Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

6 - Nas mãos de Deus

Quando chegaram no posto de gasolina, na entrada da cidade de Rio Bonito, Miltão sugeriu que fossem até a lanchonete, a fim de tomar café da manhã. Lucas ainda estava cheio com o lanche que tinha comido após sair de casa e recusou a gentileza.

- Valeu pela carona, Miltão! - disse, feliz, enquanto se afastava.

- Vai pela sombra, moleque. - respondeu o caminhoneiro - E vê se toma cuidado nas próximas caronas. - completou, olhando para ele com a cara fechada.

Passava das sete e quinze e Lucas tinha percorrido mais de cem quilômetros. Estava exultante quando caminhou até a rodovia, um pouco depois da saída do posto, para tentar a sorte novamente. Pensou que algum caminhoneiro que estivesse saindo em viagem, após tomar café, o veria ali e ofereceria ajuda. Só que dessa vez a coisa foi diferente. Ficou cerca de quarenta minutos gesticulando para os carros e caminhões que passavam, sendo ignorado por todos. Apenas um caminhão parou e o ajudante do motorista perguntou para onde ele estava indo; no entanto, eles iam voltar para São Paulo e esse era o último caminho que o garoto pegaria agora.

O sol, que havia nascido tímido naquela manhã de inverno, sumiu atrás de nuvens grossas, como se tivesse sido levado embora pelo vento gelado. Com isso, às oito horas, Lucas tremia de frio na saída do posto, todo encolhido, sem coragem para descruzar os braços e continuar pedindo carona. Às oito e dez quando pegou o celular e mandou a última mensagem para Daniel: 

"Congelando na saída do posto

Nenhum filho de um Sauron para o carro pra mim"

A resposta veio rápido: "Fique tranquilo. Ore para 'Gandalf, o Branco' e ele te protegerá nessa longa jornada."

Lucas riu e acenou para uma picape azul que se aproximava, não muito rápido. Viu quando a seta direita piscou e o veículo diminuiu ainda mais a velocidade, parando à sua frente. O vidro do lado do passageiro se abriu e um homem careca, de bigode e farto sorriso apareceu, falando:

- Vai para aonde, filho?

- Vou para Serrinha. - respondeu o menino - Mas você pode me deixar em qualquer lugar a norte daqui. - continuou, rapidamente, antes que o motorista mudasse de ideia.

- Entre! - disse o homem, soando simpático - Vou até Parque do Sul. De lá são apenas quarenta minutos, até Serrinha. Meu nome é Vinícius. Pastor Vinícius.

O menino entrou e se ajeitou no banco do carona, colocando a mochila no chão. Ao contrário do caminhão de Miltão, a picape do Pastor Vinícius estava uma bagunça completa. O banco de trás estava coberto de panfletos da igreja, o chão tinha papéis de chocolate, garrafas de coca-cola e pacotes de salgadinho vazios. No para-brisa, bem na sua frente, Lucas podia ver um adesivo escrito: "Nas mãos de Deus".

- Desculpe pela bagunça. - falou o pastor, provavelmente percebendo o olhar de Lucas - Fui com a família para a praia neste final de semana e meus filhos deixaram o carro assim.

- Sem problemas. - respondeu o garoto - Aproveitaram bastante?

- Nada. Estava um frio danado em Ubatuba e ainda choveu.

Lucas sorriu lembrando da frase que sua mãe sempre repetia: "Sempre chove em Ubachuva". Enquanto o pastor ainda falava da viagem (pelo jeito ele falava bastante), o adolescente calculava silenciosamente o tempo que a aventura ainda duraria. Uma hora e meia até Parque do Sul, uns quarenta minutos até conseguir uma nova carona, mais quarenta minutos até Serrinha. Em três horas estaria recebendo as boas-vindas de Daniel.

Dentro do carro estava quente e Lucas tirou a jaqueta, colocando-a em cima da mochila, aos seus pés. O garoto aproveitou a verborragia do Pastor Vinícius para examiná-lo melhor. Era o exato oposto do gigante Miltão: baixo, magro, vestido de camisa e calça social. Em vez da vasta barba e cabeleira do caminhoneiro, o pastor tinha o rosto bem escanhoado, exceto pelo bigode, parecido com o do Fred Mercury, e apenas um pouco de cabelo na lateral e na parte de trás da cabeça, sendo completamente careca em cima. Se Miltão lembrava um bárbaro medieval, Vinícius certamente seria o clérigo do vilarejo.

- ... E minha esposa sempre diz que eu falo muito! - o homem completou a história que contava, sorrindo para Lucas - Espero não estar te entediando.

- Claro que não. - respondeu o garoto, que não estava prestando muita atenção em nada do que o motorista falava - Adoro ouvir histórias.

O motorista engatou a quinta marcha e novamente sua mão passou na lateral da coxa do menino. Já era a terceira vez que Lucas reparava nisso, mas dessa vez pareceu mais demorado, como se Vinícius estivesse testando sua reação.

Já estavam na rodovia há cerca de cinquenta minutos, quando o carro diminuiu a velocidade e pegou uma saída à direita. Lucas viu, alarmado, eles seguirem por cerca de duzentos metros e virarem novamente à direita e depois à esquerda, chegando a uma estrada de terra que aparentemente se afastava cada vez mais da estrada principal.

- Que caminho é esse? - conseguiu falar, finalmente, o menino.

- É um atalho que eu conheço. - disse o pastor, dando uma piscadinha para ele.

"Todo atalho dá trabalho", pensou Lucas, citando a frase que lera em O Senhor dos Anéis. Não conseguia entender como sair de uma rodovia poderia cortar caminho em uma viagem, que no geral, era uma linha reta, mas decidiu não falar nada.

- Calma, você parece nervoso. - disse o motorista, colocando a mão na coxa de Lucas - Eu disse que ia te levar até Parque do Sul e vou levar. Se você for um bom menino, quem sabe não te levo até Serrinha.

O desespero finalmente tomou conta de Lucas. "Meu deus, meu deus. O que esse maluco quer comigo?", pensou ele. Finalmente lembrou do celular e o pegou, ainda sem saber o que faria. Ligar para a polícia? Para Daniel? Para a mãe? Não teve tempo de decidir, Vinícius tomou o telefone de suas mãos e o atirou pela janela.

- Está doido, menino imbecil? - gritou o motorista, parecendo extremamente nervoso e dando um soco na lateral da cabeça de Lucas - Você estava se oferecendo ali na beira da estrada e agora acha que pode mudar de ideia e ligar para alguém? Se você continuar com bobagem, te largo aqui mesmo e você vai congelar antes de achar novamente a rodovia.

Lucas sentiu a pancada na cabeça e viu tudo escurecer. Abriu os olhos algum tempo depois, não sabia se alguns segundos, minutos ou horas. O carro estava parando na estrada de terra e não tinha absolutamente nada em volta. Havia uma mata aparentemente fechada à sua esquerda e um grande descampado à direita. Algumas vacas pastavam nesse descampado, mas bem longe de onde eles estavam. Não conseguia ver nenhuma construção. Se sentia perdido e desamparado.

- Acordou, é? - disse o pastor, sorrindo, com a mão na sua coxa novamente - Desculpe por perder a cabeça lá atrás. Prometo que daqui para a frente serei muito carinhoso com você.

- Me deixa ir embora, por favor. - disse Lucas, sentindo que não conseguiria segurar o choro por muito tempo.

Vinícius soltou o cinto e praticamente pulou em cima do garoto. Lucas viu aquele homem magro, mas ainda assim mais forte que ele, invadindo o banco do carona, tentando agarrá-lo, com uma mão segurando sua cabeça enquanto a outra tentava abrir o botão de sua calça jeans.

O adesivo "Nas mãos de Deus" brilhou na frente dos seus olhos e Lucas sentiu o peso do canivete suíço em seu bolso. Aproveitou que o homem parecia atrapalhado com o botão e tirou o canivete do bolso, abrindo-o com apenas um movimento de dedo, como havia treinado muitas vezes em suas brincadeiras.

"Você nunca sabe quando precisará abrir o porta-malas por dentro", pensou Lucas, enquanto enfiava o canivete, o mais fundo que conseguia, na coxa direita do abusador. Vinícius ficou um segundo parado, surpreso, antes de dar um grito alucinado e sair de cima dele, segurando o canivete, sem coragem de puxá-lo. O garoto aproveitou a desatenção momentânea do motorista, tirou o cinto de segurança, abriu a porta e correu em direção ao descampado, deixando todos seus pertences para trás.

Correu e correu, sem se voltar para olhar, como se sua vida dependesse disso. Quando não aguentou mais, caiu na grama alta e ficou um tempo aguardando em silêncio, esperando as mãos do pastor o agarrarem, mas isso não aconteceu. Criou coragem, se ajoelhou e levantou os olhos em direção a estrada de terra, que agora estava a pelo menos um quilômetro de distância. O carro havia desaparecido. 

Uma lufada do vento invernal o atingiu, gelado e cortante, arrepiando seus braços descobertos.

Apenas com a roupa do corpo, vestindo uma camiseta fina, Lucas não tinha a menor ideia de onde estava.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro