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Uma nova Leitora



A Prof. de letras, Ana Luíza, caminhava cabisbaixa atenta a leitura de uns arquivos que havia acabado de imprimir, seus dedos ágeis folheavam as folhas ainda soltas, quando do nada sentiu as folhas voarem e se espalharem pelo corredor da universidade.

Alguém muito desatento havia acabado de se esbarrar nela, um daqueles encontrões da vida; na verdade seria esse o caso, se o homem do súbito esbarrão não fosse o professor Edu, e se a professora em questão não se chamasse Ana.

- Ah, meu Deus! Perdoe-me professora. - disse Edu, que abaixou imediatamente rumo as folhas.

- Só se me ajudar a recolher as folhas. - olhou-o por entre os cílios, enquanto juntava uma a uma as folhas do arquivo.

Era uma linda mulher, alta, de cabelos longos castanhos e ondulados com olhos escuros e marcantes.

Enquanto recolhiam as dezenas de folhas do chão, a professora pegou o livro que eventualmente Edu havia deixado cair no meio da fatídica trombada, assim, colocou-se ereta novamente segurando algumas folhas e o livro.

Edu colocou-se de pé e tratou de entrega-la as folhas que havia recolhido.

- Perdoe-me novamente professora, vinha muito distraído com meu livro e não a vi. - estendeu suas mãos a fim de receber seu precioso exemplar de Anna Karenina.

Antes de devolver o livro de Edu, Ana fixou seus olhos no título e disse:

- Anna Karenina. - pronunciou as palavras de forma lenta enquanto as lia.

Então estendeu sua mão com o livro e o devolveu a Edu.

- Sim, o melhor romance já escrito no mundo. - disse Edu com uma sonoridade deleitosa. - Ao menos na minha opinião. - explicou.

- Sim, é uma história incrível.

-Já leu? - perguntou, Edu entusiasmado.

-Não, não, assisti apenas ao filme. - respondeu-o imediatamente.

-É uma pena que não tenha lido, acho que ninguém deveria morrer sem ler uma obra suntuosa como essa.

- Mas eu conheço a história, eu assisti ao filme.

Edu jogou sua cabeça para trás em uma gargalhada deliciosa e contagiante.

- Perdoe-me, mas o filme é uma afronta a Tolstói, nenhuma das versões do cinema conseguiu capturar nem um terço da essência do livro, se o lesse saberia do que estou falando.

- Conseguiu despertar meu interesse professor Edu, vou agora mesmo passar pela biblioteca e ver se encontro um exemplar.

- Ah! Não seja por isso, empresto-lhe o meu. - estendeu a ela o livro.

- De jeito nenhum professor, o senhor estava lendo.

- Primeiro, não me chame de senhor. - piscou de forma desconcertante, pois fez as pernas da professora vacilarem. -, segundo, tenho várias edições desse livro em minha biblioteca particular, inclusive em russo.

- Se é assim. - ela pegou o livro da mão de Edu e sentiu-se arrepiar assim que suas mãos se encontraram.

Edu não é um exemplar de beleza estonteante, mas tinha um charme irresistível, era um homem de porte avantajado, cabelos curtos castanhos claros e olhos cor de mel, herdou muito dos traços do avô, um nobre que fugiu da Rússia após a Revolução Bolchevique. Quando queria sabia ser envolvente com meia dúzia de palavras.

A versão em português do livro que Edu emprestara a professora Ana, era lindíssima, da Cosac naify, traduzida por Rubens Figueiredo, capa dura com a belíssima ilustração das ruas da Rússia do século XIX.

Ana abriu o livro e foi direto para a última página, queria saber ao certo quantas páginas aquele livro grosso tinha.

- Uau! 800 páginas!? - arregalou seus olhos em direção a Edu.

- Do que há de melhor na literatura Russa. - ressaltou.

Então ela fechou o livro e voltou a abri-lo, mas dessa vez no primeiro capítulo, então leu em voz alta.

"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira".

Se não a mais, com certeza era uma das frases mais inesquecíveis da literatura mundial, assim Tolstói abriu seu romance, deixando já na primeira linha um gostinho do que virei nas próximas páginas.

Levou seus olhos a Edu e ele lhe disse:

- Leia-o com cuidado, sem pressa, aprecie o livro sem devora-lo com ganância, só assim conseguirá se familiarizar com todas as cenas, inclusive, tem todas as minhas preferidas grifadas, não se assuste ao ver as marcações. Quando terminar avise-me e poderemos discutir o livro, se assim você desejar.

Quando Ana ia responde-lo, sentiu mãos fortes em seus ombros, e reconheceu a voz de imediato do homem que estendeu sua mão direita em direção a Edu.

- Como vai professor, Edu? - perguntou o chefe de gabinete da universidade, o Professor Adriano, marido de Ana.

- Estou bem, Adriano.

O marido voltou-se para Ana, deu-lhe um beijo em seus lábios dizendo-lhe:

- Podemos ir amor? Já deveríamos estar no aeroporto.

- Sim, claro que sim, o professor Edu estava me emprestando esse livro. - mostrou o exemplar ao marido.

- Compre um para você, não chateie o professor, ele pode precisar do livro.

Edu interveio imediatamente.

- Não se preocupe, Adriano, tenho várias edições.

- Valeu, obrigada. - respondeu Adriano com cara de poucos amigos. - Vamos? - perguntou para Ana.

- Sim, claro. Obrigada professor Eduardo. - Ana o agradeceu.

- Sempre as ordens.

Se Ana já era um atrativo natural para Edu, imagine ela sendo casada.

Ana devorava as páginas do livro como se não houvesse amanhã, aproveitou a viagem do marido e passou todo o fim de semana de pijamas, lendo, comendo pizza e tomando vinho. Na segunda feira já havia lido metade do livro.

Na universidade, quando Edu entrou na sala dos professores, viu Ana sentada de costas para ele com o livro nas mãos, então chegou por trás dela e por cima de seu pescoço, sentindo seu cheiro, passou a ler em voz alta uma parte do livro que se encontrava na página 353, inclusive grifada.

- Naturalmente, mas lembra-te de que, quando estiveste em minha casa, tu me censuraste os prazeres da vida. Não sejas tão severo, meu moralista!

-No entanto na vida o que é bom é... - a voz de Liêvin entaramelou-se-lhe. - Enfim, não sei, só sei que morreremos breve.

- Por que havemos nós de morrer breve?

- Quando se pensa na morte, a vida tem menos encantos, mas é mais pacífica.

Ana virou seu pescoço em direção a Edu e seus lábios quase se encontraram, assim quando caiu em si, virou-se para o outro lado imediatamente.

Ela tinha estado com Edu, ali naquele mesmo espaço, milhares de vezes e nunca tinha reparado o quando aquele homem era sedutor, sentiu seu cheiro amadeirado e desejou que não existisse mais ninguém além dos dois ali, mas a sala estava repleta de professores, cada qual imerso em seu mundo e em seus celulares.

Edu deu a volta na mesa e sentou-se frente a ela.

- Então, o que está achando do livro? Vejo que o está comendo vivo.

Ana sorriu mostrando a Edu toda a perfeição em seus dentes brancos, deixando a mostra as finas marcas de rugas que se formavam em seus olhos aos 40 anos de idade.

- Não faça assim. - ele disse. - Esse seu sorriso me desconstrói.

Ana olhou ao redor, jogou seu corpo em direção a mesa, debruçando-se sobre ela e disse-lhe:

- Estou amando cada página desse livro, e sim, eu o estou devorando por que anseio por todos os encontros de Anna e Vronsky.

Edu sorriu satisfeito.

Os planos de Edu estavam dando certo, e ver que a professora havia se interessado pelo livro o deixou entusiasmado.

O marido de Ana, estava em uma viagem de trabalho na Europa, e iria demorar por lá 15 dias, tempo esse que Ana ficou livre para os encontros casuais que vinha tendo com Edu na universidade, fosse na sala de professores, fosse na lanchonete ou fosse na biblioteca. A admiração e atração por Edu crescia vertiginosamente a cada encontro dos dois para falarem sobre o desenrolar da novela Anna Karenina, era assim que Ana via o livro, como uma novela com um enredo avassalador, pois prendia-a de tal forma que a fazia se perder da realidade. Edu tratava de mantê-la cada vez mais imersa no mundo de Tolstói e cada dia Ana se sentia mais atraída a Edu.

Edu tem um carisma muito grande, um jeito todo especial de envolver e cativar as pessoas, sorriso largo e fácil, gentil, atencioso e espontâneo, é o tipo que as pessoas se apaixonam com muita facilidade, e era nesse passo que estava indo o relacionamento entre Ana e Edu. A atração era crescente e inevitável, e justamente por esse motivo, Ana passou a questionar se o que estava acontecendo era certo, pois amava o marido e não queria perder-se em paixão por conta de Edu, porém já era tarde demais, estava encantada com o professor de literatura, perdidamente apaixonada; quando não estava com o livro, estava pensando em Edu. E ao mesmo tempo que se pegava sozinha rindo e lembrando-se de Edu, odiava-se por isso, então passou evita-lo na universidade desviando-se nos corredores.

Mesmo evitando Edu, Ana não conseguia parar a leitura do livro e achou que na biblioteca daquela unidade estaria longe das vistas dele.

Ela estava distraída, sentada em uma mesa afastada, quando sentiu dedos apertando-a em seus ombros, então ouviu a voz inebriante sussurrar ao pé de seu ouvido.

- Está fugindo de mim, Ana?

Ela fechou seus olhos sentindo-se tentada.

- Por que está fazendo isso comigo, Edu?

- Isso o que?

- Me seduzindo, deixando-me confusa e apaixonada.

- Não temos culpa dos nossos sentimentos, mas se me pedir, afasto-me de você.

- Não! Não faça isso. - estava confusa.

A biblioteca estava praticamente vazia naquele horário, então Edu olhou para os lados, certificando-se de não estarem sendo observados, então pegou delicadamente nas mãos de Ana e a fez levantar-se da mesa e a arrastou para um dos imensos corredores de livros. Longe de olhares, de forma rápida e abrupta ele a segurou em sua cintura com uma das mãos e com a outra segurou-a em sua face e beijou-a ardentemente, impedindo qualquer reação contraria de Ana, que se sentia mole e entregue a crescente sensação de calor que o contado devastador entre seus lábios estava provocando nela enquanto estava cativa naqueles braços fortes. Edu deu um tiro certeiro na hora certa, marcou seu território deixando Ana atordoada e querendo mais.

- Eu quero você, Ana, não me negue isso. - sussurrou, Edu entre lábios cerrados ainda preso aos lábios dela.

- Não, não consigo negar.

- Encontro-me nessa rua. - enfiou a mão no bolso do jeans e entregou a ela um bilhete. -, hoje ás seis, não podemos perder mais tempo, Adriano chega amanhã, não é?

- Sim, amanhã de manhã buscarei ele no aeroporto.

- Deixe-me ser seu Conde Vronsky, decore todas as faladas marcadas no livro.

Ela nada respondeu, apenas o observou partir.

Ele a deixou-a ali no corredor entre as estantes e saiu desaparecendo das vistas dela, depois de conseguir plantar um desejo avassalador na professora.

As 18:00 em ponto, Ana estava na rua marcada aguardando Edu, dentro de seu carro preto; estava ansiosa e prestes a desistir quando Edu bateu no vidro do carro.

A Rua era praticamente deserta, não havia câmeras de filmagem nem nada que pudesse registrar o momento em que Ana trocou de carro, por livre e espontânea vontade.

Edu segurou-a na face e deu-lhe um beijo inebriante, a fim de deixa-la louca por ele e impedir que viesse a desistir.

- Onde iremos? - ela questionou.

- Vou leva-la para conhecer minha casa, acho mais seguro lá do que qualquer outro lugar, onde poderíamos ser vistos.

Ana assentiu.

Edu estacionou na frente do casarão que fica no Jardim América, bairro nobre de SP, era a casa de seu avô que foi passando de pai para filho, um dos muitos imóveis que ficará de herança para Edu, que serviu de residência da família e que ele vinha tentando reforma-la.

- Uau!! Disse Ana de cabeça erguida ao observar a opulência da casa.

A casa estava em uma região toda arborizada, era inevitável não notar a presença relaxante da natureza e do canto dos pássaros que faziam algazarras já se retirando para dormir.

Edu abriu a porta e a empurrou pelas costas para que entrasse, e, logo na entrada pediu a ela que tirasse seus sapatos.

- Coloque as pantufas, tem muita sujeira na rua.

Ela o obedeceu prontamente.

Nas famílias russas, ninguém entra em casa com os sapatos de rua, por uma questão de higiene.

Os olhos de Ana brilharam quando observou o interior da mansão abandonada, recém ocupada por Edu.

- Nossa que coisa mais linda, que decoração elegante. - observou.

- Extravagante eu diria. - disse seco.

- Eu gosto. - respondeu ela. - É aconchegante e alegre.

A decoração era um misto de cores e ambientes neutros, muitos bordados observados nas colchas de sofá, nos tapetes e nas almofadas. Os famosos tapetes turcos estavam em todos os ambientes e sem contar os artefatos artesanais, objetos pintados à mão, os famosos Palekh. Moveis pintados com a técnica Khokhloma, dando um tom de ouro e fazendo parecer que os moveis são de metal. Tudo muito autêntico e harmonioso.

Enquanto Ana observava tudo encantada, Edu foi até a cozinha e preparou um chá preto, então foi até Ana e a fez o acompanhar até a cozinha. Edu tinha todos os costumes russos enraizados em si, seria um legitimo russo se não tivesse nascido no Brasil. Assim sendo o chá seria tomado na cozinha.

Então Ana se sentou junto a mesa, onde Edu havia servido o chá preto.

- O que achou do chá ele a perguntou?

- Doce.

Edu disse-lhe sério.

- Um verdadeiro chá preto, servido por um russo, sempre será muito doce. - respondeu-a de cara fechada e acendeu um cigarro, vindo a colocar o cinzeiro em cima da mesa, o que gerou um certo espanto e desconforto em Ana, que virava e mexia tossia com a fumaça. O cheiro de tabaco se misturou ao do chá e aquilo deixou-a incomodada.

Trocaram alguns minutos de conversa fiada na cozinha, enquanto Ana bebia o chá, Edu fumava e cozinhava, fazia questão de apresentar a Ana seus dotes culinários.

- Terminou o livro, Ana?

- Sim, terminei sim, eu simplesmente amei, ficou nada além de um vazio existencial em mim, destruiu minhas emoções.

- Então gostou?

- Muito, amei cada página e adorei muito suas marcações.

- E você as decorou como lhe pedi?

- Sim, Conde Vronsky. - respondeu em tom de brincadeira.

Edu não abriu um único sorriso, estava sério, carrancudo.

- Está tudo bem com você? Parece chateado.

- Vamos, mostre-me que decorou as falas marcadas.

- Tudo bem, eu começo dizendo o diálogo e você dá a continuação.

- Vou adorar. - disse voluptuoso.

Então Ana, encantada como estava com Edu, fez exatamente como ele queria e disse assim um dos diálogos marcados.

Ana. - Se você tiver qualquer pensamento para mim que você vai me dar de volta a minha paz!

Edu. - Não pode haver paz para nós, só miséria, e a maior felicidade.

Assim que terminou de responde-la, caminhou satisfeito até ela e a tocou afetuoso em seu pescoço, e segurando firme deu-lhe um beijo.

Edu colocou a mesa à moda russa com muitos petiscos, os famosos Zakuski e como de costume a vodca artesanal Nazdavóvia, estava em um pequeno balde com uma camada grossa de gelo ao seu redor. Edu pegou um copo e serviu-a com uma dose, então, Ana pegou o pequeno copo e começou a dar pequenos goles na vodca, e Edu tratou de corrigi-la imediatamente.

- Não seja estupida, não se bebe a Nazdavóvia em pequenos goles, bebe-se assim, virou o copo de vodca inteiro na boca, e em seguida encheu-o novamente para que Ana o bebesse. Assim como Edu, ela virou o copo todo na boca, e franziu todo o rosto e se arrepiou, pois, a bebida era muito forte.

- Agora coma. - exigiu.

Na Rússia é como uma obrigação, após beber a vodca precisa-se comer, então Ana pegou um garfo e espetou em um pepino em conserva que estava entre os aperitivos e o comeu.

Dessa vez, Edu fazia questão que Ana bebesse muito, então ela foi se aventurando na vodca e comendo de tudo um pouco, até que Edu limpou a mesa e colocou nela o jogo de Gzhel, cerâmicas russas pintadas em tons de azul, fazia frio naquela noite de inverno, então era certo que ele serviria a ela um dos pratos mais famosos da Rússia, sopa, e foi exatamente isso que ela a serviu, Solyanka, muito cremosa e muito picante, mas Ana já estava nas alturas com a vodca, nem percebeu sobre a sopa estar ou não picante.

A medida que o jantar na cozinha seguia, logo após a sopa o prato principal, os dois riam muito e Ana já se encontrava embriagada, então Edu sugeriu que fossem conhecer a biblioteca, e lá a professora Ana se encantou com a quantidade de livros que havia ali.

- Edu, isso aqui é o paraíso dos amantes da literatura, e que descuido esse o seu com ela.

- Isso não é da sua conta, não te trouxe aqui para dizer o que devo ou fazer com todo esse lixo que meu avô deixou aqui.

Ela o olhou perplexa, ficou sóbria enquanto engolia sua saliva e pensava no tom da voz de que Edu usará.

Odiava a biblioteca com toda as suas forças, e quando estava dentro dela não conseguia disfarçar. Ali ele ficava preso quando criança, pois seu avô era muito severo e exigia que Edu aprendesse russo a todo custo, portanto tinha traumas de infância e quando pisava naquele espaço o ódio o dominava e o transformava, mas estar ali era necessidade, era o que alimentava sua natureza desiquilibrada, ali, não precisa ser o que não era, ali, somente ali, ele era o que havia se transformado, um Psicopata.

Ana caminhou pelo espaço e chegou até uma mesa, onde em cima da mesma encontrava-se um cinto de couro, então perguntou a ele, assustada:

- O que significa isso? - o medo tomou conta de si.

Edu caminhou até ela, e arrancou o cinto de suas mãos dizendo-lhe.

- Não toque nisso, eu odeio esse cinto, tenho más recordações.

- Não compreendo por que guarda isso se te faz mal.

- Isso não é da sua conta. - encheu um copo de vodca e deu a ela.

- Não, não quero mais beber.

- Beba!

- Edu o que deu em você?

- Beba, Ana.

Ela pegou o copo e virou a vodca.

- Venha comigo. - ele estendeu sua mão e ele cedeu.

Edu a levou no pequeno cômodo, onde tinha a cama, ofereceu outra dose da vodca, e ela bebeu, sentia-se atraída por todo aquele cenário e por Edu, mesmo ele estando agindo com grosseria, Ana parecia estar gostando ou a vodca a tinha ludibriado.

No quarto, ela foi rumo a uma arara de vestidos da época czarista da Rússia, e ficou deslumbrada com tantas peças lindas e encantadoras.

- O que é tudo isso? - indagou-o sem olha-lo.

- Eram da minha avó.

- São lindos.

-Experimente um deles. O vinho eu sugiro.

- Posso?

-Deve, minha Anna Karenina.

Ana o olhou e sorriu satisfeita com a forma com que ela a chamou, então despediu-se de suas roupas e entrou dentro do longo vinho.

-Ficou linda, exatamente como Anna Karenina se vestia.

Ana olhou-se segurando a saia do vestido e rodopiou com ele, e no momento que quase caiu desequilibrando-se viu-se enrolada nos braços de Edu, que a encarou e beijou-a enlouquecido, tinha um enorme desejo por suas vítimas, desejo que nutria enquanto estava apenas planejando como mata-las, desejo que ia crescendo com o tempo deixando-o maluco de paixão, ou pelo menos era assim que ele se sentia até acabar com tudo.

Ana correspondia ao beijo com a mesma intensidade, o sabor alcoólico daquele beijo a inebriava ainda mais, desejava-o ardentemente.

-Ah, minha Anna Karenina. - sussurrou Edu.

Para sua surpresa a professora sussurrou em responda.

-Vronsky, meu amor.

Edu a encurralou sobre uma peça antiga que estava no canto e ali ele a teve para si sem nem mesmo despi-la do vestido, pois tinha outros planos para Ana vestida com ele.

Edu sussurrou em seus ouvidos.

- Eu te amo. - disse Edu passando-se por Vronsky.

-Porquê? - questionou a professora, incorporando seu personagem.

-Você não pode perguntar por que sobre o amor. - respondeu Edu, as falas de Vronsky.

Ana estava entorpecida pela vodca, havia mudado sua realidade e achava que estava mesmo vivendo a realidade de Anna Karenina, o que para os planos de Edu, isso era mais do que ele podia imaginar.

Depois de possui-la para nutrir seus caprichos sexuais ele ofereceu a ela mais vodca, então Ana passou a chorar arrependida pelo que havia acabado de fazer.

Um misto de arrependido e dor passou a possui-la naquele momento.

-Eu sou uma adultera como a Anna de Tolstói, viu o que me levou a fazer. - dizia com a voz já arrastada, e caminhava cambaleante.

-Se você se sente uma adultera como a Anna de Tolstói, deveria punir-se como ela mesma o fez.

Edu pegou nos braços da professora e a arrastou para fora da biblioteca, vestiu-se de um sobretudo preto, colocou um chapéu e levou-a para dentro de seu carro, cuidando para que Ana continuasse a beber. Então, dirigiu até o local desejado, abriu a porta do carro e desceu, em seguida abriu a porta do passageiro e tirou Ana do carro.

-Que lugar é esse Vronsky? - ela questionou observando os trilhos embaixo de seus pés.

-O cenário de teatro perfeito para o fim da nossa história Anna.

-Cenário?! Como o do filme?

-Sim, aquele dirigido por Joe Wright.

Ana deu mais um gole na vodca, estava tonta, iria desmaiar a qualquer momento.

Então ele a tocou afetuosamente e a beijou na testa, em seguida disse-lhe.

-Está vendo aquela luz vindo muito rápida na nossa direção?

-Sim, estou.

-Ela será a sua libertação, sentira-se aliviada assim como Anna Karenina, só vai precisar encenar nossa cena preferida do livro, lembra-se qual é?

-Sim, me lembro Conde Vronsky seu canalha.

-Dessa vez, nesse desfecho, quero tudo como a moda de Tolstói.

-Desfecho?!

-Veras, minha amada Karenina.

Estavam próximos dos trilhos de trem a poucos quilômetros da estação da luz em São Paulo.

A professora Ana estava embriagada, com todos os sentidos embaralhados e confusos, achava mesmo que era Anna Karenina, Edu trabalhou sua cabeça com maestria fazendo-a imergir na história como se a história de Karenina, fosse a sua própria história, era a adultera da vez.

-Tenha coragem minha doce Anna.

Ana não tirava os olhos da luz, e chorando, sentindo-se culpada por ter comedido adultério, lembrou-se de Adriano, em como era um homem bom e não merecedor de sua traição, deixou um filme se passar em sua cabeça, assim, embriagada e achando que era mesmo Karenina, lembrou-se de suas palavras antes de sua morte, então a professora disse:

-"Ali. - disse para si mesma, enquanto via a luz se aproximar. - "Ali, mesmo no meio! Castigá-lo-ei e livrar-me-ei de tudo e de mim mesma."

Edu ouvia as palavras, e uma satisfação crescente o acometia, sempre detestou o fim que Tolstói havia escrito, mas ali, naquele momento, ansiava por ver a cena ser reproduzida ao vivo e a cores em sua frente. Em seu rosto um sorriso maligno brotou.

Assim que Ana pronunciou as palavras, caiu de joelhos nos trilhos e abaixou sua cabeça e quando voltou a ergue-la e percebeu a proximidade do trem, assim disse:

-Onde estou eu? Que faço eu? Para quê?" - exatamente como disse Karenine.

Quando pensou em sair dos trilhos, viu que era muito tarde, então conseguiu apenas pronunciar as últimas palavras de Karenina.

-"Senhor, meu Deus, perdoa-me tudo!"

Tudo foi tão rápido e as luzes que se aproximaram rápido demais, apagaram-se para sempre para a professora Ana Luiza.

Edu sorriu satisfeito, um fervor cresceu em suas feias, era a satisfeito de dever cumprido, até mesmo quando não precisava sujar suas mãos.

-Ah! Tolstói, agora eu entendi seu prazer quando escreveu esse final, até entendo por que ficou doente. É excitante.

Disse a si mesmo sentindo um prazer indizível, então falou mais algumas palavras retiradas do livro.

-Aquela mulher morreu como sempre tinha vivido: de maneira baixa, miserável.

Deu as costas e foi embora do local como se nada tivesse acontecido.

Degustação da cena final.

2 dias mais tarde.

"Dormia no terraço, ao ar livre, e os raios oblíquos do sol matinal me despertavam. Vestia-me às pressas, punha debaixo do braço uma toalha, um romance francês, e ia-me banhar no riacho, à sombra de uma bétula que ficava a meia versta de casa. Depois, estirava-me e lia, parando às vezes para contemplar o lilás sombrio da superfície do riacho que começava a se agitar ao sopro da brisa da manhã, ou o campo dourado de centeio que ficava na margem oposta."

-Esta é uma das descrições de Tolstói, a respeito de sua juventude, alguém saberia me dizer onde encontrar tal descrição? Falamos dela na aula passada. - questionou Edu a sua turma na sala de aula na USP.

-Está registrado no livro Memórias. - disse uma aluna.

Quando Edu ia comentar a respeito do livro, alguém o chamou na porta.

-Professor Eduardo. - chamou o reitor. - Pode nos dar um minuto por gentileza.

O reitor encontrava-se na porta juntamente de uma mulher vestida elegantemente.

-Reitor. - Edu estendeu sua mão e o cumprimentou.

-Professor, essa é a delegada de polícia, Dra. Cristiane Fernandes.

Continua...

Olá pessoal, se vocês gostaram do novo conto do Edu, deixe seu voto.. abraços e até a próxima e ultima aventura do professor.

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