Não posso me dar o luxo de passar mal aqui.
As duas horas passaram-se e o julgamento retornou. "Após a perícia constatar que as provas não foram forjadas, declaro que o réu Josh Smith foi considerado inocente e que os depoimentos dos demais réus será apenas a título de uma possível diminuição de pena, dependendo dos argumentos apresentados. Iremos começar com o réu Josh Smith." Um grande burburinho se formou. Claire me abraçou, senti dor, mas não reclamei. Estava aliviada por ele ter sido inocentado.
"Ordem no tribunal." O juiz pediu. As pessoas ficaram quietas e as que se levantaram, tornaram a sentar.
Josh deu o depoimento sorrindo e olhando para mim. Ele tinha um brilho nos olhos que eu jamais havia visto antes, mas eu o compreendo até porque hoje ele tirou um peso de cinco anos das costas.
"O próximo a depor será o réu Luke Blake." O Juiz disse.
Luke disse exatamente o que disse para mim para o juiz. Sentia os olhos dele em mim, mas sentia a dor dele e mesmo sabendo de tudo que ele fez, estava triste por ele. Sempre o considerei muito especial para mim e este carinho não se foi, mesmo eu sabendo de tudo que ele fez.
Cindy saiu aos prantos do tribunal sendo amparada por Ashley. Ela realmente devia gostar do Luke e ouvi-lo dizer que me ama não deve ter sido fácil. Homens jamais deveriam usar uma mulher.
"Chamo para depor a Ré Eliza Evans." O juiz disse. Eliza tinha um olhar indiferente e frio.
O depoimento demorou, assim como os outros, mas o que mais me chamou atenção foi esse trecho: "Tudo que aquele homem me deu em vida foi fama e incontáveis pares de chifres. Comecei a traí-lo também e o que eu sentia por ele se acabou, eu simplesmente deixei de sentir qualquer coisa por ele. Então arquitetei um plano para matá-lo, mas dividir o meu dinheiro com o Josh era uma afronta e por isso eu o incriminei pelos dois crimes. Como o Luke e o Edward me flagraram, fui obrigada a pagar para eles. Luke deveria me proteger de perigos iminentes, por isso fiquei escondida na casa dele, além de fazer identidades falsas para o Edward que foi proibido de retornar para Los Angeles e viveu muitíssimo bem as minhas custas. Ainda que eu soubesse que eu seria presa anos depois por ter matado o meu marido, não teria mudado nada porque valeu muito a pena ver o último suspiro dele e cada segundo que passei sem ele."
Quando dei por mim, Ashley e Cindy retornaram ao tribunal escoltadas por dois policiais. Clark não as prendeu, mas a Eliza mencionou no depoimento dela e os nomes delas foram citados em algumas provas que foram mostradas para o juiz.
O juiz as chamaram para depor na condição de réis por terem sido cúmplices de Eliza Evans e por terem prestado falso depoimento, protegendo os verdadeiros culpados há cinco anos atrás. O depoimento de ambas foram basicamente iguais, mas agravaram a pena do Luke ao informarem que ele matou quatro policiais que as protegiam por elas estarem no quadro de proteção a testemunha.
Luke foi chamado novamente a depor e disse que realmente os matou para que elas ficassem com medo e não contassem a verdade sobre a morte do Nick Evans para mim. Também disse que foi um ato de desespero porque não queria ficar sem mim e não queria ir preso.
"Chamo para depor o réu Edward Hayes."
Edward estava lindo como sempre e com um corpo mais forte do que nunca. Meu coração acelerou ao simplesmente olhar para ele e eu comecei a sentir falta de ar devido a adrenalina que percorria as minhas veias, mas não podia sair dali.
Eu precisava ouvi-lo, eu precisava me convencer de que aquilo era real e não fruto da minha mente. Sempre desejei vê-lo novamente, mas jamais imaginei que o meu desejo seria atendido, jamais imaginei que o homem que eu tanto amei na verdade era um bandido.
Apertei a mão da minha mãe porque estava com medo de não aguentar a pressão e voltar para o hospital.
"Meu amor, você está gelada! Quer pegar um ar?" Judith perguntou para mim com um ar de preocupação.
"Eu... preciso... ouvir." Respondi pausadamente.
Edward olhou para mim, desviou o olhar e se concentrou em um ponto qualquer para começar o depoimento. " Ser sustentado, poder ter várias mulheres, morar no país que eu quiser, preciso de mais argumentos para justificar o que eu fiz? Ainda fui um bem feitor, dei a minha mulher para outro e ela era e continua bem bonita, por sinal. A Allyson Mitchell também deveria me agradecer, o Edgard a traía mais do que eu traia a Bella Parker. Como eu disse, Bella era bonita, mas qual é o homem que não se enjoa de comer uma boceta só?" Comecei a sufocar e tudo ficou preto.
Acordei em uma sala, estava sozinha com os meus pais.
"Como você está?" Meus pais perguntaram no mesmo instante.
"Estou bem, eu quero voltar agora. Preciso terminar de ouvir o restante do depoimento do Edward." Disse já me levantando da cadeira que estava sentada.
"Acho que você já ouviu o suficiente." Meu pai disse em um tom autoritário. Tornei a sentar.
"Por que não tomou o seu remédio?" Minha mãe perguntou.
"Não queria passar mal. Já viu quantos efeitos colaterais este remédio tem?" Bufei.
"Se estivesse tomado, não teria desmaiado." Minha mãe colocou o remédio na minha boca e me deu água.
"Agora abre a boca para eu ver se você tomou mesmo." Revirei os olhos em protesto e fiz o que ela pediu.
"Vou voltar para o tribunal. Se você não melhorar, iremos voltar para o hospital. Nem pense em aparecer lá novamente." Meu pai disse. Assenti com a cabeça.
Acho que ele pensa que ainda é militar e que eu sou uma subordinada dele, mas sei que as ordens dele são para o meu bem.
Uns 10 minutos depois, meu pai retornou para a sala que eu estava juntamente com o Clark, a Avril e a Claire. O julgamento havia terminado, Agora falta pouco para eu ver o Josh.
"Clark, como foi?" Perguntei curiosa.
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Boa noite, meus amores!
O livro está na reta final. Falta mais ou menos uns 4 capítulos. 😔
O que será que o Clark vai responder?
Segreto Piacere é um livro de minha autoria e é um nome de um cabaré. Quem não tiver lido, leia. Vale a pena. 😉
Beijos ❤❤
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