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32) palavras não ditas

oi, meus docinhos 🤟🏻 meu único aviso aqui é só sobre música, escrevi esse capítulo escutando sem parar who (sim o feat com o lauv) e say something (essa todo mundo sabe qual é rs)

capítulo pesadinho, bem intenso, se preparem.

não esqueçam de usar a tag #PaletasePoesiasTK e do votinho!!

boa leitura! 💙

As férias nunca foram tão tediosas. Tudo que Jeongguk fazia era ir se consultar com o psicólogo, que aliás, estava o impedindo de regredir em todo seu avanço.

Sentia uma verdadeira vontade de fumar, como se o ato fosse aliviar o seu peito, quando na verdade, só o faria pesar mais. Tentou pintar mais algumas telas, pensou em expressar o que sentia, ou o que queria sentir, e não veio muita inspiração.

Passava boa parte do dia lembrando dos detalhes de Taehyung.

Lembrava do rosto, das mãos, das expressões, do olhar, da voz. Tinha tanto medo de esquecer.

E sua única saída foi pintar.

Levou em consideração os conselhos de seu psicólogo, sobre não enxergar Taehyung como uma figura ruim ou querer jogar toda a culpa para ele, afinal, Jeongguk nem sabia o que estava acontecendo. Taehyung não era o vilão. Seungmin falou com todas as palavras que seria impossível não pensar nele, e que Jeongguk não deveria tentar não pensar, e sim se permitir sentir tudo, desde a raiva, até a saudade.

Exatamente por isso estava pintando o rosto de Taehyung.

Tinha tentado outras vezes e desistiu no processo por não achar bom o suficiente, mas a saudade que sentia passou por cima até de sua falta de confiança.

Estava mais uma tarde sozinho em casa quando decidiu terminar o esboço, detalhando os traços do rosto dele, para finalmente pintar. Não tinha outra cor possível: seria cinza, tudo cinza, com um toque de preto. 

Além do rosto, pintaria a mão dele apoiada na bochecha, pois era outro detalhe que amava.

E lá estava o rosto sério de Taehyung, completamente simétrico, com os olhos intensos voltados para a frente, os cabelos caindo sobre a testa.

Todos os detalhes pintados em cinza.

Cinza não só representava a falta que Taehyung sentia, representava tudo. Era saudade, amor, angústia. Cinza era a essência de Taehyung, era como Jeongguk o enxergava, era o que via além de qualquer outra pessoa.

Jeongguk nunca viu essa cor por que pensava que Taehyung precisava ser colorido, que precisava mudar, ter outra cor. O cinza era lindo e era dele. Antes de conhecê-lo devidamente, Jeongguk também enxergou a confusão dele. Não só Taehyung prestava atenção no que os olhos de Jeongguk transmitiam.

E Jeongguk sabia bem que tentou se afastar por ver isso. Ver o quanto Taehyung parecia com ele. O que lhe causou medo para pensar em correr foi o que causou também a impulsividade de se aproximar e entender o que acontecia por trás daquele rosto tão bonito.

Não pôde escapar de Taehyung e nem pôde escapar de suas memórias. Lembrou do desenho que fez em sala de aula, mostrando seu olhar, de forma indireta, que mesmo assim Taehyung notou. Lembrou do primeiro desenho que fez dele, o usando como modelo. Lembrou dele pintando seu corpo.

Chorou de saudade, mais uma vez.

Essa era sua rotina.

Se distraía, ou só fingia que conseguia se distrair, porém o pensamento sempre voltava para ele e o que fizeram juntos.

Não sabia que podia doer tanto passar dias sem ouvir a voz dele, sem sentir o toque. Toda vez que a dor apertava assim, queria sair imediatamente para encontrá-lo.

— Jeongguk, cheguei!

Como todas as vezes que tinha vontade de sair, Jihoon aparecia ou o impedia.

— Oh, você está pintando! – Observou, contente. — Posso ver?

— É outra pintura dele. – Deixou os pincéis de lado e enxugou o rosto. — Nada demais.

— Jeongguk, olha…

— Não, hyung, já terminei e vou deixar secando lá no quarto, esse não quero mostrar. – Levantou depressa, levando o quadro.

— Eu sei, não vou forçá-lo a mostrar, só não quero que você fique assim.

— Você mesmo não me deixa ir falar com ele! – Jeongguk voltou para a sala, o acusando.

— Eu não deixo porque ainda não é a hora certa!

— E o que você sabe, Jihoon-hyung? O que você sabe que eu não sei?

— Eu sei que não quero ver você mais machucado. – Foi sincero. — Acredite, eu quero o melhor para você, e para ele também.

— Acha que ele sente minha falta como eu sinto a dele?

Jeongguk fazia com frequência esse tipo de pergunta. Jihoon abria e fechava a boca, sem saber o que deveria responder.

— Azulzinho… – respirou fundo. — Você está pintando algo sobre ele quase todo dia, fora como está inquieto para tudo, principalmente para dormir. Eu vi que você tirou aquele sobretudo dele da gaveta… tem dormido com ele.

Jeongguk encarou o chão, um tanto envergonhado.

— Ao mesmo tempo que é compreensível, é tão preocupante. Sabe por quê? Porque tenho quase certeza que ele está do mesmo jeito, pode não estar fazendo as mesmas coisas, mas deve estar.

— O que você acha que ele tá fazendo? – perguntou, baixinho.

Jihoon não achava, ele sabia. Seokjin o atualizava com frequência.

— Eu acho que ele não sabe lidar com a falta que você faz. E você também não sabe… o que me deixa agoniado, vocês não deveriam estar separados.

Seokjin contou da noite que Taehyung chegou machucado, e disse que no dia seguinte ele ficou apático, mas não demorou a sair e voltar do mesmo jeito. Ele não fazia ideia de onde o irmão ia, com quem brigava, mas percebeu que aquilo era uma compulsão dele. Algumas pessoas têm o impulso de se machucar, causar a dor no próprio corpo, mas Taehyung não era daquele jeito. Ele não brigava de maneira justa, só provocava e recebia o que achava merecer. Seokjin notou isso pois não viu as mãos dele machucadas, Taehyung não batia em ninguém.

Era isso que deixava Jihoon com medo, não queria que Jeongguk o visse assim, mas pela última conversa que teve com Seokjin, sabia que não dava mais para adiar.

— Não deveríamos mesmo, ele é um idiota. – Jeongguk expressou, triste.

— Ele é sim, mas olha a ideia que eu tive… – Deu um sorriso. — Minha apresentação do TCC é essa semana, você sabe. Convidei meus amigos para assistir, e pedi para Seokjin levar ele. Vocês podem tentar conversar depois, não sei… eu acho que ele vai. É um momento descontraído, o clima pode estar bom para isso, estou confiante!

Mesmo depois de tudo, Jeongguk sentiu uma fagulha de esperança no peito.

O dia da apresentação do TCC de Jihoon podia ser resumido em: ansiedade.

Jihoon não dormiu na noite anterior, revisando cada folha de seu trabalho e ensaiando na frente do espelho, ou na frente de Jeongguk. Por mais que dissesse que ele estava indo bem, que não precisava ficar nervoso, Jihoon não escutava Jeongguk.

— A banca é exigente, Guk! Tenho certeza que não vão gostar, vão fazer perguntas difíceis depois, ah! – Deu um pequeno grito. — Inferno.

— Hyung, se continuar assim você não vai conseguir nem chegar na faculdade! Yoongi-hyung não disse que seu trabalho tá perfeito? Você tá paranoico.

— Pois é, só ficou aceitável porque o Yoongi me ajudou! – Retrucou.

— Ficou ótimo porque você se esforçou! – Repreendeu o jeito que ele falou. — Você trabalhou muito nisso, Hyung, sabe a apresentação inteira do início ao fim, estudou todos os dias pra isso. Lembra quando você me acalmou falando pra eu relacionar os assuntos com as cores? Relacione o que você sabe com sua experiência, você sabe mais do que ninguém sobre esse tema, não tem como eles perguntarem o que você não sabe.

— Obrigado por me apoiar, azulzinho. – O abraçou. — Você sabe que eu sou dramático.

— E sei que você vai ser o melhor advogado de toda a Coreia.

— Você está me dando conselhos mesmo morrendo de ansiedade também. – Sorriu. — Tem certeza que está bem?

— Se ele não for, todos os meus amigos vão estar lá, vou ficar bem. – Disse, sem muita convicção. — Não é como se eu tivesse com expectativa…

— Você está.

— Não precisa dizer em voz alta! – Reclamou, emburrado.

Apesar da conversa descontraída, Jihoon não chegou bem na faculdade, tendo que ficar um tempo no banheiro por causa de seu enjoo.

Hoseok e Jimin chegaram primeiro, e pareciam ter novidades.

— Jihoon ainda tá no banheiro? – Hoseok perguntou.

— Tá… fui comprar o remédio pra ele, acho que agora dá certo. Por que tá com essa cara de quem aprontou? – Olhou estreito para o amigo.

— Tô passando um tempo com o Jimin enquanto procuro a casa. – Disse, animado. — Não vou ficar muito tempo lá, mas…

— Vocês estão morando juntos! – Jeongguk falou alto, deixando Jimin e Hoseok vermelhos. — Meu Deus, eu te falei! Sabia que ia dar nisso. E sua família?

— Meus pais pensam que tô morando com um amigo. – Riu, sem graça. — Acho melhor assim, quando eu tiver minha casa mesmo eu conto tudo e sumo.

— O que você acha disso, Jimin-hyung? – Olhou para Jimin, que parecia querer fugir do assunto.

— Eu gosto dele morando comigo… – Respondeu baixinho.

Jeongguk sorriu largo, abraçando os dois. E no meio do abraço, sentiu os olhos encherem de lágrimas.

— Ei, o que foi? – Hoseok percebeu no mesmo instante.

— Nada… tô muito feliz por vocês!

— Quando você mente parece que seu nariz se mexe, deve ter alergia a mentira. – Jimin comentou, ácido. — Taehyung ainda não falou com você?

— Ainda não, e acho que nem vai. – Sorriu, triste. — Tá tudo bem.

— Ele vai sim, e se não, eu faço ele falar. – Jimin respondeu, confiante. — Agora vai resgatar seu amigo do banheiro.

O método mais eficaz de Jimin era sempre distrair as pessoas. Se algumas conversas ou pessoas lembravam um certo alguém, deveria evitá-las ou contorná-las. Jeongguk respirou fundo e buscou Jihoon, que já estava um pouco melhor, e esperaram o restante das pessoas aparecerem.

Jongho e Eunbi chegaram juntos, de mãos dadas.

Jeongguk não escondia sua felicidade em ver seus amigos juntos, porém seu peito doía toda vez que lembrava que queria estar daquele jeito com Taehyung.

Yoongi apareceu logo depois, e foi o único capaz de acalmar Jihoon no momento, garantindo novamente que ele ia se sair muito bem. Depois de acalmá-lo, falou com Jeongguk, sabia o que tinha acontecido, mas sabia que não deveria tocar no assunto tão abertamente, por isso só deu um abraço apertado nele.

— Eu sei que vai ficar tudo bem. – Sussurrou ao lado do ouvido de Jeongguk.

— Espero que dessa vez você esteja certo, Hyung. – Sussurrou de volta.

E por último, quando deu a hora da apresentação, chegou Seokjin.

Sozinho.

Antes mesmo de ir falar com Jihoon, Seokjin parou ao lado de Jeongguk e o abraçou.

— Quando terminar, falarei com você.

Ele deu o recado e saiu, indo dar apoio a Jihoon.

O clima realmente estava leve, cada um fazia algum comentário engraçado para Jihoon sorrir e se acalmar, e Jeongguk não queria estragar aquilo.

Como o esperado, a apresentação de Jihoon foi fantástica. Depois de uma longa pausa no início e sua voz falhando um pouco, gaguejando, ele deu tudo de si. Todos os amigos aplaudiram de pé.

Depois das perguntas e mais um tempo de espera, a nota foi revelada. Nota máxima.

Jihoon chorou de alívio e recebeu abraços de todos os amigos. Pego de surpresa, Seokjin o beijou. Ninguém sabia mais se ele estava vermelho de nervoso, felicidade ou vergonha.

Eles saíram para comemorar em seguida, mas Seokjin interrompeu para conversar com Jeongguk a sós.

— Bom, você já viu que ele não veio. – Se esforçou para falar de maneira gentil. — Sinto muito por isso. Eu insisti todos os dias, tentei falar com ele, mas não posso obrigá-lo.

— Ele não quer mesmo falar comigo, né?

— Não é que ele não queira, ele não tem coragem. E é por isso que eu quero que você vá até lá.

— Até a casa de vocês? – Perguntou, sem acreditar. — Não posso, Hyung, ele não vai gostar…

— Ele não tem que gostar de nada. – Respondeu sério. — Eu avisei que se ele não viesse comigo, você iria até ele.

— E o que eu devo fazer? – Já sentia seu corpo tremer.

— Lide com o que aparecer na sua frente. – Reforçou o conselho que já havia dado outra vez. — Tome a chave, e não fique com medo, vocês precisam conversar.

— Jihoon-hyung não vai ficar chateado se eu não for com vocês?

— Eu e ele que organizamos isso. – Sorriu. — Estamos todos te apoiando, eu sei que você consegue.

Jeongguk sentia uma responsabilidade absurda em suas mãos. Não tinha uma parte em seu corpo que não tremia. Tudo era incerto, o encontro, o que falariam, o que aconteceria depois.

Sua certeza era que o bilhete não era o suficiente, precisava ouvir algo de Taehyung, e iria ouvir. Ou não.

Parar de frente à casa de Taehyung fez Jeongguk lembrar de como se sentiu quando visitou sua mãe e foi humilhado. A sensação de hesitar, de temer, de querer ir embora era a mesma. Sua intuição gritava mais uma vez: você não deveria estar aí. Se Taehyung quisesse falar, teria ido ao seu encontro, teria aparecido. Jeongguk se sentia intrometido.

Nem bateria na porta para entrar, estava com a chave, isso o deixava pior. Não queria pegar Taehyung desprevenido, nem assustá-lo. A questão é que já estava ali, e não conseguiria voltar sem se arrepender. Podia se sentir errado, mas iria entrar.

Girou a chave, deu o primeiro passo. A casa estava silenciosa, arrumada como sempre. Ninho passou, se alisando nas pernas de Jeongguk, e logo em seguida, surgiu outro felino menor, de pelagem preta, seguindo o Ninho.

— Esse é o Avelã.

Jeongguk teve um sobressalto, derrubando a chave no chão e olhando para a direção que escutou a voz.

Taehyung estava sentado no sofá, olhando para a grande janela ao lado.

— T-Taehyung… desculpe entrar de repente-

— Jihoon foi bem?

Ele falava tão baixo que Jeongguk não escutava direito. Continuava olhando para a janela, quase virado totalmente para ela, Jeongguk não conseguia vê-lo bem.

— Foi sim, tirou a nota máxima.

Um silêncio constrangedor se instalou, Taehyung não disse mais nada, e Jeongguk teve um impulso de fazer algum comentário para melhorar a situação.

— O gatinho é lindo…

— Seokjin o resgatou, ele e o Ninho se dão bem.

— Tô vendo… – Observou os dois felinos brincando no canto da sala. — Olha, se quiser, eu posso ir embora, foi besteira minha ter vindo.

— Você veio por algum motivo, então não desperdice.

— Sim, claro que eu tenho um motivo. – Se calou quando notou algo diferente. Além de Taehyung estar virado, a mão dele levantava com frequência em direção a boca. — O que você tá fazendo?

— Como assim?

Jeongguk se aproximou o suficiente para enxergar melhor.

— Você tá fumando? – Perguntou indignado. — O que é isso?

— Bom, é nicotina repleta de outras substâncias químicas como arsênico, amônia, e por aí vai… a fumaça também tem alcatrão.

— Que porra…? – Jeongguk o encarava incrédulo. — Solta isso! – Sem pensar, avançou e puxou a mão de Taehyung, finalmente o olhando de frente.

Foi com um baque, um tremendo baque. Jeongguk o soltou na mesma hora, sentindo seus olhos ficarem agoniados com o que via.

Taehyung tinha diversas manchas roxas pelo rosto, um corte na boca, na bochecha e na sobrancelha. Percebeu que ele tentou esconder com alguma maquiagem, mas era óbvio demais, marcado demais.

— Eu não tomei à força o cigarro de você quando te vi fumando, Jeongguk. – Disse tranquilo, ignorando a reação de Jeongguk.

— Para com isso! – Exclamou alto, apertando o cigarro em sua mão. — Por que tá machucado? Quem bateu em você?

— Ninguém.

— Ninguém? Você levou uma surra, porra! O que aconteceu?

— Nada aconteceu, Jeongguk.

Irritado, Jeongguk jogou o cigarro no chão e levou suas duas mãos até o rosto de Taehyung. Tocou os cortes, as marcas, sentia seu coração pesar e seu olho arder.

Taehyung foi pego de surpresa, e não soube como reagir ao toque. Manteve-se paralisado.

— Tae… me diz alguma coisa, qualquer coisa. – Mordia o lábio inferior, controlando a vontade de chorar. — Me diz.

— Eu não tenho o que dizer, Jeongguk.

— Para de dizer meu nome! – Apertou o rosto em suas mãos. — Para com isso…

— Parar com o quê?

— De fingir que está tudo bem! – Se exaltou. — De fingir que não se importa, você não é assim. Por que você tá fumando? Você odeia cigarro, Taehyung! Você odeia isso, você odeia briga, então por que tá cheio de machucado? Não fique fingindo que tá tudo bem na minha frente, seu mentiroso!

Antes mesmo de Taehyung responder, Jeongguk se aproximou mais, sentando no sofá e continuando a falar.

— Você nem mesmo está com seu cheiro… – Desceu as mãos que estavam no rosto dele, para o pescoço. — Para de mentir pra mim.

— Eu não estou mentindo para você. – Se afastou do toque de Jeongguk, levantando do sofá. — Isso tudo é por quê? Por que fui embora naquele dia? Eu deixei o bilhete, achei que estava claro.

— Estava claro? – Riu, incrédulo. — Claro o quê? Que você chegou lá, fingindo estar tudo bem, transou comigo e foi embora na manhã seguinte? Estava claro que você me ignorou por dias e dias, eu tentava falar com você, tentei marcar um jantar e você não apareceu! Você não me disse merda nenhuma, e acha que estava claro? Deixar um bilhete é ser claro, Taehyung? Uma frase ridícula resumindo o que você fez? "Não posso ficar"? Você acha que é isso que eu mereço?

Só então a pose de Taehyung estremeceu. Seu rosto, que não expressava muito, se entristeceu. Mas Jeongguk estava bravo demais para perceber.

— O que espera que eu faça? – Pigarreou, disfarçando a voz trêmula. — Peça desculpas?

— Eu quero entender você, só isso. É pedir demais? Por que parece que você tá tentando me machucar de propósito?

— Eu não estou tentando machucar você. – Sua voz se alterou um pouco. — Você exige explicações demais, algumas coisas não precisam ser ditas.

— Estava tudo bem com a gente e você foi embora do nada! – Rebateu, mais alto. — Isso não precisa ser dito? Eu não mereço uma explicação decente?

— Por que as pessoas vão embora, Jeongguk? Vá, me diga. – Cruzou os braços.

— Eu não sei, Taehyung! – Levantou do sofá, fazendo Taehyung recuar um passo. — Podem ir embora porque querem, por não gostarem mais. Eu quero saber o seu motivo!

— Exato, eu fui embora porque quis. Tenho meus motivos, e são apenas meus.

Jeongguk não poderia estar mais chocado com a frieza de Taehyung ao admitir aquilo. O rosto inexpressivo olhando para qualquer canto que não fosse ele. Taehyung não o olhava.

— Tá dizendo que foi embora porque você quis? Só isso? Nesse tempo todo, você só se cansou e quis ir embora? Se cansou quando sentou em mim aquele dia, Taehyung?

— O que você está sugerindo? – Quase demonstrou o quanto ficou ofendido.

— Que você me usou, seu idiota! – Gritou. — Que já decidido, transou mesmo assim comigo! Que merda você tava pensando?

Taehyung ficou em silêncio por um tempo. Tinha a resposta certa em sua mente, a que deveria falar. E não falou.

— Eu só queria aquilo uma última vez, Jeongguk.

Jeongguk poderia jurar que já tinha perdido toda sua razão. Estava cego de raiva, de dor. O que mais lhe incomodava era aquela máscara em Taehyung, a mesma que viu na faculdade.

— Você é um covarde.

— O quê?

— Você é a merda de um covarde! Ouviu agora? – Diminuiu ainda mais a distância entre eles. — Um covarde que nem sequer consegue olhar pra mim enquanto diz essas coisas! Um covarde que não fala o que sente! Olhe pra mim, porra! – Virou bruscamente o rosto dele. — Fala olhando pra mim que você não me quer mais, me conta a merda dos seus motivos, eu preciso entender!

— Não precisa se alterar assim. – Tirou a mão de Jeongguk de seu rosto.

— Não? Por que não? Porque você me disse que as pessoas perdem a razão quando gritam? Eu não tô nem aí! Eu prefiro ser imaturo do que a porra de um covarde!

Taehyung desviou o olhar novamente, sem conseguir mantê-lo. Não sabia o que dizer para acalmar Jeongguk, não tinha o que dizer. Não tinha força para rebater as falas ou atitudes agressivas.

— Foi pra isso que me entreguei pra você? – Se permitiu chorar pelo silêncio que Taehyung fez. — Eu deixei todos os meus medos de lado, deixei você me conhecer, deixei você chegar perto, deixei você me tocar, e você faz isso? Eu não esperava que você gostasse de mim para sempre, mas esperava um pouco mais de consideração. Eu entreguei meu coração pra você, Taehyung. – Puxou o rosto dele de novo. — Eu entreguei o meu corpo pra você, eu entreguei tudo. Nada disso foi suficiente?

— Eu não esqueci o que você fez. – Mais do que nunca, sentiu a garganta doer por engolir o choro daquela forma. — Eu reconheço tudo isso, e também agradeço sua confiança em mim, mas não podemos ficar juntos.

— Você me ama?

Taehyung teve o resto de seu coração quebrado por aquela pergunta. Jeongguk perguntou, bem na sua frente, chorando e o encarando. Não podia responder o que queria, não podia voltar atrás quando já tinha feito tanto para afastá-lo. Não cogitou responder que não amava, só cogitou não responder.

E o silêncio era a pior resposta.

Jeongguk chorou mais, e mais. Sentia tudo doer em seu corpo, principalmente seu coração. Era como ter ele esmagado no próprio peito.

Taehyung podia se meter em brigas, mentir, omitir, fingir, mas não podia ver Jeongguk daquele jeito e não fazer nada.

— Jeongguk… – Tentou tocá-lo e ele se afastou.

— Não toque em mim, Taehyung. – Abraçou seu corpo, que tremia. — Nunca mais toque em mim, nunca mais fale comigo. Isso não será um problema para você, não é? Você já estava querendo isso mesmo.

— Não conversarei enquanto você estiver assim. – Sua feição beirava o desespero.

— Não vai conversar? Desde que cheguei aqui a última coisa que você fez foi conversar, praticamente fiz um monólogo. Eu só queria saber quem é essa pessoa na minha frente. – Soluçou em meio ao choro. — Eu não reconheço você. Não reconheço seus olhos, seu toque, seu cheiro. Quem é você?

— Eu não quero que você chore mais, por favor. – Suas lágrimas estavam prestes a cair também.

— E o que você quer? – Perguntou, entredentes. — Aposto que quer me esquecer, não é? E eu só tô dificultando, vindo em busca de respostas. Prometo não vir mais, e ainda ajudarei.

Mesmo em meio ao choro tão dolorido, Jeongguk ainda estava dominado pela raiva. Ainda mais depois do silêncio. Olhou em volta da sala, e observou o abajur ao lado do sofá. Ele não ficava ali, desde que dormiu a primeira vez na casa de Taehyung o abajur ficava no quarto dele. Se estava na sala novamente, era por um motivo.

— Tirou ele do quarto pra não se lembrar de mim? – Andou em direção ao objeto, o pegando. — Não precisava.

No instante seguinte, o jogou contra a parede, o deixando todo quebrado. Jogou com força, fúria, também não se reconhecia ali. Taehyung se assustou, tanto com o barulho como pela atitude, sem saber como reagir.

— Pronto, você não precisa mais olhar pra ele. – Deu um riso sarcástico. — Não se preocupe, não irei quebrar mais nada. – Jogou o que sobrou do objeto no chão.

Taehyung encostou na parede, mal conseguindo ficar em pé. Foi então que a primeira lágrima desceu.

Jeongguk não o olhou mais, e andou até a porta, parando de frente a ela.

— Eu quase me esqueci… – Mexeu em suas orelhas. — Irei devolver o presente. – Deixou o par de brincos em cima do balcão. — Você me disse que eles iriam me proteger de tudo…

Ver Jeongguk quebrar o abajur e tirar os brincos doeu em Taehyung, porém o que doeu mais foi o que ele disse em seguida, antes de ir embora.

— Mas eles não me protegeram de você.

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