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4

Sentado no sofá, Marcel aguardava a boa vontade dos ponteiros no apático relógio de parede à sua frente. Segurava a sua Glock, passando os seus dedos pelo baixo relevo desenhado na lateral da arma. Os seus pensamentos estavam longe. Pensava nos méritos que receberia, na alegria de seus pais, nos filhos que queria ter, na casa com um grande quintal para o seu cachorro correr e brincar, no sorriso de sua futura esposa e no almoço de domingo com a família reunida. Sonhava com uma vida que ainda não tinha e que poderia tornar-se realidade caso a sua pesquisa produzisse bons resultados.

O antigo rádio localizado ao lado da televisão começou a tocar de repente. O susto deixou Marcel inquieto, enquanto tentava explicar-se do motivo de ter acontecido aquilo. Procurou convencer-se de que se tratava de alguma falha nos componentes internos do relógio, ou algum tipo de descarga elétrica. As vozes saiam entrecortadas, com um forte chiado que as deixavam inaudíveis. Vagarosamente levantou-se, olhou para os lados, e teve a sua atenção capturada pela janela entreaberta, por onde passava um fio de vento que fazia a cortina ondular. Segurou a arma com mais força, como se a sua vida dependesse disso. Sentia os seus nervos tencionados, prontos para encarar o desconhecido, embora a sua vontade fosse a de sair correndo e nunca mais olhar para trás. Chegou perto do rádio e desligou, sem parar de olhar ao seu redor. De repente escutou um ruído vindo de trás do móvel da televisão. Aproximou-se e virou a cabeça para direcionar melhor sua audição, até encostar a orelha na madeira empoeirada. Havia alguma coisa ali. Colocou a arma ao lado da televisão e moveu a mobília com as duas mãos. No mesmo instante sentiu algo tocar os seus pés.

— Ahhh Rato?! Mas que droga!

Dezenas de roedores surgiram do espaço que Marcel abriu. Subiram pelo sofá e jogaram-se pela janela, estilhaçando o vidro no processo e manchando de sangue a cortina branca. Marcel tentava chutar alguns, pisar em outros, mas a maioria ele só conseguia atingir através dos incontáveis xingamentos, em um acesso de raiva e nojo. Encostou a mão na arma para se apoiar e chegou a apontá-la para os roedores, mas não queria causar um alvoroço na cidade, visto que ele estava prestes a invadir uma igreja. Quanto menos barulho, melhor. Esperou o fluxo constante de roedores parar, até que todos tivessem pulado pela janela. No lugar de onde os ratos escaparam havia apenas um pequeno buraco que Marcel achou melhor cobrir com um livro antes de voltar com a mobília para o seu devido lugar.

— Tudo certo por aí, meu chapa?

Tatu olhava para o novo amigo através do vidro quebrado, com um pequeno sorriso pelo canto do lábio. Um cigarro mirrado estava pendurado no outro canto da boca. Marcel recordou-se dos velhos filmes de cowboy que assistia com o seu pai nas noites durante a semana, escondidos, para que a sua mãe não percebesse e o colocasse para dormir.

— Tatu? Está aí há quanto tempo? — Perguntou, limpando o suor da testa com a barra da blusa.

— Cheguei quase agora. Meus ouvidos de caçador trouxeram-me aqui. Tu grita bem alto, né? — e riu.

— Cara, se você soubesse o que aconteceu aqui...

— Deixe-me adivinhar: Ratos?

— Isso. Centenas deles, aliás.

— Vai ver estavam com vergonha e agora resolveram apresentar-se pra você! Espero que não tenha desistido do que vamos fazer hoje. — disse de forma zombeteira.

— Claro que não. Já estou pronto! Tem que ser hoje!

— Então vamos. Já na hora.

De perto e banhada pela luz da lua, a igreja parecia mais imponente — e sinistra — do que antes. Embora não quisesse demonstrar o medo que sentia, não conseguia fazer suas mãos pararem de tremer, então resolveu cruzar os braços e colocá-los embaixo das axilas. Olhou em volta, na direção das casas do outro lado da praça e não identificou nenhuma luz acesa ou porta aberta.

— Você vai entrar comigo, certo?

— O combinado era que eu ia trazer você aqui e te mostrar a árvore, e é isso que vou fazer, mas não quer dizer que eu vá contigo até lá perto dela.

Marcel olhou para Tatu, depois para a grande porta e assentou o olhar no homem novamente.

— Tudo bem, mas fique por aqui! Pode ser?

— Pode ser. Olha só o que eu tenho comigo! — disse, seguido por uma risada comedida.

Tatu colocou a mão no bolso da calça e de lá tirou uma chave gorja preta, maior do que as que Marcel estava acostumado. No mesmo instante imaginou que se os portões do inferno possuíssem uma chave, seria parecida com aquela.

Tatu colocou o item na fechadura e girou. A porta dupla rangeu.

— Não se preocupe com o barulho. Esse povo tem um sono pesado. Se não acordaram com a sua barulheira, acho que nada mais tira eles da cama... E... Prontinho!

Marcel estava a alguns passos atrás de Tatu quando vislumbrou a imensidão do interior da igreja, sem acreditar realmente no que estava à sua frente. A iluminação era emanada por centenas de velas dispostas ao redor do local, fazendo com que as esculturas habilmente entalhadas nas paredes tremeluzissem com o efeito das chamas. Bancos de madeira estavam dispostos dos lados, deixando vazio um corredor demarcado por um tapete vermelho que ia até...

— A árvore!

Marcel sentiu o seu medo esvair-se no momento em que vislumbrou uma escultura parecida com a que havia encontrado no meio da praça. Mas aquela era real. Parecia viva. Não tinha uma criatura disforme saindo dela, o que o fez dar um pequeno sorriso por ter chegado a acreditar que pudesse existir algum tipo de monstro naquele lugar.

Correu na direção do prêmio, sem prestar atenção à sua volta. Seguiu por um longo tapete vermelho que terminava logo abaixo da árvore. Levou as mãos para a sua cintura e sentiu o coldre de couro da arma, mas não era isso que procurava. Percebeu então o erro que havia cometido. Deixara os equipamentos de pesquisa no sofá ao lado da porta da rua. Frustrado, deu um soco no tronco seco e gritou. O golpe não havia sido forte, porém a árvore possuía uma casca rígida, com profundos sulcos, que a tornava perigosa ao contato.

— Malditos ratos! Tatu, você não vai acreditar... — olhou para trás. — Tatu? Hey!

Sua voz serpenteava pelas chamas das velas e pelos alicerces maciços à sua volta que sustentavam a galeria. A primeira onda do eco veio trazendo uma voz solitária. Na segunda, trouxe consigo o barulho do grande sino. Era ensurdecedor, a ponto de fazer com que Marcel encolhesse no chão, pressionando as palmas das mãos nas orelhas. A porta rangeu e o vento que entrou apagou todas as velas de uma vez. Em um instante, Marcel recordou-se do seu aniversário de quinze anos, e da sensação vazia e desesperadora que sentiu quando soprou as velas coloridas em cima do bolo. Seus pais haviam se separado algumas semanas antes e ele acreditava que havia sido sua culpa. Embora as pessoas ao se redor estivessem sorrindo, tinha a certeza de que nada mais daria certo em sua vida.

A sensação dentro daquela igreja era a mesma.

— Tatu? É você?! — Gritou novamente, escorando-se com as costas na árvore.

O sino ainda ressoava quando a escuridão deu lugar às sombras que adentravam o recinto. Algumas carregavam tochas arcaicas, não o suficiente para iluminar o local por inteiro. As sombras começavam a ganhar forma à medida que os olhos de Marcel acostumavam-se com a penumbra.

Sentia o seu coração aterrorizado.

Levou as mãos para o coldre para só então perceber que estava vazio.

— Está procurando por isso, Marcel?

Um facho de luz o atingiu, deixando-o cego por um momento.

— Tatu? É você?! O que está acontecendo aqui?!

O homem que Marcel havia conhecido na floresta ao redor da cidade, estava no segundo nível do templo, em uma galeria situada acima da porta principal.

— Que loucura é essa?

Marcel deu um passo à frente, mas parou de forma abrupta ao ouvir o estrondo da bala saindo do cano da espingarda de Tatu, rasgando o tapete e perfurando a madeira abaixo.

— Você está maluco?! — gritou Marcel, desesperado.

— Você, por acaso, achou mesmo que iria entrar em nossa cidade, comer da nossa comida, beber da nossa água, sem esperar nada em troca? Não passou pela sua cabeça o porquê de não termos nenhum turista além de você?

— Eu não estou entendendo nada! Eu... Eu... Tudo bem! Tudo bem! Eu vou embora da cidade! Não precisa se preocupar, mas, por favor, deixe-me sair daqui! — suplicou Marcel.

O suor, provocado pelo nervosismo e tensão, descia desesperadamente pelo seu corpo, encharcando a sua camisa. Olhava em sua volta, aflito, procurando por algo que pudesse dar-lhe esperanças de sair daquele lugar.

— Mas quem você acha que está preocupado aqui? Não, Marcel, você ainda não entendeu. Você corrompeu esse lugar e essas pessoas no momento em que pisou nas nossas terras. Mas tem um jeito de se redimir...

— Sim, qualquer coisa! Desculpe-me por tudo! Eu não sabia o que fazer...

— Faça um corte em sua mão e derrame o sangue na árvore atrás de você.

— O quê? Mas para que isso?

Outro tiro atingiu o chão ao lado do seu pé direito.

bom! Eu vou fazer! Pare com isso! Depois você vai me deixar ir? — perguntou esperançoso.

— Claro, Marcel. Por que eu não deixaria?

Uma criança loira aproximou-se e entregou-lhe um punhal. O cabo era esculpido na forma de uma cabeça de cobra e o seu aço era pesado. Estendeu a mão na direção da árvore e fechou os olhos, enquanto sentia os seus braços e pernas tremerem e bambearem. Pensou que poderia estar em qualquer outro lugar. Sua mente levou-o para o maldito momento em que pesquisou na internet sobre aquele lugar e decidiu viajar, e sem avisar a ninguém, já que não queria ser interrompido.

— E então? Desistiu?

— Não! Estou pronto!

Pressionou a lâmina na palma de sua mão esquerda e deslizou a faca. No mesmo instante sentiu uma queimação no lugar do corte, o sangue destilando. No momento em que o sangue coloria o casco seco, todos em sua volta ajoelharam-se e debruçaram-se. Começaram a chorar. Gritar. Homens, mulheres e crianças. As tochas apagadas estavam caídas no chão, sendo iluminadas somente pela luz da lua que entrava pela porta e terminava na altura dos olhos desesperados de Marcel.

Ele não pensou duas vezes, apesar de nunca agir por impulso, algo dentro dele suplicava para que as suas pernas movessem em direção à saída. Olhou para o alto e percebeu que Tatu também estava prostrado. Aquela era a hora.

Não chegou a dar um passo sequer.

Tropeçou e caiu de bruços no tapete, e antes que tencionasse os seus músculos para levantar-se, algo agarrou a sua perna, puxou-o e suspendeu-o no ar. Marcel ficou atordoado, sem entender o que estava acontecendo. Naquele momento o seu mundo estava, literalmente, de cabeça para baixo.

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