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3 - Sorte

Entrou no caminhão olhando tudo. Nunca tinha estado na boleia de um veículo desses antes. O banco do passageiro era grande e largo, com certeza havia sido projetado para alguém com o dobro do tamanho e o triplo do seu peso. Uma pessoa mais ou menos igual ao motorista.

- Oi, meu nome é Lucas. - falou, tentando soar confiante, - Estou indo para Serrinha.

- Sou Miltão. - respondeu o gigante barbudo - Você não está fugindo de casa, não, né, moleque? - disse, apertando os olhos.

- Não! - disse rapidamente o menino - Estou indo visitar um primo, minha mãe sabe que estou indo para lá.

- Sua mãe deve ser muito... moderna, para deixar um menininho como você pegar carona deste jeito. - falou o motorista, ainda dando algumas olhadas desconfiadas para Lucas, enquanto arrancava com o caminhão - Vou até Rio Bonito, é mais ou menos um terço do seu caminho. Te deixo no posto de gasolina na entrada da cidade e você pode conseguir outra carona por lá.

Lucas sorriu, exultando de felicidade. Um terço do caminho era algo bom demais, para uma primeira carona. Se sua sorte continuasse, chegaria à Serrinha antes da hora do almoço. Mais relaxado, começou a reparar nas coisas que o cercavam. Em primeiro lugar, observou Miltão. Ele usava bermuda larga e sandália, além da camiseta regata branca e do boné onde se lia "Posto Shell é sua parada". Realmente era muito grande, seus braços deviam ter quase a grossura da cintura do garoto. Tinha a barba hirsuta, que lhe dava um ar ligeiramente selvagem, como o de algum personagem que vivia para lá da muralha em A Guerra dos Tronos.

O painel não tinha nada daquilo que imaginava que veria em um caminhão. Nem imagens de santos, enfeites baratos ou cortinas bregas. Pelo jeito o programa de TV Carga Pesada tinha mentido para ele. A cabine era limpa e moderna, mostrando que Miltão tinha muito cuidado com seu veículo. À sua frente, pintada com letras caprichadas na tampa do porta-luvas, apenas uma inscrição: "Jimmy Page é meu pastor e nada me faltará". Foi aí que o menino se deu conta da música tocando de fundo, não muito alta. Uma voz esganiçada dizia: "It's been a long time since I rock and rolled". Conhecia ela dos velhos LPs que Rosana colocava para tocar quando começava a fazer a faxina da casa, aos sábados.

Percebendo que a atenção de Lucas tinha se voltado para a inscrição do painel, Miltão aumentou o som, dizendo:

- Aqui neste caminhão, só toca Led Zeppelin! - e, voltando a cabeça para ele, forçando uma expressão ameaçadora - Algum problema com isso?

- Não! Gosto muito dessa música. - respondeu o menino, meio assustado, meio sorrindo, começando a se sentir à vontade com o gigante barbudo.

Enquanto estava na beira da estrada, o Sol havia surgido tímido no horizonte, transformando a madrugada gelada em uma manhã fria de inverno. Dentro do caminhão, Lucas se sentia aquecido e feliz. Apesar de ainda estar ligeiramente apreensivo com a reação de Rosana à sua viagem, não podia negar que esperava que essa aventura lhe rendesse muita admiração na volta à escola, em agosto. O primeiro semestre daquele ano tinha sido difícil, sem Daniel para defendê-lo dos moleques babacas e das meninas maldosas. Ele tinha certeza de que ir para Serrinha sozinho mudaria tudo.

"Been a long lonely lonely lonely lonely lonely time", cantou Miltão junto com Robert Plant.

O garoto sacou o celular, sentindo o volume do canivete em seu bolso, e mandou outra mensagem para Daniel: "Peguei uma carona. O caminhoneiro vai me deixar em Rio Bonito. Está tocando Led Zeppelin. Devo chegar mais cedo do que esperávamos.". Apesar de ainda não ser seis horas, o amigo já tinha acordado e respondeu: "Irado!". Nem passou pela cabeça de Lucas que poderia tentar tirar uma foto do motorista para enviar para o amigo ou que poderia compartilhar a localização do celular com o mesmo. Tampouco Daniel pensou em algo assim. Se tivesse feito isso, talvez tudo teria acontecido de maneira diferente. Ele não tinha como saber, mas aquela carona seria o último momento de sorte que teria em toda a viagem.

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