° Capítulo 16 °
" Se eu fosse gota d'água
E meu redor todo ar ,
Você seria fogo , meu bem ,
Que chegou para me queimar . "
- palavraspingadas -
Eu odeio o fato de se sentir sozinha .
Tudo bem que em toda minha vida eu sobrevivi à isso , mas eu tinha Khate do meu lado . Então eu não vivi totalmente sozinha com um ser daqueles na minha casa .
Agora eu ando pelo quarto com uma inquietação que me impede de dormir e sinto um aperto no peito ao ver que a noite está escura , trazendo o desespero de não conseguir .
— Droga ! — Grito , me sentando na cama .
Com agilidade eu começo a colocar um roupão que está pendurado no cabideiro dourado . Abro a porta com desespero e sem se importar em fazer barulho , mas mesmo assim eu piso de um modo estranho no chão gelado .
Bateu um nervosismo ao saber que eu estou presa aqui sozinha . Minha visão ficou embaçada e eu nem mesmo notei que eu comecei a chorar .
— Cadê ? — Sussurro tremendo e descendo as escadas no escuro . As janelas grandes em cima da casa iluminam tudo , mas não consigo focar minha visão por onde ando .
Depois de andar por tempos , eu encontro a cozinha e começo a vasculhar as estantes em busca de alguma coisa que me acalme .
Procuro na parte debaixo , onde fica uma pia grande pra lavar louça e a única coisa que eu encontro é um suporte para facas bem brilhantes .
— Não , não , não — Eu a pego na mão , a encarando com cuidado .
Eu não conseguia respirar , podendo sentir uma onda de medo me atingir .
Sei que é errado , mas é horrível pensar que você tem uma vontade tenebrosa de cortar os pulsos . Relutante , eu aperto o cabo da faca até meus dedos doerem e as lágrimas invadirem o meu rosto .
Lembro que Khate não está por perto e não tem ninguém pra me impedir .
No fundo algo grita para fazer isso , mas eu não posso .
— Você precisa ser forte — Ouço um sussurro fluir com o ar gelado e eu olho em volta da cozinha , não vendo ninguém — Você precisa ser forte Priscila .
Quando escuto a segunda vez , fico arrepiada e com medo de morrer pelas minhas próprias paranóias .
— Não quero , não quero — Aperto mais o cabo da faca — NÃO !
Em um movimento rápido , eu solto a faca com força no chão . O que eu não sabia é que ela pudesse passar de raspão na minha panturrilha . Com um gritinho estridente , eu me sento devagar no chão e tentando apoiar as costas na bancada de mármore .
A ardência do corte me deixa com mais desespero ainda , o que não é muito adequado para o momento . Toco minha perna ensanguentada e solto um urro de dor , vendo o sangue sair do corte e sujar minha perna .
— Oi , tem alguém aí ? — Do lado oposto da bancada , escuto uma voz grave dizer . Como estou abaixada , a pessoa nem notaria a minha presença . A não ser pelo meu choro alto .
— Não se aproxime ! — Gritei quando ouvi passos .
Contrariando tudo que eu disse , a pessoa se aproxima e fica em pé na minha frente .
— Ah , caramba ! — Exclamou e continuei de cabeça baixa — O que aconteceu com você ?
— Não está vendo ? — Gaguejo , mas não deixo o pouco de ironia faltar .
— Tá tudo bem ? — Ele se abaixa na minha frente e eu reconheço o moreno de cara .
Ah merda , o Rafael Andrade .
— Uhum — Murmuro concordando . Só quero que ele vá embora , mas só continua parado e me encarando .
Mesmo no escuro , posso ver os seus olhos castanhos cintilarem . Não que eu seja boba nem nada , mas devo dizer que esse cara é gato pra caramba .
— Não precisa me olhar como se eu fosse uma maluca toda cheia de sangue , jogada na cozinha em plena madrugada — Retruquei quando ele manteve os olhos os olhos em mim .
— Eu vou pegar o kit de primeiros socorros pra cuidar desse corte — Falou prestativo .
— Não preciso da sua ajuda — Falei curta .
As lágrimas ainda rolavam pela minhas bochechas , me deixando com vergonha de chorar em frente à um desconhecido famoso .
— Acho que você precisa sim — Andou pela cozinha tranquilamente e abriu os armários — Não pode deixar isso assim pra não infeccionar .
— Eu já disse que eu não quero — Com um barulho das palmas dele , a luz se acende .
— Eu não perguntei — Colocou a caixa na mesa e veio até mim .
Contrariando tudo que eu disse , me sentei na cadeira com uma almofada fofinha do cozinha .
Coisa de gente podre de rico .
— Como isso aconteceu ? — Com curiosidade , Rafael pergunta .
Me faltou ar por alguns segundos quando ele se posicionou na minha frente e um arrepio acontece quando Rafael toca minha perna .
— Não é da sua conta .
— Qual é , eu estou te ajudando ! — Pegou um vidrinho de remédio e um algodão — Isso vai arder um pouco .
Quando ele pressionou no meu corte , eu gritei .
— AI MERDA ! ISSO ARDE — Me desesperei tanto que eu dei um chute em seu peito sem querer — Cacete .
A força foi tanta que ele caiu de costas . Quando ele se levantou desajeitado , ele se ajoelha de novo em minha frente .
— Porque você fez isso ? — Colocou a mão no peito — Era só um remédio pra não infeccionar e limpar o corte — Levantou as mãos , mostrando o vidro em uma delas .
— Você não ... devia ter feito isso — Sussurro .
As batidas do meu coração ainda estão fortes , mas tento encarar a estante de luxo e faço de tudo para me distrair . O Pê me ensinou uma técnica louca chamada " Gronding " , para quando eu ter uma crise forte .
Você só precisa observar um dos objetos em sua volta e tentar descrever ele , assim você se distraí e sua crise passa aos poucos .
— Eu ainda não entendi o que aconteceu ... — Falou de cabeça baixa , mostrando seus cabelos cacheados sedosos — Pode me explicar ?
Reviro os olhos .
— Bom , eu estou te ajudando — Me encarou e sorriu — O mínimo que você pode fazer é me contar .
— Mas eu não quero — Remexo um pouco a perna quando ele pega algumas coisas para o curativo .
— Tudo bem então — Sorriu de novo — Pelo menos posso saber o seu nome ?
— Como se você já não soubesse ... — Suspirei impaciente .
— Porque eu quero saber de você — Fez bico — Meu nome é Rafael .
— Eu sei .
— Você não me dizer mesmo não é ? — Seu sorriso se mantinha e eu reviro os olhos .
— Já disse que não — Ele limpa o machucado com maestria .
— Você é bem difícil — Sorriu sozinho e se mantém focado no meu machucado — Belas pernas à propósito — Proferiu , enquanto passava os olhos pelas minha pernas em sua frente .
Minha panturrilha ainda sangra um pouco e eu me arrependo muito de ter deixado ele me ajudar .
— Seu pervertido ... só não te dou um tapa porque você pode me eliminar do concurso .
— Não estou sendo pervertido , e sim profissional — Arregalou os olhos como se eu tivesse o ofendido .
— Ah claro , com certeza — Ironizei .
Com mais alguns curativos , ele conseguiu fazer o sangue parar de sair como uma cachoeira .
— Pronto . Acho que já acabou — Se levantou e guardou tudo na caixa .
— Pensei que você ia me torturar mais do que isso — Revirei os olhos .
— Não — Gargalhou — Não vai nem me agradecer ?
— Eu não lembro de ter te pedido ajuda , você que chegou insistindo — Respondi séria .
— Nossa , então eu vou para o meu quarto — Guardou tudo e lavou as mãos na pia — Vai querer comer mousse de maracujá ? Eu posso pegar pra você .
Contrariada , eu pego uma das tigelinhas chiques para comer doces .
— Eu vou para o quarto — Falamos depois de pegar o mousse e guardar como se nada tivesse acontecido — Quer ajuda para ir pro seu anjo ?
Seu tom de voz era cauteloso , como se tivesse focado em me ajudar realmente .
Faço uma careta como resposta e quando me levanto da cadeira , eu sinto uma dor no corte .
— Anjo ? Jura ? — Reviro os olhos e ele abre um sorriso .
— O que tem ? Não gosta que eu te chame assim ? — Arqueou a sobrancelha e olhou meu rosto .
— Não , não gosto — Faço outra careta — E não quero que me chame assim .
— Vou continuar , porque você continua sendo um anjo — Piscou — Mas você quer ?
— Não precisa — Na minha expressão , podia ver que estou mentindo descaradamente . Mas Rafael é inocente demais pra perceber isso .
— Sério mesmo ? Eu posso te carregar ou sei lá — Se aproximou de mim , mas não deixei de fazer uma careta .
— Se você encostar em mim , eu juro que te bato — Fiz careta para o Rafael , que se afastou sorrindo .
— Tá bom então — Sorriu e comeu mais um pouco do seu mousse — Boa noite anjo — Enfatizou o apelido bobo .
Lanço um sorriso forçado e carregado de ironia .
— Boa noite Rafael — Também disse no mesmo tom que ele .
— Olha só , sabia que ela poderia abrir um sorriso — Debochou sorrindo , mas sem antes fazer uma careta engraçada igual à mim .
Quando finalmente eu consigo subir as escadas e chegar arrastada no meu quarto , me deito na cama com cuidado . Eu estou tão exausta que nem me dou o trabalho de tomar um remédio pra dormir - que eu odeio , apesar de tudo .
Encarando o teto com cansaço , eu escuto um deslizar suave no chão . Eu sei que pode ser chato falar que a preguiça reina em mim , mas a curiosidade foi maior . Quando levanto e ando no tapete peludo , observo uma carta pequena um pouco atravessada à porta .
— O que é isso ? — Pego a carta e observo a letra bem feita , e feita à mão !
" Nunca conheci alguém como você . Pode guardar esse encontro inesperado só pra gente ? Ninguém precisa saber disso .
Abraços , Rafael Andrade . "
Eu sou muito viciada nesse capítulo perfeito KKK
A Pri vai ser bem durona no começo , mas o Rafa vai ajudar ela em tudo que precisar . Legal não é ?
— VAMOS COMEMORAR A META DE 1K QUE A HISTÓRIA BATEU EEEE !!!
Então por isso teremos 3 CAPÍTULOS SEGUIDOS !!!
— O próximo capítulo veremos o ponto de vista do Rafael nessa pequena confusão , porque todo mundo ama isso ♥️😂
Beijos brilhantes da Lalá
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