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Doce lembrança

Há alguns dias, sonhei com minha avó.

Sabe aqueles sonhos vívidos? Quando você não sabe que está sonhando, apenas aproveita a boa lembrança.

Eu estava na cidade onde cresci. Era pequena, por volta dos cinco anos de idade. Eu vi com perfeição cada detalhe do sonho. A casa era perfeitamente igual a como me lembrava. Cada móvel, o sofá perto da parede esverdeada, a televisão de tubo na estante de madeira, o chão de cimento polido. Cada mísero detalhe malditamente perfeito.

O cheiro, também o senti. Era uma mistura de chuva com o amaciante que ela usava nas roupas. Era bem cedo, eu me vi entrando na casa correndo.

Passei pelo portão com muita pressa quase não conseguindo puxar o cadeado por causa da minha altura. Não querendo ficar na rua sozinha.

É estranho eu achar que ficaria sozinha já que sempre haviam várias crianças na rua brincando comigo.

Diferente dos outros sonhos eu via com meus próprios olhos ao invés de me ver de longe. Foi tão real. Corri até a cozinha e lá estava ela, atrás do balcão cozinhando alguma coisa na boca do fogão.

Ela saiu de lá com um sorriso e veio até mim, esquecendo completamente o que estava fazendo e me dando atenção. Eu sorri e corri para abraça-la. A saia até os joelhos, a blusa com estampa de flores e os cabelos presos como sempre.

Abraçar ela foi como voltar pra casa depois de muito tempo. Assim como agora enquanto escrevo isso estou chorando, naquele momento também não consegui me conter.

Ela limpava meu rosto e perguntava o porque de eu estar chorando. Eu mal sabia, não percebi que era um sonho, eu simplismente senti uma vontade imensa de chorar. Como se no fundo eu soubesse que não era real, que iria acabar e ela voltaria a sumir.

O resto se tornou um borrão. Agora me arrependo de não ter escrito sobre isso antes, quando ainda estava fresco na memória.

Tudo que me lembro é da voz dela, não lembro o que me disse. Ela continuou me abraçando, parecia que sabia que desapareceria.

Eu não larguei mais ela, apertei seu corpo magro com força e chorei, chorei, chorei. Como se realmente ainda fosse uma criança de cinco anos.

Em algum momento quando decidi abrir os olhos ela já tinha sumido, eu estava na minha cama com dezessete anos de idade. Foi ali que percebi que tudo não se passou de um sonho.

Foi bem ali que senti algo esmagando meu coração. Um sonho. Ela não estava mais comigo.

O que mais me afetou, e de certo modo ainda me afeta até hoje, é o fato de não ter conseguido dar adeus a ela.

Acontece que aos cinco anos eu me mudei para uma cidade muito longe. Aos dez ela descobriu que tinha câncer.

Foi tudo muito rápido, ela se mudou para a minha cidade e começou a morar na minha casa, fez cirurgias dolorosas seguidas por quimioterapias tão terríveis quanto.

Certo dia uma parte da minha família decidiu que seria melhor ela voltar para perto da cidade deles. Já era visível o quanto ela não estava bem.

Uma das últimas vezes que a vi foi quando completou setenta anos. Ela parecia feliz. Se converteu ao evangelho e parecia conformada com algo.

Eu era muito criança para entender que esse algo era a morte.

Quando vieram buscar ela eu inocentemente achava que pouco tempo depois ela voltaria, saudável e forte como antes.

A abracei com força. O que me esmaga é não me lembrar do que disse a ela, tenho certeza que não falei que a amava. Eu deveria ter dito que a amava.

Ela foi embora, pouco tempo depois foi hospitalizada e morreu. Eu queria ter ido ao interro, queria mesmo, assim poderia dizer adeus. Dói porque ela partiu sem que eu pudesse dar adeus.

Me lembro bem que quando recebemos a notícia meu pai chorou muito. Ele temia enquanto minha mãe também aos prantos tentava o consolar.

Eu nunca o tinha visto chorar.

Me afastei e fiquei escondida, minha irmã era muito pequena e não sabia o que estava acontecendo. E meu irmão, que ainda estava na barriga da minha mãe sem ela saber, também não podia sentir a emoção.

Ninguém sabia da gravidez, mas poucas semanas antes minha avó tinha sonhado com sapatinhos azuis. Ela sempre sonhava com sapatinhos antes de alguém da família descobrir que estava grávida.

Ela sabia dele antes de nós, mas não conseguiu o conhecer.

Encolhida abraçando minhas pernas eu me perguntava o porque de não estar sentindo nada. Ela era minha avó, ela tinha morrido.

Por ser muito pequena acho que não compreendia a grandeza da situação. Uma criança de dez anos sabe a diferença entre vida e morte, mas às vezes não consegue perceber no que isso implica. A grandeza da situação.

Eu não chorei, isso é triste demais. Fiquei encolhida lá esperando. Não me lembro por quanto tempo, nem o que aconteceu depois disso. Tudo que me lembro é da voz dela e de não sentir nada.

Me martirizei nos anos seguintes. Qual era o meu problema? Eu sequer chorei.

Até que um dia, por volta dos meus quinze anos, estava dobrando as roupas da minha mãe e achei uma blusa familiar.

Era uma blusa que minha avó tinha costurado, a mesma blusa que ela usava no sonho. Ela tinha dado ela a minha mãe mesmo eu nunca a tendo visto usar.

Nunca mais tive um sonho com ela. Até hoje não sei se foi um presente eu o ter tido ou um castigo para me lembrar do que perdi.

Com a blusa em mãos eu corri para o banheiro. Me sentei no chão e cobri o rosto com o pano fino.

Quanto tempo faz que a gente não se fala? Quanto tempo que não nos abraçamos? Ali foi a primeira vez depois de sua morte que eu chorei.

Chorei até que meus olhos inchassem, até que meu rosto ficasse vermelho e minha cabeça doesse.

Foi a primeira vez que realmente percebi que ela não estava mais aqui. E isso me quebrou.

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