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1 - A partida

Lucas pegou a mochila e saiu, silenciosamente, pela janela do quarto. Pulou para o quintal, no fundo da casa e andou agachado. Era extremamente improvável que sua mãe estivesse acordada às cinco e trinta, mas melhor não arriscar.

Era a madrugada fria do primeiro dia das férias de julho. O termômetro do celular indicava oito graus célsius, uma temperatura baixa para os padrões da cidade de São Paulo, onde o garoto morava, mesmo ali perto do Pico do Jaraguá. Ainda abaixado, chegou ao portão que dava para a rua e o destrancou, tentando não fazer barulho. Quando finalmente passou para o lado de fora do quintal, deu um grande sorriso e pensou: "Primeira parte da missão concluída".

Pegou o celular e mandou uma mensagem no Whatsapp para Daniel, seu melhor amigo: "Estou fora". Em seguida, tirou da mochila um sanduíche de salame, sem queijo, e começou a comê-lo, rumando em direção à rodovia que passava perto de sua casa e levava para o norte do estado. Seu destino era a cidade de Serrinha, a trezentos e cinquenta quilômetros de distância. Segundo o Google, chegaria lá em cerca de três horas e meia, se estivesse de carro, ou três dias e meio, se fosse a pé. O plano era conseguir algumas caronas e chegar na casa de Daniel antes do jantar. Daí ligaria para a mãe e diria que estava tudo bem.

A mãe sairia para trabalhar às sete e não voltaria para casa antes das dezoito e trinta. Quando chegasse, perceberia que ele não estava lá. Sua primeira atitude seria mandar uma mensagem, perguntando onde o filho estava. Depois de uns quinze minutos, começaria a ligar. O ideal era que ele conseguisse chegar em Serrinha antes dessas ligações, o que lhe dava cerca de treze horas para terminar a viagem.

Lucas era um menino muito magro, de pele morena clara, olhos e cabelos castanhos, a cabeça grande e pontuda parecia ainda maior por causa do cabelo revoltado que estava sempre espetado para cima, não importando como o menino tentava penteá-los. Usava óculos para miopia, de armação transparente. Havia tentado escolher a que menos chamava a atenção, mas logo descobriu que era impossível disfarçar um par de óculos de grau no Ensino Fundamental II. Vestia uma jaqueta de poliéster impermeável, dessas projetadas especialmente para motoqueiros, e calça jeans, além de tênis para caminhada. Quando insistiu para a mãe que queria aquela jaqueta, no lugar de uma jeans que ela tentava comprar, Rosana brincou: "OK. Eu te dou essa e você promete que nunca irá subir em uma moto". O garoto sorriu e prometeu, cruzando os dedos sobre o coração e pensando na viagem que já estava planejando naquela época, há cerca de um mês. A roupa seria perfeita, já que parecia ser bem quente e confortável. Naquela manhã, no meio da neblina que tinha baixado na rua onde morava, Lucas tremeu e pensou que a jaqueta não era tão quente quanto ele tinha imaginado. No bolso da calça, levava o canivete suíço que ganhara do tio Arnaldo: "Leve sempre com você, Luquinha. A gente nunca sabe quando precisará abrir o porta-malas por dentro.", brincava o irmão da mãe. Lucas sempre imaginava se realmente seria possível abrir um porta-malas usando o canivete.

Chegou à rodovia em dez minutos. Achou melhor andar mais um tempinho antes de começar a pedir carona. Não queria ficar parado tão perto de casa. Enquanto caminhava, lembrava do último verão, quando Daniel veio lhe contar que o pai tinha conseguido um emprego no interior de São Paulo e que iriam se mudar em no máximo um mês. Em um primeiro momento, não deu muita importância, foi como se o amigo tivesse falado que ia passar as férias longe. Mais tarde, naquela mesma noite, a ficha caiu e ele se deu conta de que talvez nunca mais veria Daniel. Começou a pensar no que podia fazer para evitar a mudança, mas logo chegou à conclusão de que não tinha como interferir no emprego do seu Clóvis. O pai de Daniel havia ficado quase um ano desempregado por conta da crise e agora isso iria separá-los para sempre. Tudo era muito injusto, pensou, antes de se dar conta de que estava chorando.

O mês de dezembro passou rápido e logo era o dia da mudança. Rosana levou o garoto até a casa de Daniel, para eles se despedirem. Na saída, o amigo disse: "Te vejo em Serrinha, em julho". Depois disso, não havia nenhuma possibilidade de que ele não fosse para lá assim que as férias do meio de ano começassem, mesmo que a mãe não tivesse concordado.

Lucas caminhou por cerca de 15 minutos, na beirada da rodovia. Os carros passavam a toda velocidade, gerando rajadas de vento frio que o faziam tremer. Nas costas, Lucas carregava sua mochila de escola. Na noite anterior, depois que a mãe havia ido para a cama, colocou dentro dela algumas cuecas, dois pares de meia, duas camisetas e duas bermudas. Além disso, tinha trazido também dois sanduíches de salame, uma garrafinha cheia de água, sua antiga cópia de O Hobbit, escrito por J.R.R. Tolkien, e a rota que imprimiu no Google Maps. Achava que possuía tudo o que era necessário para a viagem de ida. Quando chegasse ao seu destino, poderia usar roupas emprestadas de Daniel.

Quando achou que já estava longe o suficiente de casa, o garoto parou e começou a fazer o gesto característico de quem precisa de uma carona, com o polegar esticado para o lado, como se estivesse dando um "joinha deitado" para os motoristas. A princípio, ficou em dúvida se os motoristas o viam, pois todos passavam tão rápidos, mas logo dois ou três buzinaram e gritaram alguma gracinha, e ele teve certeza de que não estava invisível. Após alguns minutos, um caminhão vermelho, enorme, daqueles que têm uns dez eixos diferentes, se aproximou devagar, deu seta e foi encostando à sua frente. Do lado de dentro, um homem barbudo e mal-encarado, usando boné e camiseta regata, gritou:

- Entra aí, moleque! 

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