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● Capítulo VI │ Aliados? ●


Eros juntou os aldeões no meio da aldeia, havia cerca de trezentas pessoas. Algumas nos olhavam curiosas, outras como Dinah nos olhava, outros pareciam estar ali apenas porque Eros pediu.

— Princesa essa é Eva Tenerfill, a minha avó — a senhora ao lado de Eros parecia muito com Gaia, embora estivesse com os cabelos grisalhos e a pele enrugada.

— É um imenso prazer conhecê-la — ela me reverenciou e eu quis pedir que não o fizesse, mas lembrei de que teria me acostumar com isso.

— O prazer é nosso e obrigada por nos recepcionar — sorri para ela.

— Lizandra e Jacob, filhos de Gaia — Eros apresentou os dois sobrinhos — Liza tem sete e Jake cinco.

— Minha sobrinha tem a mesma idade que ele — lembrei-me de Elizabeth.

A menininha sorriu para mim e caminhou até Olívia ficando em frente a ela, estudou Olívia dos pés a cabeça até resolver sorrir para ela.

— Mamãe me disse que o titio gosta de você — Lizandra disse fazendo Eros olhar feio para ela, Gaia beliscar a filha, a senhora Tenerfill rir e Olívia corar.

— Crianças sempre tão sinceras — Eva Tenerfill, a matriarca da família, disse sorrindo e foi até minha melhor amiga que estava corada — Meu neto falou da senhorita desde que voltou do casamento de Artemis, disse que a senhorita foi uma grande amiga e que o ajudou a sair de lá. Seremos gratos eternamente por ter salvado meu neto de sua maluquice.

— Não foi nada — Olívia mordeu o lábio inferior. Estava com vergonha.

— Vou falar com eles — Eros virou para os aldeões — Agradeço a presença de todos e desde já vos asseguro que eles não trarão nenhum mal consigo — houve um pequeno burburinho — Nós temos nove convidados e mais quatro para chegar, minha casa não suporta todos e eu queria que quem puder receber alguém em suas casas deem um passo a frente.

Todos eles, todos deram um passo á frente.

Bem que Artemis disse que tinham um bom coração e que estaremos seguros aqui.

— Ótimo — Eros sorriu satisfeito — Rainha Annelise fica no quarto que está vago com seu esposo, Artemis fica no que era para ser de minha mãe — era para ser? — Lady Olívia e sua irmã ficam conosco.

— Olívia e a menina podem ficar no meu quarto — a avó dele disse e ele assentiu.

— Sobram os outros...

— Lia e o menino precisam ficar comigo, Artemis os deixou na minha responsabilidade — eu disse.

— Então ficam os outros quatro — Gaia olhou ao redor — Na verdade ficam três, porque Rainha Helena já está na minha casa.

— A senhora ali me convidou para ficar na casa dela — Dalia apontou para uma senhora de idade — Ela disse que vive sozinha desde que o esposo faleceu e que não teve filhos, quero ficar com ela. Posso?

— Pode — eu respondi sorrindo do jeitinho que ela falou.

— A moça loira pode ficar na minha casa — um casal veio até nós — Só temos um filho pequeno e temos um quarto vago.

— Então a...

— Kendra Saint-Claire — Kendra disse seu nome á Eros e ao casal.

— A senhorita Kendra fica com os Fall — Eros olhou ao redor até encontrar Dinah e um casal, eles vieram até nós.

— Sobrou o loirinho — Dinah revirou os olhos — Papai e mamãe querem levá-lo, mas eu não vou cuidar de doente, já estou avisando pra depois não ter cobranças. Ele vai, mas eu não vou ser babá dele de jeito nenhum.

— Darin vai com os Métis — eu disse e Eros assentiu.

— Então todos estão acomodados? — o líder me perguntou.

— Sim.

Rainha Helena já estava na casa de Gaia desde quando chegamos aqui e estavam cuidando de seus ferimentos.

— Todas as noites nós nos reunimos no centro da aldeia, acendemos uma grande fogueira e comemoramos a vida. Se quiserem se juntar á nós, estejam á vontade — Eva convidou.

— Será um prazer — respondi.

Olívia estava trançando o cabelo de Lia pra irmos até a tal fogueira, o menino de Freya havia ido com os filhos de Gaia, com quem já havia feito amizade.

— Está linda Lia — Olívia beijou-lhe a bochecha — Vá encontrar os outros.

— Não quero ir, minha mãe morreu e eu não posso ir brincar — Lia encheu os olhos de lágrimas.

— Vamos fazer assim, eu e você ficamos aqui olhando os outros e não brincamos — Mabelle se ajoelhou na frente dela — Também perdi a minha mãe quando era pequena como você.

Lia agarrou-se ao pescoço de Mabelle e chorou. A irmã de Olívia pegou a menina no colo e saiu com ela para fora do quarto.

— Mabelle sempre foi boa com crianças — Olívia comentou.

— Liv — sentei ao lado dela — Eu sinto muito por Jace e sinto muito por não ter tido palavras para te consolar — abracei-a.

— Anne você tinha que nos trazer para cá, eu te agradeço por isso — beijou minha bochecha — Eu prometo que em breve voltarei á ser a Olívia se sempre.

— No seu tempo Liv, tudo no seu tempo.

Ficamos em silêncio por um tempo até que eu tomasse coragem para iniciar outro assunto numa tentativa de melhorar o clima de tristeza.

— Agora mudando de assunto... Então o destino trouxe seu Eros para você — fiz cócegas nela.

— Ele não é meu Eros — corou as bochechas.

— Então você vai ter que explicar isso para ele, achei ele bem interessado no seu bem estar.

— Anne... — um sorriso lhe escapou — Acabei de ver o homem que me amava morrer, não posso criar fantasias.

— Jace lhe amava, mas você não o amava da mesma maneira. E outra coisa, Jace iria querer sua felicidade, não se prenda á morte dele como uma âncora para sua solidão. Não vou permitir isso.

— Sim senhora, Vossa Alteza — disse sorrindo.

Eu gostava tanto de vê-la sorrir. Ver as lágrimas em seu rosto e o desespero em seu olhar fez com que eu desse ainda mais valor ao sorriso de Olívia.

— Com saudades do Príncipe?

— Saudades, preocupação... Tudo junto.

— Lady Artemis vai trazê-lo de volta para você Anne.

— Eu espero que sim, tenho rogado todos os dias por isso.

— Atrapalho? — Eros apareceu na porta com seus olhos direcionados á Olívia — Vim buscá-la... Buscá-las — se auto corrigiu.

Olívia se levantou e me puxou entrelaçando seu braço no meu, acho que isso deixou certo líder um pouco desapontado, acho que ele achou que ela iria com ele.

— Por que não vai na frente com o senhor Tenerfill? — perguntei á Olívia que me olhou com aquele olhar "vou te matar".

— Vamos todos juntos — ele sugeriu.

— Então vamos todos juntos — assenti.

Tudo estava muito bonito e iluminado. Parecia bastante as festas da minha aldeia, mas parecia muito mais bonito olhar as estrelas de dentro de uma montanha, ouvir o som da cachoeira que nos escondia e ver as crianças correndo, adultos conversando, algumas pessoas dançando e ver tudo bem, ao menos aqui.

— É tudo tão bonito aqui — Olívia parecia encantada.

— É linda — Eros não olhava para a fogueira, ou para as estrelas, ou para qualquer coisa, mas olhava para ela, mas Olívia parecia não perceber, ou não queria perceber.

— Eu vou ver a Rainha, Eros, por favor, não deixe Olívia sozinha — pedi e me afastei rápido sem dar chances para Liv fugir.

Liv merece ser feliz e talvez toda essa desgraça tenha nos trazido diretamente para a fonte de sua alegria. E eu espero que ela consiga enxergar isso, antes que perca como eu perdi o amor de meu esposo por mentiras bobas. Afastei quem eu preciso ter perto.

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